158 cidades do CE melhoram saúde, proteção e educação de crianças e recebem Selo UNICEF
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Três pilares para o desenvolvimento e o bem-estar de crianças e adolescentes tiveram melhora significativa no Ceará, entre 2021 e 2024. Indicadores de educação, saúde e proteção social avançaram acima da média nacional em 158 municípios (lista abaixo) – que foram certificados, nesta quarta-feira (6), com o Selo UNICEF.
O número de cidades corresponde a 86% do total de municípios cearenses. Foi o estado brasileiro líder em certificações. A iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) tem como objetivo apoiar cidades das regiões brasileiras mais vulneráveis para que impulsionem as políticas públicas voltadas à infância e adolescência.
No Ceará, os municípios ampliaram a vacinação infantil, quase zeraram o abandono escolar e fortaleceram o Sistema de Informação para Infância e Adolescência (Sipia), aumentando em mais de 33 vezes o número de notificações de violência entre 2020 e 2023 — neste quesito a melhora se refere ao fato de se poder acessar os dados, o que possibilita planejamento de políticas de combate e prevenção.
Rui Aguiar, chefe do Escritório do UNICEF em Fortaleza, destaca que o resultado do Estado foi o melhor desde 1999, quando o Selo UNICEF foi instituído, e opina que a certificação é uma forma de valorizar os profissionais da saúde, da educação e da assistência social, “que não pararam durante a pandemia”.
“Esse selo tem um valor muito especial, porque aconteceu depois da pandemia. No Ceará, foi feito um trabalho muito interessante entre 2020 e 2021, quando terminou a edição anterior do selo: foi mantida a mobilização dos municípios em cima (dos impactos) da pandemia”, relata.
Municípios do Ceará certificados com Selo UNICEF:
- Acarape
- Acaraú
- Acopiara
- Aiuaba
- Alcântaras
- Altaneira
- Alto Santo
- Antonina do Norte
- Aquiraz
- Aracati
- Aracoiaba
- Ararendá
- Araripe
- Aratuba
- Arneiroz
- Assaré
- Aurora
- Baixio
- Banabuiú
- Barbalha
- Barreira
- Barro
- Barroquinha
- Baturité
- Beberibe
- Bela Cruz
- Boa Viagem
- Brejo Santo
- Camocim
- Campos Sales
- Capistrano
- Cariré
- Cariús
- Carnaubal
- Cascavel
- Catunda
- Caucaia
- Cedro
- Chaval
- Chorozinho
- Coreaú
- Crateús
- Crato
- Croatá
- Cruz
- Deputado Irapuan Pinheiro
- Eusébio
- Farias Brito
- Forquilha
- Fortim
- Frecheirinha
- General Sampaio
- Graça
- Granja
- Granjeiro
- Groaíras
- Guaiúba
- Guaraciaba do Norte
- Guaramiranga
- Hidrolândia
- Horizonte
- Ibaretama
- Ibiapina
- Ibicuitinga
- Icapuí
- Icó
- Iguatu
- Ipaporanga
- Ipaumirim
- Ipu
- Iracema
- Irauçuba
- Itaiçaba
- Itaitinga
- Itapajé
- Itapipoca
- Itapiúna
- Itarema
- Itatira
- Jaguaretama
- Jaguaribara
- Jaguaribe
- Jaguaruana
- Jati
- Jijoca de Jericoacoara
- Juazeiro do Norte
- Jucás
- Lavras da Mangabeira
- Limoeiro do Norte
- Madalena
- Maracanaú
- Maranguape
- Marco
- Martinópole
- Massapê
- Mauriti
- Meruoca
- Milagres
- Milhã
- Mombaça
- Monsenhor Tabosa
- Morada Nova
- Moraújo
- Morrinhos
- Mucambo
- Mulungu
- Nova Olinda
- Nova Russas
- Novo Oriente
- Ocara
- Orós
- Pacajus
- Pacatuba
- Pacoti
- Palhano
- Palmácia
- Paracuru
- Paraipaba
- Paramoti
- Pedra Branca
- Penaforte
- Pentecoste
- Pindoretama
- Piquet Carneiro
- Pires Ferreira
- Poranga
- Porteiras
- Potengi
- Quiterianópolis
- Quixadá
- Quixelô
- Quixeramobim
- Quixeré
- Redenção
- Reriutaba
- Russas
- Saboeiro
- Salitre
- Santana do Acaraú
- Santa Quitéria
- São Benedito
- São Gonçalo do Amarante
- São João do Jaguaribe
- Senador Pompeu
- Senador Sá
- Sobral
- Solonópole
- Tabuleiro do Norte
- Tamboril
- Tauá
- Tejuçuoca
- Trairi
- Ubajara
- Uruburetama
- Uruoca
- Varjota
- Várzea Alegre
- Viçosa do Ceará
Vacinação pós-pandemia
Um dos indicadores avaliados para concessão do selo foi a cobertura vacinal da Tríplice Viral, que previne sarampo, caxumba e rubéola. Em média, os 158 municípios cearenses certificados aumentaram a taxa de 63,8% para 90,2% do público-alvo vacinado com a segunda dose, entre 2020 e 2023.
O avanço foi significativamente superior ao nacional. Considerando os municípios de todo o Brasil, a taxa de cobertura com o imunizante aumentou de 64,27% para 65,91%. Estado e País, contudo, terminaram abaixo dos 95% preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
foi o aumento da taxa de cobertura vacinal com a D2 da Tríplice Viral no Ceará, entre 2020 e 2023.
