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Alece aprova cinco projetos do Executivo e mais de quarenta de parlamentares

Por Lindalva Montezuma/Gleydson Silva/Geimison Maia / ALECE- Foto: Júnior Pio

 

A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) aprovou, em sessão plenária realizada de forma presencial e remota nesta quarta-feira (17/07), cinco projetos de lei do Executivo, além de 46 matérias de autoria de parlamentares da Casa. 

Entre as matérias do Governo do Estado, duas versam sobre os direitos da pessoa com deficiência. O projeto de lei n.º 80/24 confere nova redação à Lei n.º 11.491/1988, que dispõe sobre o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Segundo a proposta, o órgão passará a se chamar Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Cedef) e terá sua composição e regras de funcionamento redefinidas, com ampliação da participação da sociedade civil. A matéria foi aprovada com emendas dos deputados Renato Roseno (Psol) e Jô Farias (PT). 

O outro é o n.° 81/24, que institui a Política Estadual da Pessoa com Deficiência, garantindo o pleno exercício da cidadania e a promoção da inclusão social e da acessibilidade em todos os espaços e atividades no Estado. A proposta estabelece objetivos e diretrizes para o poder público e a sociedade, visando implementar políticas sociais inclusivas e promover a participação ativa de pessoas com deficiência em todos os setores da vida comunitária.

O Executivo é autor também do projeto de lei n.° 76/24, quepropõe a inclusão de parágrafo único à Lei 18.896/2024, que autoriza o Estado a contratar e oferecer garantia complementar à Caixa Econômica Federal (CEF) para financiar a 2ª etapa do Projeto de Urbanização da Comunidade Dendê. A medida é necessária para atender uma condicionante apresentada pela Caixa para formalizar a operação de crédito, que envolve recursos do FGTS, e garantir a cobertura de obrigações não abrangidas pela garantia da União. A matéria foi aprovada com uma emenda do deputado Renato Roseno. 

O n.º 78/24 altera a Lei n.º 16.710, de 21 de dezembro de 2018, para modernizar a estrutura organizacional do Poder Executivo Estadual, com foco em fortalecer as ações de proteção à fauna silvestre e flora no Estado. A proposta altera as competências da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema) e da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). O texto foi aprovado com uma emenda do deputado Sargento Reginauro (União). 

Por fim, o n.º 82/24 autoriza a criação de crédito especial no valor de R$ 1,2 milhão para a Superintendência de Obras Públicas (SOP), visando construir unidades do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE). O objetivo é prevenir ocorrências que ameacem a vida e o patrimônio da população, garantindo a segurança dos cearenses. 

PROJETOS DE PARLAMENTARES

Além dos projetos do Executivo, foram aprovados 46 projetos de lei e de indicação de autoria de parlamentares. 

O projeto de lei n.º 73/23, do deputado Fernando Santana (PT), denomina de Francisco Tibúrcio de Souza o açude construído pelo Governo do Estado na localidade de Quinqueleré, município de Potengi. 

O deputado Nizo Costa (PT) é autor de duas propostas: n.º 108/23, que cria a Política Pública de Incentivo e Educação Tecnológica para a Terceira Idade, denominada de Terceira Digital, e n.º 119/24, que denomina de Professor Valmir Ferreira Lima o Centro de Educação Infantil (CEI) do município de Ararendá.

O n.º 402/23, do deputado Agenor Neto (MDB), dispõe sobre a prioridade na emissão de segunda via de documentos de identificação civil para mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar.

Do deputado Missias Dias (PT), o n.º 669/23 institui a Semana Estadual da Acessibilidade e Inclusão no Estado. 

Outros dois projetos de lei são do deputado Guilherme Bismarck (PDT). O n.º 840/23 acresce parágrafo ao art. 4º da Lei n.° 17.1916, de 11 de janeiro de 2022, que dispõe sobre a Política Estadual de Fomento à Economia Solidária. Já o n.º 362/24 inclui no Calendário Oficial do Estado do Ceará a festa de Nossa Senhora do Rosário, realizada no município de Aracati. 

O deputado Antônio Henrique (PDT) é autor do projeto de lei n.º 857/23, que institui a Campanha de Conscientização sobre a Depressão no Idoso no âmbito do Ceará.

O n.º 893/23, do deputado Renato Roseno (Psol), trata sobre a inclusão da temática da educação climática no programa de ensino das escolas da rede pública do Estado.

Da deputada Luana Régia (Cidadania) e coautoria da deputada Larissa Gaspar (PT) e do deputado Guilherme Landim (PDT), o n.º 896/23 reconhece o Festival da Sardinha, Gastronomia e Arte, no litoral cearense, no município de Cascavel, como de destacada relevância histórica e cultural do Ceará. Luana Régia também é autora do n.º 104/24, que institui a Campanha de Prevenção da Dengue nas escolas estaduais.

O n.º 979/23, do deputado Simão Pedro (PSD), concede o Título de Cidadão Cearense a Alber Castelo Branco.

Da deputada Juliana Lucena (PT), o n.º 35/24 denomina de João Avelino Magalhães o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) localizado no bairro Beira Rio, no município de Iracema.

De iniciativa da deputada Emilia Pessoa (PSDB) e coautoria da deputada Larissa Gaspar (PT) e dos deputados Guilherme Landim e Queiroz Filho (PDT), o n.º 146/24 institui a implantação de campanhas estaduais de conscientização sobre as doenças raras em crianças no Ceará. 

