Busque abaixo o que você precisa!

ARTUR LIRA: Gasto com helicóptero, avião e aluguel de carro blindado; Câmara barra notas fiscais de deputados

Por Levy Teles / O ESTAD DE SP

 

BRASÍLIA — A Câmara dos Deputados barrou cerca de R$ 1,6 milhão em gastos feitos por parlamentares entre 2023 e 2024. Os deputados queriam que a Casa legislativa reembolsasse despesas como estacionamento de helicóptero particular, abastecimento de jatinho próprio e até multa por atraso em pagamento de contas.

 

Na Câmara, cada deputado tem direito a uma verba que varia entre R$ 36 mil e R$ 51 mil para despesas no exercício do cargo, dependendo do quão distante seu Estado está de Brasília. O parlamentar faz o gasto e entrega a nota fiscal para a Casa legislativa, que tem uma equipe técnica para analisar os registros e definir se vai efetuar o reembolso ou bloquear o valor. Desde fevereiro deste ano, além da verba parlamentar, deputados federais recebem R$ 44.008,52 mensais de salário.

 

O deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) foi um dos que tiveram nota rejeitada pela Câmara e reclama. “R$ 9 mil por mês para o cidadão comum é muito dinheiro. Mas para um parlamentar atuante, isso não é nada”, diz. Ele se refere ao limite de R$ 9,3 mil que cada um dos 513 deputados pode usar por mês para cobrir gastos com combustível. Bacelar também usa o benefício para abastecer seu próprio avião bimotor e afirma que gasta cerca de R$ 50 mil mensais para manter a aeronave que, segundo ele, é usada em atividade parlamentar.

 

Na análise das notas, a Câmara pode se recusar a reembolsar os valores quando eles ultrapassam o limite dos gastos, quando apresentam despesas que não estão cobertas pela verba parlamentar ou quando não há comprovação do valor cujo reembolso foi solicitado. Por conta de valores acima do limite, a Casa já barrou reembolsos para gastos com telefonia, manutenção de escritório, divulgação de atividade parlamentar e passagens aéreas.

 

A Câmara, porém, não divulga a justificativa para impedir o ressarcimento de cada uma das notas. Procurada, a Casa se recusou a fornecer detalhes desse processamento e não quis esclarecer se os deputados e seus assessores são orientados previamente sobre como não abusar do pedido de reembolso com base na cota parlamentar. A assessoria sugeriu que fosse encaminhado um pedido formal com base na Lei de Acesso à Informação, o que permitiria à instituição só responder em 30 dias.

 

Organizações que trabalham com transparência e anticorrupção criticam a decisão da Câmara e dizem que postura prejudica a transparência. “É um problema muito simples de resolver que não deveria nem existir”, avalia Marina Atoji, do Transparência Brasil.

 

“A Lei de Acesso à Informação não foi criada para servir como escudo para obstruir o fornecimento de informações. A Câmara deveria informar”, afirma Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, mencionando a importância de o cidadão ter acesso a essas informações. “Existem brechas no controle. Há situações detectadas e outras que podem não ser detectadas.”

 

Como revelou o Estadão, há casos de pedidos de reembolso irregular que acabam passando despercebidos pelo sistema de análise das notas fiscais. O deputado Pedro Aihara (PRD-MG), por exemplo, teve gastos com bebidas alcoólicas pagos pela Câmara, mas o reembolso desse tipo de despesa é vedado pelas regras da Casa.

 

Aihara alegou erro técnico, a Câmara reconheceu a falha e notificou o deputado, que devolveu o valor que tinha sido ressarcido.

 

Deputados ultrapassam limite de gastos da cota e usam recurso para aluguel de carro de R$ 17 mil e estacionamento de helicóptero particular

 

O deputado Lula da Fonte (PP-PE) foi o parlamentar que teve o maior valor de reembolso bloqueado pela Casa no período analisado. Foram R$ 61,4 mil barrados entre 2023 e 2024. Parlamentar de primeiro mandato, ele alugou um Mitsubishi Pajero no valor de cerca de aproximadamente R$ 17 mil e pediu o ressarcimento do valor algumas vezes. No entanto, deputados têm um limite de R$12.713 para gastos com aluguel de automóveis.

Procurado, ele diz que o veículo é blindado e que não tem nada de errado no reembolso. “Pago mais de R$ 4 mil por mês do meu próprio bolso”, afirma.

