Guia da vacina: o que você precisa saber sobre a campanha de imunização contra a covid-19
João Prata, O Estado de S.Paulo
vacinação nacional contra a covid-19 começará nesta segunda-feira, 18, a partir das 17h, de acordo com o Ministério da Saúde. A distribuição das doses da Coronavac para cada Estado foi iniciada na manhã desta segunda. Após o recebimento, caberá aos governos estaduais a definição sobre agendamento da vacinação dos grupos prioritários, formados por profissionais de saúde da linha de frente no combate ao coronavírus, idosos que vivem em asilos e indígenas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou neste domingo, 17, o uso emergencial de 8 milhões de doses das vacinas Coronavac (6 milhões) e Oxford/Astrazeneca (2 milhões). As doses da vacina de Oxford, que serão importadas da Índia, ainda não têm previsão de chegada ao País.
Logo após a aprovação da Anvisa, o Estado de São Paulo iniciou a imunização de profissionais da saúde. Nesta segunda-feira, a campanha de vacinação começou oficialmente no complexo do Hospital das Clínicas, voltada exclusivamente para os profissionais da linha de frente. Indígenas e quilombolas devem ser vacinados a partir do dia 25 de janeiro no Estado. Já os idosos acima de 75 anos devem receber a primeira dose da vacina no dia 8 de fevereiro. A definição do cronograma fica a cargo de cada um dos Estados.
Abaixo, perguntas e respostas sobre o assunto.
Quando começa a vacinação no Brasil?
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), já fez evento para começar a aplicação de doses em profissionais de saúde na capital paulista neste domingo. Ele diz que vai dar continuidade à vacinação nesta segunda-feira, 18, com profissionais de saúde do Hospital das Clínicas da capital e de outras cidades do interior. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, informou que o Plano Nacional de Imunização começa também nesta segunda-feira, 18, às 17 horas.
Quais serão os grupos prioritários?
O governo de São Paulo prevê iniciar a vacinação com profissionais de saúde. Já conforme o Ministério da Saúde, os primeiros a receber as vacinas são os idosos que vivem em asilos, indígenas e profissionais de saúde da linha de frente do combate à covid-19. Essas pessoas vão receber a imunização nos locais onde vivem/trabalham, sob a coordenação de cada município.
É necessário fazer cadastro para se vacinar?
Não. No Estado de São Paulo os primeiros grupos imunizados serão de trabalhadores da saúde e indígenas e quilombolas. Há um pré-cadastro para ser feito no vacinaja.sp.gov.br, que não é um agendamento, mas ajudará para evitar aglomerações. Quem não fizer o pré-cadastro também poderá ser vacinado. Se estiver no grupo prioritário, a vacina está garantida com o comparecimento a qualquer posto de vacinação.
Quais serão os locais de vacinação?
Cada Estado definirá os postos de vacinação. O Governo de São Paulo divulgou neste domingo a operação que começa oficialmente nesta segunda-feira com a imunização de trabalhadores de saúde de seis hospitais de referência: HCs da Capital e de Ribeirão Preto (USP), HC da Campinas (Unicamp), HC de Botucatu (Unesp), HC de Marília (Famema) e Hospital de Base de São José do Rio Preto (Funfarme). Ou seja, ainda não é hora de se dirigir a postos de vacinação em busca de vacinação ou até mesmo de informações complementares.
Quais vacinas serão aplicadas no Brasil?
A Anvisa liberou no domingo o uso emergencial de 6 milhões de doses da Coronavac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, e de 2 milhões de doses da vacina da Universidade de Oxford, desenvolvida pela AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz. Não há, porém, doses do imunizante britânico no Brasil ainda - o governo federal tenta importar dois milhões de doses do produto da Índia.
A vacina será gratuita?
Sim. Inicialmente, a vacina será aplicada apenas pelo Sistema Único de Saúde, de forma gratuita a toda população.
A taxa geral de eficácia da Coronavac se revelou de 50,38%. O que isso significa?
Significa que, de cada cem pessoas vacinadas que tiverem contato com o vírus, 50,38% não vão manifestar a doença graças à imunidade conferida pela vacina. Para quem acabou ficando doente, a vacina reduziu em 78% a chance de ter uma doença leve que precise de assistência médica.
