Sem recursos liberados, obras da Transnordestina estão atrasadas no Ceará, admite presidente da TLSA
Sem os recursos necessários para o andamento das obras da Transnordestina, a construção da ferrovia está atrasada no Ceará. Isso porque o Governo Federal ainda não repassou R$ 1 bilhão previsto para 2024, necessários para contratar os próximos trechos da linha férrea. Essa cifra faz parte de um montante de R$ 3,6 bilhões previstos até 2027.
A avaliação é de Tufi Daher Filho, presidente da Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) e da Transnordestina Logística S.A. (TLSA), em entrevista exclusiva para o Diário do Nordeste. Ambas as empresas são subordinadas à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e são responsáveis, dentre outras atribuições, pelo transporte de cargas no Nordeste brasileiro.
Apesar dos atrasos na liberação de recursos, as obras avançam atualmente do Centro-Sul cearense em direção ao Sertão Central, com trechos em construção entre Acopiara e Quixeramobim.
A construção da Transnordestina fica a cargo da TLSA e convive com atrasos há 18 anos, quando as obras foram iniciadas ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora a ferrovia tenha avançado em território cearense, a liberação de recursos para a conclusão da linha férrea é um desafio.
ATRASOS NO TRECHO 6 DA FERROVIA
Esse entrave atrasou, inclusive, a contratação do trecho 6 no Ceará, entre Quixeramobim e Quixadá. Em abril, durante a visita do presidente Lula ao canteiro de obras da ferrovia em Iguatu, Tufi Daher garantiu que a empresa responsável pela construção da Transnordestina entre as duas cidades do Sertão Central aconteceria ainda naquele mês.
O discurso adotado agora, no entanto, é diferente. Como a contratação do trecho ainda não saiu do papel, a tendência é de contratar o lote 6 ainda neste mês ou, no máximo, em agosto. A condição para isso é a liberação de R$ 3,6 bilhões em recursos do Governo Federal, que serão utilizados para concluir a ferrovia até o Porto do Pecém.
"O projeto de lei aprovado vai permitir que seja editado o decreto que permite que a Sudene faça esse aditivo de R$ 3,6 bilhões que estão previstos: R$ 1 bilhão em 2024, R$ 1 bilhão em 2025, e R$ 1 bilhão em 2026 e R$ 600 milhões em 2027 para a finalização", explica.
O projeto de lei no qual Tufi Daher se refere é o PL 858/2024, do senador Confúcio Moura (MDB-RO). Nele, fica estabelecida a criação do Fundo de Investimento em Infraestrutura Social (FIIS).
De acordo com o Senado Federal, a expectativa é captar recursos para áreas como educação, saúde e áreas de infraestrutura. O montante a ser arrecadado pode chegar a R$ 10 bilhões em 2025.
RECURSOS NECESSÁRIOS PARA FINALIZAR OBRA
Esse instrumento permite a TLSA buscar, junto a bancos, empréstimos para angariar os recursos para a finalização da Transnordestina. Segundo o presidente da empresa, a lei também permite que seja editado o decreto entre a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a companhia relativo ao valor que falta para concluir a obra.
Segundo o presidente da TLSA, a expectativa é, já nesta semana, se reunir com representantes do Banco do Nordeste (BNB) e da própria Sudene em busca do montante.
Apesar da necessidade da liberação dos recursos — o que está próximo de acontecer nas palavras de Tufi Daher —, o presidente da TLSA ressalta que "as obras estão avançando muito bem desde a visita do presidente Lula em abril, onde foram firmados os compromissos com o Governo Federal e que vêm sendo cumpridos".
TRANSNORDESTINA AVANÇA NO CEARÁ
Segundo documentos da TLSA, 232 km dos 608 km da nova ferrovia no Ceará estão concluídos. Os três lotes já entregues (Missão Velha — Lavras da Mangabeira — Iguatu — Acopiara) totalizam 150 km, e o restante (82 km) é referente ao trecho entre Salgueiro (PE) e a entrada da linha férrea no Estado até Missão Velha.
![Obras Ferrovia Transnordestina Ceará 2](https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/image/contentid/policy:1.3537513:1721695513/Obras-Ferrovia-Transnordestina-Ceara-2.jpeg?f=default&$p$f=ce923d4)
Mesmo com os atrasos nas contratações dos trechos em virtude dos impasses referentes aos recursos, as obras "estão prosperando muito bem", como reforça Tufi Daher. A garantia é de, apesar dos percalços, entregar a ferrovia no primeiro semestre de 2027.