 

Como mostrou o Estadão, em janeiro de 2023, em campanha para se reeleger no comando da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) reajustou o repasse da cota parlamentar e aumentou o limite para gasto com combustíveis para R$ 9.392. Mesmo assim, a Câmara barrou R$ 40,9 mil nessa modalidade de gasto apenas em 2024. Esses impedimentos ocorreram, em sua maioria, em razão de parlamentares que gastaram acima do limite.

 

É o caso de João Carlos Bacelar, que teve o maior valor retido ne período. A Câmara barrou R$ 4.671,15 dele, que usa a cota parlamentar para abastecer o próprio avião bimotor. “De um ponto a outro da Bahia você tem quase mil quilômetros em linha reta. Percorro o Estado da Bahia de avião”, diz ele, justificando o uso do avião para o trabalho parlamentar.

 

O deputado diz que o valor de R$ 1,6 milhão barrado pela Câmara, considerando os 513 parlamentares “não é nada”. “Eu gasto 50 mil por mês, do meu bolso, para atividade parlamentar”, afirma Bacelar, que está no quinto mandato.

 

Como mostrou o Estadão, quando ainda era deputado federal, Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), à época do União Brasil, gastou R$ 200 mil reais da cota parlamentar da Câmara ao longo de cinco anos para comprar combustível num posto de gasolina de um sócio dele mesmo.

 

Na lista de despesas não pagas pela Câmara está ainda o valor de R$ 1.250 da deputada Magda Mofatto (PRD-GO). Ela usa a cota parlamentar para custear um serviço mensal de estacionamento de seu helicóptero particular e um atendimento aeroportuário pernoite de dois dias também para a aeronave.

 

A deputada estourou o limite mensal imposto de R$ 2.700 pela Câmara para o pagamento de táxi, estacionamento ou pedágio em março e abril em razão de seu helicóptero particular.

 

O gabinete da deputada informou que o impedimento foi feito em relação ao valor limite, mas a parlamentar não respondeu se avalia ser excessivo pedir para a Câmara reembolsar gastos com estacionamento de helicóptero.

 

Reembolso até de multa por atraso em pagamento de boleto

Entre as notas barradas pela Câmara, há R$ 184 mil apenas no pagamento de contas telefônicas. Segundo servidores da Casa, há casos em que a conta deixa de ser paga na data do vencimento e quando a nota é apresentada com pedido de reembolso, o parlamentar inclui o valor da multa por atraso, o que a Câmara não aceita. O Estadão encontrou o caso de uma nota que teve R$ 9 “glosados” (não pagos) porque esse valor se referia à multa por atraso.

 

Em meio deste ano, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) pediu reembolso de R$ 12 mil da Câmara sobre gasto relativo ao uso da manutenção de seu perfil nas redes sociais. A Câmara barrou R$ 9,6 mil.

 

Procurado, o gabinete do deputado informou o motivo. Segundo a equipe, a devolução ocorreu em razão de o deputado ter permanecido apenas cinco dias de maio como parlamentar, já que ele pediu licença para se dedicar à campanha à prefeitura de Niterói (RJ). Assim, a Câmara o ressarciu em um valor proporcional ao tempo em que ele permaneceu no exercício da função.

 

Em fevereiro, o deputado Átila Lins (PSD-AM) pediu reembolso de uma passagem aérea no valor de R$ 21,8 mil. A Câmara barrou o pagamento desse valor e o deputado pediu sigilo da nota fiscal. Procurado, ele não se manifestou.

 
 
 

Gasto com helicóptero, avião e aluguel de carro blindado; Câmara barra notas fiscais de deputados

Por Levy Teles / O ESTAD DE SP

 

BRASÍLIA — A Câmara dos Deputados barrou cerca de R$ 1,6 milhão em gastos feitos por parlamentares entre 2023 e 2024. Os deputados queriam que a Casa legislativa reembolsasse despesas como estacionamento de helicóptero particular, abastecimento de jatinho próprio e até multa por atraso em pagamento de contas.

 

Na Câmara, cada deputado tem direito a uma verba que varia entre R$ 36 mil e R$ 51 mil para despesas no exercício do cargo, dependendo do quão distante seu Estado está de Brasília. O parlamentar faz o gasto e entrega a nota fiscal para a Casa legislativa, que tem uma equipe técnica para analisar os registros e definir se vai efetuar o reembolso ou bloquear o valor. Desde fevereiro deste ano, além da verba parlamentar, deputados federais recebem R$ 44.008,52 mensais de salário.