A vacina de Oxford tem melhor eficácia?
As duas vacinas têm eficácia suficiente para ajudar no combate à pandemia. Nos testes, a vacina de Oxford foi administrada de duas formas diferentes: na primeira delas, os voluntários receberam metade de uma dose e, um mês depois, uma dose completa. Nesse grupo de voluntários, a eficácia foi de 90%. Já no segundo grupo, que recebeu duas doses completas da vacina, a eficácia foi reduzida a 62%. Esses dois resultados permitiram obter eficácia média de 70%.
Quanto tempo após tomar a vacina a pessoa pode se considerar imunizada?
A imunidade depende de cada vacina. Um imunizante geralmente demora de duas a três semanas para fazer efeito.
Quem está com febre pode tomar a vacina? E quem está tomando antibiótico?
As pessoas com febre devem aguardar para receber a vacina. Quem está tomando antibiótico deve conversar com o seu médico antes.
Por que a vacinação é importante?
Quanto maior o número de pessoas vacinadas, mais rápido terminará a pandemia. Isso porque diminuirá a circulação do vírus e maior parte da população fica protegida.
À medida que a imunização ocorra as medidas de isolamento podem ser relaxadas?
Os próprios técnicos da Anvisa que realizaram reunião pública e aprovaram o uso emergencial de ambas as vacinas – a Coronavac e a produzida por Oxford – ressaltaram que o País ainda está longe de vislumbrar um cenário em que as medidas de restrição impostas com base na ciência deixem de ser necessárias. Por isso, ainda é fundamental manter o isolamento sempre que possível e usar máscara e álcool em gel.
Vacina: saiba a distribuição de doses da CoronaVac por estado no Brasil
RIO — A distribuição de quase seis doses da vacina CoronaVac começa nesta segunda-feira e a divisão entre estados e o Distrito Federal já foi definida pelo Ministério da Saúde. O imunizante, desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, foi aplicado no último domingo na primeira brasileira vacinada, Monica Calazans, enfermeira do hospital Emílio Ribas, em São Paulo. O governo antecipou o início da campanha de imunização de quarta-feira para hoje, por pressão de governadores.
As doses, de acordo com a pasta, se encontram no Departamento de Logística da Saúde (DLOG), na capital paulista, e serão distribuídas pelo território nacional através de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e das companhias aéreas Gol, Latam, Voepass e Azul. Após a entrega, caberá aos governos estaduais a logística para distribuição pelos municípios.
Pela proporção da população, o estado com o maior número de doses reservadas nesta primeira etapa é São Paulo, com 1.349.200. Já Roraima receberá o menor aporte, com 10.360. O Rio, por sua vez, terá 487.420 unidades da vacina. Está prevista, ainda, a reserva de 907.200 doses para indígenas de todas as regiões do páis.
Pressão: Vacinação contra Covid-19 é antecipada para hoje no Brasil
Ainda não há previsão para a chegada das 2 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca/Universidade de Oxford importadas da Índia. O uso emergencial da fórmula também recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas depende da liberação do governo indiano para chegar ao Brasil.
Confira a divisão de doses da CoronaVac por estado brasileiro:
Região Norte
Acre - 13.840
Amapá - 15.000
Amazonas - 69.880
Pará - 124.560
Rondônia - 33.040
Roraima - 10.360
Tocantins - 29.840
Total de doses - 296.520
Região Nordeste
Alagoas - 71.080
Bahia - 319.520
Ceará - 186.720
Maranhão - 123.040
Paraíba - 92.960
Pernambuco - 215.280
Piauí - 61.160
Rio Grande do Norte - 82.440
Sergipe - 48.360
Total de doses - 1.200.560
Região Sudeste
Espírito Santo - 95.440
Minas Gerais - 561.120
Rio de Janeiro - 487.520
São Paulo - 1.349.200
Total de doses - 2.493.280
Região Sul
Paraná - 242.880
Rio Grande do Sul - 311.680
Santa Catarina - 126.560
Total de doses - 681.120
Região Centro-Oeste
Distrito Federal - 105.960
Goiás - 182.400
Mato Grosso - 65.760
Mato Grosso do Sul - 61.760
Total de doses - 415.880 / O GLOBO
Quando falta oxigênio - FERNANDO GABEIRA
Escrevi um artigo sobre vários temas, sobretudo vacina, e sobre as pessoas morrendo por falta de oxigênio em Manaus.
