3,5 milhões foram às ruas contra o PT, contra Dilma, contra Lula e contra a roubalheira
Acho razoável afirmar que pelo menos 3,5 milhões de brasileiros foram às ruas neste domingo pedir o impeachment da presidente Dilma, a responsabilização de Lula por atos que não parecem muito adequados à lei, à moral e aos bons costumes e o fim da roubalheira. Para ser sucinto: 3,5 milhões de pessoas, a maior manifestação da história do Brasil, pediram o fim do regime petista. Não há dúvidas a esse respeito.
O Brasil não quer mais o PT e voltará às ruas se necessário
A presidente Dilma Rousseff e os petistas apostaram no insucesso — lá à moda deles — da manifestação deste dia 13 e quebraram a cara. Vejam vocês! Sempre considerei um cretinismo, e considero ainda, que a manifestação da hora tenha de ser superior à anterior e menor do que a próxima.
Isso corresponde a querer transformar um movimento em adversário de si mesmo. Agride a lógica. O necessário é que seja expressivo. Ou será que, caso haja outro protesto, ele só terá importância se botar na rua mais de 3,5 milhões? Isso é uma bobagem em si.
A escolha do erro, no entanto, costuma trazer maus resultados até para quem decide ser o seu beneficiário. O governo e setores da imprensa resolveram criar esse critério idiota, saído do nada. Assim, ainda na noite de sábado, alimentava-se no petismo a esperança de que os protestos deste domingo não superariam os do dia 15 de março do ano passado. E, assim, o Palácio e seus súditos sairiam por aí a afirmar que o tema do impeachment já estaria superado. Aqui vou abusar de um jargão: o tiro saiu pela culatra. Se um evento menor do que o maior já havido evidenciaria a morte do impeachment, o que significará então quando ele não é apenas maior, mas o dobro? Mesmo os números do Datafolha, com os quais muita gente não se conforma, apontam 500 mil na Paulista neste domingo — naquele março de 2015, teriam sido 210 mil. Ferramenta utilizada pelo Movimento Brasil Livre, que registra IPs de telefones celulares, aponta 1,4 milhão de pessoas, mesmo número estimado pela Polícia Militar.
Só resta a Dilma “tocar um tango argentino”
Manuel Bandeira tem um poema amargamente engraçado chamado “Pneumotórax”, fazendo blague da tuberculose, que o atormentava. Depois de elencar substantivos para retratar os males da doença, há o diálogo nada otimista com o médico e a pergunta, se seria possível tentar o pneumotórax — no caso, tomado, ainda que impropriamente no texto, como uma drenagem do pulmão, uma terapia agressiva. Pessimista, responde o médico: “A única coisa a fazer é tocar um tango argentino”.
Rua dá à crise aparência de fenômeno terminal
A margem de manobra do governo Dilma, que já era mínima, estreitou-se muito neste domingo. Estavam sobre a mesa três ingredientes explosivos: a degradação moral, a paralisia política e a asfixia econômica. Faltava à mistura uma dose de povo. Não falta mais. O novo ronco emitido pelo asfalto dà à megacrise a aparência de um fenômeno terminal. O coro de ‘fora Dilma’ tende a virar a trilha sonora do resto do mandato da presidente, dure o quanto durar.
Nota do Planalto tem ‘déficit’ de João Santana
Depois de muito debater com seus auxiliares o que fazer diante dos mais eloquentes protestos de rua contra o seu governo, Dilma Rousseff mandou soltar uma nota. O texto reage ao ronco do monstro com respeito e compostura. Ou seja, a presidente estava completamente fora de si. Descobriu-se que, sem os conselhos do marqueteiro João Santana, preso por ordem do juiz Sérgio Moro, Dilma não é tão Rousseff.
PT pressiona Lula para virar um tutor de Dilma - JOSIAS DE SOUZA
Sob o impacto da maior manifestação de rua da história do país, cresceu nas últimas horas a pressão do PT para que Lula ocupe um ministério no que restou do governo de Dilma Rousseff. Disseminou-se na cúpula do partido o entendimento segundo o qual a presença de Lula no primeiro escalão pode ser a única cartada capaz de deter o avanço do impeachment. Deseja-se que o criador de Dilma atue como uma espécie de tutor de sua criatura, articulando uma reação.
Inflação e complacência ´O ESTADO DE SP
O cenário da inflação piorou, tanto nas projeções do Banco Central (BC) quanto nos cálculos do setor privado, mas, ainda assim, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por 6 votos a 2 manter os juros básicos em 14,25%, como havia feito em janeiro. Este é um dos pontos mal explicados na ata da última reunião do comitê, realizada nos dias 1 e 2. Falta uma justificativa clara e convincente para a decisão sobre os juros, mas o documento menciona de forma inequívoca a piora das previsões e as dúvidas sobre as contas públicas.
Bravatas da jararaca - CARLOS ALBERTO DI FRANCO
Escrevo este artigo antes das manifestações marcadas para ontem, dia 13 de março. Espero que tenham sido pacíficas, e não contaminadas por grupos interessados em semear violência para aprisionar os sentimentos da sociedade e inibir protestos democráticos legítimos. O que quer que tenha acontecido, caro leitor, ninguém conseguirá silenciar o grito de indignação do brasileiro honrado e trabalhador, mas profundamente revoltado com a gangue mafiosa que tomou conta do Estado brasileiro.
Isto é democracia - MARCELO RUBENS PAIVA
Continuo um cara de esquerda. Não sou comunista. Me divirto quando me mandam ir pra Cuba. Já fui e adorei, apesar de lamentar ver o socialismo fracassar numa ilha linda, com muita censura e perseguição política. Rechaço os excessos da Justiça, do MP, a coerção, a imprensa monolítica e tendenciosa, a direita homofóbica, a violência contra o cidadão. Mas parabéns ao povo brasileiro. Coxa ou não, são brasileiros. Classe-média branca ou diversa, não interessa mais. Numa data infeliz, 13 de março, que coincidiu com um comício radical que há 52 anos detonou o Golpe de 64, conseguiu-se uma manifestação enorme, histórica e, aplausos, pacífica.