Motta ressuscita PEC da blindagem parlamentar, e texto pode avançar na Câmara
A Câmara dos Deputados pode analisar, a partir desta quarta-feira (20), medidas para blindar deputados do que eles consideram interferência do Judiciário. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), designou um relator para a chamada PEC da blindagem, ou PEC das prerrogativas.
O deputado Lafayette Andrada (Republicanos-MG) foi convidado por Motta para relatar a proposta na última segunda-feira (18) e trabalha em sugestões ao projeto.
Uma das opções consideradas é restabelecer o texto original da Constituição de 1988, que previa a necessidade de autorização prévia do Legislativo para que parlamentares fossem investigados e julgados por crimes comuns. A regra parou de valer em 2001, quando o próprio Congresso reverteu a previsão que agora pretende retomar.
A proposta busca esclarecer e especificar as situações em que parlamentares podem ser presos em flagrante, limitando-as a crimes inafiançáveis como racismo, crimes hediondos, tortura, tráfico de drogas, terrorismo e ações contra a ordem constitucional.
O tema foi discutido durante um jantar nesta terça-feira (19) que uniu presidentes de partidos e governadores de direita e do centrão, como PP, União Brasil, Republicanos, PSD e MDB. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por exemplo, defendeu as chamadas prerrogativas parlamentares. Ele é tido como o principal nome da oposição para concorrer contra Lula (PT) em 2026.
A discussão sobre a blindagem, que interessa não só aos bolsonaristas, mas principalmente ao centrão, voltou aos corredores da Câmara após o motim dos deputados na primeira semana de agosto.
Para encerrar o motim, as bancadas do PL e do Novo anunciaram que tinham a adesão de outros partidos, como PP e União Brasil, para votar, primeiramente, a blindagem e o fim do foro especial e, em seguida, a anistia, com a intenção de beneficiar Jair Bolsonaro (PL), réu no STF (Supremo Tribunal Federal) acusado de liderar uma trama golpista. O acordo, no entanto, foi desautorizado por Motta.
O enfrentamento com o STF é um assunto sensível para muitos deputados do centrão devido às investigações presididas pela corte sobre malversação das bilionárias emendas parlamentares.
Após o motim, o presidente da Câmara passou a sinalizar que o fim do foro e a anistia não tinham maioria na Casa e, portanto, não seriam levados à plenário. Já a blindagem, por outro lado, foi defendida por ele em entrevista à GloboNews na semana passada.
Na reunião de líderes partidários desta terça, quando a pauta da semana foi discutida, não houve consenso a respeito da blindagem, que foi defendida por União Brasil, PP, Novo e PL. Deputados da esquerda admitiram que o tema tem pertinência, mas que votá-lo neste momento apenas acirraria o clima entre o Congresso e o STF.
Na entrevista, Motta afirmou haver exageros por parte do Judiciário, mencionando casos de colegas investigados por crimes de opinião.
"Hoje tem, sim, um ambiente de discussão acerca dessas prerrogativas pelos exageros que a Câmara, os parlamentares, entendem que têm, infelizmente, acontecido. […] Realmente, internamente, há muito incômodo com decisões que foram tomadas recentemente", completou, acrescentando que o STF "acaba decidindo sobre quase tudo no país".
"Será discutido e, havendo um ambiente para ir à pauta, pode sim ser pautado. Muitos parlamentares, diante dessa confusão institucional que o país está passando, [estão] sendo investigados por crimes de opinião. Isso acaba gerando internamente um ambiente em que essas prerrogativas possam ser rediscutidas", disse à GloboNews.
O presidente da Câmara afirmou ainda ser um defensor das prerrogativas parlamentares, argumentando que a atividade parlamentar tem que estar protegida "para o livre exercício da democracia".
"Não que essa impunidade seja sem limites, mas não é razoável que se torne corriqueiro parlamentares serem processados, investigados por crime de opinião. Isso não é bom, acaba gerando esse sentimento de solidariedade recíproca", emendou.
União e PP ensaiam oposição com vaga no governo
União Brasil e PP selaram nesta terça (19) aliança caracterizada pela grande força política dos dois partidos somados e pelo descompasso constrangedor entre o discurso oposicionista que professam e as práticas governistas que adotam.
Juntas, as duas legendas lideram o ranking de número de deputados federais (109), senadores (14, mesma quantidade que PSD e PL), governadores (6) e prefeitos eleitos em 2024 (1.328).
A ideia é atuar, nas disputas de 2026 e 2028, como se fossem um só partido, em uma federação a ser homologada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Com isso, pelo menos nesses dois pleitos, formarão uma chapa única em todos os cantos do país, o que tende a facilitar a conquista de nova bancada robusta no Legislativo.