Aos poucos, as pessoas morrendo por falta de oxigênio em Manaus foram deslocando os outros tópicos para o canto da página e ocuparam todo o espaço. Impossível falar de outra coisa quando há pessoas morrendo por falta de oxigênio nos hospitais.
Desde a semana passada, estava de olho em Manaus. Minha intuição indicava que a descoberta pelos japoneses de uma variante do coronavírus em turistas vindos da Amazônia merecia atenção.
Essas mutações do vírus, de um modo geral, se dão na proteína “spike” e facilitam a propagação. Os ingleses, que vivem um problema semelhante, perceberam e logo proibiram voos do Brasil.
Mas, ao mesmo tempo que perseguia as notícias sobre as mutações do vírus, acompanhava a crise nos hospitais de Manaus. Primeiro foi o alerta de que faltaria oxigênio. Depois vi uma entrevista do presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mario Vianna, descrevendo o caos e dizendo que os doentes mais ricos estavam fugindo para o aeroporto em busca de salvação.
Cheguei a pensar na hipótese de que iriam isolar Manaus. Roraima fez uma barreira na Manaus-Boa Vista, e o Pará decidiu bloquear os viajantes pelos rios.
Pazuello estava em Manaus. Sua tarefa era encontrar uma saída para a crise emergencial. Vi imagens de cilindros de oxigênio sendo transportados pela Força Aérea. Mas Pazuello não conseguiu dimensionar a crise ou não soube reunir os recursos para evitar a tragédia. É um incapaz.
Mais uma vez, o governo trata a morte com indiferença. E não é uma atitude isolada. A Justiça decidiu cancelar o Enem em Manaus, e Bolsonaro recorreu dessa decisão sensata.
Na raiz dessa crise, está a tentativa do governo local de colocar restrições ao comércio num momento agudo da pandemia. Houve protesto de várias entidades, manifestações de rua, bandeiras, Hino Nacional.
Os bolsonaristas aplaudiram, assim como aplaudiram a revolta em Búzios. Segundo eles, o povo estava em luta pela liberdade contra decisões autoritárias. Esse discurso de Bolsonaro apela para a liberdade individual, num momento em que é necessária a cooperação.
O êxito de um discurso desse tipo se alimenta também do cansaço com as medidas de isolamento social e de algo, no meu entender mais estrutural. Jorge Luis Borges, falando dos argentinos, disse que eles são indivíduos e não cidadãos. Creio que algo parecido acontece aqui.
Isso torna mais fácil empurrar as pessoas para a morte, o que Bolsonaro e toda essa corrente de opinião têm feito com competência, negando não apenas a orientação científica, mas também a necessária disciplina social num tempo tão difícil.
Os americanos decretaram o impeachment de Trump porque ele insuflou uma ação violenta contra a democracia. Bolsonaro se recusa a aceitar a gravidade da pandemia e empurra as pessoas para a morte.
Estamos no limiar de uma campanha de vacinação. Ou, pelo menos, próximos de um ato de propaganda iniciando essa campanha. Mas as pessoas morrendo por falta de oxigênio em Manaus não nos deixam outro caminho, exceto lembrar: a política da morte está em curso, a cada minuto que nos atrasamos em nossa união para contê-la corremos o risco de estar matando também.
É preciso lembrar que o colapso em Manaus não está assim tão longe de outras regiões do Brasil. Já temos um índice de mais de mil mortos por dia. O crescimento dos casos em São Paulo é grande, e o próprio Hospital Albert Einstein cancelou a admissão das UTIs aéreas, aviões que trazem doentes de outros lugares do país. No Rio, chegamos ao limite.
A campanha de vacinação revela um planejamento precário e vacinas com um baixo nível de eficácia. Isso significa que teremos de vacinar muita gente para reduzir o número de casos e estancar o crescimento das mortes.
É muito difícil superar uma etapa dessa grandeza com um governo negacionista, incapaz e sem um traço de empatia com o sofrimento do povo brasileiro. Ele nos rouba oxigênio não só como indivíduos, mas como sociedade.