 

O deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) foi um dos que tiveram nota rejeitada pela Câmara e reclama. “R$ 9 mil por mês para o cidadão comum é muito dinheiro. Mas para um parlamentar atuante, isso não é nada”, diz. Ele se refere ao limite de R$ 9,3 mil que cada um dos 513 deputados pode usar por mês para cobrir gastos com combustível. Bacelar também usa o benefício para abastecer seu próprio avião bimotor e afirma que gasta cerca de R$ 50 mil mensais para manter a aeronave que, segundo ele, é usada em atividade parlamentar.

 

Na análise das notas, a Câmara pode se recusar a reembolsar os valores quando eles ultrapassam o limite dos gastos, quando apresentam despesas que não estão cobertas pela verba parlamentar ou quando não há comprovação do valor cujo reembolso foi solicitado. Por conta de valores acima do limite, a Casa já barrou reembolsos para gastos com telefonia, manutenção de escritório, divulgação de atividade parlamentar e passagens aéreas.

 

A Câmara, porém, não divulga a justificativa para impedir o ressarcimento de cada uma das notas. Procurada, a Casa se recusou a fornecer detalhes desse processamento e não quis esclarecer se os deputados e seus assessores são orientados previamente sobre como não abusar do pedido de reembolso com base na cota parlamentar. A assessoria sugeriu que fosse encaminhado um pedido formal com base na Lei de Acesso à Informação, o que permitiria à instituição só responder em 30 dias.

 

Organizações que trabalham com transparência e anticorrupção criticam a decisão da Câmara e dizem que postura prejudica a transparência. “É um problema muito simples de resolver que não deveria nem existir”, avalia Marina Atoji, do Transparência Brasil.

 

“A Lei de Acesso à Informação não foi criada para servir como escudo para obstruir o fornecimento de informações. A Câmara deveria informar”, afirma Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, mencionando a importância de o cidadão ter acesso a essas informações. “Existem brechas no controle. Há situações detectadas e outras que podem não ser detectadas.”

 

Como revelou o Estadão, há casos de pedidos de reembolso irregular que acabam passando despercebidos pelo sistema de análise das notas fiscais. O deputado Pedro Aihara (PRD-MG), por exemplo, teve gastos com bebidas alcoólicas pagos pela Câmara, mas o reembolso desse tipo de despesa é vedado pelas regras da Casa.

 

Aihara alegou erro técnico, a Câmara reconheceu a falha e notificou o deputado, que devolveu o valor que tinha sido ressarcido.

 

Deputados ultrapassam limite de gastos da cota e usam recurso para aluguel de carro de R$ 17 mil e estacionamento de helicóptero particular

 

O deputado Lula da Fonte (PP-PE) foi o parlamentar que teve o maior valor de reembolso bloqueado pela Casa no período analisado. Foram R$ 61,4 mil barrados entre 2023 e 2024. Parlamentar de primeiro mandato, ele alugou um Mitsubishi Pajero no valor de cerca de aproximadamente R$ 17 mil e pediu o ressarcimento do valor algumas vezes. No entanto, deputados têm um limite de R$12.713 para gastos com aluguel de automóveis.

Procurado, ele diz que o veículo é blindado e que não tem nada de errado no reembolso. “Pago mais de R$ 4 mil por mês do meu próprio bolso”, afirma.

 

Como mostrou o Estadão, em janeiro de 2023, em campanha para se reeleger no comando da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) reajustou o repasse da cota parlamentar e aumentou o limite para gasto com combustíveis para R$ 9.392. Mesmo assim, a Câmara barrou R$ 40,9 mil nessa modalidade de gasto apenas em 2024. Esses impedimentos ocorreram, em sua maioria, em razão de parlamentares que gastaram acima do limite.

 

É o caso de João Carlos Bacelar, que teve o maior valor retido ne período. A Câmara barrou R$ 4.671,15 dele, que usa a cota parlamentar para abastecer o próprio avião bimotor. “De um ponto a outro da Bahia você tem quase mil quilômetros em linha reta. Percorro o Estado da Bahia de avião”, diz ele, justificando o uso do avião para o trabalho parlamentar.

 

O deputado diz que o valor de R$ 1,6 milhão barrado pela Câmara, considerando os 513 parlamentares “não é nada”. “Eu gasto 50 mil por mês, do meu bolso, para atividade parlamentar”, afirma Bacelar, que está no quinto mandato.