Associar dois partidos dessa monta, contudo, não é tarefa que se execute sem arestas. Embora seja de esperar pontos de tensão nos acordos estaduais, onde líderes regionais decerto vinham cevando seus próprios planos, é no âmbito nacional que as incoerências ressoam de forma gritante.
Em evento para anunciar a federação, sobraram críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a defesa de um ajuste fiscal feito por meio do corte de despesas, não do aumento da arrecadação. Ou seja, menos impostos e menos Estado —na contramão do que costumam pregar as gestões petistas.
Não haveria nada a observar quanto a isso se não fosse por um detalhe: o União Brasil indicou três ministros para o governo Lula (Celso Sabino, do Turismo; Frederico de Siqueira Filho, das Comunicações; Waldez Góes, da Integração Nacional), enquanto o PP tem um nome na Esplanada (André Fufuca, do Esporte).
Consta que Antonio Rueda e Ciro Nogueira, respectivamente presidentes do União Brasil e do PP, gostariam de romper com o governo —até porque Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás, alimenta pretensões presidenciais sempre que não está apoiando Jair Bolsonaro (PL).
O desembarque não ocorre, segundo se diz, porque integrantes de ambos os partidos desejam manter o poder de indicar quadros para cargos da máquina federal. Uma das principais resistências nesse sentido seria o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Chega-se, assim, a um arranjo que chama a atenção pela dissonância, mas não pelo ineditismo. Basta lembrar que o antigo PMDB permaneceu exatamente dessa forma durante vários anos em que dividiu o governo com o PT.
A boa notícia é que, agora, os vetores do sistema político apontam na direção certa. Regras aprovadas pelo Congresso há menos de uma década têm estimulado a criação de federações e a redução da quantidade de siglas, em uma bem-vinda racionalização do ecossistema partidário.
Com a decantação da nova fórmula, é possível vislumbrar um cenário em que a coerência programática sobrepuje a hipocrisia ideológica hoje prevalente.
CPI do INSS mira consignado e irmão de Lula quatro meses após escândalo estourar
A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS, cobrada há meses pela oposição, será instalada nesta quarta-feira (20) depois de o escândalo de descontos ilegais em aposentadorias ter perdido espaço no debate público.
A comissão deverá ampliar a investigação para empréstimos consignados e poderá avançar sobre José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente da República e vice-presidente do Sindinapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), uma das entidades sob suspeita.
Congressistas avaliam que os reembolsos pagos pelo governo Lula a pessoas prejudicadas pelo esquema ilegal ajudaram a baixar a temperatura da opinião pública. Na prática, o colegiado trabalhará menos pressionado do que estaria se suas atividades tivessem começado meses atrás.
Apesar de o assunto ter perdido força, integrantes do governo Lula avaliam que a CPMI pode ser usada pela oposição para recuperar espaço nas redes sociais e tirar o foco do tarifaço imposto ao Brasil pelos Estados Unidos, que desgastou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os filhos.
Segundo auxiliares do presidente, a orientação é tentar controlar a narrativa, batendo na tecla de que os descontos irregulares avançaram no governo Bolsonaro e só foram enfrentados no governo Lula.
Governistas avaliam que a CPMI também pode atingir dois aliados de Bolsonaro, o senador Rogério Marinho (PL-RN) e o ex-ministro Onyx Lorenzoni. Hoje líder da oposição e secretário-geral do PL, Marinho foi secretário especial da Previdência nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro; Onyx, por sua vez, foi ministro do Trabalho e Previdência nos dois últimos.
"A CPMI não pode se tornar um palco para a oposição manipular a opinião pública. Sabemos que as fraudes se dão ao menos desde 2017 e temos que investigar o que foi feito nos governos anteriores para impedir os golpes, mesmo com inúmeras denúncias", afirma o senador Fabiano Contarato (PT-ES), um dos membros da comissão.
Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado e um dos suplentes na nova CPI, disse que a versão de que os problemas foram na gestão anterior, de Jair Bolsonaro, não se sustenta. "Fiscalização e implementação de política pública é com o governo atual", declarou.
Marinho também minimizou o fato de a comoção pública em torno dos descontos ilegais em aposentadorias ter arrefecido. "Acredito que vai ser muito difícil para o governo botar debaixo do tapete o que está acontecendo", disse o senador.
Parlamentares de oposição admitem de forma reservada que uma das estratégias será tentar centrar fogo no irmão mais velho de Lula para buscar aproximar o escândalo do Palácio do Planalto.