A deputada Larissa Gaspar também propôs os projetos de lei n.º 306/24, que institui o Dia Estadual da Biodança - Sistema Rolando Toro, incluindo-o no Calendário Oficial de Eventos do Estado, e n.º 340/24, que considera de utilidade pública o Lar Beneficente Cisco de Luz, com sede no município de Caucaia.

Outros dois projetos são do deputado Missias Dias (PT): o n.º 338/24 inclui no Calendário Oficial do Estado do Ceará o Dia da Educação Popular e Libertadora e o n.° 414/24 institui o Dia Estadual do Aleitamento Materno no Estado.

O n.º 352/24, da deputada Dra. Silvana (PL), institui no Estado do Ceará o Dia do Círculo de Oração. 

Guilherme Sampaio (PT) é autor do projeto n.º 371/24, que institui o Dia Estadual do Trabalho de Cuidados. 

O projeto de lei n.º 373/24, do deputado Leonardo Pinheiro (Progressistas), institui, no Calendário Oficial de Eventos e Datas Comemorativas do Estado do Ceará, o Dia Estadual do Jornalista Político. 

Da deputada Lia Gomes (PDT), o n.º 434/24 considera de utilidade pública estadual a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Varjota.

De iniciativa do deputado Marcos Sobreira (PDT), o n.º 440/24 inclui no Calendário Oficial de Eventos e Datas Comemorativas do Estado do Ceará a Festa do Trabalhador, realizada na cidade de Salitre. 

Já o n.º  457/24, do deputado Sérgio Aguiar (PDT), considera de utilidade pública a Associação Comunitária Rural de Torta, no município de Camocim.

Também foram aprovados os projetos de indicação n.º  219/23, do deputado Dr. Oscar Rodrigues (União); n.º 318/23, do deputado Marcos Sobreira; n.º 356/23, n.º 357/23 e n.º 735/23, da deputada Emilia Pessoa; n.º 364/23 e n.º 692/23, da deputada Luana Régia; n.º 374/23 e n.° 532/23, da deputada Larissa Gaspar; n.º 396/23, do deputado Nizo Costa; n.º 478/23, do deputado Guilherme Bismarck, e nº 490/23, da deputada Gabriella Aguiar (PSD).

Outros projetos de indicação aprovados pelo Plenário da Alece foram o n.º 513/23, da deputada Jô Farias (PT); n.º 530/23, do deputado Leonardo Pinheiro; n.º 571/23, do deputado De Assis Diniz; n.º 616/23, do deputado Davi de Raimundão (MDB); n.° 663/23, do deputado De Assis Diniz, com coautoria do deputado Guilherme Bismarck; n.º 718/23, do deputado Manoel Duca (Republicanos);  n.º 739/23, do deputado Lucinildo Frota (PDT); n.º 748/23, do deputado Guilherme Landim; n.º 754/23, da deputada Dra. Silvana, e n.º 8/24, do deputado Júlio César Filho (PT).

Edição: Clara Guimarães

Assembleia divulga composição da Comissão de Recesso

Por Márcia Feitosa / ALECE

 

- Foto: Júnior Pio

Os nomes dos integrantes da Comissão de Representação de Recesso foram anunciados, na sessão plenária desta quarta-feira (17/07), pelo presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, deputado Evandro Leitão (PT). O colegiado ficará em regime de plantão e atuará no caso de surgimento de questões emergenciais, até o dia 31 de julho, quando termina o recesso.  

 

A comissão é formada pelos deputados Jeová Mota (PDT), Romeu Aldigueri (PDT), Alysson Aguiar (PCdoB), Missias Dias (PT), Simão Pedro (PSD), De Assis Diniz (PT), Sargento Reginauro (União), Alcides Fernandes (PL) e Davi de Raimundão (MDB).

 

“A missão da comissão é acompanhar, durante o recesso legislativo, as questões emergenciais e que necessitem de diálogo direto entre os poderes. Estaremos aqui para atuar em qualquer situação que envolva o Parlamento. Nosso papel é ter o zelo e cuidado para manter a Casa aberta. Em se tratando de algo que aconteça, essa comissão poderá deliberar com a autorização do Plenário”, afirma o deputado De Assis Diniz (PT).

 

A formação da comissão respeita o critério de proporcionalidade das representações partidárias da Casa. Suas atribuições estão previstas nos artigos 58 e 59 do Regimento Interno da Alece. 

Edição: Clara Guimarães

Portaria disciplina o expediente na Alece no recesso parlamentar

Por Ariadne Sousa/ Com Assessoria / ALECE

 

 

A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) publicou, nesta quarta-feira (17/07), a Portaria n.º 67/2024, que disciplina o funcionamento da Casa durante o recesso parlamentar de julho. Assinado pelo primeiro-secretário da Mesa Diretora, deputado Danniel Oliveira (MDB), o documento estabelece o período de recesso entre os dias 18 e 31 deste mês.

Durante a suspensão dos trabalhos legislativos, o expediente administrativo na Alece terá alteração, sendo exercido de terça-feira a quinta-feira, no horário das 8h às 14h. 

Conforme previsão constitucional e regimental, a oficialização do recesso ocorre após aprovação, pelos parlamentares do legislativo cearense, da Lei de Diretrizes Orçamentárias para exercício em 2025.