 

Como mostrou o Estadão, quando ainda era deputado federal, Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), à época do União Brasil, gastou R$ 200 mil reais da cota parlamentar da Câmara ao longo de cinco anos para comprar combustível num posto de gasolina de um sócio dele mesmo.

 

Na lista de despesas não pagas pela Câmara está ainda o valor de R$ 1.250 da deputada Magda Mofatto (PRD-GO). Ela usa a cota parlamentar para custear um serviço mensal de estacionamento de seu helicóptero particular e um atendimento aeroportuário pernoite de dois dias também para a aeronave.

 

A deputada estourou o limite mensal imposto de R$ 2.700 pela Câmara para o pagamento de táxi, estacionamento ou pedágio em março e abril em razão de seu helicóptero particular.

 

O gabinete da deputada informou que o impedimento foi feito em relação ao valor limite, mas a parlamentar não respondeu se avalia ser excessivo pedir para a Câmara reembolsar gastos com estacionamento de helicóptero.

 

Reembolso até de multa por atraso em pagamento de boleto

Entre as notas barradas pela Câmara, há R$ 184 mil apenas no pagamento de contas telefônicas. Segundo servidores da Casa, há casos em que a conta deixa de ser paga na data do vencimento e quando a nota é apresentada com pedido de reembolso, o parlamentar inclui o valor da multa por atraso, o que a Câmara não aceita. O Estadão encontrou o caso de uma nota que teve R$ 9 “glosados” (não pagos) porque esse valor se referia à multa por atraso.

 

Em meio deste ano, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) pediu reembolso de R$ 12 mil da Câmara sobre gasto relativo ao uso da manutenção de seu perfil nas redes sociais. A Câmara barrou R$ 9,6 mil.

 

Procurado, o gabinete do deputado informou o motivo. Segundo a equipe, a devolução ocorreu em razão de o deputado ter permanecido apenas cinco dias de maio como parlamentar, já que ele pediu licença para se dedicar à campanha à prefeitura de Niterói (RJ). Assim, a Câmara o ressarciu em um valor proporcional ao tempo em que ele permaneceu no exercício da função.

 

Em fevereiro, o deputado Átila Lins (PSD-AM) pediu reembolso de uma passagem aérea no valor de R$ 21,8 mil. A Câmara barrou o pagamento desse valor e o deputado pediu sigilo da nota fiscal. Procurado, ele não se manifestou.

Bolsonaro é defendido por Moro, e base de Lula fala em prisão após indiciamento por joias

Matheus Tupina / FOLHA DE SP

 

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi defendido pelo senador e ex-juiz da Operação Lava JatoSergio Moro (União Brasil-PR), e por outros congressistas bolsonaristas após ser indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso das joias recebidas de governos estrangeiros.

A base de Lula (PT), por outro lado, comemorou o indiciamento e passou a falar nas redes sociais, em tom de ironia, na proximidade da prisão do ex-mandatário. Alguns líderes mais próximos ao petista, como André Janones (Avante-MG) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), comentaram o desfecho da investigação.

O indiciamento joga mais pressão sobre o ex-presidente às vésperas de conferência conservadora que reunirá aliados dele e o líder da Argentina, Javier Milei, em Balneário Camboriú (litoral de Santa Catarina).

Moro comparou a situação do ex-mandatário com a de Lula e disse que o petista não foi indiciado "por se apropriar de presentes" recebidos em seus mandatos anteriores. "Mesmo durante a Lava Jato tudo foi tratado como uma infração administrativa dada a ambiguidade da lei. Os crimes foram outros. Há uma notável diferença de tratamento entre situações similares", disse o senador em rede social.

Já o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), uma das principais lideranças evangélicas na política, afirmou que o ex-mandatário sofre perseguição política, e disse que não há dano ao erário se o presente tenha sido devolvido à União, prestando irrestrita solidariedade ao ex-presidente.

"Alguém ganha um presente, uma comissão de servidores públicos decide que ele é seu. O TCU [Tribunal de Contas da União] questiona e o presente é devolvido à União. Não há dano ao erário! Aí vem a PF, escolhido a dedo para a missão, indicia a um ex-presidente", ressaltou o congresissta nas redes.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho "01" do ex-mandatário, seguiu na mesma linha e alegou perseguição política a seu pai. Acompanharam-no os irmãos Eduardo Carlos.