Ainda conforme o presidente da TLSA, a promessa é de que a Transnordestina comece a ter operações comerciais já no ano que vem no trecho concluído, que vai de São Miguel do Fidalgo (PI) passando por Pernambuco até chegar ao Centro-Sul do Ceará.
"Em 2025, vamos fazer os primeiros transportes de grãos saindo lá do Piauí até a região central do Ceará para abranger aquela bacia leiteira, as granjas. Nosso diretor comercial está rodando com todos os produtores, tanto os fornecedores de grãos quanto aqueles consumidores. Já temos o projeto do terminal assim instalado no Piauí, estamos discutindo o projeto do terminal, não é definitivo, mas é intermediário para poder dar vazão ao consumo de grãos no Ceará", projeta.
GERAÇÃO DE MILHARES DE EMPREGOS
Com as obras de infraestrutura iniciadas nos dois trechos que avançam no Sertão Central (Acopiara — Piquet Carneiro — Quixeramobim), Tufi Daher afirma que o número de empregos gerados somente nos lotes 4 e 5, referentes ao trajeto em construção, empregam, de forma direta, cerca de 2,5 mil pessoas.
"Tem mais de 500 equipamentos mobilizados. Cada lote desse que a gente contrata ele gira entre 800 e 1.000 pessoas de emprego direto e mais de 150 equipamentos pesados. As obras estão evoluindo super bem", diz.
Caso haja a confirmação da liberação do R$ 1 bilhão oriundo do Governo Federal para investir na Transnordestina, o presidente da TLSA vislumbra contratar, ainda em 2024, os lotes 7, 8 e 9. Esses trechos vão conectar as cidades de Quixadá, Itapiúna, Baturité e Aracoiaba, totalizando 147 km em linha férrea.
![Obras Ferrovia Transnordestina 4](https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/image/contentid/policy:1.3537515:1721695680/Obras-Ferrovia-Transnordestina-4.jpeg?f=default&$p$f=06a3ad3)
Além disso, Tufi Daher também estima que, entre empregos diretos e indiretos, a contratação dos trechos deve gerar 31 mil postos de trabalho no ápice das obras. Quando a ferrovia for inaugurada, esse número deve aumentar, conforme projeções feitas pela TLSA.
"Nossa estimativa é de 8 mil empregos diretos com a contratação dos lotes faltantes de forma simultânea. Isso gera, no mínimo, 23 mil novos empregos indiretos, só na fase da obra. Agora imagina o que isso pode movimentar quando ela entrar em operação? Abrange uma gama de outros negócios. Você movimenta uma gama de pequenas cidades que acabam sendo beneficiadas por um equipamento logístico hoje inexistente e que vai mudar a realidade do interior do Ceará", classifica.
Não faz sentido sigilo de cem anos sobre documento de ministro
Por Editorial / O GLOBO
É contraditório que o governo Luiz Inácio Lula da Silva mantenha sigilo de cem anos sobre documentos oficiais, prática tão criticada pelo próprio Lula durante a gestão Jair Bolsonaro. A negativa mais recente diz respeito a dados fornecidos ao Planalto pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para avaliar conflitos de interesse no cargo. O pedido negado foi feito por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) pelo portal UOL.
Como medida de transparência, ministros têm de apresentar uma Declaração de Conflito de Interesses. Além de dados patrimoniais, fiscais e pessoais, ela informa se parentes até terceiro grau exercem atividades que podem ser incompatíveis com a função. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações alegou que “o documento está integralmente protegido por sigilo fiscal”. O Ministério de Minas e Energia argumentou que a LAI “classifica automaticamente informações de caráter pessoal com status restrito”. A Casa Civil informou que “se trata do estrito cumprimento das normas legais vigentes, e não de imposição de sigilo”.
Entende-se que o documento em questão possa conter informações sensíveis, mas o zelo pela transparência exige separar o que deve ser sigiloso e liberar o que é de interesse público. Uma das mudanças feitas na LAI no ano passado trata justamente de documentos sob sigilo de cem anos que contêm informações íntimas. É fundamental mesmo preservar o que é de caráter exclusivamente privado. Mas, nesses casos, os dados pessoais devem ser ocultados, e o restante liberado.