Edição: Clara Guimarães

LDO 2025 é aprovada e Alece inicia recesso parlamentar

Por Gleydson Silva/Lindalva Montezuma/Geimison Maia / ALECE

 

- Foto: Júnior Pio

 

O projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO 2025) –  n.º 39/24 -, referente ao exercício financeiro de 2025, foi aprovado pelo Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) nesta quarta-feira (17/07), durante a sessão plenária realizada de forma presencial e remota. Com a aprovação da matéria, a Alece entra em recesso parlamentar entre os dias 18 e 31 de julho. 

O PLDO foi apreciado pela Comissão de Orçamento, Finanças e Tributação (Coft) na última terça-feira (09/07), quando o parecer favorável do relator, deputado Guilherme Sampaio (PT), foi aprovado.

A peça orçamentária recebeu 107 propostas de emendas dos parlamentares, das quais nove foram acatadas (n.º 08, 11, 30, 31, 42, 52, 54, 66 e 105) e quatro receberam parecer favorável com modificação (n.º 49, 51, 65 e 97).

Enviado anualmente pelo Executivo, o PLDO orienta o Governo na construção do orçamento, indicando as prioridades, metas e limites para a aplicação do dinheiro público do estado do Ceará no ano seguinte. O projeto é fundamental para garantir a transparência e a eficiência na gestão dos recursos.

A LDO 2025 prioriza investimentos em infraestrutura, saúde e desenvolvimento regional, com foco em mobilidade urbana, recursos hídricos, saúde e desenvolvimento aeroportuário. Entre os principais projetos, destacam-se a implantação da Linha Leste do Metrô de Fortaleza, a duplicação do Eixão das Águas, a restauração e pavimentação de rodovias, a expansão da capacidade de transferência de água e a construção de barragens e adutoras. Além disso, o texto destina recursos para a aquisição de equipamentos para o Hospital Universitário da Uece, a expansão da oferta de serviços de saúde e a implantação do Aeroporto Regional do Vale do Jaguaribe.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias também prevê políticas públicas de proteção social como norteadoras para o desenvolvimento do Estado nos próximos anos. Programas como o Cartão Mais Infância Ceará, Cartão Alimentação (Ceará Sem Fome), Programa Vale Gás Social e o Programa Entrada Moradia visam à garantia de acesso à educação, alimentação e moradia, fortalecendo as redes de proteção social e promovendo a redução da pobreza e da desigualdade no Estado.

Edição: Clara Guimarães

Tomaz Holanda cobra providências diante de denúncias na gestão dos Correios

Por Ricardo Garcia / ALECE

 

Deputado Tomaz Holanda (Avante) - Foto: Junior Pio

 

O deputado Tomaz Holanda (Avante) lamentou, durante o primeiro expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) desta terça-feira (16/07), realizada de forma presencial e remota, a situação em que se encontra os Correios, sob a gestão do atual presidente Fabiano Silva dos Santos.

Segundo o parlamentar, diversas denúncias com supostas irregularidades na administração da estatal têm vindo à tona nos últimos tempos, inclusive com investigações do Ministério Público Federal (MPF) e inquérito conduzido pela Polícia Federal.

De acordo com Tomaz Holanda, as denúncias envolvem “rombos financeiros”, “casos de assédio moral a trabalhadores”, “patrocínios milionários” para eventos no exterior sem contrapartida aos funcionários da estatal, bem como a atividade de "agências piratas", empresas, conforme detalhado pelo deputado, que serviriam como atravessadoras para utilizar a estrutura dos Correios a fim de realizar serviços concorrentes.

"É um desmantelo essa atual gestão dos Correios, e não podemos nos calar diante de um gestor de estatal que continua agindo como se presidisse uma empresa qualquer", comentou o deputado.

Para ele, é preciso estar atento ao rumo das investigações conduzidas pelas autoridades. "Nós também temos que agir, não podemos ficar de braços cruzados diante dessas graves denúncias de assédio moral, de empresas piratas lucrando às custas dos servidores, de um balanço financeiro em sigilo", salientou.

Tomaz Holanda reforçou que os brasileiros precisam tomar conhecimento do que está acontecendo em uma das principais estatais do País. "Não vemos respostas da presidência dos Correios sobre os fatos denunciados. Lutarei pela manutenção da empresa como estatal, e esperamos que o presidente Lula possa tomar as providências necessárias, porque é muito triste tudo isso que tem acontecido", assinalou.

Em aparte, o deputado Fernando Hugo (PSD) considerou uma extrema infelicidade a atual situação da estatal. "Os Correios é um patrimônio nacional, a maior prestadora de serviços desse País. Precisamos salvar essa empresa", pontuou.

Edição: Vandecy Dourado 

De Assis Diniz enaltece ExpoCrato 2024

Por Lincoln Vieira / ALECE

 

Deputado De Assis Diniz (PT) - Foto: Junior Pio

 

O deputado De Assis Diniz (PT) enalteceu, durante o primeiro expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa do Estado Ceará (Alece) nesta terça-feira (16/07), realizada de forma presencial e remota, a 71ª edição da Exposição Centro Nordestina de Animais e Produtos Derivados, a ExpoCrato 2024.

A feira, que é considerada o maior evento agropecuário do Norte/Nordeste, terá sete dias de duração no Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcanti, no município do Crato. A expectativa é que o evento, que segue até o próximo domingo (21/07), gere mais de 10 mil empregos diretos e indiretos. 

