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PF faz 66 ações de busca e apreensão contra fraudes no INSS e sindicato de irmão de Lula é um dos alvos; veja vídeo

Constança Rezende / FOLHA DE SP

 

Polícia Federal cumpre nesta quinta-feira (9) uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga esquema de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões.

Um dos alvos dos pedidos de busca e apreensão é o Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), em que o irmão do presidente Lula (PT) José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, é o vice-presidente. Ele, porém, não está entre os alvos da ação.

O ministro André Mendonça, do STF, relator do caso, autorizou ao total 66 mandados de busca e apreensão. A PF realiza a operação em São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia e Distrito Federal.

De acordo com nota divulgada pela PF, o objetivo é aprofundar as apurações sobre supostos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, organização criminosa e ocultação e dilapidação patrimonial.

Os advogados da associação divulgaram nota em que manifestaram surpresa com o cumprimento de mandados de busca e apreensão em sua sede em São Paulo, bem como na casa de seu presidente e de alguns diretores.

Também afirmaram que não tiveram acesso ao inquérito policial, ao conteúdo das razões da representação policial, ou dos fundamentos da decisão que autorizou a deflagração da medida cautelar.

Apesar disso, a defesa declarou "absoluto repúdio e indignação com quaisquer alegações de que foram praticados delitos em sua administração ou que foram realizados descontos indevidos de seus associados".

"A exemplo do procedimento adotado nas demais demandas judiciais, o Sindnapi comprovará a lisura e legalidade de sua atuação, sempre em prol de seus associados, garantindo-lhes a dignidade e respeito que são devidos", escreveu.

O Sindnapi foi incluído pela Polícia Federal no rol de investigados por supostas fraudes em descontos de benefícios previdenciários.

Mas a entidade acabou ficando fora da lista de associações consideradas como o núcleo do esquema de fraudes em ação movida pela AGU (Advocacia-Geral da União). Nessa ação, é solicitado o bloqueio de R$ 2,5 bilhões das entidades.

De acordo com o TCU (Tribunal de Contas da União), o número de associados ligados ao Sindnapi passou de 237,7 mil em dezembro de 2021 para 366,2 mil em dezembro de 2023. Em fevereiro deste ano, foram 207,6 mil descontos em folha para a entidade.

Quando divulgou a lista de 12 entidades consideradas como "núcleo do esquema de fraudes", a AGU informou que o recorte foi realizado pelo INSS, considerando a existência de "fortes indícios de terem sido criadas com o único propósito de praticar a fraude" (entidade de fachada).

Outro ponto, ainda segundo a AGU, foi a existência de "fortes indícios de pagamento de vantagem indevida a agentes públicos para autorizarem os descontos indevidos".

 

Antes de chegar à vice-presidência da entidade, Frei Chico era um dos diretores, sendo responsável por acompanhar processos de anistia de associados perseguidos pelo regime militar.

PORSE APREENDIDO NA OPERAÇÃO SEM DESCONTO

Um terço dos trabalhadores recebe até 1 salário mínimo no Brasil, indica Censo

Fernando Canzian , Leonardo Vieceli , Natália Santos e Tiago Cardoso / FOLHA DESP

 

São Paulo e Rio de Janeiro

renda do trabalho era de até um salário mínimo para 35,3% da população ocupada no Brasil em 2022. Isso significa que um terço da mão de obra do país, cerca de31,3 milhões de pessoas, ganhava até R$ 1.212 por mês à época.

Desse grupo, 52,4% era pardo e 32,8%, branco.

Os dados integram um novo recorte do Censo Demográfico 2022 divulgado nesta quinta (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

 

As informações consideram valores nominais –ou seja, sem o ajuste pela inflação. Como o levantamento é relativo a 2022, não capta toda a recuperação do emprego e da renda após as restrições da pandemia.

Ao divulgar os números, o IBGE procurou chamar a atenção para as disparidades existentes dentro do país. Enquanto 35,3% dos ocupados recebiam no máximo um salário mínimo, apenas 7,6% dos

O cenário de 2022 não difere substancialmente da situação encontrada no Censo 2010 para os que recebiam no máximo um salário mínimo. Na época, 36,4% das pessoas ocupadas estavam nessa faixa.

A diferença maior está na parcela da população que recebia uma quantia superior a cinco salários mínimos. Em 2010, esses trabalhadores correspondiam a 9,6%, o que mostra uma queda de dois pontos percentuais entre os levantamentos.

Na média do Brasil, o rendimento do trabalho da população ocupada foi de R$ 2.851 em 2022. O Centro-Oeste teve o maior patamar das regiões (R$ 3.292), superando a média brasileira.

A região é conhecida pela presença do agronegócio, que ganhou força ao longo das últimas décadas, e do setor público no Distrito Federal, onde estão alguns dos maiores salários do país.

Sul (R$ 3.190) e Sudeste (R$ 3.154) também mostraram rendimentos do trabalho acima da média nacional em 2022, enquanto Norte (R$ 2.238) e Nordeste (R$ 2.015) ficaram abaixo. "A gente vê essa diferença regional bem forte", afirmou João Hallak Neto, analista do IBGE.

 

Para Marcos Hecksher, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o fato de um terço da população ter renda equivalente a até um salário mínimo reflete o forte grau de informalidade no país.

"A informalidade é uma questão permanente há muito tempo no Brasil, que não conseguiu superar essa questão", diz Hecksher.