Rui Aguiar observa que a queda das taxas de vacinação durante a pandemia exigiu “um esforço dos municípios de fazer a busca ativa das crianças com vacinas atrasadas, de modo que muitos recuperaram a cobertura acima de 90%”.
O papel dos agentes comunitários de saúde, “que visitavam as famílias”, e dos profissionais de postos de saúde também foi destacado pelo chefe do UNICEF em Fortaleza como determinante para a melhoria na área.
Zero abandono escolar
Outro indicador-chave que elevou os municípios cearenses à certificação com o Selo UNICEF foi a queda do abandono escolar. De acordo com o Fundo, a taxa de abandono caiu em média 74,7% nas 158 cidades que mais melhoraram as políticas para infância e adolescência, saindo de 0,8% e chegando a 0,2%.
O resultado é avaliado por Rui como “impressionante e histórico”. “O abandono escolar zero é tão importante quanto foi a universalização da educação nos anos 1990. O Ceará chegou a ter até 97% de crianças na escola, em 1997-98”, compara.
“Agora, não é só que toda criança está na escola: elas permanecem lá.”
O especialista lembra que as escolas fecharam durante a pandemia – período que fez os índices de aprendizagem despencarem em todo o País – “mas estavam abertas, monitorando o abandono escolar, fazendo entrega de materiais, orientação da família, enviando a merenda pra casa das crianças”, vínculo que ele considera crucial.
Violência denunciada
O terceiro indicador avaliado pelo Selo UNICEF chega a ser paradoxal: o aumento do número de notificações de violência contra crianças e adolescentes foi considerado positivo. Isso porque o crescimento não indica aumento de casos, e sim que os casos que acontecem estão sendo identificados.
“O que temos hoje, com um bom sistema de notificação, é um conhecimento concreto do caso: quem é a criança, quem foram os responsáveis, que direitos foram atingidos, que ação precisa ser feita, que tipo de atenção a criança precisa que seja realizada”, explica Rui Aguiar.
notificações de violências contra crianças e adolescentes foram feitas em 2023, mais de 33 vezes mais do que em 2020, que teve apenas 879 registros.
Entre 2020 e 2023, as notificações de violações múltiplas contra crianças e adolescentes em todo o Brasil aumentaram de 118.995 para 578.859 – um crescimento de quase 5 vezes.
O Sistema de Informação para Infância e Adolescência (Sipia) é o meio pelo qual os casos são notificados, para que passem a ser prevenidos e punidos. A adesão ao Sipia e o uso adequado dele, então, estavam entre as metas a serem atingidas pelas cidades para obter o Selo UNICEF.
“A notificação é um passo fundamental pra concretização do atendimento das crianças vítimas de exploração e violência e pra responsabilização dos autores, que é o grande problema que a gente tem. Quando você não notifica a agressão, é quase impossível haver responsabilização”, analisa o chefe do Escritório do UNICEF em Fortaleza.
Como o UNICEF monitora as cidades
Todos os dados avaliados pela entidade são de bases oficiais, como o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), o Censo Escolar da Educação Básica, e o próprio Sipia.
Já o acompanhamento dos municípios é feito por meio de plataformas disponibilizadas pelo próprio UNICEF para que as gestões alimentem com informações do que têm feito em termos de políticas para infância e adolescência, conforme explica Rui Aguiar.
“Temos a plataforma de busca ativa escolar, na qual os municípios colocam informações sobre rematrícula de crianças e adolescentes; temos a da busca ativa vacinal, que acompanha as taxas; tem uma de informações básicas de saúde mental, que é o ‘Pode falar’; e outras várias ferramentas gratuitas”, lista.
E o que as cidades ganham ao conquistarem o Selo UNICEF?
Para Rui, receber o Selo é uma forma de as cidades prestarem contas à sociedade sobre os resultados das políticas públicas que têm executado. “É mais do que uma certificação: é um mecanismo de transparência e gestão por resultados”, inicia.
“Quando a cidade ganha o selo, a população é convidada a conhecer a situação. E a transparência promove novas demandas, a população demanda novos serviços”, alerta o especialista.
Ele aponta que, a cada conquista, as novas metas evoluem. “Temos 25 anos monitorando o acesso à educação. Agora, monitoramos a presença da criança nas escolas. Nos próximos anos, a grande demanda será o acesso à creche. E com a progressiva melhora do ensino fundamental, podemos ter mais vagas em tempo integral”, adianta.
Acabou a paciência
Por Notas & Informações / O ESTADÃO DE SP
A equipe econômica alimentou expectativas de que o governo apresentaria um consistente pacote de corte de gastos para reequilibrar as contas públicas assim que as eleições municipais fossem encerradas. Ventilou-se um cardápio de medidas a ser apresentado ao presidente que poderia gerar uma economia estimada entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões. Obstinado com a recuperação do grau de investimento, Lula da Silva estaria disposto a acatá-las. Findas as disputas regionais, as discussões voltaram ao ramerrão de sempre, deixando claro que nada mudou no governo.
Há duas semanas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizia que enfrentar a dinâmica de crescimento do gasto público e seu impacto na dívida pública era algo premente e que estava na ordem do dia do governo. As medidas, segundo ele, seriam submetidas ao Congresso antes mesmo do envio da reforma tributária sobre a renda.
Na última terça-feira, no entanto, o ministro disse que ainda terá muitas reuniões com Lula da Silva sobre o assunto e que não há prazo para a apresentação do tal pacote. Afirmou não haver veto do presidente sobre essas propostas, mas evitou fazer qualquer projeção sobre a economia gerada pelas ações a serem adotadas. “Nunca divulguei o número para vocês”, afirmou.