Impor sigilo de cem anos sobre o que quer que seja sempre desperta desconfiança. Lula sabe disso. Em debate com Bolsonaro na disputa pela Presidência, ele afirmou: “Farei um decreto para acabar com seu sigilo de cem anos para saber o que esse homem esconde por cem anos”. Um dos documentos trancados na gestão anterior era o cartão de vacinação de Bolsonaro, cujo sigilo foi suspenso em 2023. O documento é alvo de investigação policial por suspeita de fraude. O decreto de Lula realmente saiu, mas a prática se manteve.
Lula não pode nem alegar que o caso de Silveira seja excepcional. O governo mantém sob sigilo também as visitas à primeira-dama, Janja Lula da Silva; gastos com o uso do helicóptero presidencial e com alimentação no Palácio da Alvorada; além de visitas dos filhos do presidente ao Palácio do Planalto. Imagens de câmeras de segurança durante a invasão do 8 de Janeiro também foram consideradas segredo, mas acabaram liberadas pelo Supremo.
O sigilo sobre documentos da administração pública só deveria ser decretado em situações necessárias, mediante justificativas razoáveis. Infelizmente não é o que vem acontecendo. Dependendo da conveniência, governos sempre poderão alegar razões pessoais ou de intimidade para carimbar dados como sigilosos, desrespeitando o direito à informação.
É preciso preservar o espírito de transparência da LAI. A sociedade tem direito de saber o que se passa na administração pública. Como disse o próprio Lula, o que se tenta esconder por cem anos?
Ouçam a voz do povo
Opiniões desse tipo desse tipo podem chocar os bem-pensantes, mas o que a pesquisa pretende mostrar é como o povo da amostra pensa. Aceita-se isso ou segue-se o conselho do professor Antônio Delfim Netto em 1985, quando Jânio Quadros derrotou Fernando Henrique Cardoso na disputa pela Prefeitura de São Paulo:
— Vão precisar mudar de povo.
A cepa conservadora do eleitorado brasileiro está aí. O Brasil tem um eleitorado conservador em relação à segurança pública e aos costumes.
Os eleitores de Bolsonaro e Lula não são semelhantes em relação a alguns temas: 23% de um são contra o Bolsa Família, no outro lado só 9% (14% não opinaram).
De certa maneira, criaram-se dois estereótipos. O do sujeito que votou em Bolsonaro ficou previsível. O de Lula deveria levar seus explicadores do Brasil a calçar as sandálias da humildade. A “cara da democracia” compilada por Feres mostrou que mais de 20% dos eleitores de Lula são favoráveis à prisão de mulheres que interrompem a gravidez (36%), à privatização da Petrobras (37%) e contrários à punição de militares que participaram do 8 de Janeiro (29%). Depois de dez anos da demonstração das virtudes das cotas raciais nas universidades, 35% dos eleitores de Lula são contra. Do lado de Bolsonaro, são 52%.
Colocando esse número ao lado do 1,8 ponto percentual que deu a vitória a Lula, percebe-se o vigor de uma das Leis de Heitor Ferreira:
— Muitas vezes, não é um candidato que ganha, só outro que perde.
Bolsonaro perdeu em 2022, como o PT perdeu em 2018. Num exercício de passadologia, qual teria sido o resultado da eleição se Bolsonaro não tivesse pronunciado as palavras “vacina” ou “cloroquina”?
A agenda progressista tem virtudes, até porque a do regressismo amarrou o Brasil à escravidão e ao contrabando de negros. Mesmo assim, não é desse modo que marcham as sociedades. Quem ouvia Martin Luther King em 1963 jamais imaginaria que, em 2024, Donald Trump estivesse de novo com um pé na Casa Branca.
Greve no INSS cresce, ameaça revisão de gastos e governo vai à Justiça contra paralisação
Idiana Tomazelli / FOLHA DE SP
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acionou a Justiça nesta terça-feira (23) para pedir a suspensão da greve nacional de servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O órgão também vai cortar o ponto dos grevistas, descontando do salário os dias de paralisação.
O Executivo decidiu endurecer a postura nas negociações diante do risco de o movimento comprometer as ações de revisão de gastos, cruciais para fechar as contas do Orçamento de 2024 e 2025, e anular os esforços de redução da fila de espera de segurados.
O diagnóstico de que o movimento cresceu nos últimos dias acendeu uma luz amarela dentro do governo.