Aliados de Bolsonaro também devem insistir no discurso de que o ex-presidente já fez duras críticas a sindicatos e associações —enquanto Lula foi líder sindical. Uma das falas citadas como exemplo é a do senador Cleitinho (Republicanos-MG) em maio, quando o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, foi ao Senado para dar explicações sobre o caso.
"Vocês acham mesmo que o Bolsonaro sabia disso tudo, sabia desse esquema para beneficiar sindicato e associação que ele sempre foi contra, inclusive sindicato que poderia ser beneficiado do irmão do Lula?", questionou Cleitinho na ocasião.
O escândalo do INSS foi um dos maiores baques sofridos pelo governo Lula no atual mandato. O caso derrubou o agora ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, além do antigo presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
Integrantes da cúpula da CPI querem começar a apuração com conversas com técnicos da CGU (Controladoria-Geral da União) e da Polícia Federal —com a possibilidade de tomar até mesmo depoimentos formais de investigadores. O raciocínio é que assim seria possível coletar informações necessárias sem causar um escândalo político já nas primeiras sessões.
Também deve haver conversas com o STF (Supremo Tribunal Federal), uma vez que em junho o ministro Dias Toffoli determinou que os inquéritos sobre o assunto fossem encaminhados para o gabinete dele.
O senador Omar Aziz (PSD-AM), que presidiu a CPI da Covid, de 2021, será eleito presidente do novo colegiado. Ele foi indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Por sugestão de Aziz, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher de Bolsonaro, deve ser a vice.
Parlamentares da oposição reconhecem que Aziz integra a base de Lula no Senado, mas avaliam que ele deve adotar postura mais pragmática na condução da CPI por receio de desgaste político no ano que vem, quando pretende disputar o governo do Amazonas.
O relator será o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), escolhido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele deverá apresentar um plano de trabalho até a próxima terça-feira (26).
O cargo de relator é estratégico porque quem o ocupa redige o relatório final, texto em que eventuais indiciamentos, mudanças em leis e outras providências são recomendados. Em seu primeiro mandato na Câmara, Ayres é considerado um deputado discreto, com boa relação com o governo Lula e com parte da oposição.
Guilherme Landim exalta aniversário de Brejo Santo e investimentos da prefeitura
Por Lincoln Vieira / ALECE
Deputado Guilheme Landim (PSB) - Foto: Júnior Pio
O deputado Guilherme Landim (PSB) exaltou, no primeiro expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), nesta terça-feira (19/08), os 135 anos do município de Brejo Santo.
Segundo ele, a cidade vai celebrar a data com o ExpoBrejo, festa que acontece entre os dias 24 e 31 de agosto. Conforme o parlamentar, o evento contará com exposição com mais de três mil animais e “a maior vaquejada do Ceará” em número de inscrições.
“É uma festa que tem marcado a nossa região, é uma das maiores do Brasil. Em Brejo Santo, já está tudo organizado para a festa e eu gosto de estar presente, competindo todos os anos e, além da exposição, teremos outras atividades à disposição da população e dos visitantes”, enalteceu.
O parlamentar ressaltou que a prefeita de Brejo Santo, Gislaine Landim, na ocasião do aniversário da cidade, vai entregar novas ambulâncias, pavimentação asfáltica e outras obras em prol da população local durante a semana. O deputado salientou que a festa conta ainda com mais de 60 atrações em três palcos do festejo.
“A maior ExpoBrejo será este ano com mais de 60 atrações nos três palcos, valorizando os artistas da terra. A festa faz com que a economia do município aqueça com a geração de emprego e renda e incremento de recursos. A quantidade de recursos que circula durante a semana de festa supera qualquer outra data”, avaliou.
Ainda na tribuna, Guilherme Landim parabenizou as cidades de Tarrafas, Mauriti, Milagres e Várzea Alegre por celebrar mais um ano de emancipação política, todas neste mês.
Edição: Vandecy Dourado
Firmo Camurça comemora Dia do Estagiário e elogia programa Estagiar de Maracanaú
Por Luciana Meneses / ALECE
Deputado Firmo Camurça (União) - Foto: Júnior Pio
O deputado Firmo Camurça (União) comemorou, no primeiro expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará desta terça-feira (19/08), o Dia do Estagiário, celebrado em 18 de agosto.
O parlamentar ressaltou a importância do estágio para contribuir com o amadurecimento profissional dos jovens. “Estágio é o ingresso para o mercado de trabalho, onde o estudante coloca o seu aprendizado em prática e desenvolve suas habilidades, constrói experiências e descobre novos caminhos”, salientou.