Foi um balde de água fria. Como esperado, o mercado reagiu mal a tanta indefinição e o dólar fechou a R$ 5,76, maior valor desde 2021. No dia seguinte, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, tentou apaziguar os ânimos, disse que o plano deve ficar para novembro e afirmou que a prioridade será rever políticas públicas ineficientes – um ato para o qual, segundo ela, é preciso ter “coragem”. Haddad, por sua vez, afirmou que a Casa Civil está alinhada com a equipe econômica e que haverá um esforço para compatibilizar os gastos aos limites do arcabouço fiscal.
É com fastio que este jornal volta a debater a necessidade óbvia de corte de gastos. Mas, ao contrário do que se esperava, o desfecho das eleições municipais não fará essa agenda avançar. As vitórias da centro-direita e o desempenho sofrível dos candidatos apoiados pelo PT nas urnas acenderam o alerta para a disputa presidencial de 2026. Certamente haverá quem defenda aumentar ainda mais os gastos para fazer frente a esse cenário político desafiador, o que dificulta, em vez de facilitar, os planos da equipe econômica.
Há, por óbvio, motivos externos para a instabilidade da moeda. O dólar se fortaleceu com as indicações do Federal Reserve (banco central americano) de que o ciclo de corte de juros nos Estados Unidos não será tão rápido quanto se imaginava. As chances de que Donald Trump vença as eleições não são desprezíveis, e os planos do republicano de sobretaxar as importações e deportar imigrantes aumentariam a pressão sobre o mercado de trabalho, a inflação e, portanto, sobre os juros americanos.
Mas o Brasil também tem suas próprias questões internas. A expectativa do mercado para a inflação deste ano já superou o teto da meta, os juros futuros continuam a subir a despeito das sinalizações de aumento da Selic pelo Banco Central e a dívida bruta deve superar o patamar de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2032, fazendo picadinho do arcabouço fiscal.
Por melhores que tenham sido os resultados da arrecadação, não será possível apostar apenas na recuperação de receitas para zerar o déficit primário. O governo, no entanto, não demonstra pressa e afirma que as medidas de corte visam a cumprir a meta de 2026. As poucas ações em estudo e que vêm a público são imediatamente rechaçadas por ministros do governo e parlamentares do PT, quando não desmentidas pela própria Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
A resistência de Lula da Silva é evidente e ele não parece nada convencido sobre a necessidade de rever gastos públicos de uma maneira estrutural. Bloqueios, contingenciamentos e pentes-finos em benefícios sociais, previdenciários e assistenciais não enganam mais ninguém. Nessas idas e vindas, o mercado cobra um preço cada vez mais alto na forma de juros e dólar – basta lembrar que o câmbio estava cotado em R$ 4,85 no fim do ano passado.
Governo quer elevar capital privado em projetos de infraestrutura de 49% para 75%
Alexa Salomão / FOLHA DE SP
Apesar de as gestões do PT serem marcadas pela defesa do investimento público, o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entende que é preciso elevar a participação do capital privado nos projetos de infraestrutura, especificamente em rodovias e ferrovias. No ano passado, os recursos privados somaram 49%. A meta é elevar essa fatia a 75% até 2026.
A busca pelo capital privado está ancorada em um plano de concessões que reúne projetos que estavam parados e também novas propostas. No conjunto serão 35 rodovias, com a perspectiva de atrair US$ 41,9 bilhões (R$ 242 bilhões) em investimentos, e cinco novas ferrovias, cujos aportes estão estimados em US$ 13,5 bilhões (R$ 75 bilhões).
Se todo esse conjunto de leilões vingar, o cronograma de desembolsos nessas duas modalidades de transportes pode ter um aumento de 110% até o início da próxima década —sairia de um aporte anual de pouco mais de US$ 5,2 bilhões (R$ 30 bilhões), registrado em 2023, para quase US$ 11 bilhões (R$ 63 bilhões) no ano de 2030, levando o investimento privado a representar 78% do bolo total.
Desse conjunto, já foram realizados cinco leilões de rodovias. Nesta quinta-feira (31), ocorre mais um, o leilão da BR-262, a chamada Rota do Zebu, de Uberaba a Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
"Para fazer frente à necessidade da infraestrutura brasileira, estamos intensificando o ritmo de leilões para garantir o fortalecimento do investimento privado", afirma o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB).
"Também levamos em consideração um crescimento menor do investimento público para cumprir o que foi pactuado no arcabouço fiscal, pois o investimento público é limitado pelo equilíbrio das contas públicas."
Renan Filho ressalta que o atual governo, em apenas um ano e dez meses, já está no sexto leilão de rodovias, igualando a marca alcançada pelo governo anterior. Já há editais para mais cinco certames, o que vai elevar o número de concessões para 11 em dois anos de governo.
"Neste momento, o Brasil tem o maior programa de concessões de rodovias do mundo, o que inclusive tem estimulado competição e atraído novos investidores", afirma. No leilão desta quinta, exemplifica o ministro, estão os estreantes BTG Pactual e Kinea Investimentos.
As projeções para aumento do capital privado no Brasil foram apresentadas por Gabriela Avelino, subsecretária de Fomento e Planejamento do Ministério dos Transportes, durante o primeiro Fórum de Seguros Brasil-Reino Unido, promovido na embaixada brasileira em Londres pela CNSeg (Confederação Nacional das Seguradoras) e a ABI (sigla em inglês para Associação Britânica de Seguradoras).
Segundo Avelino, o governo trabalhou com uma série de instrumentos para elevar a segurança dos investidores privados em infraestrutura. "Fizemos um ciclo de aprimoramento regulatório que deixa os projetos mais interessantes", afirma ela.