Representantes da categoria, por sua vez, reivindicam o cumprimento de acordos anteriores e melhorias salariais. "A greve é para causar impacto, mesmo. Pressionar o governo a atender o mais rápido possível a reivindicação dos servidores", diz a diretora da Fenasps (Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social), Viviane Peres.
Segundo a entidade, mais de 400 agências do INSS, situadas em 23 estados e no Distrito Federal, estão fechadas ou funcionando de modo parcial.
Servidores em regime de teletrabalho também aderiram ao movimento. O SINSSP-BR (Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de São Paulo), que atua na greve em âmbito nacional, estima que cerca de 40% das tarefas dos servidores em teletrabalho foram afetadas pela paralisação.
A greve foi deflagrada em 10 de julho, mas ganhou força a partir do dia 16 e tem tido impacto crescente nos atendimentos presenciais e também na análise de requerimentos.
Procurado pela Folha, o INSS disse que 9,6% dos servidores em todo o país aderiram à greve, de acordo com balanço desta terça. Isso representa 1.634 dos 17.067 servidores. O percentual de adesão varia conforme a região e é maior no Nordeste (14%) e no Sul (10%).
O órgão confirmou que os dias parados serão descontados dos salários. Segundo o INSS, trata-se de uma regra geral em caso de paralisações, e os funcionários do órgão já foram comunicados sobre a norma.
A ação judicial contra a greve dos servidores do INSS foi protocolada pela AGU (Advocacia-Geral da União) junto ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), sob o argumento de que os servidores do INSS não podem paralisar a prestação de um serviço essencial à sociedade.
Segundo relatos de dois integrantes do governo, o INSS vinha minimizando os impactos da greve em tratativas nos bastidores, dizendo que a adesão era baixa. As mobilizações dos últimos dias, porém, dispararam um alerta dentro do governo, que conta com as ações do órgão para equacionar o Orçamento de 2024 e 2025.
Neste ano, o governo incorporou às estimativas de despesas uma expectativa de economia de R$ 9 bilhões com a revisão de gastos, sendo a maior parte com a Previdência Social. Já em 2025, a promessa é cortar R$ 25,9 bilhões em gastos obrigatórios.
Para isso, o Executivo traçou um plano de revisão de benefícios como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. Cumprir o cronograma desse pente-fino é tido como essencial para alcançar a economia projetada.
Na avaliação de um dos técnicos, o momento é grave, pois a continuidade da greve atrasará as revisões de benefícios, previstas para começarem em agosto.
Outro membro do governo afirma que há o risco de novo represamento de pedidos na fila. Isso ajuda a segurar a despesa no curtíssimo prazo, mas gera uma fatura maior na hora de regularizar os pagamentos no futuro. Se o benefício é concedido, o pagamento é devido desde o momento do requerimento —ou seja, quanto maior a demora, maiores são o valor retroativo e a incidência de juros.
Nos últimos meses, o governo fez um esforço para reduzir a fila do INSS. Em junho, o estoque de requerimentos estava em 1,35 milhão, contra 1,8 milhão em igual mês de 2023.
Viviane Peres, da Fenasps, afirma que a categoria defende melhores condições de trabalho e valorização da carreira. A falta de pessoal é uma das reclamações —o INSS chegou a ter 25 mil servidores em 2015.
Os servidores também afirmam haver um "sucateamento do parque tecnológico do INSS", com "sistemas lentos, que param por horas quase que diariamente", o que leva à demora no atendimento dos segurados.
A categoria cobra ainda a incorporação de gratificações ao vencimento básico dos servidores. Segundo Peres, as gratificações são hoje a maior parcela da remuneração dos funcionários do INSS.
O Ministério da Gestão e Inovação, responsável pela política de pessoal do governo, apresentou uma proposta de reajuste de 18%, sendo 9% para 2025 e 9% para 2026.
No entanto, a diretora da Fenasps disse que o reajuste é focado nas gratificações. Segundo ela, a categoria tem uma reunião nesta quarta-feira (24) com o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. "A gente já espera que aí seja sinalizada a instalação da mesa de negociação da greve", afirma.
Maduro afirma, sem provas, que eleições no Brasil não são auditadas
FOLHA DE SP
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, questionou em comício na noite desta terça-feira (23), no estado de Aragua, os sistemas eleitorais do Brasil, dos Estados Unidos e da Colômbia. Segundo o site Monitoreamos, ele afirmou, sem provas, que as eleições nos países não são auditadas.
