Ocaso dos caciques
O que será do Senado sob a gerência de Davi Alcolumbre só o tempo e as circunstâncias poderão dizer. Fato consumado, contudo, é que não só a derrota em si, mas a maneira pela qual Renan Calheiros foi limado do processo sucessório da Casa representa o fim de uma dinastia de caciques que já havia sido em larga escala dizimada pelas urnas.
Ainda que um ou outro siga com mandato a mudança de ares teve o condão de lhes cortar as asas e as cordas vocais. Quem acredita que Calheiros terá garantido espaço de destaque como um grande líder de oposição ao atual governo, se esquece do derretimento de gente como Jader Barbalho que já deu as cartas na República, presidiu o Senado, voltou depois de ter sido obrigado a renunciar e de cumprir um mandato como deputado federal, mas nunca mais teve a mesma influência, hoje é mais um entre os 81 senadores e nada mais.
Eleição de Davi Alcolumbre no Senado alça o DEM ao topo do Congresso Nacional
Com apenas 29 deputados federais e seis senadores, o DEM é o partido dos dois nomes que comandarão o Congresso Nacional na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Enquanto na Câmara dos Deputados o Palácio do Planalto abraçou a candidatura já fortalecida de Rodrigo Maia, no Senado o nome de Davi Alcolumbre, um jovem parlamentar do baixo clero, ganhou força após aproximação com o governo, apoiado pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
A aposta do governo é que o DEM - ex-PFL e braço direito dos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) - lidere no Congresso as articulações para a aprovação da reforma da Previdência, além de coordenar a tramitação de medidas polêmicas tratadas na campanha eleitoral, que envolvem assuntos relacionados à segurança e educação.
Logo após vencer a eleição que durou dois dias, com 42 votos, Alcolumbre se adiantou, ontem, e defendeu um Senado democrático e sem revanchismo.
Presidente do Senado diz que desejos das ruas terão protagonismo
O presidente Jair Bolsonaro cumprimentou hoje (2) o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) por sua eleição para a Presidência do Senado. Em sua conta no Twitter, Bolsonaro disse que Alcolumbre tem o desafio de transformar os sentimentos de mudança da população em ações.
“Senador Davi, meus cumprimentos pela indicação de seus pares ao comando do Senado. O senhor tem como desafio transformar em ações o sentimento de mudanças que a população expressou nas últimas eleições. O governo está pronto para também cumprir a sua missão. O Brasil tem pressa!”, disse Bolsonaro.
Governo atuou por Alcolumbre e modificou cenário para Renan, diz Maranhão
O senador José Maranhão (MDB-PB) atribuiu à atuação do governo junto aos senadores a vitória de Davi Alcolumbre (DEM-AP) para a presidência do Senado neste sábado, dia 2. Para o senador, que foi o responsável por conduzir, como presidente da sessão, todo o trabalho eleitoral, alguns partidos também querem aderir ao governo, mas, de acordo com ele, “não querem chegar de mãos vazias”.
“Acho que há duas semanas a candidatura de Renan Calheiros estava muito mais forte. Mas quando o governo resolveu entrar diretamente contra, modificou. O governo concentrou todo um esforço em favor de Davi”, disse.
Davi Alcolumbre é eleito presidente do Senado 2
Com 42 votos, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) foi eleito hoje (2) em primeiro turno presidente do Senado. O principal opositor de Alcolumbre, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), retirou a candidatura na tarde de hoje.
Renan Calheiros teve 5 votos. Espiridião Amin (PP-SC) ficou com 13 votos, Ângelo Coronel (PSD-BA) teve 8 votos, Reguffe recebeu (sem partido-DF) 6 votos e Fernando Collor (Pros-AL) ficou com 3 votos
Senador de primeiro mandato, Alcolumbre teve uma atuação discreta nos primeiros quatro anos de mandato no Senado. Na disputa pelo comando da Casa, revelou-se um hábil articulador, congregando os adversários de Renan Calheiros e os aliados do governo federal.