Segundo De Assis Diniz, a ExpoCrato 2024 vai contar com aproximadamente 300 expositores. O parlamentar ressaltou que, este ano, a feira conta “com um nível técnico extraordinário”. “Nós vamos ter mais de 20 mil pessoas circulando nos estandes com trocas de informações. Nós vamos ter ainda a capacidade plena de movimentar aproximadamente 100 milhões de reais durante o evento. O volume financeiro vai impactar a economia do Estado”, celebrou. 

O deputado salientou que o evento também vai impactar na rede hoteleira, com 100% da taxa de ocupação nos hotéis e restaurantes na região. Segundo ele, a festividade “é como o Natal”, que conta a participação de famílias que visitam o evento. “A fila de espera para almoçar em um restaurante é grande. São muitas pessoas que passam pelo evento. A ExpoCrato é o ponto de encontro das pessoas, das relações familiares. É uma festa que tem a expectativa de receber 600 mil pessoas, um número que expressa o tamanho do impacto econômico”, analisa. 

De Assis Diniz assinalou ainda que a ExpoCrato 2024 é uma oportunidade de fortalecer os empreendimentos e as cadeias produtivas no Estado. 

O parlamentar agradeceu aos seus pares a aprovação do projeto de lei nº 612/23, que instituiu a Política Estadual de Incentivo à Agroindústria do Estado do Ceará que tem como objetivo estimular a criação de novos empreendimentos agroindustriais, a regularização de agroindústrias informais e a competitividade agroindustrial. 

Em aparte, o deputado Fernando Hugo (PSD) corroborou com o discurso do colega. Conforme o parlamentar, a ExpoCrato vai “fervilhar” a economia estadual através dos negócios. Fernando Hugo ressaltou que a feira reproduz bem-estar, crescimento e desenvolvimento. “O avanço faz com que a ExpoCrato tenha nossos aplausos”, avalia. 

Edição; Vandecy Dourado

Alece apresenta balanço de atividades do primeiro semestre legislativo

Por Ricardo Garcia/Narla Lopes/Luciana Meneses/Giovanna Munhoz/Lincoln Vieira / ALECE- Foto: Júnior Pio

 

A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) divulgou, nesta quarta-feira (17/07), o balanço das atividades do Parlamento estadual no primeiro semestre de 2024, durante a sessão plenária realizada de forma presencial e remota.

A produção legislativa da Casa apresentou a aprovação de 326 projetos, a realização de 185 sessões plenárias, 27 audiências públicas nas comissões, 74 sessões solenes, além da entrega de três títulos de cidadania cearense.

Os dados foram apresentados pelo presidente da Alece, deputado Evandro Leitão (PT), que ressaltou o modelo de governança e a transparência da Casa. “Por mais um ano, estamos entre as assembleias mais transparentes de todo o Brasil e permanecemos no nível Ouro em transparência e em busca do nível Diamante na avaliação da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon)”, enfatizou Evandro Leitão.

Também nesse semestre houve o lançamento do Selo Alece ESG na Gestão Pública para municípios cearenses e a criação do Comitê de Governança de Tecnologia da Informação e Comunicação, que instituiu a Política de Segurança da Informação.

Sobre as ações da Casa voltadas para o parlamento aberto,  houve a realização da 2ª edição do Vem Pra Alece, recebendo cerca de seis mil visitantes; a Assembleia Itinerante realizada na região do Sertão de Canindé; o projeto Renda Gera Renda, com foco nas artesãs cearenses; a sessão especial sobre os direitos dos trabalhadores, junto com representantes de sindicatos, Governo do Estado, Ministério do Trabalho e Emprego e demais entidades.

“Destaco ainda as iniciativas de promoção da cultura de paz, como o Movimento da Cultura de Paz nas Universidades pelo Legislativo Cearense; a inauguração do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc), em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado (TJCE); o projeto “Eu Vejo Você – Movimento da Cultura de Paz pelo Legislativo Cearense”, em parceria com o Ministério Público do Estado (MPCE), e a apresentação do primeiro resultado do acordo de cooperação com o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania”, elencou Evandro Leitão.

Foram ressaltados ainda os serviços da Alece nas áreas da saúde e assistência social, como os atendimentos a crianças e adolescentes realizados pelo Centro Inclusivo para Atendimento e Desenvolvimento Infantil (Ciadi) e Departamento de Saúde e Assistência Social (DSAS), bem como ações de cidadania desenvolvidas por diversos órgãos da Casa, nas áreas de assistência jurídica, gestão de conflitos, empreendedorismo e nas áreas educativa e social.

Na  saúde, destaca​-se a criação da Unidade de Atendimento e Desenvolvimento Infantil Dr. Francisco Ailton Esmeraldo no município do Crato, além das inaugurações no DSAS da Sala de Vacinação, em parceria com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), e da Sala Sensorial, em parceria com a Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e com a Secretaria da Proteção Social (SPS).

Na educação, o programa Alcance Enem teve 2.690 usuários na plataforma Alcance Virtual e 320 participantes em cursos profissionalizantes (on-line e presenciais), e 691 aprovações de alunos beneficiados pelo programa no Enem 2024.

A Escola Superior do Parlamento Cearense (Unipace)  recebeu o Prêmio Abel 2024, que premia os melhores projetos em educação legislativa. São mais de 15.700 estudantes e participantes beneficiados pela Unipace, ressaltou. 