Maduro também disse que a Venezuela tem o melhor sistema eleitoral do mundo, com 16 auditorias e uma auditoria em tempo real de 54% das urnas.
"Em que outra parte do mundo fazem isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral é auditável? No Brasil? Não auditam nenhuma ata. Na Colômbia? Não auditam nenhuma ata", disse.
O ataque ocorreu um dia depois de o presidente Lula (PT) afirmar que está assustado com declarações do venezuelano sobre um "banho de sangue" caso ele seja derrotado nas eleições, marcadas para domingo (28).
"Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila", rebateu Maduro, sem mencionar Lula. "Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita".
No Brasil, o boletim de urna é um comprovante impresso emitido pela urna ao final da votação, com um resumo do que foi registrado. Ele permite que as pessoas (e partidos) confiram o resultado imediatamente após a eleição e também possibilita auditar que tanto a transmissão quanto a totalização dos votos ocorreram corretamente.
O documento é impresso obrigatoriamente em cinco vias, assinadas pelo presidente da seção e por fiscais dos partidos presentes. Depois disso, uma via é colocada na porta da seção, três são colocadas na ata e enviadas para o respectivo cartório eleitoral e a última é entregue aos fiscais dos partidos.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela convidou organizações sociais brasileiras simpáticas ao chavismo para acompanhar as eleições.
Também fez um convite ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para organizar uma missão de organização, limitada a dois técnicos. O tribunal recusou em um primeiro momento, mas semanas depois decidiu enviar os técnicos para acompanhar o pleito.
Lula afirmou na segunda-feira (22) que Celso Amorim, seu assessor especial para assuntos internacionais, viajará à Venezuela para acompanhar as eleições presidenciais.
Distorção nas emendas põe pequenas cidades no topo do ranking de verba por habitante
A multiplicação do valor das emendas parlamentares nos últimos anos e a quase total autonomia de deputados federais e senadores na distribuição do dinheiro têm levado pequenas cidades ao topo do ranking de recebimento da verba por habitante.
Todas as dez cidades proporcionalmente mais beneficiadas têm menos de 6.000 moradores.
É o caso de Mar Vermelho, na zona da mata de Alagoas. Com uma população de pouco mais de 3.000 pessoas, a cidade é a terceira do país mais beneficiada. Até o início do mês ela recebeu R$ 6,4 milhões em emendas neste ano, o que dá R$ 2.013 por habitante.
O campeão de destinação de recursos para a cidade é Delegado Fábio Costa (PP-AL), que curiosamente foi o candidato a deputado federal menos votado na cidade em 2022, recebendo apenas 35 votos.
Fábio Costa destinou R$ 2,9 milhões das chamadas "emendas Pix", que caem direto no caixa da prefeitura.
Em março, postou em suas redes sociais um vídeo ao lado do prefeito André Almeida, eleito em 2020 pelo MDB e que deve disputar a reeleição, segurando um cheque em tamanho gigante no valor de R$ 1,74 milhão.
Segundo os dois políticos, o valor seria usado para pavimentação de uma importante via da cidade.
Por meio de sua assessoria, o deputado afirmou que as verbas destinadas por ele também serão usadas na construção de um ponto turístico e que ele prioriza "municípios com capacidade de execução e transparência para garantir a melhor aplicação dos recursos", não havendo relação entre "quantidade de votos e valor das emendas".
As emendas são uma forma pela qual deputados e senadores conseguem enviar dinheiro para obras e projetos em suas bases eleitorais e, com isso, ampliar seu capital político. Como mostrou a Folha, a prioridade do Congresso Nacional é atender seus redutos eleitorais, e não as localidades de maior demanda no país.
As cidades de Bom Sucesso e Curral Velho, na Paraíba, vivem uma situação similar à de Mar Vermelho.
Estão no topo das mais beneficiadas do país proporcionalmente, têm menos de 2.000 habitantes cada uma e foram beneficiadas por emendas de um deputado pouquíssimo votado nas duas localidades em 2022, Cabo Gilberto (PL-PB).
O congressista destinou emendas Pix de R$ 2 milhões para cada uma delas. Em Curral Velho, teve 26 votos. Em Bom sucesso, apenas 19.
Cabo Gilberto ressalta que as emendas são transparentes e que, por não ter tido apoio de nenhum prefeito em 2022, fez acordo direto com a população. Nessa linha, ele registra ter enviado mais de R$ 10 milhões ao governo do estado para aplicação na segurança pública, apesar de ser oposição.