Para voltar a respirar, será preciso se desfazer do governo. O GLOBO
Regalias de presidentes da Câmara e do Senado vão de cafezinho premium a mansão às margens de lago
Os principais candidatos aos comandos da Câmara e do Senado suspenderam seus recessos, passam boa parte do tempo em Brasília ou viajando em articulações, sem contar as inúmeras horas ao telefone ou em videoconferência.
O esforço extra é considerado válido pelos postulantes que disputam a chefia do Legislativo, levando-se em conta os superpoderes políticos que chegam com a vitória na eleição.
Embora nenhum deles vá reconhecer publicamente, também está no radar a série de benesses que adquirem ao serem eleitos, como uma mansão às margens do lago Paranoá, jatinhos à disposição e uma série de funcionários para abrirem as portas para eles.
A Câmara e o Senado vão escolher os novos presidentes das Casas em fevereiro, para um mandato de dois anos.
Os dois principais candidatos na Câmara são Arthur Lira (PP-AL), candidato do presidente Jair Bolsonaro, e Baleia Rossi (MDB-SP), nome de um bloco articulado pelo atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Na Casa vizinha, Simone Tebet (MDB-MS) vai disputar o comando do Senado com Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nome do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e que conta com a "simpatia" de Bolsonaro.
Com salário de R$ 33,7 mil, a que tem direito todo parlamentar, presidentes do Senado e da Câmara ganham automaticamente direito a mudarem para mansões vizinhas na Península dos Ministros, uma área nobre de Brasília.
A residência do Senado, por exemplo, tem uma área construída de 979 m². Conta com quartos, cozinha, copa, sala de jantar, escritório, piscina, churrasqueira, além de dependências para um batalhão de funcionários. São 15 pessoas no total, entre cozinheiros, passadeiras, camareiras e jardineiros.
Situação semelhante ocorre na Câmara, embora a assessoria de imprensa da Casa tenha se recusado a passar informações, acrescentando que o pedido deveria ser feito via Lei de Acesso à Informação —que pode demorar até um mês para ser respondido.
Presidente da Câmara entre fevereiro de 2011 e início de 2013, Marco Maia (PT-RS) afirma que existe muito "folclore" em relação à residência oficial e que seus moradores pouco usufruem da situação.
"A residência da presidência da Câmara é uma grande repartição pública, quase o tempo todo realizando reuniões, encontros, jantares e cafés da manhã de trabalho. Não tem nada de luxo. É uma extensão do próprio gabinete", afirma o ex-deputado.
O petista acrescenta que, durante sua gestão, eram realizadas em média 2.000 agendas por ano e que não havia tempo ocioso. Quando havia uma folga, ele viajava para o Rio Grande do Sul, sua base política.
Um assessor parlamentar que trabalhou para a presidência da Câmara relata que as cozinheiras costumam preparar refeições que são enviadas aos gabinetes em dias úteis ou cafés mais especiais, acompanhados de bolos e doces, para reuniões especiais.
Um capricho a mais, considerando que o gabinete da presidência já tem uma copa particular, enquanto os demais gabinetes parlamentares precisam dividir essas dependências.
Os presidentes da Câmara mantêm seus gabinetes de deputados e ainda ocupam o destinado à presidência, muito mais amplo, com uma grande sala de reunião e vista para a Praça dos Três Poderes. O chefe da Casa ainda ganha o direito de nomear mais 46 pessoas para cargos comissionados.
O benefício que consideram mais importante, no entanto, é o fato de poderem usar livremente aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), fugindo de aeroportos, check-ins, espera em saguões lotados. O uso é ilimitado, bastando aviso com poucas horas de antecedência para a preparação.
Após alguns abusos e usos excessivos, incluindo viagens para procedimento de implante capilar, novas regras disciplinaram o uso dos aviões. Eles podem ser solicitados para deslocamentos a trabalho, em viagens para a base dos parlamentares ou em casos de emergência de saúde.
Na capital federal, os chefes do Legislativo têm um carro cada um, com motoristas que ficam 24 horas por dia à disposição. Além disso, seguranças da Polícia Legislativa do Congresso acompanham a todo momento os presidentes.
São quatro equipes que se revezam para estar a todo momento com os presidentes das Casas, a chamada equipe Papa. A quantidade de agentes da Polícia Legislativa em cada equipe não é divulgada por questões de segurança.