Para Marcelo Neri, diretor do FGV Social, como os dados são relativos a 2022, eles não captam o que vem ocorrendo no mercado de trabalho nos últimos anos. "Mais recentemente, a renda cresce mais rapidamente na base da pirâmide, e há falta de mão de obra, por exemplo, em áreas como construção civil e agropecuária", diz.

No ano passado, a metade mais pobre dos trabalhadores foi a que mais teve alta nos rendimentos: 10,7% acima da inflação, superando os 8,7% da classe média e os 6,7% do decil no topo da pirâmide. Na média geral, a renda do trabalho formal e informal subiu 7,1%, segundo dados da Pnad Contínua do IBGE compilados pela FGV Social.

Conforme o Censo 2022, o rendimento médio do trabalho era inferior a um salário mínimo (R$ 1.212) em 520 municípios, ou 9,3% do total. Por outro lado, superava quatro salários mínimos (R$ 4.848) em apenas 19 cidades, todas no Sudeste ou no Sul.

 

O município mineiro de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, teve a maior renda do trabalho do país: R$ 6.929. Os paulistas São Caetano do Sul (R$ 6.167) e Santana de Parnaíba (R$ 6.081) vieram na sequência.

Já a região Nordeste concentrava os municípios com os menores rendimentos médios do trabalho em 2022. Cachoeira Grande (R$ 759), no Maranhão, Caraúbas do Piauí (R$ 788), no Piauí, e Mulungu do Morro (R$ 805), na Bahia, registraram os valores mais baixos.

O IBGE não divulgou dados comparáveis do recenseamento anterior, que ocorreu em 2010. De acordo com o órgão, o levantamento teve mudanças metodológicas em 2022.

A comparação entre as duas pesquisas exigiria o que o IBGE chamou de "compatibilização" dos conceitos, ainda não disponível para todos os recortes.

Em 2010, a definição de pessoas ocupadas incluiu aquelas que produziam bens destinados exclusivamente à alimentação no domicílio (próprio consumo), e a análise do mercado de trabalho foi realizada para a população de dez anos ou mais.

 

O Censo 2022 também captou informações sobre o próprio consumo, mas não as incorporou na avaliação do trabalho, afirmou o IBGE. Além disso, a contagem mais recente se concentrou nas pessoas ocupadas de 14 anos ou mais.

As mudanças, segundo o instituto, seguiram recomendações internacionais e diretrizes de outra pesquisa do órgão, a Pnad Contínua.

RAÇA

Do um terço que recebia um salário mínimo ou menos, a maior parte era composta por pardos e brancos, que representam 52,4% e 32,8% do grupo, respectivamente. Pretos respondem por 13,9%, indígenas por 0,6% e amarelos, 0,2%. Esse recorte considera pessoas de dez anos ou mais ocupadas na semana de referência.

O cenário casa com o retrato racial do Brasil, já que os pardos são a maior parte da população brasileira, representando 45,3%. Os brancos compõem a segunda maior parcela (43,5%). As pessoas que se autodeclararam pretas são 10,2%. Indígenas e amarelos são, respectivamente, 0,6% e 0,4% dos brasileiros.

Ao olhar exclusivamente para a raça dos brasileiros ocupados, 43,4% dos pardos recebiam um salário mínimo ou menos, número quase semelhante ao de pretos que recebiam a mesma quantia (43,3%).

Entre os brasileiros ocupados brancos, 25,8% recebiam um salário mínimo ou menos. Entre os indígenas ocupados, o percentual é de 57,3%, e entre os amarelos, de 17,7%.

 

DIFERENÇAS APARECEM ALÉM DO TRABALHO

Os dados publicados nesta quinta ainda trazem a média do rendimento domiciliar per capita (por pessoa) de todas as fontes (trabalho e outras).

As outras fontes podem incluir benefícios sociais, pensões e aposentadorias, por exemplo. O recenseamento, contudo, só detalha os números do trabalho.

A média de todas as fontes no país foi de R$ 1.638 em 2022. Nesse indicador, a região Sul teve o maior patamar (R$ 2.058), seguida por Centro-Oeste (R$ 1.953) e Sudeste (R$ 1.910).

O trio mostrou valores acima da média nacional. Nordeste (R$ 1.072) e Norte (R$ 1.075) ficaram abaixo.

O município mineiro de Nova Lima também ficou com a liderança do ranking das cidades nesse indicador (R$ 4.300). O menor patamar foi encontrado em Uiramutã (R$ 289), em Roraima (a 314 km de Boa Vista).

O município do Norte tem a maior proporção de indígenas do país, de acordo com dados do Censo divulgados anteriormente pelo IBGE.

Os indígenas registraram a menor renda domiciliar per capita do Brasil no recorte de cor ou raça: R$ 669 por mês em 2022. Já os amarelos mostraram o patamar mais elevado: R$ 3.520.

Na população branca, a renda per capita de todas as fontes ficou em R$ 2.207. É quase o dobro da registrada entre os pretos (R$ 1.198) e os pardos (R$ 1.190).

O instituto afirma que 13,3% da população brasileira possuía rendimento domiciliar per capita de até um quarto do salário mínimo (R$ 303) em 2022.

Nas regiões Norte e Nordeste, o percentual chegava a 23,3% e 22,4%, respectivamente. O Sul teve a menor proporção (5,4%).

 

A parcela de pessoas com rendimento domiciliar per capita de até um quarto do salário mínimo era mais baixa entre amarelos (6,6%) e brancos (8,7%) e consideravelmente maior entre indígenas (41%), pardos (17%) e pretos (14,9%).