Iniciativas voltadas para a Comunicação Social da Casa também foram lembradas, tais como o fortalecimento da marca Alece e modernização da estrutura; novos programas multiplataformas e a campanha Olhares, que promove uma aproximação com o público em novas mídias e presta contas à sociedade.

No final do seu pronunciamento, Evandro Leitão agradeceu a colaboração dos colegas parlamentares e a parceria na condução dos trabalhos legislativos ao longo do semestre. “Sou grato por estar à frente desse Poder Legislativo e quero deixar um legado de quem trabalhou de forma transparente e firme para atender as demandas da população cearense, pois é por ela que estamos aqui e devemos satisfação a ela”, complementou.

CONFIRA O BALANÇO DO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2024 DA ALECE

Em aparte, o deputado De Assis Diniz (PT) ressaltou as atividades do Parlamento, como a capacidade de construir políticas para os mais necessitados, evidenciando a aprovação do programa Ceará Sem Fome na Assembleia. Para o deputado João Jaime (Progressistas), mesmo diante do incêndio no Plenário 13 de Maio, a Casa não deixou de legislar. Destacou ainda que hoje os parlamentares e servidores têm uma estrutura no auditório que não deixa nada a desejar em relação ao que se tinha antes. 

O deputado Renato Roseno (Psol) salientou a expansão dos serviços de cidadania da Casa para as macrorregiões do Estado e agradeceu também a todos os servidores pela confiança e apoio, expressando sua esperança de que a regionalização dos órgãos de cidadania possa ser ampliada ainda mais.

Por sua vez, o deputado Osmar Baquit (PDT) lembrou o episódio do incêndio e compartilhou sua opinião sobre o compromisso da Alece e todos os seus membros de restabelecer os trabalhos após o incêndio.

Os deputados Tomaz Holanda (Avante) e Dra. Silvana (PL) reforçaram a continuidade das atividades legislativas e o tratamento de igualdade, humildade e sensibilidade entre os parlamentares. 

Já a deputada Jô Farias (PT) ressaltou as políticas públicas desenvolvidas na Assembleia. “Efetivar política é o que muda a vida das pessoas. Principalmente quando colocamos a dignidade humana acima de tudo. E é o que acontece aqui. Agradeço ainda a confiança em me dar a coordenadoria do Alcance Enem, que muda a vida de tantos jovens cearenses em mais de 60 municípios, preparando nossos estudantes para o Enem e vestibulares”, destacou. 

O vice-presidente da Assembleia, deputado Fernando Santana (PT), agradeceu pelo aprendizado compartilhado na Mesa Diretora. 

Já os deputados Guilherme Sampaio (PT), Larissa Gaspar (PT), Emilia Pessoa (PSDB) e o líder do Governo na Casa, deputado Romeu Aldigueri (PDT), citaram o cuidado e o zelo na coletividade durante a condução dos trabalhos na Alece. Os parlamentares lembraram da atuação do Comitê de Responsabilidade Social no acolhimento da população cearense, além dos trabalhos desenvolvidos no Legislativo em prol do combate à violência contra as mulheres e combate à fome, além das cozinhas comunitárias e estímulo na área da educação. 

Na sequência, o deputado Missias Dias (PT) enfatizou o acolhimento dos pares durante seu primeiro mandato na Alece. Para o deputado Júlio César Filho (PT), o primeiro semestre foi marcado pela inauguração de espaços importantes e participação da Alece na área de responsabilidade social através da entrega dos equipamentos para cozinhas populares da campanha Ceará Sem Fome. 

Por sua vez, o deputado Sérgio Aguiar (PDT) salientou a eleição da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), na qual foi eleito para conduzir a entidade para o biênio 2024-2025, como representantes de todas as casas legislativas do Brasil.

O deputado Almir Bié (Progressistas) destacou que a Alece foi testada e reconhecida como o Poder Legislativo mais transparente no Brasil. Já a deputada Lia Gomes (PDT) ressaltou o apoio à Procuradoria Especial da Mulher (PEM), com a inauguração de 51 procuradorias no interior, e mencionou projetos como o Observatório da Mulher Cearense e a cooperação com a Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA).

O deputado Jeová Mota (PDT) destacou que a Assembleia vem aprovando leis de forma ágil. Ele elogiou também os trabalhos sociais realizados pela Alece em prol da população. Mota valorizou as discussões e conversas entre os pares, o que, para ele, unifica diversas correntes de pensamento. 

Edição: Vandecy Dourado

Câmara favorece Zona Franca de Manaus na reta final da regulamentação da reforma tributária

Por Mariana Carneiro / O ESTADÃO DE SP

 

 

 

BRASÍLIA – Na reta final da votação da regulamentação da reforma tributária na Câmara, deputados do Amazonas conseguiram emplacar mudanças no texto que favorecem a Zona Franca de Manaus em relação à proposta original do Ministério da Fazenda enviada ao Congresso.

 

Fabricantes de itens de informática, por exemplo, terão acesso a um abatimento de imposto equivalente a dois terços da alíquota do IBS – o novo imposto de Estados e municípios a ser criado com a reforma, que substituirá os atuais ICMS (estadual) e ISS (municipal). Isso não constava na proposta original da equipe econômica.

 

Ainda assim, os parlamentares não ficaram satisfeitos e prometem manter a pressão por mais incentivos durante a tramitação no Senado, onde o relator da regulamentação será o ex-governador do Amazonas Eduardo Braga (MDB-AM).