Firmo Camurça citou o programa Estagiar do município de Maracanaú como exemplo de oportunidade para os jovens. “O Estagiar teve início em 2008 e foi se aprimorando ao longo dos anos, oportunizando alunos do ensino médio, técnico e superior. Chegamos a ter em torno de 3.500 em estágio curricular ou obrigatório. Além da bolsa, esses estudantes recebem também o vale-transporte. Isso é valorizar, dar oportunidade para essa juventude que busca crescer em suas profissões”, elogiou.
O deputado destacou ainda a inauguração de duas Unidades Básicas de Saúde nos territórios Pitaguary de Maracanaú e Pacatuba. Ele também ressaltou a posse dos novos gestores escolares da rede municipal de ensino de Pacatuba para o triênio 2025/2027. “Foram empossados 34 diretores escolares, 80 coordenadores pedagógicos e 34 secretários escolares”, acrescentou.
Edição: Vandecy Dourado
Lançamento do Vade Mecum e de jogo educativo marca nova etapa do Selo Alece Conselho Tutelar
Por Luciana Meneses / ALECE
Autoridades e conselheiros tutelares de todo o Estado prestigiaram mais uma ação para obtenção do Selo Alece Conselho Tutelar - Foto: Júnior Pio
A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) lançou, na manhã desta segunda-feira (18/08), o Vade Mecum do Conselho Tutelar e o jogo educativo Nas Trilhas do Direito. Os novos instrumentos para a atuação dos conselheiros tutelares fazem parte de mais uma etapa para obtenção do “Selo Alece Conselho Tutelar: Garantindo Direitos” e se integram à aplicação de atividades pedagógicas que serão realizadas em escolas dos municípios cearenses..
O presidente da Alece, deputado Romeu Aldigueri (PSB), deu início ao lançamento externando sua satisfação em ter 960 conselheiros e conselheiras tutelares de 177 municípios inscritos na iniciativa. “Esse programa foi lançado com o objetivo de qualificar, requalificar e capacitar conselheiras e conselheiros tutelares. O que nós queremos verdadeiramente é fazer a prevenção, protegendo nossas crianças e adolescentes e garantindo seus direitos ao fortalecer o trabalho desse guardião, que é o conselheiro e a conselheira, somando forças com a família e a escola. Que esse programa seja continuado e continue exitoso”, declarou.
A primeira-dama da Alece, Tainah Marinho Aldigueri, agradeceu aos conselheiros e conselheiras pela participação, apoio e dedicação. “Hoje, marcamos mais uma etapa, com a entrega de um livro que reúne todas as legislações que irão respaldá-los na rotina do trabalho e também um jogo que irá levar para as escolas para brincar, orientar e conscientizar as nossas crianças sobre os seus direitos e os deveres. Temos certeza de que vocês serão uma presença que acolhe, que conforta e, sobretudo, que protege a nossa infância e a nossa adolescência. E é por isso que o nosso programa é um sucesso”, celebrou.
A primeira-dama da Alece destaca a união de todos na garantia de direitos de crianças e adolescentes. Foto: Júnior Pio.
A partir do fortalecimento da cultura dos direitos de crianças e adolescentes, por meio de formação e capacitação de conselheiros tutelares em todo o Estado do Ceará, o Selo Alece, como lembrou Tainah Marinho Aldigueri, enaltece a contribuição de todos na proteção desse público. “Nós mobilizamos pessoas com sensibilidade, responsabilidade social, compromisso humano, ético, que entendem a importância de falar sobre cuidado e sobre garantir direitos. Escolhemos os aliados certos para esta luta que está sendo plantada hoje como a semente de um futuro muito mais feliz, muito mais digno e seguro para a nossa juventude”, elogiou.
Tainah Marinho Aldigueri deixou ainda um conselho aos protagonistas do programa. “Sigam unidos, firmes e entusiasmados com esse programa, para que no dia 18 de novembro, nós estejamos aqui entregando o selo a vocês, que representa não apenas o cumprimento de etapas, mas também o esforço coletivo que houve de educar, de proteger e também de inspirar, mostrando que também é importante a gente cuidar de quem cuida”, salientou.
Erivânia Bernardino realizou uma roda de conversa no evento para explicar a atividade. Foto: Júnior Pio.
A coordenadora técnica do programa, Erivânia Bernardino, classificou a atual fase como o coração do projeto. “A aplicação é o grande coração do projeto, pois será onde o conselheiro tutelar, depois de amplamente qualificado e passar por uma formação de igualdade racial, anticapacitista, protetiva da criança e adolescente e de sua família, vai atuar junto às crianças e adolescente, que são o grande objeto do curso. Para nós, essa fase é muito feliz, pois temos certeza de que estão preparados para entrar em campo”, ressaltou.
Cleide Barros exibe com orgulho o exemplar do Vade Mecum do Conselho Tutelar. Foto: Júnior Pio.