 

Governo vai cortar emendas parlamentares e PT intensifica campanha de ricos contra pobres nas redes

Por Vera Rosa / O ESTADÃO DE SP

 

BRASÍLIA – O governo Lula deve bloquear aproximadamente R$ 10 bilhões em emendas parlamentares para compensar o “buraco” na arrecadação que ocorrerá após a rejeição da Medida Provisória destinada a reforçar o caixa federal em 2026, ano de eleições.

 

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), admitiu que, a partir de agora, o bloqueio das emendas está nos planos da equipe econômica. “Haverá contingenciamento de R$ 7 bilhões a R$ 10 bilhões só de emendas. Vamos buscar alternativas para manter a arrecadação, mas essa é uma consequência inevitável”, afirmou Randolfe.

A MP que propunha alternativas a um aumento maior do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) “caducava” nesta quarta-feira, 8, mas foi retirada de pauta em votação na Câmara, no início da noite.

A derrota do Palácio do Planalto ficou evidente antes mesmo do placar de 251 a 193 votos para que o plenário nem sequer analisasse a MP. A aliança entre o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro e o Centrão, “contra o aumento de impostos”, foi decisiva para o resultado.

 

Oposição chama medida de ‘MP Taxa Tudo’

A Medida Provisória que aumentava a tributação de bets e fintechs, além de alguns ativos financeiros, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Agropecuário (LCA), recebeu até mesmo o carimbo de “MP Taxa Tudo”.

 

Após o governo sofrer mais um revés, ministros do PT avaliaram, sob reserva, que o Planalto intensificará a disputa política, a exemplo do que ocorreu no mês passado, quando manifestações nas ruas obrigaram o Senado a enterrar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem.

 

Agora, o PT vai ampliar a campanha da “taxação BBB” e de ricos contra pobres nas redes sociais, ressuscitando o mote “Congresso inimigo do povo”. A mensagem é a de que “bilionários, bancos e bets” precisam pagar mais impostos para custear a isenção do Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil.

 

A propaganda que começa a ser exibida pelo PT nesta quinta-feira, 9, por exemplo, irá nesta linha. “Que País você quer? O que mantém privilégios para os super-ricos? Ou o que taxa quem é bilionário para zerar o imposto de quem ganha menos?”, questiona o partido de Lula na inserção comercial.

 

Na tentativa de aprovar a MP que aumentava a arrecadação federal, o governo chegou a abrir mão de elevar a tributação sobre as plataformas de apostas online, as chamadas bets. Não adiantou.

 

“A aliança do PL com o Centrão para defender a anistia (ao ex-presidente Jair Bolsonaro) e a PEC da Blindagem contou com a reação das ruas. Vocês estão novamente dando um tiro no pé”, disse na tribuna o deputado Lindbergh Farias (RJ), líder do PT na Câmara, dirigindo-se aos colegas que rejeitaram a Medida Provisória. “Estão morrendo de medo do Lula e do desempenho do governo. O nome disso que os senhores fazem aqui é molecagem.”

 

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou, por sua vez, que “ameaças” do governo de bloquear emendas não vão funcionar. “Este governo está à deriva. Ameaçou tirar cargos, agora fala em cortar emendas, mas a verdade é que o Brasil não aumenta mais pagar impostos”, insistiu Sóstenes.

Após aumentar tom contra Lula, União e PP se juntam e lideram derrota do governo na Câmara

Por Dimitrius Dantas — Brasília / O GLOBO

 

Em meio a uma disputa com o Palácio do Planalto sobre a permanência dos ministros André Fufuca e Celso Sabino no governo federal, o União Brasil e o PP, em aliança com a oposição, foram os principais responsáveis pela derrota sofrida pelo presidente Lula nesta quarta-feira, na Câmara dos Deputados. A rejeição da medida provisória que substituía o aumento do IOF, e que pode gerar um rombo de R$ 42,3 bilhões nos próximos anos, foi o resultado de uma articulação das lideranças das duas siglas após a desobediência dos dois ministros, que se recusaram a deixar seus cargos.

 

A medida provisória foi derrotada com um placar de 251 a 193. Os deputados votaram um requerimento para retirar o projeto de pauta o que, , como o prazo para a apreciação da medida provisória irá expirar, na prática, o voto foi pela rejeição do projeto. A votação agrava ainda mais o impasse do governo com duas das principais siglas do Centrão. Lideranças governistas classificaram a articulação de União e PP de sabotagem eleitoral para favorecer o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, preferido dos dois partidos para ser o adversário de Lula nas eleições do ano que vem.

 

No PP, 97% votaram pela derrubada da medida provisória e no União Brasil, 90% — desconsiderando os deputados ausentes. Dos 92 votos somados das duas siglas, 86 foram contra a medida do governo federal. O posicionamento das duas legendas foi um contraste com o comportamento de outros partidos alinhados ao Centrão e também com ministérios no governo Lula, por exemplo.

 

O MDB e o PSD, por exemplo, se dividiram: nos dois partidos, cerca de 53% dos deputados votaram a favor e 47% contra. Mesmo o Republicanos, partido do governador Tarcísio de Freitas, embora tenha se posicionado majoritariamente contra a proposta, registrou dissidências à orientação do partido: 25% dos parlamentares do partido votaram a favor do governo.

 

Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a postura de União Brasil e PP, que ameaçam punir ou até mesmo expulsar Celso Sabino e André Fufuca, respectivamente, caso eles mantenham a decisão de continuar no governo.

 

— Se as coisas estão dando certo, por que mexer? Por que essa pequenez de achar que atrapalhar um bom ministro que está fazendo um bom trabalho? Foi raiva? Foi inveja? Quando chegar a época das eleições, cada um vai para o canto que quiser — disse Lula.