A lista de aperfeiçoamentos inclui mudanças como padronização de contratos, novas regras para evitar embates judiciais, mecanismo de proteção contra a variação cambial e ampliação do seguro-garantia para obras de infraestrutura.
Essa modalidade de seguro-garantia está em fase de implantação no Brasil. A nova legislação sobre o tema prevê que, para assumir a concessão, os empreendedores precisam apresentar uma apólice que cubra até 30% do empreendimento. Com isso, a seguradora se torna uma espécie de fiscal da viabilidade do projeto, pois precisa avaliar e validar a proposta do investidor, além de acompanhar a obra.
"Como a seguradora é parceira no risco, não emite a apólice e vai embora —ela avalia toda a execução do contrato", explica Leonardo Deeke Boguszewski, presidente do conselho de administração da Junto Seguros, que atua no segmento de garantias.
O seguro-garantia de infraestrutura foi tema de debate em um dos painéis do evento em Londres também para atrair empresas do setor, pois demanda resseguro —modalidade que representa uma espécie de seguro do seguro, feita para compartilhamento de riscos.
"A ampliação da capacidade de seguro-garantia é essencial para continuidade futura das obras no Brasil, e o desafio é o setor de seguros conseguir acompanhar a demanda", afirma Dyogo Oliveira, ex-ministro do Planejamento e hoje presidente da CNSeg.
A expectativa é que o seguro-garantia de infraestrutura previna a paralisação das obras no setor. Hoje, cerca de 40% das obras públicas no Brasil estão paradas.
Segundo a CNSeg, de janeiro e agosto deste ano, o segmento arrecadou R$ 3,3 bilhões. A expectativa é que termine o ano com alta de 29,1% em relação a 2023, quando somou R$ 4,3 bilhões. A entidade estima que a demanda adicional com as obras do PAC poderia subir mais R$ 5 a 10 bilhões até 2030.
A repórter viajou a Londres a convite da CNSeg
Lula recebe Evandro, Camilo, Cid e Elmano todos vestidos do mesmo jeito: ‘Não combinamos’
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O presidente Lula (PT) se reuniu, nesta terça-feira (29), em Brasília, com o prefeito eleito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), o governador Elmano de Freitas (PT), o senador Cid Gomes (PSB) e o deputado federal José Guimarães (PT). Para além dos aspectos políticos, a vestimenta dos aliados chamou a atenção de quem viu a foto do momento.
Todos os políticos estavam vestidos de gravata vermelha, terno azul e camisa branca. O próprio Lula brincou com a situação. “Não combinamos as gravatas, mas acertamos na cor”, escreveu na legenda da publicação sobre a reunião.
O objetivo do encontro foi debater o contexto político cearense, no qual Fortaleza se tornou a única capital em que um petista foi eleito. A ideia é reforçar o alinhamento entre Governo Federal, Governo do Estado e Prefeitura de Fortaleza – todos comandados por representantes da legenda.
“Com muita alegria, recebi o prefeito eleito de Fortaleza, Evandro Leitão, ao lado do governador Elmano de Freitas e do ministro Camilo Santana. Assim como trabalhamos pelo Brasil, vamos fazer ainda mais pelo Ceará”, ressaltou Lula.
“Juntos para o Ceará continuar avançando e Fortaleza se tornar a capital das oportunidades”, escreveu Elmano nos comentários da publicação.
O prefeito eleito também comentou na postagem. “Obrigado pelo apoio e confiança, presidente Lula. Vamos trabalhar por uma Fortaleza mais igualitária e com mais oportunidades para todos. Estamos juntos”, destacou Evandro.
Brasil estuda enviar combustível e ajuda a Cuba em meio a apagões na ilha
Mayara Paixão / FOLHA DE SP
O Brasil estuda a possibilidade de enviar combustível, alimentos e remédios a Cuba em meio aos apagões registrados na ilha.
Segundo o relato de interlocutores à reportagem, o tema foi abordado nesta terça-feira (29) pelo chanceler Mauro Vieira com seu homólogo cubano, Bruno Rodríguez, em Nova York (EUA), onde ambos estão para participar em reuniões na sede das Nações Unidas.
Ao retornar ao Brasil, Vieira deve abordar o tema com outros ministérios. O entrave é como enviar os itens à ilha sem ferir o embargo histórico estabelecido pelos Estados Unidos.
Neste sentido, o governo Lula (PT) deve estudar a forma com que o México, agora presidido por Claudia Sheinbaum, tentará também enviar apoio humanitário à ilha caribenha.
Há semanas, Cuba, governada pelo regime comunista hoje sob a batuta de Miguel Díaz-Canel, vive uma crise elétrica, com apagões e desabastecimento. O regime culpa o embargo americano pela situação.
No início da semana passada, a ilha foi atingida pelo furacão Oscar em meio à falta de energia, que já durava, àquela altura, quatro dias em quase todo o país, causando transtorno à população.
"É evidente que as severas sanções impostas injustificadamente a Cuba, tanto pelo embargo quanto por sua inclusão na lista de Estados patrocinadores do terrorismo, contribuíram ainda mais para agravar essa situação", disse Vieira na ONU.
"Essas medidas, que já penalizam injustamente o povo cubano, agora impedem uma resposta adequada à crise humanitária gerada pelo furacão."
Historicamente a diplomacia brasileira se coloca contra o embargo americano e vota nas Nações Unidas pelo fim dessas medidas.
Em audiência de comissão na Câmara dos Deputados nesta terça, o assessor da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, também criticou as medidas impostas pelos EUA, mas citando as que miram a Venezuela e o regime de Nicolás Maduro.