Participante do programa, a conselheira tutelar do município de Poranga, Cleide Barros, falou sobre o conhecimento adquirido até então e a oportunidade de participar da iniciativa. “Está sendo uma experiência maravilhosa, pois estamos descobrindo novas formas de atuar, formando um novo perfil de conselheiro. Porque um conselheiro não é só aquele que dá um conselho, ele tem diversas atribuições e precisa ser mais humano, saber dialogar, principalmente na era em que a gente está vivendo, em que os adolescentes não estão mais escutando os pais e estão buscando informação fora de casa”, opinou.
A atividade lúdica faz parte das atividades que os conselheiros tutelares deverão cumprir. Foto: Júnior Pio.
Na ocasião, foram entregues os kits para as equipes dos conselhos, contendo o Vade Mecum do Conselho Tutelar e o jogo Nas Trilhas do Direito, uma tecnologia social lúdica em formato de tabuleiro, que estimula crianças e adolescentes a aprenderem sobre os direitos por meio de músicas, reflexões e trechos de legislações sociais. Além do conteúdo, a dinâmica colaborativa propõe que o jogo só termine quando todos vencem, incentivando novas formas de convivência, cooperação e desenvolvimento humano.
As atividades nas escolas terão início no dia 21 de agosto, em duas instituições indicadas pelos conselhos tutelares dos 177 municípios participantes. Após essa fase, cada conselho tutelar deverá enviar relatório detalhado, incluindo registro das ações, lista de frequência dos alunos, fotos, percepção sobre a participação dos estudantes e eventuais situações de violência identificadas, com seus devidos encaminhamentos. O projeto será concluído em novembro, com avaliação dos relatórios e evento de premiação dos conselheiros.
Os deputados Bruno Pedrosa (PT), De Assis Diniz (PT), a secretária Executiva dos Direitos Humanos do Ceará, Raquel Andrade, entre outras autoridades, prestigiaram o evento.
SELO ALECE - CONSELHO TUTELAR
O Selo Alece Conselho Tutelar: Garantindo Direitos é uma iniciativa inédita do Parlamento cearense cujo objetivo é fortalecer a cultura dos direitos de crianças e adolescentes no ambiente escolar, reconhecer e valorizar o papel do Conselho Tutelar como órgão de garantia de direitos, incentivar a articulação junto às escolas para identificar e prevenir violações de direitos, combater o estigma da função punitiva do Conselho Tutelar e fomentar metodologias lúdicas de educação em direitos, com participação ativa de crianças e adolescentes.
Acompanhe na íntegra como foi o evento de lançamento do Vade Mecum do Conselho Tutelar e o jogo educativo Nas Trilhas do Direito:
Alece terá reconhecimento facial para servidores e fará mudanças na estrutura de segurança da Casa
A Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) busca implementar uma série de mudanças na estrutura de segurança, o que inclui um novo sistema digital de acesso para servidores com reconhecimento facial. Em paralelo, a Casa quer aprovar atualizações administrativas por meio de um projeto de resolução da Mesa Diretora, que começou a tramitar na última quinta-feira (14).
Em retorno ao PontoPoder, a Alece confirmou que a novidade no acesso de servidores está em fase final e deve estar disponível a partir de setembro. “O reconhecimento facial trará aos servidores a garantia do ponto de presença no trabalho, trazendo melhorias ao Poder Legislativo e seguindo uma política de valorização dos colaboradores”, defendeu.
As mudanças também estão no rol de preparação da Assembleia para a reabertura das galerias do Plenário 13 de Maio, programada para 1º de setembro. O espaço é destinado à população que queira, de forma presencial, acompanhar as sessões legislativas, mas foi fechado à época da pandemia de Covid-19 e, desde então, foi aberto apenas de modo pontual e não está disponível.
Ao mesmo tempo, o Legislativo cearense está negociando um contrato de R$ 19,1 milhões para solução integrada de rastreamento em tempo real, com o objetivo de aprimorar a segurança e eficiência das operações legislativas e administrativas, conforme apuração do PontoPoder. À reportagem, a Alece confirmou o processo, mas não deu mais detalhes acerca da ação.
MUDANÇAS NA COORDENADORIA DE POLÍCIA
A Assembleia Legislativa também está na iminência de aprovar um pacote de medidas que altera a resolução nº 698/2019, a qual trata da estrutura organizacional e cargos comissionados da Casa. Por meio do projeto nº 12/2025, a Mesa Diretora pretende, entre outros pontos, ampliar as atribuições da Coordenadoria de Polícia para abranger os familiares do presidente da Alece, o deputado estadual Romeu Aldigueri (PSB).