 

“Firmamos um compromisso com o (Arthur) Lira (presidente da Câmara) e ele nos assegurou que os benefícios existentes hoje seriam mantidos, sem mais nem menos. Mas não foi isso o que aconteceu”, afirma o deputado Pauderney Avelino (União-AM).

 

Ele alega que, ainda que tenha havido inserções de incentivos, eles ficaram abaixo do que é praticado hoje na Zona Franca. Secretários estaduais de Fazenda ouvidos pela reportagem, que temem os efeitos sobre a arrecadação dos demais Estados, contestam a conclusão. Procurado, o Ministério da Fazenda não se manifestou.

 

A proposta original da equipe econômica concedia às empresas instaladas na região o acesso a um crédito presumido – que reduz a tributação por meio da renúncia fiscal – na aquisição de insumos que varia de 7,5% a 13,5%, a depender da origem da matéria-prima. Além disso, havia um segundo crédito presumido, aplicado na venda dos produtos, de 6% ou 2% a depender da alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) do produto.

 

A Câmara manteve esses dois benefícios e incluiu mais um crédito presumido para os fabricantes de bens industriais. No caso de fabricantes de bens de informática, o crédito será de dois terços do IBS a ser recolhido na venda do produto. Esses valores decaem para 90,25% desses dois terços para bens intermediários, 75% para bens de capital e 55% para bens de consumo finais – como aparelhos de ar-condicionado, motos e de áudio, por exemplo.

 

“Dois terços não atende”, afirma o deputado Sidney Leite (PSD-AM). “Os fabricantes de duas rodas e de ar-condicionado não estão contemplados.”

O texto original da Fazenda não fixava os valores desse crédito presumido e dizia que eles seriam determinados pelo Comitê Gestor do IBS (formado por representantes dos Estados e dos municípios), com metodologia de cálculo aprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

 

Um dos critérios para essa fórmula era que o benefício da Zona Franca ficasse próximo da média oferecida pelos demais Estados – o que, na prática criava um redutor para esses incentivos em relação aos concorrentes.

 

Os deputados amazonenses, no entanto, não aceitaram essa redação: queriam que o benefício fosse concedido de maneira integral e conseguiram emplacar a concessão dos benefícios de forma autoaplicável – ou seja, sem a necessidade de cálculo prévio do Comitê Gestor.

 

Numa negociação que se estendeu até a hora da votação, o Ministério da Fazenda teve força apenas para incluir o limite a “dois terços”, alegando que a concessão integral não caberia nas contas do governo, uma vez que os custos com os incentivos serão bancados por todos os contribuintes na fixação da alíquota de referência do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), estimado atualmente em cerca de 27% com a inclusão das carnes na cesta básica com imposto zero.

 

Para o economista Bento Antunes de Andrade Maia, do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), em cálculos iniciais, as modificações empatam as condições atuais de incentivos às indústrias instaladas na região. “Há possibilidade de aperfeiçoamentos, mas está aderente aos benefícios atuais”, diz.

 

Os deputados, no entanto, preveem que esse trecho seja alterado no Senado, assim como a data-limite para a inscrição de projetos industriais na Zona Franca que terão direito ao benefício tributário.

 

O limite fixado na regulamentação era dezembro de 2023, mas os parlamentares querem esticar essa data para dezembro de 2027. Segundo Avelino, fabricantes de baterias de elétricos informaram, apenas neste ano, a intenção de se instalar na Zona Franca. Caso a data não seja alterada, eles não terão acesso ao benefício tributário.

 

Além dos incentivos por meio do crédito presumido, os fabricantes instalados na Zona Franca também são beneficiados com a taxação de concorrentes com o IPI, tributação que terá sobrevida para dar vantagem à Zona Franca. Isso foi aprovado na emenda constitucional que instituiu a reforma tributária, no ano passado, e segue valendo com a regulamentação.

 

O que é a Zona Franca

 

Criada em 1967 como forma de desenvolver a região amazônica, a política de incentivos para a instalação de indústrias na região vem sendo prorrogada e, em 2014, foi estendida até 2073. Os incentivos custam cerca de R$ 25 bilhões por ano em renúncias tributárias, segundo dados da Receita Federal.

 

Críticos da política afirmam que a instalação das fábricas na Zona Franca só ocorreu em razão dos incentivos tributários que, por sua vez, distorcem a lógica da produção e estimulam a corrida das empresas por mais incentivos. O custo fiscal a cada emprego gerado também é elevado, o que gera questionamentos sobre a manutenção do programa.

 

“Técnicos do governo e os técnicos de forma geral são, por princípio, contra a Zona Franca, mas nós temos uma situação que é difícil e que, para mexer, será preciso alterar muita coisa ao longo do tempo“, diz o deputado Avelino. “É possível que haja um dia o beneficiamento de produtos locais, mas o que existe hoje é que o Amazonas é um dos Estados que mais arrecadam para a Previdência em função da alta formalidade de empregos da Zona Franca – o que não existe no Pará, por exemplo.”

 

Durante a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária no Senado, em novembro do ano passado, também houve um acordo de última hora, costurado no corpo a corpo do plenário, para beneficiar a região Norte. Por unanimidade, foi aprovada a criação do Fundo de Desenvolvimento Sustentável dos Estados da Amazônia Ocidental (que inclui Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima) e do Amapá.