Sobre as duas pequenas cidades, diz que, embora a destinação de emendas tenha sido alta, o valor das obras é bem maior e, por isso, não terá como cumprir o que prometeu.
Para Curral Velho, afirmou ter assegurado aos eleitores saneamento básico à cidade, mas descobriu depois que R$ 2 milhões seriam insuficientes.
"Eu falei, olha, pessoal, se eu for deputado federal, pode pode contar comigo que eu vou fazer essa obra na cidade. Mas descobri depois que a obra custa R$ 9 milhões. Eu prometi, mas eu não vou conseguir cumprir não, mas eu dei R$ 2 milhões. Pelo menos para dizer que eu não mandei nada, né?"
Em Bom Sucesso, a promessa foi de água potável para todos e melhorias na infraestrutura da cidade. "Também prometi, não tinha experiência como deputado federal, também eu não vou ter como cumprir esse compromisso."
Pressionado pelo Congresso, o governo Lula (PT) acelerou a liberação de emendas e pagou cerca de R$ 23 bilhões até a primeira semana de julho, principalmente aos municípios. A pressa deve-se à trava imposta pela legislação eleitoral a novos repasses nos três meses que antecedem as eleições.
Como mostrou a Folha, o Amapá —dos senadores Randolfe Rodrigues (PT), líder do governo, e Davi Alcolumbre (União Brasil), favorito a voltar a presidir a Casa em 2025— lidera proporcionalmente o ranking de emendas liberadas. Do lado oposto, 44 cidades não receberam diretamente nenhum centavo de emenda parlamentar em 2024.
No ranking das mais beneficiadas, a cidade de Davinópolis, em Goiás, foi a que recebeu o maior pagamento proporcional à população em 2024. São cerca de R$ 2.400 para cada um dos 1.902 habitantes da cidade, localizada a cerca de 310 km de Goiânia.
Praticamente todos os R$ 4,5 milhões pagos ao município foram de emendas do deputado Glaustin da Fokus (Podemos-GO), que não respondeu às tentativas de contato da reportagem.
A verba turbina os cofres da prefeitura no ano eleitoral, sendo quase o dobro dos R$ 2,3 milhões previstos no orçamento local para investimentos.
Menos populoso e vice-líder desse ranking, Santa Tereza, no Rio Grande do Sul, tem 1.500 moradores e recebeu R$ 3,3 milhões.
A cidade foi fortemente atingida pelas chuvas no estado. Uma ponte de concreto do município chegou a ser levada pela enxurrada enquanto a prefeita Gisele Caumo (PP) gravava um vídeo de alerta próximo ao local.
Município de 7.300 habitantes, São Luiz (RR) recebeu cerca de R$ 8,2 milhões em emendas em 2024 e já havia levado mais de R$ 45 milhões no ano anterior. Com isso, os investimentos totais da prefeitura dispararam de R$ 20 milhões, em 2022, para R$ 63 milhões projetados para 2024.
O senador Chico Rodrigues (PSB) é o principal responsável pelas verbas neste ano. O gabinete do congressista disse que ela será utilizada na construção de casas populares.
Em 2020, o senador foi flagrado com dinheiro na cueca em uma operação da Polícia Federal sobre o desvio de recursos voltados ao combate à Covid-19. Na época, ele negou irregularidades e disse que entrou em pânico com a chegada dos policiais.
Caridade do Piauí recebeu R$ 9,3 milhões em emendas em 2024, antes das eleições. O valor equivale a cerca de R$ 1.800 para cada um dos 5.033 habitantes. A cifra supera os R$ 7,1 milhões previstos para investimentos da cidade neste ano.
"O município é muito pobre, na região do semiárido. Os parlamentares que enviaram a verba são representantes da cidade e têm ajudado. Quanto mais representantes, mais recursos", disse o prefeito Toninho de Caridade (PSD).
Suplente do ministro Wellington Dias (PT), a senadora Jussara Lima (PSD) indicou a maior parte direcionada à localidade.
"Temos ainda vários convênios e propostas voluntárias, diretamente com os ministérios, sem emendas. Quem sai na frente é quem tem projeto e vai atrás. Eu ando frequentemente em Brasília para fortalecer o município", disse o prefeito, que também preside a Associação Piauiense dos Municípios.