“Incluem-se nas atribuições previstas no caput a adoção de medidas específicas e ações próximas de segurança pessoal do Presidente da Assembleia Legislativa e de seus familiares"
Em nota, a Alece alegou que a atualização busca garantir que o conjunto de atribuições da Coordenadoria de Polícia esteja “plenamente alinhado às necessidades institucionais”, com o objetivo de preservar a integridade das autoridades e do funcionamento do Poder Legislativo.
“Não há previsão de impacto orçamentário ou de alteração no quadro de pessoal em razão dessa medida”, finalizou a Assembleia.
NOVIDADES NA CONTROLADORIA
Uma parcela importante das mudanças passa por atualizações ligadas às competências da Controladoria da Assembleia Legislativa, órgão central do Sistema de Controle Interno voltado a ações independentes de avaliação e consultoria. Em geral, a previsão é reforçar as auditorias e outras ações de monitoramento de gestão.
Entre as alterações, caso o projeto seja aprovado, a resolução que rege a estrutura administrativa do órgão passará a contar com o seguinte trecho:
“A Controladoria terá acesso livre e irrestrito a pessoas, sistemas, documentos, operações, registros, ambientes e quaisquer outras informações requisitadas que compõem a estrutura física e organizacional da Alece”
Em resposta, a Alece explicou que a medida já existe desde 2024, no Referencial Técnico de Auditoria Interna (Ato Normativo nº 352/2024), e está alinhado com as Normas Globais de Auditoria Interna publicadas pelo Instituto dos Auditores Internos (The IIA).
“As alterações previstas no Projeto de Resolução têm por objetivo reforçar a possibilidade de execução dos serviços de auditoria interna em todas as áreas, processos e setores do Poder Legislativo, aprimorando a governança interna da Alece e reforçando mecanismos de auditoria e controle, com base nas melhores práticas nacionais”
Ainda segundo a Alece, a meta é avançar do atual nível “Ouro” para o nível “Diamante” no ranking de governança do Tribunal de Contas do Estado (TCE), “elevando ainda mais os padrões de transparência, eficiência e efetividade da gestão.”
CONSENSUALIDADE EM PROCESSOS
Ainda no projeto de resolução, a justificativa do texto traz a previsão da introdução da “consensualidade” no âmbito do processo administrativo disciplinar, abrindo a possibilidade de utilização de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para “infrações de menor gravidade”, o que evitaria a continuidade da ação.
Questionada pela reportagem, a Assembleia argumentou que a previsão do TAC representa a adoção de um meio alternativo à instauração de processo administrativo disciplinar nas hipóteses de "irregularidades de menor potencial ofensivo". No entanto, não detalhou o que, na prática, a introdução da “consensualidade” deve causar, nem quais casos poderão ser enquadrados nesse aspecto.
“Trata-se de uma prática moderna, já utilizada por órgãos como a Advocacia-Geral da União (AGU), que privilegia a solução consensual, a celeridade e a proporcionalidade, promovendo ajustes de conduta sem a necessidade de um procedimento sancionatório completo”, pontuou a Alece.
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Miséria legislativa na saúde
Por Notas & Informações / O ESTADÃO DE SP
Uma pesquisa do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps) revelou que mais de um terço das propostas legislativas sobre políticas públicas para a saúde que tramitaram no Congresso Nacional no ano passado contrariavam ou apenas duplicavam ações já existentes do Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive aquelas muito bem-sucedidas. Trata-se de uma forte evidência, apurada pelo Radar Político de Saúde – A Saúde no Congresso Nacional em 2024, de que os deputados e os senadores perderam tempo com iniciativas pouco ou nada eficientes para a saúde pública do País.
O estudo encontrou, por exemplo, um projeto que propunha instituir o Programa Saúde na Escola, que já está presente em 99% dos municípios. Uma outra iniciativa discutia a ampliação de internações involuntárias e a autorização de internações imediatas de adolescentes sem decisão judicial, embora o Brasil priorize o atendimento ambulatorial e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) vede essas medidas.
Foram localizadas em tramitação nas Comissões de Assuntos Sociais, do Senado, e de Saúde e de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, da Câmara, 1.314 propostas com relação direta com a saúde, sendo 683 projetos e 631 requerimentos. Dos projetos, 14% podem ser classificados, de acordo com o relatório do Ieps, como simbólicos por propor a criação de uma data comemorativa ou de uma campanha informativa. Ademais, foram debatidas propostas que pretendem impor obrigações ao SUS, como a incorporação de medicamentos que hoje ficam a cargo de órgão técnico, explicitando a falta de conhecimento sobre a gestão e o funcionamento do sistema público.