Já entre a base do governo, Janones chegou a afirmar que o ex-presidente "pode ser preso a qualquer momento". O senador Humberto Costa (PT-PE) republicou a notícia do indiciamento e comentou "tic tac", referindo-se a uma aproximação da hora da reclusão de Bolsonaro.

Já Gleisi, presidente nacional do PT, disse que o ato é um passo na busca da verdade e que a conclusão do inquérito representa "apenas uma das muitas contas que ele terá de prestar pelos crimes que cometeu contra o país". "Quem está a caminho do banco dos réus é você", falou a deputada.

Outro aliado de Lula, Lindbergh Farias (PT-RJ) publicou vídeo comentando o fim das investigações e afirmou que Bolsonaro será preso "por uma série de crimes".

"Aí é comprar a pipoca e ir para a frente da televisão para assistir esse primeiro julgamento", disse. Em texto, ele ainda escreveu o "tic tac", como Humberto Costa.

Bolsonaro foi indiciado sob suspeita dos crimes de associação criminosa (com previsão de pena de reclusão de 1 a 3 anos), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos) e peculato/apropriação de bem público (2 a 12 anos).

O relatório da PF vai para a análise da Procuradoria-Geral da República, que pode pedir mais diligências ou já apresentar uma denúncia (acusação formal). Só depois dessa etapa a Justiça avaliará se os suspeitos se tornarão réus. Caso não se justifique uma ordem de prisão preventiva, eventual detenção dele ocorreria somente após o julgamento e o esgotamento dos recursos.

Além de Bolsonaro, outras dez pessoas também foram indiciadas pela PF sob suspeita de associação criminosa, como os aliados Mauro Cid, Fabio Wajngarten e Frederick Wassef, assim como o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, e o ex-assessor Osmar Crivelatti.

Declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030, o ex-presidente já havia sido indiciado em março pela PF em outro inquérito, envolvendo a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

Além do caso da venda das joias e da carteira de vacinação, Bolsonaro é alvo de outras linhas de investigações, que apuram os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023.

Parte dessas apurações está no âmbito do inquérito das milícias digitais relatado por Moraes e instaurado em 2021, que podem em tese resultar na condenação de Bolsonaro em diferentes frentes.

A regulamentação do destino de presentes recebidos por chefes de Estado ocorreu inicialmente em 2002, quando a primeira versão de um decreto dizia que só os itens recebidos em eventos denominados de "cerimônias de troca de presentes" deveriam ser incorporados à União.

A nova determinação, de 2016 e criada pelo TCU (Tribunal de Contas da União), ampliou o entendimento e passou a determinar que o recebimento de presentes em qualquer cerimônia com outros chefes de Estado deveria ser considerado patrimônio público, sendo excluídos apenas os itens de natureza personalíssima.

Auditoria realizada pelo TCU constatou que 568 bens recebidos por Lula, no período de 2003 a 2010, deveriam ser localizados e devolvidos à União. A maioria dos bens foi entregue, segundo a corte. Só ficou pendente a devolução de oito itens recebidos por Lula, que somavam R$ 11.748,40.

No caso do petista, como os itens não puderam ser localizados, foi acordado o pagamento do valor total dos bens. A quantia foi quitada em dez parcelas de R$ 1.174,84.

 

Reforma do plenário da Alece, destruído em incêndio, irá custar R$ 23,7 milhões

Escrito por Luana Barros , DIARIONORDESTE

 

A reforma do Plenário 13 de Maio, da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), destruído após incêndio no dia 21 de junho, irá custar cerca de R$ 23,7 milhões, segundo dados disponíveis no Diário Oficial do Estado (DOE). O valor inclui as obras de reconstrução do local e para compra de um novo painel eletrônico — onde ficam registradas as presenças e ausências dos deputados estaduais. 

As duas contratações foram feitas com dispensa de licitação "em razão da necessidade de retomada imediata da realização das atividades legislativas do Plenário 13 de Maio, afetado pelo incêndio no Edifício-sede da Assembleia Legislativa". 

A empresa Lumali Engenharia LTDA foi contratada por R$ 18.791.104,50 para a "execução da obra de reforma, fornecimento e instalação, em caráter emergencial" no Plenário 13 de Maio. O ato foi publicado no Diário Oficial do dia 27 de junho. 