 

Esse fundo, o quarto criado pela reforma, se somou ao Fundo de Sustentabilidade e Diversificação Econômica do Amazonas, específico para o Estado, que já constava no texto aprovado pela Câmara.

 

O tributarista Nelson Machado, que foi ministro dos governo Lula e Dilma e hoje trabalha no CCiF, afirma que esse fundo de Desenvolvimento dos da região Norte deveria ser usado como alternativa à prorrogação indefinida dos benefícios tributários.

Pauta anti-MST chega ao Senado e mobiliza bancada ruralista

João Gabriel / FOLHA DE SP

 

A pauta anti-MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra) começa a chegar ao Senado Federal após avançar com rapidez durante o primeiro semestre na Câmara dos Deputados.

Alvo de críticas de uma ala minoritária da bancada ruralista, ela deve entrar em novo ritmo de tramitação e também é vista como importante no debate sobre a liderança do grupo.

Senadores da bancada avaliam que a agenda agora deve ter mais dificuldade para caminhar. Afirmam que o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve manter o rito de tramitação passando por diversas comissões —enquanto seu par na Câmara, Arthur Lira (PP-AL), acelerou o andamento de alguns dos textos.

Do pacote anti-MST da bancada ruralista, três dos quase 20 projetos estão no Senado. Dois deles já passaram pela Câmara.

Em linhas gerais, o conjunto traz propostas para aumentar a pena e até criminalizar movimentos como o MST, além de dificultar sua atuação no campo, e ampliar os mecanismos de defesa do proprietário rural.

Por exemplo, os projetos tipificam a invasão de terra como terrorismo, aumentam a pena para este tipo de crime, impedem que quem o cometa participe de programas sociais, receba benefícios ou seja contemplado com cargos públicos.

Também permitem ao fazendeiro acionar a polícia para atuar sem necessidade de ação judicial e criam a delegacia de conflitos possessórios.

Deputados e senadores afirmam que existe uma ala da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) descontente com o fato de que essa pauta, considerada por alguns como ideológica, ganhou tanto protagonismo. E opinam que o grupo deveria atuar de forma mais propositiva, com projetos voltados ao setor produtivo.

O próprio Pacheco já disse a líderes e presidentes de comissões que gostaria de ver mais projetos propositivos chegando ao plenário, embora não tenha comentado especificamente do agronegócio e MST.

Já um outro grupo dentro da bancada vê a agenda anti-invasões como importante principalmente em um período eleitoral, já que tem aderência na sociedade —e afirmam, inclusive, que pode ajudar o atual presidente da frente, Pedro Lupion (PP-PR), a se manter no cargo nas eleições da bancada, marcadas para fevereiro de 2025.

Lupion afirma que o ano eleitoral não tem tanta influência no andamento deste pacote, por ser um pleito municipal —e que seria diferente caso fosse uma corrida de nível nacional.

"No Senado temos uma bancada menor do que na Câmara, de tamanho e influência, mas com senadores combativos e com capacidade de articulação. A dificuldade é fazer a agenda chegar na pauta, no plenário", afirma.

O senador Alan Rick (União Brasil-AC) já vem mobilizando Comissão de Agricultura, que ele preside, para tentar fazer as matérias avançarem.

Nas últimas semanas, por exemplo, realizou audiência pública com representantes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e integrantes do agro e pautou temas relacionados à regularização fundiária, como, por exemplo, um projeto que permite que esses processos sejam feitos pelo Judiciário.

Outra matéria pautada acaba com o projeto Terra da Gente, do governo Lula (PT) —que define as terras disponíveis no País para assentar famílias. Também tem sido frequente a presença de membros do Instituto Pensar Agro —que dá subsídio técnico à FPA— na comissão.

"Nós aprovamos com rapidez, por exemplo, o marco temporal. Até senadores da base do governo votam nas pautas do agro, então creio que essas pautas vão andar com rapidez, a Frente Parlamentar da Agropecuária tem trabalhado para isso. Pretendo conversar com o presidente Pacheco em breve", afirma Rick.

Mas o avanço da pauta anti-MST não agrada a todos dentro da bancada.

Dois parlamentares influentes na frente afirmaram à Folha, sob reserva, que uma ala, ainda que minoritária, entende que a agenda deveria priorizar matérias propositivas e tratar de questões do setor produtivo e de modernização do setor, com foco em eficiência e sustentabilidade.

Um congressista se queixa também de mudanças recentes no Pensar Agro, e diz que o instituto tem perdido o caráter técnico e atuado de forma mais política.

Eles reclamam que em 2024, por exemplo, os principais temas debatidos pela FPA foram, além da agenda anti-MST, o leilão do arroz e outras questões relativas ao governo federal. Por isso, veem nessa movimentação um cunho mais ideológico que voltado ao agronegócio.

O presidente da bancada atribui isso, porém, ao fato de que as propostas propositivas já foram aprovadas.

"O fato principal é que nós limpamos a pauta, literalmente. Nós vencemos com praticamente todas as propostas propositivas", diz.

Ele ressalta ainda que alguns dos projetos desse tipo, como o do licenciamento ambiental, estão no Senado.

"Mas a bancada está mais reativa porque o governo nos dá motivos para isso, todos os dias. É leilão do arroz, é Plano Safra que fica aquém do esperado, é o MST no palco de eventos, é a reforma tributária que vem com um texto ao contrário do combinado", completa.