Apenas 10% das propostas tinham como foco, de fato, medidas para aprimorar a estrutura do SUS, o que inclui avanços em prestação de serviços, força de trabalho, sistemas de informação em saúde, financiamento, entre outros. É muito pouco.
Isso denota que a maioria dos parlamentares que encaminharam as propostas o fez sem o devido cuidado de verificar a pertinência e a necessidade dos projetos. Não lhes pareceu necessário consultar especialistas nem conhecer de perto a realidade das áreas nas quais pretendiam atuar. Ao que tudo indica, grande parte deles foi movida somente por interesses eleitorais, pois a saúde é frequentemente um tema que encabeça as principais preocupações dos eleitores. A esses políticos, não importa se as propostas são absurdas, redundantes ou simplesmente ilegais. O que interessa é que constem na propaganda eleitoral como iniciativas que comprovam a dedicação dos parlamentares em favor da melhoria da saúde pública.
O Radar Político de Saúde – A Saúde no Congresso Nacional em 2024, com rigoroso monitoramento e atento controle social, acendeu o alerta para a precariedade e a pobreza dos trabalhos legislativos em saúde pública. O Congresso pode mudar esse diagnóstico e passar, enfim, a gastar tempo e dinheiro público com o que realmente importa. No caso, a saúde dos brasileiros.
Senadores têm mais verbas em emendas do que 44% das cidades brasileiras
Um único senador controla, por meio de emendas parlamentares, um valor maior do que o orçamento de 44% dos municípios brasileiros. Cada deputado, por sua vez, tem verbas superiores a 14% das cidades, aponta levantamento feito pela Folha com os orçamentos projetados para 2025.
Os números ilustram o nível de poder e influência que os congressistas podem concentrar no âmbito local, após a disparada do volume das emendas promovida pelo Legislativo na última década.
Cada um dos 81 senadores tem neste ano R$ 68,5 milhões para indicar onde o governo federal deve gastar (valor superior ao de 2.291 cidades), e cada um dos 513 deputados, ao menos R$ 37,1 milhões (acima de 712 cidades). A execução dessas verbas pelo Executivo é obrigatória, e ao menos metade precisa ir para a saúde.
No caso dos deputados, esse valor deve ser ainda maior. Em julho, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu distribuir mais R$ 11 milhões "por cabeça" em emendas de comissão, que em tese deveriam ser decididas em grupo, para tentar reforçar sua base na Casa.
Somando essa quantia, cada deputado poderá ter nas mãos neste ano R$ 48,1 milhões, mais do que o orçamento de 27% dos municípios —essa última modalidade, no entanto, é de pagamento opcional pelo governo.
A conta não inclui ainda as emendas de bancada, que também continuam sendo "rachadas" individualmente entre os congressistas, descumprindo uma determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).
As emendas são uma forma de parlamentares direcionarem recursos para investimentos e custeios em suas bases eleitorais, o que pode render votos tanto para quem os envia quanto para quem os recebe. A Folha mostrou, por exemplo, que 98% dos prefeitos mais turbinados com verbas se reelegeram em 2024.
"É, de certo modo, como se cada parlamentar tivesse um feudo fiscal para chamar de seu", afirma Élida Graziane, professora de administração da FGV e procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo. Para ela, os legisladores assumiram funções do Executivo em todos os níveis de governo.
"Congressistas se tornaram ordenadores de despesas mais poderosos do que muitos ministros, governadores e prefeitos. Eles gozam do melhor dos mundos: têm os bônus de poderem liberar despesas em meio a tantas restrições fiscais sem serem obrigados aos ônus de prestar contas ou licitar", diz.
A análise por estado indica que o valor disponível para cada senador é maior, por exemplo, que o orçamento de 80% dos municípios do Tocantins e na casa dos 60% no Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Piauí. Os deputados também controlam mais dinheiro que 22% das cidades de Santa Catarina e 33% das do Amapá.
São, naturalmente, municípios pequenos. Quase todos eles têm menos que 20 mil habitantes, exceto Piraí do Sul (PR), Marialva (PR) e Pirenópolis (GO), que estão na faixa de 20 mil a 50 mil moradores.
A disparada das emendas aconteceu de forma rápida. Até 2022, os valores ficavam na casa dos R$ 15 milhões a R$ 17 milhões por parlamentar. Naquele ano, porém, o Congresso decidiu ampliar o limite das emendas individuais no Orçamento e acabar com a divisão igualitária entre as duas Casas.
O dinheiro em poder de um único senador, então, triplicou no ano seguinte (para R$ 59 milhões), enquanto o dos deputados duplicou (para R$ 32 milhões), até chegarem às cifras atuais. Repentinamente, os gabinetes legislativos foram inundados com verbas, invertendo a lógica dos acordos políticos.