Nesta quarta-feira (3), foi publicado no DOE, o extrato justificativo de dispensa de licitação da compra do painel eletrônico. A empresa Visual Sistemas Eletrônicos foi contratada por R$ 4.989.785,17. 

A reforma no plenário foi iniciada nesta segunda-feira (1°), segundo informaram os deputados estaduais durante a sessão legislativa desta terça-feira (2) — a primeira realizada de forma presencial após o incêndio. 

Diário do Nordeste indagou à assessoria da Alece qual a previsão de conclusão das obras, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem. 

Alece PLENÁRIO

Moro critica PEC de Segurança Pública do Executivo

Em pronunciamento no Plenário na quarta-feira (3), o senador Sergio Moro (União-PR) criticou a proposta de emenda à Constituição (PEC) que o governo  federal deve enviar ao Congresso Nacional nos próximos dias. A previsão é que o texto confira à União a competência para coordenar o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), estabelecendo regras para uma política nacional que deverão ser seguidas pelos estados.

 

Moro afirmou que a iniciativa do governo é “desnecessária”. Ele também afirmou que a PEC deve prever a criação de um fundo nacional de segurança pública que já existe.

 

— Já temos a lei do Susp, aprovada no final do governo Michel Temer. O que precisamos é alimentar esse fundo com recursos orçamentários para investir em segurança pública. O governo federal está perdido: vai apresentar uma PEC em que a proposta é possibilitar que a Polícia Federal atue contra o crime organizado, e ela já pode fazer isso. A minha impressão é que é outra cortina de fumaça erguida para esconder a sua incompetência nessa área — disse.

 

O senador lembrou que o Congresso Nacional tem aprovado projetos importantes, como o que restringiu as saídas temporárias de presos do regime semiaberto. Ele enfatizou que essa proposta enfrentou resistência direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

— O Lula disse, inclusive, que era uma questão de honra vetar e manter esse veto, e foi derrotado no Congresso, que acabou, então, aprovando essa medida importante, que não resolve o problema de segurança pública, mas é um primeiro passo numa direção correta — enfatizou.

Fonte: Agência Senado

Cletinho critica 'privilégios' nos Três Poderes e defende reformas

Em pronunciamento no Plenário, nesta quinta-feira (4), o senador Cletinho (Republicanos-MG) criticou os "benefícios e privilégios" concedidos a membros que integram os Três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. Ele destacou que benefícios, como auxílio-moradia e planos de saúde especiais, afastam as autoridades da realidade enfrentada pela maioria da população. 

 

— Vocês não sabem o valor disso, porque é muito fácil. O povo brasileiro paga para vocês terem essa mordomia, para vocês viverem no país das maravilhas. Tem até auxílio-paletó e vocês não estão sabendo o que está acontecendo com o povo brasileiro. O parlamentar não sabe a realidade do transporte público, ele não pega um ônibus! — enfatizou. 

 

O senador ainda chamou atenção para os altos gastos públicos, mencionando a contratação de agências de viagens pela Câmara dos Deputados. Mencionou também gastos de quase R$ 1,3 milhão em diárias e passagens para um evento em Lisboa. O senador ressaltou que as despesas são “bancadas pelo povo, que sofre para pagar aluguel e impostos”. O senador propôs uma reflexão sobre a necessidade de cortes de privilégios e de um exemplo de austeridade por parte dos políticos. 

 

— Por que é só o povo que tem que pagar a conta? Quem tem que pagar a conta aqui somos nós. Eu acho que o que a gente precisa mostrar para a população brasileira é que estamos aqui para servir e não para ser servidos — destacou.

 

Fonte: Agência Senado

Câmara aprova prorrogação do Plano Nacional de Educação até 31 de dezembro de 2025

A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 5665/23, que prorroga o atual Plano Nacional de Educação (PNE) até 31 de dezembro de 2025. O texto já passou pelo Senado e segue para sanção presidencial.

 

O atual PNE venceu em 25 de junho de 2024. Já o projeto do novo plano (PL 2614/24) ainda aguarda votação na Câmara. A proposta, de autoria do Poder Executivo, prevê 18 objetivos a serem cumpridos até 2034.

 

Segundo a relatora do projeto que prorroga o plano, deputada Socorro Neri (PP-AC), a medida vai garantir que não haja descontinuidade no planejamento educacional no Brasil, sobretudo nas diretrizes, metas e estratégias.

 

Socorro Neri apontou que a maioria das 20 metas do PNE 2014-2024 não foi cumprida, havendo inclusive casos de retrocesso. E a proposta do novo PNE foi enviada apenas em 26 de junho.