 

A decisão do governo Lula de endurecer o tom com os partidos do Centrão ocorre em um momento de aumento da popularidade do governo. Segundo pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira, a diferença entre a desaprovação e aprovação do governo, que há seis meses era de 17 pontos, caiu para apenas um ponto percentual. Agora, 49% dos eleitores ouvidos pelo instutto desaprovam o governo e 48% aprovam. Em maio, 57% rejeitavam o trabalho do governo e 40% julgavam que o presidente Lula fazia uma boa gestão.

 

Durante a sessão desta quarta-feira, deputados governistas indicaram que a posição dos deputados poderá, novamente, ser um tiro no pé.

 

— Sabe o que vai acontecer? Infelizmente vai crescer, no seio do povo, a tese de que este Congresso tem se posicionado como inimigo do povo brasileiro. Eu acho sinceramente que vai haver reação, como houve na PEC da blindagem — afirmou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, em referência aos protestos após a aprovação, na Câmara, do projeto que dificultava investigações contra parlamentares.

 

Como votou cada partido

Partido Ausentes Votos Não Votos Sim
Avante 0 5 2
Cidadania 1 1 2
MDB 12 16 14
Novo 0 0 5
PCdoB 0 9 0
PDT 2 14 0
PL 13 2 73
PP 9 1 40
PRD 1 1 3
PSB 2 13 1
PSD 7 20 18
PSDB 0 2 11
PSOL 1 13 0
PT 3 64 0
PV 0 4 0
Podemos 2 12 3
Republican 6 10 29
Solidaried 0 1 4
União 8 5 46
Fonte: Câmara dos Deputados

177 mil famílias serão notificadas por recebimento indevido do Auxílio Emergencial

Escrito por Bergson Araujo Costa / DIARIONORDESTE
 
Cerca de 177 mil famílias que receberam Auxílio Emergencial indevidamente, durante a pandemia de Covid-19, terão que devolver um valor total de R$ 478 milhões. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) será responsável por notificar essas famílias.
 

“Estão fora do processo de cobrança as pessoas em situação de maior vulnerabilidade, o que inclui: beneficiários do Bolsa Família e inscritos no Cadastro Único, quem recebeu valores inferiores a R$ 1,8 mil ou têm renda familiar per capita de até dois salários mínimos, ou renda mensal familiar de até três salários mínimos”, informou a pasta.

 

QUEM DEVE DEVOLVER?

Devem devolver os valores aqueles que receberam o Auxílio Emergencial em 2020 ou 2021 sem atender aos critérios legais de elegibilidade, conforme apuração do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). A devolução ocorre apenas para quem foi notificado pelo sistema Vejae.

 

A devolução dos valores se dá nos casos em que foram identificadas inconsistências como:

  • vínculo de emprego formal;
  • recebimento de benefício previdenciário;
  • renda familiar superior ao limite legal;
  • outras situações que configuram pagamento indevido.
  • COMO SERÃO NOTIFICADAS?

    As notificações são enviadas por SMS, WhatsApp, e-mail e pelo aplicativo Notifica, com foco nas pessoas com maior capacidade de pagamento e valores mais altos a devolver, conforme critérios do artigo 7º do Decreto nº 10.990/2022.

O QUE ACONTECE SE NÃO PAGAR?

O não pagamento dentro do prazo pode resultar em inscrição na Dívida Ativa da União e no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados (Cadin), além da negativação em órgãos de proteção ao crédito.

De acordo com a diretora do Departamento de Auxílios Descontinuados do MDS, Érica Feitosa, o ressarcimento deve ser feito diretamente pelo Vejae, via PagTesouro, com opções de pagamento por Pix, cartão de crédito ou boleto/GRU simples (Banco do Brasil). “O prazo para regularização é de até 60 dias, contados da notificação no sistema, com possibilidade de quitação à vista ou parcelamento em até 60 vezes, com parcela mínima de R$ 50 e sem cobrança de juros ou multa”, explicou.

 

Não há cobrança de juros ou multa.

 

COMO SABER SE PRECISA DEVOLVER?

A consulta deve ser feita no sistema Vejae, disponível no site do MDS. Caso apareça uma notificação vinculada ao seu CPF, significa que há pendência a ser resolvida.

 

COMO É FEITO O PAGAMENTO DA DEVOLUÇÃO?

O pagamento é realizado exclusivamente pelo sistema Vejae, na plataforma PagTesouro, por meio de: 

  • Pix;
  • Cartão de crédito;
  • Boleto (GRU Simples, pagável apenas no Banco do Brasil).

Governo Lula admite derrota na MP de impostos, adota discurso contra Congresso e culpa Tarcísio

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília

Carolina Linhares , Idiana Tomazelli , Raquel Lopes , João Gabriel e Ranier Bragon / FOLHA DE SP

O governo Lula (PT) já admite derrota na votação da MP (medida provisória) de aumento de impostos no Congresso e adota o discurso de que a derrubada da proposta pelos parlamentares vai levar a corte de gastos e de programas sociais, na tentativa de ganhar a opinião pública apesar do revés no Legislativo.

A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) argumentou que a medida traz justiça tributária, mote que o governo tem usado para mobilizar sua base nas redes e que serviu para pressionar pelo aumento da isenção do Imposto de Renda, aprovado na Câmara na semana passada.