As benesses são apenas uma dimensão da presidência das Casas, cargos que aumentam exponencialmente o poder político dos seus ocupantes. Os presidentes da Câmara e do Senado são alçados imediatamente para uma notoriedade que muitos jamais obtiveram em suas vidas parlamentares. Seus rostos aparecem com frequência nos noticiários, assim como viram memes na internet.
O cargo também acrescenta um poder político cuja dimensão extrapola os limites das Casas, sendo o principal deles o controle da pauta legislativa. Todas as propostas que serão discutidas e votadas no plenário passam invariavelmente por suas análises.
"Os presidentes das Casas não são chefes de ninguém. Todos os senadores são pares, assim como todos os deputados são iguais. Mas você tem a iniciativa, você tem a coordenação dos trabalhos da Mesa", afirma Carlos Melo, cientista político e professor do Insper.
"Você tem a iniciativa de chamar as lideranças e de estabelecer a pauta. Claro que ninguém inventa a pauta, os projetos já estão tramitando, mas você tem a prerrogativa de colocar um projeto na frente dos demais."
O controle da pauta, portanto, oferece um grande poder aos presidentes das Casas, que podem atender ou rejeitar pedidos do Palácio do Planalto, por exemplo. Internamente, são os deputados e senadores que precisam articular para verem seus projetos entrando na lista dos que serão apreciados.
Melo também ressalta a prerrogativa do presidente da Câmara de ler o requerimento para um pedido de impeachment do presidente da República, ação que dá início ao processo.
Os presidentes da Câmara e do Senado também entram automaticamente na linha de sucessão da Presidência da República, logo após o vice-presidente, sendo respectivamente o segundo e o terceiro.
Além disso, integram o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, órgão consultivo do presidente para assuntos de segurança e política externa.
Anvisa aprova, por unanimidade, uso emergencial das vacinas Coronavac e Oxford
Mateus Vargas e Fabiana Cambricoli, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA E SÃO PAULO - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou neste domingo, 17, por unanimidade, o uso emergencial da Coronavac e da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca.
Após três gerências técnicas da agência recomendarem o aval, a diretora Meiruze Freitas, relatora dos processos, votou pela aprovação dos dois imunizantes e foi acompanhada por seus quatro colegas: os diretores Romison Rodrigues Mota, Alex Campos, Cristiane Rose Jourdan Gomes e Antonio Barra Torres.
Após três gerências técnicas da agência recomendarem o aval, a diretora Meiruze Freitas, relatora dos processos, votou pela aprovação dos dois imunizantes e foi acompanhada por seus quatro colegas: os diretores Romison Rodrigues Mota, Alex Campos, Cristiane Rose Jourdan Gomes e Antonio Barra Torres.
Uma equipe de cerca de 50 pessoas trabalhou na análise dos dois processos. Os pareceres técnicos foram entregues à diretora Meiruze Freitas, farmacêutica e servidora da agência, que será a relatora do processo. Ela é responsável pela área que trata do registro de medicamentos e vacinas.
Laboratórios serão notificados logo após decisão
Butantã e Fiocruz serão notificados pela Anvisa sobre a decisão após a reunião. "Também será publicado no portal da Agência um relatório com as bases técnicas da avaliação sobre a autorização temporária de uso emergencial, em caráter experimental, de cada vacina contra a Covid-19", diz a Anvisa.
Apenas farmacêuticas que realizaram estudos clínicos de fase 3 no País podem pedir o aval para aplicar a vacina neste formato, pelas regras atuais da agência. O uso emergencial pode ser feito mesmo com estudos de desenvolvimento do produto em andamento.
A Anvisa esteve no centro de brigas políticas durante a pandemia. O governo de São Paulo levantou suspeitas sobre interferência política no órgão quando, em novembro, estudos da Coronavac foram suspensos - decisão comemorada pelo presidente Jair Bolsonaro. Servidores da agência chegaram a lançar nota defendendo a autonomia do órgão.
Corrida pela 'primeira foto'
Com a aprovação, a corrida pela "primeira foto" da vacinação contra a covid-19 no Brasil foi vencida pelo governador João Doria, que convocou pronunciamento ao fim da reunião e já definiu as primeiras pessoas que serão vacinadas.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, convocou uma entrevista coletiva para as 15h30, no Rio de Janeiro. Não deve haver vacinação no evento, porém, já que o Ministério da Saúde não conseguiu importar os imunizantes de Oxford da India nem recebeu ainda os lotes da Coronavac comprados do Butantã.