"Discutir e votar o novo PNE exigirá um esforço hercúleo do Parlamento, a fim de que o texto reflita tanto as demandas antigas que ainda não se cumpriram quanto os novos anseios e desafios que surgiram nos últimos dez anos e que não estão contemplados na legislação aprovada em 2014", afirmou.

 

Segundo a relatora, a aprovação do novo PNE vai exigir um prazo razoável para ouvir os atores envolvidos nas políticas educacionais e a sociedade civil interessada.

 

Debate amplo
Para o deputado Tarcísio Motta (Psol-RJ), a prorrogação do plano atual é importante por permitir o tempo necessário para discutir o novo PNE. "Um plano como esse é fundamental porque é um plano de Estado. Ele não pode estar à mercê de governos inimigos da educação. Ele vem de baixo para cima, da sociedade civil que elabora junto com governo", afirmou.

 

Segundo a deputada Adriana Ventura (Novo-SP), não foram atingidos 53 dos 56 indicadores previstos no PNE. "É inacreditável que, se só atingimos 3 de 56, vem o novo plano e aumenta o número de indicadores", disse.

 

Adriana Ventura também cobrou que o tema seja discutido na Comissão de Educação por ser fórum adequado, com proporcionalidade partidária. "Sem subterfúgio de trazer direto para o Plenário, de comissão especial ou grupo de trabalho", disse.

 

Para o deputado Reimont (PT-RJ), as metas não foram cumpridas "por uma descontinuidade do processo de educação que vinha sendo construído no País". Ele citou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff como principal marco dessa interrupção.

 

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Regulamentação da reforma tributária será votada a partir da próxima quarta-feira, diz Lira

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a regulamentação da reforma tributária (PLP 68/24) começa a ser votada a partir da próxima quarta-feira (10) pelo Plenário da Casa.

 

O grupo de trabalho que debateu as regras gerais de operação dos tributos criados sobre o consumo, que vão substituir PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS após um período de transição (2026 a 2033), vai apresentar o parecer nesta quinta-feira (4). Com isso, Lira espera que as bancadas possam se reunir e discutir o texto.

 

O presidente destacou que há um esforço dos relatores para diminuir a alíquota base de referência, prevista no texto original, de 26,5%. Essa alíquota vale para mercadorias e serviços que não são beneficiados com algum tipo de tratamento diferenciado. “É possível”, disse o presidente.

 

Lira foi questionado sobre a possibilidade de inclusão de proteínas na cesta básica, isenta de alíquotas. Segundo ele, é preciso verificar o quanto a inclusão de carnes vai alterar a alíquota de referência. “Nunca houve proteína na cesta básica, mas se couber, temos que ver quanto vai ser essa alíquota que todo mundo vai pagar”, disse.

 

Nesta semana, o presidente Lula sugeriu a inclusão de carnes com cortes menos nobres na cesta básica.

 

Mas Lira disse que o cashback pode ser uma medida mais efetiva para a população de baixa renda. "A maior importância nesse sentido é manter e aumentar o cashback para as pessoas do CadÚnico com relação a serviços essenciais, por exemplo. Terá um efeito muito maior do que incluir a carne na cesta básica".

 

As carnes estão com desconto de 60% da alíquota de referência no projeto original, mas o cashback para as pessoas de baixa renda reduz ainda mais essa tributação.

 

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier e Sílvia Mugnatto
Edição – Geórgia Moraes

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Congresso precisa levar a PEC da Segurança a sério

EDITORIAL DE O GLOBO

 

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, mal entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia a participação do governo federal no combate a organizações criminosas, e as resistências de governadores e da bancada da bala no Congresso já começaram. A iniciativa de Lewandowski tem o mérito de tirar a União de sua letargia e dar-lhe o protagonismo que se exige dela. Por isso deveria ser apoiada pela sociedade.

 

Entre outros pontos, a PEC da Segurança aumenta atribuições da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Na prática, a PF atuaria em investigações envolvendo facções criminosas e milícias, enquanto a PRF atuaria como polícia ostensiva sob o comando do governo federal. A proposta inclui na Constituição o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), semelhante ao SUS. O modelo, criado em 2018, até hoje não está concluído.