A avaliação no Palácio do Planalto é a de que a disputa não está mais em torno de possíveis mudanças no texto para angariar votos de setores contrários. Para líderes governistas, o embate no plenário é uma antecipação da corrida eleitoral de 2026, com partidos do centrão e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) operando para que Lula perca uma importante medida de arrecadação no ano eleitoral.

A coluna Mônica Bergamo, da Folha, já havia informado pela manhã que lideranças de partidos alinhados ao governo calculavam que ainda faltavam cerca de 50 votos para garantir uma vitória na Câmara. Um ministro afirmou à coluna que, pela primeira vez, começava a achar que o governo poderia perder a votação.

Além de Tarcísio, os presidentes do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e do União Brasil, Antonio Rueda, são mencionados como artífices da eventual rejeição do texto.

O governador paulista nega que esteja convencendo deputados a votarem contra a medida, como afirmam os deputados petistas.

A previsão original do governo com a MP era de arrecadar quase R$ 35 bilhões entre 2026 e 2027, sendo pouco mais de R$ 20 bilhões em 2026, ano eleitoral. Após as mudanças feitas por Zarattini, a nova previsão era de R$ 17 bilhões para o ano que vem.

A MP precisa ser aprovada na Câmara e no Senado ainda nesta quarta-feira (8) para que não perca validade, cenário considerado improvável por opositores e governistas. Nesta terça-feira (7), a MP foi aprovada com apenas um voto de diferença na comissão mista.

A orientação do presidente Lula é a de que o texto seja levado ao plenário para que a oposição seja obrigada a registrar voto contrário, o que seria usado pelo governo para desgastar os detratores.

"Essa medida tributa muito o sistema financeiro, eu diria o andar de cima da sociedade: quem ganha mais. E quem ganha mais tem que contribuir mais para financiar os programas sociais, mas também para fazer justiça tributária", afirmou Gleisi.

"Sei que tem setores na sociedade brasileira, no Congresso Nacional, se movimentando contra essa medida porque dizem que essa medida pode [...] ajudar o presidente Lula. Essas pessoas, na realidade, estão trabalhando contra o Brasil, estão trabalhando contra o povo brasileiro, que precisa de medidas como essa tanto para fazer a justiça tributária como para ter financiamento de programas e políticas públicas importantes", completou a ministra.

A possível derrubada da MP acontece em meio ao desembarque da federação PP-União Brasil e após o revés que a Câmara sofreu com a PEC da Blindagem, que foi patrocinada pelo centrão e acabou enterrada no plenário.

Ainda na opinião de deputados do PT, a votação da MP é vista como uma espécie de revanche em relação à PEC da Blindagem, já que, na época, os petistas votaram majoritariamente contra a proposta, contrariando os líderes do centrão.

Governistas afirmam ainda que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem sido cooperativo na tentativa de aprovar a MP.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que, caso a medida provisória não seja aprovada, o Ministério da Fazenda já prepara um "arsenal de alternativas" para compensar a perda de arrecadação.

Segundo ele, no entanto, haveria consequências imediatas. A primeira seria o aumento do contingenciamento orçamentário na próxima reunião bimestral da Junta Orçamentária e Financeira.

Apesar de mencionar um arsenal alternativas, Randolfe disse que, na reunião com Lula, na tarde desta quarta, não foram apresentadas as possíveis soluções estudadas pela equipe econômica.

O senador reconheceu que a MP enfrenta resistência e terá dificuldade para passar. Ele atribuiu parte da dificuldade a uma "ação de sabotagem", que, segundo ele, estaria sendo articulada por Tarcísio.

"Eu acho que ele tinha coisas mais importantes com que se preocupar, né? Parece que não há problema de segurança pública em São Paulo, me parece que não tem problema de pedágio em São Paulo, me parece que não tem problema de metanol em São Paulo. Aliás, de metanol ele até disse que não tem", disse.

Como mostrou a Folha, a rejeição da MP deve causar um bloqueio nas despesas de 2025, incluindo emendas parlamentares, e abrir um impasse de R$ 35 bilhões no PLOA (projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2026.

medida foi publicada pelo governo em junho para compensar a perda de arrecadação com a derrubada parcial do decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) —o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou inconstitucional o trecho que tributava o risco sacado (operação financeira onde um banco ou instituição antecipa pagamentos a fornecedores).

 

Fraude no INSS: Maranhão assinou acordo com Conafer e apagou registros de seu site

Por Eduardo Barretto / O ESTADÃO DE SP

 

O governo do Maranhão apagou cinco notícias de seu site que citavam acordos assinados com a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer), uma das principais suspeitas de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Um dos pactos, firmado no ano passado, previa que a entidade auxiliasse pequenos agricultores e quilombolas no acesso de benefícios previdenciários.

 

Procurado pela Coluna do Estadão, o governo do Maranhão disse que tem atribuição de zelar pela sua “reputação”, acrescentando que o acordo venceu em março de 2025, sem a execução de atividades. A gestão Carlos Brandão afirmou que a Conafer não deu os treinamentos previstos. Leia a íntegra do comunicado ao fim da reportagem. A Conafer não respondeu.

 

Batizado de “Mais Previdência”, o acordo de cooperação técnica entre o governo maranhense e a Conafer foi assinado em março do ano passado. A duração prevista era de um ano, prorrogável por mais quatro. Segundo o documento, a entidade daria “orientações, instruções e requerimentos de serviços previdenciários e assistenciais em nome dos beneficiários associados” para pequenos agricultores e quilombolas acessarem, por exemplo, aposentadorias e pensões.