"A causa principal dessa pobreza [venezuelana] não é só o governo venezuelano. Vá lá que ele tenha sua parcela de culpa, não vou também isentar [o regime]. Mas [a causa] são as sanções brutais, unilaterais e ilegais impostas por uma grande potência à Venezuela", disse Amorim em resposta a perguntas de deputados.
Em setembro de 2023, Lula já havia chamado o embargo americano a Havana de ilegal. "Cuba tem sido defensora de uma governança global mais justa. E até hoje é vítima de um embargo econômico ilegal", disse.
"O Brasil é contra qualquer medida coercitiva de caráter unilateral. Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo", afirmou, em visita à capital cubana.
O embargo americano a Cuba é um emaranhado de legislações, algumas por iniciativa do Congresso americano, outras do Executivo, que começaram a ser implementadas na década de 1960 como forma de retaliação política às mudanças postas em prática pela Revolução Cubana —sendo a principal a desapropriação de terras, muitas de posse dos americanos, para fins de reforma agrária.
Em fevereiro de 1962, o então presidente John F. Kennedy conferiu arcabouço legal ao embargo: proibiu todas as importações de produtos de origem cubana e aquelas feitas por meio do país caribenho.
Na década de 1990, novas legislações estenderam a jurisdição dos tribunais americanos para fora de suas fronteiras, o que inibe empresas e instituições de fazerem negócios com Havan com receio de que sejam processadas nos EUA.
Vagas em agências reguladoras provocam disputa interna no governo e no Congresso
Por Gabriel Hirabahasi (Broadcast), Renan Monteiro (Broadcast), Luiz Araújo (Broadcast) e Caio Spechoto (Broadcast) / O ESTADÃO DE SP
BRASÍLIA - A vacância de nove diretorias em agências reguladoras e de mais oito que vão abrir até o fim do ano tem provocado disputas internas no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e entre senadores da base de apoio ao governo no Congresso.
Procurada pelo Estadão/Broadcast, a Secretaria de Relações Institucionais afirmou que a forma das indicações será pactuada com o Legislativo: “O diálogo vai permanecer agora com a retomada do Congresso”.
A ideia na cúpula do Executivo é negociar as indicações em uma só leva, em vez de abrir conversas individuais para cada posto. As discussões devem ser retomadas agora, depois das eleições municipais, com a volta plena dos trabalhos do Senado, o responsável por aprovar ou rejeitar as indicações. O Planalto tenta evitar um atrelamento dessas nomeações às eleições para os comandos tanto do Senado quanto da Câmara, no início do ano que vem.
O grande número de vagas abertas entrou no radar diante do desgaste envolvendo os apagões em São Paulo. Como mostrou o Estadão/Broadcast, o governo Lula avalia trazer de volta um mecanismo que possibilitava ao Executivo pactuar metas com as agências reguladoras e, no limite, punir seus integrantes. As indicações às agências reguladoras são disputadas porque esses órgãos têm o poder de regular setores importantes da economia sem responder diretamente à cúpula do governo federal.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira tem ganhado influência no governo e tenta emplacar pelo menos dois indicados em agências estratégicas do setor — a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Para a Aneel, o nome escolhido por Silveira é o do atual secretário de Energia Elétrica do ministério, Gentil Nogueira. A reportagem apurou que a negociação se encontra travada por negociação com congressistas.
Para a ANP, o escolhido pelo ministro é o atual secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, Pietro Mendes. Neste caso, de acordo com pessoas próximas às negociações ouvidas pela reportagem, o entrave se encontrava no Palácio do Planalto, que não deu aval de imediato para a indicação. Procurado, o ministério não respondeu até a publicação desta reportagem.
Há um outro nome na disputa: o de Allan Kardec, atual presidente da Gasmar, que conta com apoio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, do ex-presidente José Sarney e do governador do Maranhão, Carlos Brandão, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Mas, nesse caso, houve uma disputa com o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que, segundo pessoas ouvidas pela reportagem, apresentou sugestões ao Palácio do Planalto. Procurados, o ministro Flávio Dino disse que não iria comentar, e o senador Davi Alcolumbre e o governador Carlos Brandão não responderam até a publicação desta reportagem.
O Ministério de Minas e Energia também tenta emplacar Artur Watt Neto para uma outra cadeira na ANP. Procurador-federal da Advocacia-Geral da União (AGU) e consultor jurídico da PPSA, Watt Neto teve seu nome levado à pasta pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), líder interino do governo no Senado. procurado, o senador Otto Alencar disse que não iria comentar.
Há também embates na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) entre os ministros dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e da Defesa, José Múcio. Há duas vagas a serem preenchidas. Para a presidência da diretoria, Costa Filho apoia a oficialização do nome de Tiago Souza Pereira, que ocupa o cargo interinamente desde 2023. Múcio, por sua vez, apoia a indicação do major-brigadeiro do ar Rui Chagas Mesquita como diretor e, na sequência, como presidente. Para a outra vaga de diretor, a reportagem apurou que o ministro de Portos e Aeroportos tem intenção de indicar Caio Cavalcanti Ramos, servidor de carreira do BNDES. Procurados, os ministros Silvio Costa Filho, de Porto e Aeroportos, e José Múcio, da Defesa, não responderam até a publicação desta reportagem.