O Ministério da Saúde planejava começar a campanha nacional na quarta-feira, 20, às 10h. Como revelou o Estadão, o Palácio do Planalto pode receber uma cerimônia, na terça-feira, 19, para marcar o começo da campanha. Não está descartado aplicar a primeira dose durante este evento, mas a pressão pela crise em Manaus (AM) pode levar o governo a desistir da cerimônia em Brasília.
O governo paulista apontava 25 de janeiro como data para o começo de sua campanha, mas Doria já havia afirmado que poderia vacinar imediatamente após a decisão da Anvisa.
Ainda é incerto, porém, como será o começo da vacinação no País. Os planos do governo Bolsonaro de receber 2 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca no domingo, 17, foram adiados pelo governo da Índia. O presidente Bolsonaro disse na sexta-feira, 15, que a entrega deve levar mais dois ou três dias, mas o governo não confirma nem sequer em que data o voo que em direção à Índia deixará o Brasil para receber esta vacina.
Após a negativa da Índia, o ministério pediu para o Butantã entregar imediatamente todas as 6 milhões de doses da Coronavac que estão prontas para uso. O governo de São Paulo respondeu que enviará esta carga, mas pede para que as doses que serão aplicadas na população paulista sigam no Estado. O impasse pode parar na Justiça, reconhecem autoridades dos dois lados da disputa.
Farmacêutica brasileira entra com pedido para uso emergencial da Sputnik V
O Grupo União Química e o Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF, da sigla em inglês) protocolaram junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) um pedido para uso temporário emergencial da vacina Sputnik V no Brasil. O imunizante russo foi o primeiro contra covid-19 a ser registrado no mundo, ainda em agosto.
A empresa já havia acertado nesta semana a parceria com o RDIF para o fornecimento de 10 milhões de doses da vacina, que serão entregues no primeiro trimestre de 2021, com início já em janeiro. Como parte do acordo, a RDIF deve facilitar a transferência de tecnologia e fornecer biomateriais para o começo da produção no País.
“A Sputnik V, amplamente utilizada e aprovada por vários países no mundo, será produzida em nossas fábricas de Brasília e de Guarulhos, através de acordo de transferência de tecnologia firmado entre a companhia e o RDIF. A União Química entende que com o avanço da pandemia no Brasil e no mundo, todos os esforços, seja do setor público ou do setor privado, deverão ser empenhados de forma a combater a pandemia da covid -19, inclusive com ações extraordinárias e excepcionais em razão da urgência e relevância que o momento exige”, disse a empresa.
A Sputnik V já foi aprovada em emergência por Argentina, Bolívia, Argélia, Sérvia e Palestina. Segundo o anúncio, funcionários brasileiros da Embaixada na Rússia já estão sendo vacinados.
Kirill Dmitriev, CEO do RDIF, e Fernando De Castro Marques, presidente da União Química, debateram a possibilidade de propor aos outros países membros do Brics (Índia, China e África do Sul) a criação de uma força-tarefa para combater a covid-19 e pela cooperação na obtenção de imunizantes.
“Nossos parceiros da União Química foram um dos primeiros no mundo a se interessar pela vacina russa Sputnik V. Do nosso lado, estamos prontos para uma cooperação em larga escala no abastecimento e na produção para iniciar a vacinação da população do Brasil o mais rápido possível”, afirmou Dmitriev.
Uma delegação da União Química deve visitar as linhas de produção da Sputnik V na Rússia. O imunizante, que custa US$ 10 (cerca de R$ 53) por injeção, tem uma eficácia acima de 90% em casos graves da covid-19 e pode ser armazenado entre 2ºC a 8ºC, temperaturas de geladeiras convencionais. ISTOÉ
Neste domingo, 17, a Anvisa responderá aos pedidos de uso emergencial de outras duas vacinas contra a covid-19, a Coronavac, uma parceria do Instituto Butantã com a chinesa Sinovac, e outro imunizante que é feito pela Universidade de Oxford em conjunto com o laboratório AstraZeneca.