 

A parceria foi assinada pelo presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes, e pelo presidente do Instituto de Colonização e Terra do Maranhão (Iterma), Anderson Pires. Em fevereiro do ano passado, um mês antes da formalização do acordo, o governador do Maranhão, Carlos Brandão, foi recebido em Brasília, na sede da Conafer, pelo presidente da entidade. No último dia 29, o chefe da confederação ficou preso provisoriamente por ordem da CPI do INSS, por falso testemunho durante um depoimento ao colegiado.

 

Conteúdos apagados de site oficial citavam Conafer

Um dos conteúdos deletados do site oficial do governo tem o título “Governo do Maranhão e Conafer assinam acordo de cooperação técnica para melhoramento genético e aumento da produção de caprinos e ovinos de pequenos produtores”. É uma referência a outro acordo do governo com a entidade na pecuária, que também envolve pequenos produtores, mas trata do melhoramento genético de seus rebanhos.

 

Conafer teve maior aumento de descontos em benefícios do INSS, diz CGU

De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), a Conafer foi a associação com o maior aumento de descontos em benefícios do INSS, saltando de R$ 400 mil em 2019 para R$ 202 milhões em 2023. Como mostrou o Estadão, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que a Conafer recebeu depósitos de dinheiro em espécie no Piauí e em Pernambuco, além de ter pagado boletos sem relação com sua atividade. A entidade movimentou R$ 797 milhões entre 2022 e 2025, incluindo transações suspeitas.

 

Leia o comunicado do governo do Maranhão

“O governo do Maranhão esclarece que, apesar da celebração do acordo do Programa Mais Previdência Brasil, assinado em março de 2024, não houve a implementação do Plano de Trabalho, pois os representantes designados pelo Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma) não receberam os treinamentos previstos e não foram disponibilizados os acessos necessários aos sistemas informatizados do INSS. Em resumo, nenhuma atividade vinculada ao objeto do acordo foi executada.

 

O acordo venceu em março de 2025 e não houve renovação. Em função das investigações que envolvem alguns agentes e instituições ligadas ao INSS, todas as tratativas estão suspensas. O governo do Estado destaca que é atribuição constitucional zelar pela reputação do Poder Executivo, o que permite o gerenciamento de conteúdos sempre que houver entendimento neste sentido. E reforça que busca constantemente parcerias estratégicas que visem o desenvolvimento social e econômico em todas as áreas, além de destacar que atua com seriedade e compromisso com a gestão e com o povo maranhense."

 

Lula estica corda com Centrão e aposta em popularidade para criar racha no PP e União

Por Lauriberto Pompeu e Jeniffer Gularte — Brasília / O GLOBO

 

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu na terça-feira dobrar a aposta na queda de braço com partidos do Centrão ao dizer que não irá “implorar” por apoio ao governo. Com popularidade em recuperação, o petista aposta no racha interno das siglas para fortalecer palanques locais em 2026, mesmo com oposição da cúpula dessas legendas. Mesmo com o ultimato de União Brasil e PP, que exigem a saída de Celso Sabino (Turismo) e Fufuca (Esporte), Lula não dá sinais de que irá mexer no primeiro escalão.

 

Aliados próximos do presidente avaliam que já não é possível uma aliança formal com o Centrão para o projeto de reeleição, e confiam em vitórias recentes do governo para atrair mais apoio.

O Palácio do Planalto considera positiva, por exemplo, a abertura de um canal direto com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e avalia que a aproximação aumenta a pressão sobre o bolsonarismo. O governo também vê como importante a aprovação de propostas populares, como o aumento da isenção do Imposto de Renda (IR). — Eu não vou implorar para nenhum partido estar comigo, vai estar comigo quem quiser estar comigo. Não sou daqueles que ficam tentando comprar deputado. Vai ficar comigo quem quiser, quem quiser ir para o outro lado que vá, e que tenha sorte porque nós temos certeza de uma coisa: a extrema direita não voltará a governar esse país — afirmou Lula em entrevista à TV Mirante, do Maranhão.

 

A despeito dos ultimatos que têm recebido, Sabino e Fufuca têm reforçado apoio a Lula e o desejo de permanecerem no governo, de olho em seus planos eleitorais. O petista também deseja a permanência, mas tem orientado os auxiliares que a decisão depende deles e das costuras internas que fizerem com suas legendas.

 

Divisões internas

Auxiliares avaliam que, ao assegurar a permanência dos ministros, Lula aumenta as divisões internas dos partidos do Centrão, que têm alas governistas e oposicionistas. — Se as coisas estão dando certo, por que mexer? Por que essa pequenez de achar que atrapalhar um bom ministro que está fazendo um bom trabalho? Foi raiva? Foi inveja? Quando chegar a época das eleições, cada um vai para o canto que quiser — disse Lula. Para 2026, o petista tem, em alguns estados, a simpatia de alas de PP, União Brasil e Republicanos, legendas mais próximas de uma candidatura da direita.

 

 

Há alas do PP simpáticas ao governo, por exemplo, no Maranhão, Ceará, Paraíba e em uma parte da Bahia. O União Brasil também se alia a Lula no Pará, Amapá e em uma ala de Minas Gerais e do Ceará. Por sua vez, o Republicanos é próximo do governo em estados como Pernambuco e Piauí. Integrantes dos partidos do Centrão creem em um acordo para uma candidatura única da oposição e tentam convencer o ex-presidente Jair Bolsonaro a apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como nome da direita contra Lula em 2026.