O novo presidente contou com o apoio do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também filiado ao DEM.
Davi Alcolumbre é eleito presidente do Senado
O senador Davi Alcolumbre, do DEM do Amapá, foi eleito em primeiro turno neste sábado o novo presidente do Senado Federal. Apoiado por opositores de Renan Calheiros (MDB-AL) e por parte da base do governo Jair Bolsonaro, o parlamentar derrotou o cacique, que desistiu de última hora e terminou o pleito com apenas 5 votos. Renan acusou o processo de não ser “democrático” e de ter virado um “constrangimento”. Alcolumbre vai cumprir um mandato de dois anos no comando da Casa.
Girão e Tasso exibiram voto em Davi Alcolumbre no Senado
Ignorando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a votaçãodeveria ser secreta, os senadores cearenses Luis Eduardro Girão (PROS) e Tasso Jereissati (PSDB) declararam publicamente o voto no senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), eleito por 42 dos 81 senadores, na tarde deste sábado (2). O senador Cid Gomes (PDT) foi o único da bancada cearense a não divulgar o voto.
Mais cedo, Luis Eduardo Girão lançou um movimento nas redes sociais chamado #MOSTRAOVOTO, incentivando os demais colegas do Senado a também revelarem o voto para presidente do Senado.
gigantesca-rejeicao-a-renan-deu-vitoria-a-davi - JOSIAS DE SOUZA
Davi Alcolumbre, até ontem um inexpressivo membro do baixíssimo clero parlamentar, foi guindado ao comando do Senado pela exclusão, não pela preferência. A maioria dos seus 42 eleitores votou nele para evitar a vitória de Renan Calheiros. Resta agora saber se Davi terá dimensão para se converter de vencedor em presidente.
Para presidir com a grandeza que o momento requer, Davi terá de superar dois desafios imediatos: 1) Pacificar o Senado, devolvendo funcionalidade à Casa; 2) Provar que consegue distinguir os papeis de presidente do Poder Legislativo e de amigo do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), seu correligionário do DEM.
Renan transformou-se no principal cabo eleitoral de Davi porque confiou na sua invulnerabilidade. Para um oligarca que sobreviveu às urnas de 2018 mesmo estando encrencado em múltiplos inquéritos criminais, isso não chega a surpreender. Mas Renan exagerou.
O coronel do MDB reelegeu-se escorado no prestígio de Lula entre os alagoanos. Depois, autoproclamou-se um "novo Renan". E passou a flertar com o antipetista Jair Bolsonaro.
Renan revelou-se a favor de tudo e contra qualquer outra coisa, desde que o acomodassem pela quinta vez no comando. Não se deu conta de que o plenário do Senado, remoçado pela presença de 46 novos senadores, deixou de ser um pedaço de sua Alagoas hipertrofiada.
Feitiço de Toffoli virou-se contra feiticeiro Renan... - JOSIAS DE SOUZA
Ao candidatar-se à presidência do Senado pela quinta vez, Renan Calheiros livrou a instituição de um mito que arruinava sua imagem: a esperteza da velha raposa de Alagoas. Em má fase, Renan demonstrou que, entre o certo e o errado, há sempre espaço para mais erros na política.
De todos os equívocos que produziram a derrota de Renan o despacho noturno do amigo Dias Toffoli foi a macumba mais surpreendente. A raposa e seu séquito celebraram efusivamente a anulação judicial da votação na qual 50 senadores haviam instituído o voto aberto na escolha do comandante do Senado. Enxergaram uma luz no fim do túnel. Era pus.
Há no Senado 81 senadores. Ao restabelecer o voto secreto, Toffoli tornou-se uma espécie de 82º senador, mais poderoso que os demais. Sua presença invisível no plenário transformou a eleição do novo presidente da Casa numa espécie de teatro de bonecos —do tipo em que o boneco é manipulado por pessoas vestidas de preto dos pés à cabeça.