Na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, apresentou um nome ao governo, que ainda não bateu o martelo sobre a indicação. O escolhido por Juscelino é o gerente jurídico da Telebras, Edson Holanda. Em nota, o Ministério das Comunicações apenas esclareceu que, “conforme a Lei n° 9.986, todos os membros do conselho diretor das agências reguladoras são indicados e nomeados pela Presidência da República, após aprovação pelo Senado Federal”.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) terá três vagas até o fim do ano. A reportagem ouviu cerca de dez nomes especulados, mas dois seriam mais fortes: Daniela Marreco, que hoje trabalha no gabinete do diretor-presidente e teria apoio de senadores como Ciro Nogueira e Davi Alcolumbre, além de farmacêuticas internacionais e algumas nacionais; e Leandro Safatle, secretário adjunto de Ciência, Tecnologia e Inovação do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, que seria o nome do Ministério da Saúde e teria apoio de farmacêuticas, principalmente nacionais. Procurados, o Ministério da Saúde e o senador Ciro Nogueira não responderam até a publicação desta reportagem.
No caso da Anvisa, uma das vagas será de diretor-presidente. Antonio Barra Torres, militar indicado para o cargo por Jair Bolsonaro, deixa o posto em dezembro. Isso faz com que seja possível a nomeação de algum diretor atual para o principal posto da agência, uma espécie de promoção. Nessa hipótese, são mencionados os nomes da atual diretora Meiruze Sousa Freitas e o do diretor Daniel Meirelles — esse último também teria a simpatia de Alcolumbre.
Governo Lula enfrenta pressão rumo ao centro após resultado da eleição
Aliados do presidente Lula (PT) e integrantes do governo federal apostam que a atual gestão deverá fazer um movimento em direção ao centro, como resultado do segundo turno das eleições municipais e seguindo o apelo de líderes que integram a base governista.
A leitura é que o pleito municipal deixou claro que o país buscou fugir da polarização entre direita e esquerda e acabou fortalecendo os partidos de centro, como PSD, MDB e União Brasil, que agora ganham poder de barganha para exigir mudanças de rumo como condição para seguirem no governo e se alinharem em 2026.
Com a gestão Lula sob pressão, a lista de reivindicações de integrantes dessas siglas inclui a influência sobre uma esperada reforma ministerial nos próximos meses, a solução de problemas que emperram a liberação de emendas parlamentares, mudanças na articulação política e a adoção de uma posição mais clara sobre a política econômica do governo.
Além disso, aconselham que o governo deixe de lado, por enquanto, a agenda mais identitária, de esquerda, para evitar ruídos.
Esses partidos afirmam que a frente ampla não pode ser apenas um adesismo ao governo. Precisa refletir as visões dessas siglas, em um projeto conjunto.
O resultado do segundo turno ressaltou a fragilidade dos partidos de esquerda e centro-esquerda, que compõem a base mais ideológica do governo Lula. O PT teve como único troféu nas capitais a conquista de Fortaleza.
Nas palavras do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), o partido "ainda não saiu do Z4 [zona do rebaixamento] que entrou em 2016 nas eleições municipais".
Por outro lado, as siglas de centro foram apontadas como as grandes vitoriosas O PSD de Gilberto Kassab é o partido com mais municípios sob seu comando a partir de 2025, com 887 prefeituras —aparecem na sequência MDB e PP, com 856 e 747.
"O PSD se consolidou como partido de centro", avalia Kassab.
Todos esses partidos integram a base de apoio de Lula e estão à frente de ministérios.
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), por sua vez, mostrou incômodo com a avaliação de integrantes do governo e cobrou apoio para as eleições de 2026
"Espero que a vitória dos partidos que compõem a base, que está sendo computada como vitória do governo, possa se traduzir em apoio em 2026, para além do que já havia em 2022", disse Gleisi.
A parlamentar ainda atacou publicamente Padilha, pelo comentário de o PT estar no Z4.
"Pagamos o preço, como partido, de estar num governo de ampla coalizão. E estamos numa ofensiva da extrema direita. Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças", disse Gleisi, no X.
Na avaliação do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, o recado das urnas é que a população quer distância do extremismo. Para as eleições de 2026, diz ele, a força não é de esquerda nem de extrema direita, mas de centro, pendendo à direita.
Por isso, seria necessário um pacto com os partidos que saíram fortalecidos da eleição. Esse acordo exigiria ajustar a articulação do governo no Congresso. "Acho que o [Alexandre] Padillha poderia fazer muito mais."
Líderes partidários e integrantes do governo de siglas de centro pedem que a gestão tome uma posição centrista mais clara e dizem que Lula já está convencido de que precisa de uma postura mais pragmática e menos identitária para manter sólidas alianças para 2026.
"A capacidade de gestão prevaleceu sobre o ideológico", diz o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), sobre o resultado das eleições.
Exaltando o desempenho de seu partido, o presidente do MDB, Baleia Rossi, afirma que o resultado da eleição aponta para o fortalecimento da moderação e defende que o esforço do governo seja para a melhoria da vida das pessoas.
"Economia estável só alcança as pessoas se houver resultado na vida real", diz. Sobre as projeções para 2026, lembra que nem sempre a eleição do presidente repete a disputa municipal e há ainda muitos pontos a serem avaliados.
As siglas também vão pressionar para terem atendidas outras demandas que valorizem os resultados do pleito municipal. Uma delas é devolver a autonomia de deputados e senadores em relação às emendas.
Aliados ainda apontam que o governo deveria "rejuvenescer", levando para alguns ministérios, e em particular para o Planalto, nomes mais jovens dos partidos que integram a base aliada. Defendem, como a Folha mostrou, a indicação do atual ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) para assumir a Secretaria de Relações Institucionais e, portanto, a articulação política.
Um interlocutor aponta que os partidos não devem aumentar o número de pastas, mas que uma reforma ministerial serviria para revalidar nomes e ver quais ainda seguem com prestígio dentro de seus partidos.