 

O próprio petista, apesar do momento favorável, indica que está atento à movimentação dos adversários: — Se gente brincar em serviço, a gente acaba dando para o adversário a chance de ganhar que ele não tem hoje. É muito difícil alguém ganhar as eleições de nós em 2026, o governo vai terminar muito bem, o Brasil está vivendo um momento excepcional.

 

Apesar da pressão pela saída do governo, o próprio União Brasil tem evitado tomar medidas drásticas contra Celso Sabino. Integrantes da cúpula da legenda dizem que há acordo para que seja aprovada nesta quarta-feira uma medida cautelar que suspenda imediatamente o diretório da sigla no Pará, que atualmente é comandado pelo ministro.

Uma expulsão da sigla, porém, não acontecerá de forma automática e passará por trâmites burocráticos dentro do partido. O relator do parecer que deve trazer as punições a Sabino é o deputado Fábio Schiochet (União-SC).

 

— Eu sou contra cautelar (para a expulsão). Acho muito frágil, acaba cerceando o direito de defesa do ministro. Caso eu opte por não dar sumariamente, abro o prazo para defesa com o mérito da expulsão já e começa a caminhar o prazo regimental dentro do Conselho de Ética do partido para a expulsão. Em uns 40 dias (tem a conclusão do processo) — disse Schiochet.

 

Em setembro, o União Brasil deu ultimato e antecipou um movimento de desembarque da Esplanada dos Ministérios. Sabino chegou a anunciar que comunicou ao presidente Lula que pediu demissão, mas segue no cargo e tem adiado sucessivamente a saída do governo. Diante disso, integrantes do União Brasil passaram a trabalhar com o cenário de que o comando do Ministério do Turismo não será trocado e deram seguimento ao processo de punição ao ministro dentro do partido.

 

Já no PP, por enquanto, a movimentação é mais lenta, a despeito do prazo dado pelo presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), não ter sido cumprido por Fufuca. — Eu falo em alto e bom som: eu estou com Lula. Eu estou com o Lula do Bolsa Família, do Vale Gás, do Pé de Meia, o Lula do Mais Médicos, do Mais Renda, do Fies, do Prouni. O Lula que tirou o filho do pobre da rua e colocou para fazer medicina na faculdade privada. O Lula que falou em alto e bom som para os Estados Unidos: respeite o nosso Brasil. É esse o Lula que estou ao lado — afirmou Fufuca em evento no Maranhão.

 

O prazo de saída estipulado por Ciro Nogueira venceu no domingo, enquanto o de Sabino já expirou há mais tempo. Não há acordo para a expulsão de Fufuca da legenda e nem reunião do PP marcada. Entretanto, assim como Sabino, a legenda ameaça tirar do ministro o comando do diretório estadual no Maranhão. Caso ele não saia do Ministério do Esporte, a cúpula do PP pretende encaminhar um acordo para tentar impedir o desejo de Fufuca de se candidatar ao Senado no ano que vem. A ideia é, caso a federação entre PP e União Brasil seja formalizada, que o comando do diretório maranhense fique com o líder do partido na Câmara, Pedro Lucas (MA), que pode se colocar como candidato a senador no lugar do ministro. A legenda, no entanto, tem descartado expulsar Fufuca do PP.

 

Efeito Trump

O entorno de Lula avalia que a conversa entre ele e Donald Trump, realizada na segunda-feira, isola o bolsonarismo e derruba a tese da oposição de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é o único interlocutor do Brasil com o presidente dos Estados Unidos. Aliado de Trump, o ex-presidente não foi citado na ligação, apesar de seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) ter sido o mote para o tarifaço.

 

Na visão de ministros do governo, o ganho econômico ainda dependerá das discussões das equipes de parte a parte, mas a fatura política já é positiva para Lula. Auxiliares afirmam que Trump virou o maior cabo eleitoral de Lula para a eleição de 2026. Além de ter dado a Lula o discurso de soberania e patriotismo, agora dá, na avaliação desses auxiliares, a oportunidade de mostrar como o brasileiro consegue diluir um conflito diplomático com diálogo.

Lula e ministro dos Transportes apostam em Ferrogrão mesmo se houver revés no STF

André Borges / FOLHA DE SP

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, da cúpula dos Transportes, um panorama geral sobre o projeto da Ferrogrão e como a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre os limites do Parque Nacional do Jamanxim, localizado no Pará, pode mexer com o futuro da ferrovia.

O projeto foi tema de um encontro entre Lula e o ministro dos Transportes, Renan Filho, nesta terça-feira (7), no Palácio do Planalto. A ordem é aguardar a decisão do ministro do STF Edson Fachin, que é relator do processo. Independentemente do desfecho, porém, já se avaliam alternativas para manter o projeto nos planos do governo.

O STF retoma nesta quarta-feira (8) o julgamento da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que trata de uma lei aprovada pelo Congresso Nacional em 2017, que alterou os limites do Parque Nacional do Jamanxim. Essa lei reduziu os limites da unidade de conservação, retirando dela uma área de 862 km², com o objetivo de permitir a passagem do traçado da ferrovia.

Na semana passada, quando o julgamento foi iniciado, a própria AGU (Advocacia-Geral da União), que representa o governo, chegou a dizer que a lei seria inconstitucional, porque mudanças feitas no texto pelo Congresso enfraqueceram a proteção ao meio ambiente que estava prevista, fazendo o recorte de áreas, sem compensá-las em outros locais.

Ainda assim, a AGU afirmou que o projeto seria viável, por ter seu traçado redefinido e calibrado para passar ao lado de uma rodovia que já existe no local, a BR-163.