 

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), diz que o governo federal não conhece as peculiaridades de cada região. “Não é de Brasília que devem vir as metas e prioridades da segurança pública”, afirma. O líder da bancada da bala, deputado Alberto Fraga (PL-DF), argumenta que hoje as polícias Civil e Militar já dão conta do recado. Ora, se as polícias estaduais conseguissem combater facções que atuam internacionalmente, o país não viveria a grave crise na segurança que vive. Basta observar o que acontece na maior parte dos estados para constatar que o atual modelo não funciona.

 

Os governos do PT sempre resistiram a abraçar a pauta da segurança pública. Nos bastidores, próceres petistas diziam que isso era tarefa constitucional dos estados e que levar para dentro do Palácio do Planalto o dia a dia da violência traria desgaste ao presidente. A tese não resistiu ao choque de realidade do terceiro mandato de Lula.

 

A oposição encampou a causa e acuou um governo incapaz de oferecer resposta às angústias da população. Pesquisas de opinião mostram que a segurança é uma das maiores preocupações dos brasileiros. O desgaste já está consumado. O próprio Lula parece ter entendido tardiamente que não dá mais para fingir que o governo federal nada tem a ver com o assunto. Em viagem à Bahia, ele reconheceu que o crime organizado “tomou conta do Brasil” e que “os estados sozinhos não dão conta”.

 

Há muito a crise da segurança merece atenção federal. As organizações criminosas do Sudeste se espalharam para outras regiões e países da América do Sul. Tornaram-se multinacionais do crime. No fim do mês passado, o sequestro de uma médica em Belém, no Pará, foi comandado por um traficante de dentro de um presídio no Rio, a 3 mil quilômetros. Essa é a realidade.

 

Em vez de torpedear de antemão a PEC da Segurança, governadores e parlamentares deveriam discuti-la para que o país possa avançar. O ministro Lewandowski acertou ao apresentar uma proposta que dá à União relevância no combate às organizações criminosas, preenchendo uma lacuna. Não haverá sucesso sem a integração de forças federais, estaduais e municipais sob coordenação federal.

 

Funciona assim na saúde e na educação. Claro que ainda há muito a fazer. A PEC será apenas um passo para enfrentar o crime organizado. Mas é um passo importantíssimo.

 

Apóstolo Luiz Henrique repudia casos de violência sexual contra crianças

Por Narla Lopes / ALECE

 

Deputado Apóstolo Luiz Henrique (Republicanos) - Foto: José Leomar

 

O deputado Apóstolo Luiz Henrique (Republicanos) criticou, durante o primeiro expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), nesta quarta-feira (03/07), realizada de forma presencial e remota, a omissão de líderes e políticos evangélicos diante de casos de violência sexual contra crianças. Ele anunciou que entrará com requerimento solicitando nota de repúdio.

Na ocasião, o deputado destacou o caso de Marcus Grubert, marido da cantora gospel Heloísa Rosa, preso em Orlando, nos Estados Unidos, acusado de abusar sexualmente de uma criança de seis anos. “Uma menina de seis anos foi para a casa da amiguinha, filha dessa cantora gospel, que é muito conhecida no Brasil. Quando a mãe foi buscar a criança, ela relatou que havia sido abusada”, contou.

O deputado também condenou a fala de um pastor que tentou minimizar o caso. “É um absurdo. Como alguém pode tentar diminuir um crime tão grave?”, disse.

O parlamentar pediu ainda que as pessoas de bem se manifestem em defesa das crianças vulneráveis e condenou o que considerou hipocrisia de alguns líderes religiosos e políticos, que não se pronunciam sobre esses crimes.

“Em Brasília, a bancada evangélica não está falando nada sobre isso, mesmo com o envolvimento de pastores conhecidos nacionalmente. O silêncio dos bons é o que nos incomoda. Devemos alertar aqueles que cometem erros para que não sejamos responsáveis pelo sangue deles”, pontuou.

Em aparte, a deputada Jô Farias (PT) endossou o discurso do parlamentar, enfatizando a gravidade da violência sexual contra crianças e a urgência de medidas protetivas e judiciais. Por sua vez, o deputado Queiroz Filho (PDT) referiu-se ao Atlas da Violência 2024, destacando o preocupante aumento nos casos de violência contra crianças e adolescentes no período de 2012 a 2022. Ele lamentou os números alarmantes e ressaltou que muitas dessas ocorrências infelizmente ocorrem no ambiente familiar.

Edição: Adriana Thomasi

Compartilhar Conteúdo

444