Se antes eram os parlamentares que batiam na porta do Executivo para liberar os recursos, nos últimos anos os ministérios é que passaram a ir até o Congresso e distribuir cartilhas —uma espécie de cardápio com os programas que precisam de emendas— aos deputados e senadores.
A disparada dos valores não se traduziu em maiores critérios para a sua distribuição. Em 2023, a Folha identificou apenas 16 congressistas (3% de um total de 594), que adotaram algum tipo de regra pública, como editais ou consultas populares, o que, segundo assessores parlamentares, continua sendo exceção.
"Sou uma grande defensora das emendas individuais como elo de representação entre o parlamentar e o eleitor, mas o montante atual e o poder que o Congresso está se dando desde 2014 tem que ser regulado", diz a pesquisadora Beatriz Any, que estuda o fortalecimento do Legislativo em pós-doutorado na USP.
Ela defende acabar com as emendas coletivas, limitar valores e rever a obrigatoriedade do pagamento, tema em análise no STF. Também lamenta que o controle tenha ficado a cargo do Judiciário, lembrando que o Congresso já se autorregulou no passado, como no escândalo dos anões do Orçamento, esquema de desvio de emendas revelado em 1993.
A reportagem procurou o relator do Orçamento de 2025, o senador Angelo Coronel (PSD-BA), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mas eles não responderam.
A análise da Folha usou os orçamentos aprovados pelas Leis Orçamentárias Anuais de 5.245 municípios (94% do total), com dados enviados ao Tesouro Nacional no primeiro bimestre de 2025, por meio dos "relatórios resumidos de execução orçamentária".
O orçamento é o valor máximo que cada cidade está autorizada a gastar ao longo deste ano. Na prática, portanto, eles podem gastar menos, o que aumentaria ainda mais, proporcionalmente, o peso das emendas.
Parlamento despreza transparência com aprovação-relâmpago de emendas
Por Editorial / O GLOBO
Sai legislatura, entra legislatura, e os parlamentares continuam ignorando a necessidade de transparência no repasse de dinheiro público por meio das emendas parlamentares. Na quarta-feira, as comissões da Câmara levaram menos de um minuto para aprovar a destinação de verbas, sem deixar claro quem são os responsáveis pelas indicações, contrariando determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na Comissão de Saúde, uma das mais bem aquinhoadas, com R$ 3,8 bilhões para distribuir, as indicações foram aprovadas em 20 segundos. Como não se tornaram públicas, o país ficou sem saber a que se destinavam, quanto cada projeto receberia e quem o patrocinou, informações fundamentais para a sociedade e para os órgãos de controle e fiscalização. Na Comissão de Integração Nacional, bastaram oito segundos para a aprovação. Nem deputados que participaram dos encontros sabiam se suas indicações haviam sido contempladas, como revelou reportagem do GLOBO.
Antes das aprovações-relâmpago, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se reuniu com presidentes das principais comissões permanentes para discutir um plano de aceleração na destinação das emendas. O governo fixou em R$ 42,8 bilhões o limite de pagamento das emendas para este ano. Dos R$ 7,6 bilhões previstos para as comissões da Câmara, nada havia sido ainda empenhado (o pagamento não é obrigatório e costuma ser feito por meio de acordos políticos). É legítimo querer destravar os repasses, mas não se pode perder de vista que se trata de dinheiro público, por isso tudo precisa ser feito com transparência e mediante justificativas razoáveis.
As emendas têm sido foco de embate intenso entre Legislativo e Judiciário. Mesmo com o fim das emendas do relator, julgadas inconstitucionais pelo Supremo, o “orçamento secreto” — indicações de gastos sem identificar o autor — persiste por meio das emendas de comissão. No fim do ano passado, o ministro Flávio Dino, do STF, mandou bloquear R$ 4,2 bilhões em pagamentos dessas emendas, gerando insatisfação no Congresso. Com razão, ele exigiu a documentação de todo o processo orçamentário “para atendimento das regras constitucionais de transparência e rastreabilidade”.
Já é questionável o sequestro de parcela tão grande do Orçamento pelo Congresso por meio das emendas parlamentares, cuja destinação segue critérios políticos, em vez de técnicos — os recursos são dirigidos a quem tem padrinhos poderosos, e não a quem precisa. A situação se agrava quando esses repasses são feitos de forma obscura, abrindo espaço a casos de corrupção nem sempre fáceis de detectar. Operações da Polícia Federal já flagraram valores desviados de emendas escondidos em sapatos, gavetas de armário, jogados pela janela ou em outras situações quem envergonham a classe política. O mínimo que se espera é saber quanto é destinado, a quem, para quê e por quem. Não é favor, mas obrigação.