Outra demanda é que o governo federal adote um discurso mais claro sobre a política econômica do governo federal. A visão é de que há um comportamento dúbio na própria comunicação, com o mandatário afirmando apoiar a agenda do ministro Fernando Haddad (Fazenda), mas com ele próprio e alguns ministros também defendendo publicamente uma política econômica mais desenvolvimentista.
MDB e PSD controlarão 38% dos orçamentos municipais a partir de 2025
O MDB e o PSD se consolidaram neste domingo (27) como os principais vencedores das eleições municipais de 2024. Juntas, as siglas controlarão mais de um terço do caixa (38%) das prefeituras brasileiras a partir do próximo ano. Esse valor corresponde a R$ 489 bilhões.
A diferença entre os dois partidos é de R$ 20 bilhões. O MDB irá comandar R$ 254 bilhões dos orçamentos municipais (19,7%), enquanto a fatia do PSD será de R$ 234 bilhões (18,1%).
Parte significativa do orçamento sob gestão do MDB no próximo ano se deve à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que derrotou Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo. O orçamento de R$ 107 bilhões, maior do país, representa 42% de tudo que estará sob decisão da sigla.
Além de São Paulo, ficam sob responsabilidade do partido as capitais Porto Alegre, Belém, Boa Vista e Macapá, que juntas representam R$ 22 bilhões.
O PSD, que conquistou o maior número de prefeituras do país, também controla grandes orçamentos. Um terço do montante do partido de Gilberto Kassab vem de cincocapitais, sendo o Rio de Janeiro a maior delas –R$ 46 bilhões foi o orçamento de 2023.
A cidade será novamente comandada por Eduardo Paes, reeleito no primeiro turno com 60,5% dos votos válidos (1.861.856 votos).
Além de Paes, foram reeleitos pelo PSD em capitais Eduardo Braide, em São Luís, Topázio Neto, em Florianópolis, Fuad Noman, em Belo Horizonte, e Eduardo Pimentel, em Curitiba. Juntas, essas capitais somam uma receita bruta anual de R$ 42 bilhões.
Outras orçamentos robustos sob gestão do PSD estão nas cidades paulistas São José dos Campos, R$ 4,7 bilhões, e Ribeirão Preto, R$ 4,6 bilhões, além de Londrina (PR), com R$ 3,7 bilhões.
Para a análise dos dados, a Folha usou as receitas brutas de orçamento informadas pelos municípios nas Declarações de Contas Anuais (DCA) do Tesouro Nacional, ligado ao Ministério da Fazenda.
O cenário considera apenas 5.433 cidades que enviaram dados de orçamento referentes a 2023 e que estão com resultado finalizado e válido pela Justiça Eleitoral.
O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro garantiu a terceira maior parcela da divisão do orçamento para o próximo ano. A sigla será responsável por gerir ao menos R$ 163 bilhões.
O partido conquistou quatro capitais, com as reeleições no primeiro turno de Tião Bocalom, em Rio Branco, e João Henrique Caldas, o JHC, em Maceió, além das vitórias em segundo turno do deputado federal Abilio Brunini, em Cuiabá, e da vereadora Emília Corrêa, em Aracaju.
A maior parte do orçamento a ser controlada pelo PL não vem de capitais, mas de cidades de médio e grande porte do interior paulista, como São José do Rio Preto e Mogi das Cruzes, Saquarema (RJ), Itajaí (SC) e Blumenau (SC).
Depois do PL, aparecem União Brasil e PP, que terão respectivos R$ 120 bilhões (9,3%) e R$ 119 bilhões (9,2%) sob seus comandos. A quinta posição é do Republicanos, com uma fatia de 7,4%, que representa R$ 95 bilhões.
O PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece no ranking com uma parcela de 4,7% dos caixas das prefeituras brasileiras a partir do próximo ano. O valor corresponde a R$ 60 bilhões.
A sigla conquistou apenas uma capital nesta eleição, Fortaleza, com a vitória do deputado estadual Evandro Leitão (PT) sobre André Fernandes (PL) por uma diferença de apenas 10.838 votos.
Polícia falhou ao não se preparar para confusão com torcedores no Rio
Por Editorial / O GLOBO
São lamentáveis as cenas de selvageria protagonizadas por torcedores do Peñarol no Rio na manhã de quarta-feira, antes da partida contra o Botafogo pela Copa Libertadores (à noite, o time brasileiro goleou o uruguaio por 5 a 0). Armados com paus e barras de ferro, eles enfrentaram policiais, saquearam e depredaram quiosques, incendiaram veículos e espalharam pânico pela tranquila Praia do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes.
A polícia usou bombas de efeito moral para controlar os baderneiros. Segundo policiais militares, o tumulto começou após a prisão de um torcedor uruguaio acusado de furtar um celular. Outras versões falam numa briga com flamenguistas na praia e em discussões em meio a acusações de racismo.
Certo mesmo é que houve falha grave no planejamento do policiamento antes da partida, apesar dos alertas. Sabia-se onde a torcida uruguaia ficaria concentrada. O próprio prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), disse ter alertado a PM sobre o risco de tumulto. A prefeitura relatou ter sido contra a escolha do Recreio para abrigar os torcedores do Peñarol. “Tentamos mudar de qualquer jeito, oferecemos a área do Parque dos Atletas. Eles mantiveram ali, com a garantia de que haveria polícia, Choque, Bope, e nada disso teve”, disse Paes ao GLOBO.