Outro parlamentar defensor dessa agenda afirma que é o próprio setor que impulsiona os parlamentares nessa direção, e que os projetos trazem maior segurança jurídica para o produtor rural.

"Acredito que pautas como essas, anti-invasão, têm mais capacidade de unir parlamentares e a sociedade, mais capacidade mobilização e uniãoAs pautas mais técnicas, ao contrário, exigem um trabalho maior de bastidor e nem sempre de tanta expressão e visibilidade", afirma Zé Vitor (PL-MG).

Para se manter no cargo, Lupion precisa de apoio para alterar o estatuto da FPA, que atualmente não permitiria sua reeleição. Por isso, parlamentares da bancada afirmam que o avanço dessa agenda pode o ajudar.

"Temos excepcionais nomes para presidir a bancada, mas é algo que a gente não começou a discutir ainda", diz Lupion.

O pacote anti-MST foi uma reação às ocupações do movimento, que ganhou força no tradicional "abril vermelho", quando o grupo promove uma série de ações.

A bancada ruralista juntou uma série de projetos, alguns deles fruto do trabalho da CPI do MST.


ALGUNS DOS PRINCIPAIS PROJETOS DA PAUTA ANTI-MST

No Senado

  • PL 709/2023: impede que quem for considerado invasor de terra ocupe um cargo público. Aguarda designação de relator
  • PL 2250/2021: Caracteriza a invasão de terras como terrorismo. Está na Comissão de Defesa da Democracia
  • PL 2869/2023: Aumenta penas para crimes relacionados a questões de terra em áreas rurais. Está na CCJ

Na Câmara

  • PL 149/2003: Classifica invasão como terrorismo e eleva penas. Está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
  • PL 1373/2023: Impede quem for considerado invasor de terra de ser beneficiário em programas sociais, de reforma agrária e de ter acesso a linhas de crédito. Está na Comissão de Agricultura
  • PL 8262/2017: Permite atuação da polícia em ocupações de terra sem necessidade de ordem judicial. Está na pauta da CCJ

Congresso reduz vantagem de pobres na reforma tributária; veja novos dados do Banco Mundial

Eduardo Cucolo / folha de sp

 

Uma reportagem da Folha de 2023 sobre a reforma tributária motivou uma discussão nas redes sociais nesta terça-feira (16) entre Gil do Vigor, economista que participou do BBB, e Pedro Rousseff, sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Folha refez as contas do estudo do Banco Mundial citado na reportagem da época e chegou a conclusões semelhantes: a reforma desonera a maior parcela da população, aquela de menor renda, e aumenta a carga apenas das pessoas classificadas entre os mais ricos.

Houve, no entanto, uma mudança importante. O Congresso priorizou a desoneração da cesta básica, um pedido do setor de alimentos. Com isso, reduziu a devolução de impostos para os mais pobres (mecanismo conhecido como cashback). O resultado é que a desoneração para a população de baixa renda será menor que a prevista anteriormente.

O estudo que gerou debate nas redes foi realizado antes da aprovação da reforma, em dezembro do ano passado. Neste ano, o Banco Mundial construiu um simulador que permite a qualquer pessoa fazer os mesmos cálculos.

Os novos resultados consideram o texto da emenda constitucional da reforma de 2023 e também a versão do projeto de regulamentação aprovado na Câmara na semana passada, que agora será analisado pelo Senado.

A versão atual da reforma reduz a carga sobre o consumo de 50% da população —justamente as pessoas de menor renda. Os 20% de maior renda passam a contribuir com uma parcela maior dessa arrecadação.

Para o restante, a situação não muda, considerando a versão da reforma modelada pelo Congresso. A proposta original do governo desonerava essa parcela da classe média, mas esse ganho foi perdido com as exceções criadas pelo Legislativo.

A desoneração para as pessoas mais pobres poderia ter sido maior. Para os 20% de menor renda da população, o cashback mais amplo reduziria a carga tributária em 50%. Agora, a queda fica próxima de 25%.

A explicação é a seguinte: antes, com uma cesta básica livre de impostos mais restrita, havia mais espaço para a devolução de parte do valor dos tributos para os mais pobres. Como houve ampliação dos itens, todos os consumidores desses itens vão se beneficiar da desoneração.

Quando há mais produtos na cesta básica com alíquota zero, não há imposto a ser devolvido, e a arrecadação fica menor. Consequentemente, é necessário aumentar a tributação sobre os demais produtos, como roupas e eletrodomésticos, que também são consumidos por pessoas de baixa renda.

inclusão das carnes e outros alimentos na cesta básica da reforma também eleva a alíquota dos novos impostos para mais de 27%, segundo simulação feita por técnicos do Banco Mundial na semana passada.

A Câmara aprovou nesta quarta (10) o primeiro projeto de regulamentação da reforma, que traz um mecanismo para tentar limitar a tributação a 26,5%, mas as concessões feitas pela Câmara inviabilizam o cumprimento dessa regra.

O número de 26,5% é uma estimativa do Ministério da Fazenda com base na versão original do projeto. Esse percentual é apenas uma referência e não há obrigação de segui-lo caso os benefícios aprovados pelos parlamentares gerem perda de receita.

Com a desoneração da cesta a reforma tributária vai gerar uma redução significativa na carga sobre alimentos e alguns bens industriais, independentemente da faixa de renda. Até mesmo produtos mais caros, como o caviar importado, serão menos taxados caso se confirme uma alíquota próxima de 26,5% para a soma dos novos impostos.

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