Conforme informações obtidas pela Folha, o posicionamento da AGU causou desconforto em parte do governo, por reforçar um viés visto como obstáculo à construção da ferrovia. Por outro lado, a ideia é demonstrar que os temas estariam, hoje, contaminados, e que o projeto ferroviário já não dependeria da lei ou da redução do Jamanxim.

Todos esses argumentos são refutados pela ala ambiental do próprio governo, que vê no projeto um vetor de aumento de desmatamento e de pressão sobre a região amazônica. Mesmo assim, o projeto sempre foi abraçado por Lula.

Defendida por entidades do agronegócio e grandes empresas de comercialização e logística, como Cargill, Bunge e Amaggi, a Ferrogrão foi lançada no governo de Michel Temer (MDB), mas não conseguiu deslanchar. Novas tentativas ocorreram na gestão de Jair Bolsonaro (PL), com promessas não cumpridas pelo então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.

Hoje é encampada pelo governo Lula, que tratou de incluir o projeto no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Por lei, uma obra de infraestrutura, como rodovias, ferrovias, linhas de transmissão e gasodutos, não pode ter impacto direto em uma unidade de conservação de preservação integral, categoria em que se encaixa o Parque Nacional do Jamanxim.

Quando Temer decidiu reduzir o Jamanxim, fez um texto que compensava suas reduções com acréscimo em outras unidades, medida que também foi criticada, já que não se repõe um bioma amazônico com um pedaço de terra do cerrado.

O Congresso, porém, tratou de complicar ainda mais a situação, mantendo no texto apenas a redução do Jamanxim, sem nenhuma compensação.

Com 933 quilômetros de extensão, a ferrovia foi planejada para ligar Sinop (MT) ao porto de Miritituba (PA), para criar um corredor logístico de exportação de grãos e insumos agrícolas, conectando o agronegócio do Centro-Oeste aos portos do Arco Norte.

Nos cálculos do governo, a Ferrogrão poderia reduzir em até 3,4 milhões de toneladas por ano as emissões de dióxido de carbono (CO₂), substituindo parte do transporte de cargas feito por caminhões que cortam a BR-163. Até 1,2 milhão de viagens de caminhões por ano deixariam de ocorrer na rodovia.

 

Sem metas de emissões, COP30 será frustrante

Por  Editorial / O GLOBO

 

Acabou na semana passada o prazo oficial para entrega das novas metas de emissões voluntárias de gases de efeito estufa estipuladas pelo Acordo de Paris, conhecidas pela sigla NDC (National Determined Contribution). Dos 195 signatários, apenas 56 cumpriram o prazo, necessário para a apresentação do relatório-síntese da COP30, a conferência do Clima da ONU em Belém daqui a cerca de um mês. É esse relatório que dirá quão distante está o planeta de atingir o objetivo de manter o aquecimento global até o fim deste século a apenas 2oC, ou desejavelmente 1,5oC, acima do nível pré-industrial. Sem as metas, os cenários traçados ficarão imprecisos.

 

Embora o total de países que prometeram entregar suas NDCs até a COP30 seja estimado em uma centena, oficialmente o relatório deverá ser elaborado com aqueles que cumpriram o prazo. Há quatro anos, quando foi elaborado o último relatório-síntese, foram apresentadas 113 NDCs, permitindo uma visão mais fidedigna da evolução do combate ao aquecimento global. Um relatório-síntese deficiente embaralha os sinais econômicos emitidos a setores que dependem de previsibilidade para investir na descarbonização da economia. Investidores e reguladores olham para as NDCs como indicadores de risco: onde há meta clara, há preço de carbono, infraestrutura e inovação; onde há silêncio, há incerteza e capital em fuga.

 

As ausências não são periféricas. Entre as mais marcantes não estão apenas os Estados Unidos, que anunciaram novamente sua saída do Acordo de Paris depois da posse de Donald Trump, mas também Índia e União Europeia, dois dos maiores emissores globais (ambos prometeram enviar NDCs até a conferência). A China, a maior de todos os emissores, apenas ventilou suas metas, mas ainda não entregou oficialmente sua NDC. Xi Jinping anunciou que o país reduzirá até 2035 entre 7% e 10% das emissões em relação ao pico histórico. Apesar do inegável engajamento chinês na transição energética, o número decepcionou. De acordo com as avaliações mais recentes, o mundo está muito distante da meta traçada em Paris, provavelmente já apontando aquecimento ao redor de 3oC. Sem compromissos precisos, fica difícil até avaliar o que é viável.

 

A recalcitrância dos países omissos pode ser explicada pela crise enfrentada pelo multilateralismo na geopolítica global. Mas há também fatos novos. Em parecer consultivo recente, a Corte Internacional de Justiça afirmou que os Estados têm obrigações jurídicas relativas às metas com que se comprometem, ainda que anunciadas voluntariamente. Quem adia a entrega pode se proteger de sanções futuras, mas acaba por esvaziar o relatório-síntese.

O clima não espera. Belém precisa transmitir uma mensagem inequívoca, com metas na mesa e execução mensurável. Cabe ao Brasil, como anfitrião, lançar mão da diplomacia para obter o compromisso dos países em dívida. Ainda dá tempo de evitar a frustração. Para isso, as prioridades devem ser: fortalecer o multilateralismo; tentar usar em benefício do clima o arcabouço internacional já existente — como Banco Mundial, organizações privadas etc. —; e, por fim, traduzir ao público a importância prática das COPs no desenvolvimento de tecnologias e instrumentos de combate ao aquecimento global. Todos devem entender que, sem ação conjunta e determinada, o planeta corre risco seriíssimo.

 

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