As falhas foram tão evidentes que o próprio secretário de Segurança do Rio, Victor Cesar Santos, admitiu o erro. “Subestimamos aquele efetivo policial que estava ali, achando que ele poderia agir e conter esses três ônibus parados na orla”, disse. “Lições aprendidas, para que isso não aconteça novamente.” Louve-se a sinceridade do secretário em admitir o erro, mas as lições já deveriam ter sido aprendidas há muito tempo.
Confrontos entre torcidas adversárias são previsíveis. Em setembro, antes da disputa entre Peñarol e Flamengo, houve briga na Praia da Macumba. Há cerca de um ano, torcedores do Boca Juniors e do Fluminense se enfrentaram na Praia de Copacabana, dias antes da final da Libertadores no Maracanã. A polícia precisou intervir com balas de borracha e spray de pimenta. Também em jogos do Campeonato Brasileiro, os tumultos entre torcedores adversários infelizmente são corriqueiros. Não deveriam, portanto, surpreender a polícia.
Depois da chegada de reforços, os policiais conseguiram controlar a confusão. Mais de 280 torcedores foram levados para a Cidade da Polícia. Vinte e dois ficaram detidos — e impedidos de assistir ao jogo. Era o que tinha de ser feito. Os baderneiros precisam responder por seus atos e pelos prejuízos.
Mas o problema não se encerra aí. Falhas de planejamento em grandes eventos esportivos são inaceitáveis, especialmente num país onde o futebol é uma paixão. Nos últimos anos, clubes brasileiros têm sido protagonistas da Libertadores, portanto confrontos semelhantes podem acontecer no Rio ou em outras cidades. Enquanto os próprios clubes não forem punidos, essa será sempre uma situação esperada.
Nova ofensiva de Lula contra as agências
Por Notas & Informações / O ESTADÃO DE SP
O governo Lula da Silva quer usar o caos do recente apagão em São Paulo como pretexto para tentar realizar o antigo sonho do petista de reduzir a autonomia das agências reguladoras, que têm como função disciplinar a prestação de serviços públicos cuja gestão foi privatizada. Se dependesse de Lula, como todos sabem, nem privatizações haveria; como é impossível revertê-las, o demiurgo busca interferir politicamente nas agências para que estas atuem conforme os interesses do governo.
Em guerra declarada com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, usou a crise no fornecimento em São Paulo para confirmar a ideia corrente no governo de alterar o sistema legal de mandatos não coincidentes entre diretores de agências e o presidente da República. A assincronia de mandatos é essencial à autonomia funcional, decisória e administrativa das agências para, como diz a lei, garantir a “ausência de tutela ou de subordinação hierárquica” ao governo de ocasião.
Em entrevista recente, buscando justificar o empenho na mudança da natureza das agências, Silveira declarou que os reguladores não estariam apenas usufruindo de autonomia, mas de “supremacia, soberania individualizada”. E defendeu a extinção dos mandatos, para que diretores possam ser nomeados e demitidos a qualquer tempo. Lula da Silva já pediu à Advocacia-Geral da União estudo sobre a possibilidade de mudança no modelo.
Por trás da campanha depreciativa está o traço autocrático de um governo que não admite instituições fiscalizadoras de Estado que atuem sem o jugo do Planalto. Sem tirar nem pôr, é a mesma reação à autonomia do Banco Central, até agora impassível diante dos repetidos apelos populistas de Lula para baixar a todo custo a taxa de juros. A Aneel é mais um exemplo da tentativa de impor subserviência a órgãos cujo desempenho é baseado na independência.
Outro caso a ilustrar a tendência é o da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Para ocupar a direção-geral, com o término do atual mandato em dezembro, deve ser indicado o secretário de Petróleo e Gás do MME, Pietro Mendes, que preside o Conselho de Administração da Petrobras, nomeação que contrariou impedimentos internos da petroleira.
O truque usado pelo governo Lula da Silva, como se sabe, foi se valer de uma liminar do então ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski – hoje ministro da Justiça de Lula – para desconsiderar o conflito de interesses e manter o secretário de Silveira na Petrobras.
Com Mendes à frente da ANP, o governo almeja, por certo, passar a contar com uma parceria sem o contraditório em políticas de seu interesse, como os critérios de exigência de conteúdo local, por exemplo. A intenção parece ser a de transformar os reguladores em apêndices do governo, desprezando seu verdadeiro papel. Criadas a partir de 1997, no governo FHC, as agências foram consequência da privatização de serviços públicos, com o objetivo de garantir a boa prestação desses serviços. Não é de hoje que essa atuação incomoda o lulopetismo.
A primeira tentativa de Lula de tirar-lhes a autonomia foi em 2003, quando constituiu um grupo de trabalho para discutir um novo formato de atuação. Como sói acontecer com “grupos de trabalho” no governo, não deu em nada. Em 2007, em meio a uma crise na aviação civil, houve nova investida para emplacar o projeto que transferia poder das agências aos ministérios. Do mesmo modo que agora, com a Aneel, na ocasião o governo endureceu as críticas à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) durante o “apagão aéreo” que se seguiu à queda de um avião da Gol após a colisão com um jato Legacy, que causou 154 mortes. Também daquela vez, a ofensiva não surtiu efeito.
O oportunismo em situações de crise para tentar mudar a atividade reguladora não é, portanto, novidade no lulopetismo. Se empenho semelhante fosse concentrado em indicações eminentemente técnicas – e não de apadrinhados políticos – para cargos ainda vagos nas agências, o Brasil sairia ganhando. Também ajudaria se recompusesse o pessoal das agências, já que estão desfalcadas de um terço de suas equipes e têm dificuldade extra de cumprir sua importante função.