Prefeito de Porto Alegre, que foi contra passe livre em transporte público na eleição, anuncia voto em Bolsonaro
Por Bernardo Mello — Rio de Janeiro / O GLOBO
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), declarou nesta quinta-feira voto no presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno nacional, contra o ex-presidente Lula (PT). No primeiro turno, Melo procurou limitar na Justiça a concessão de passe livre no transporte público na capital gaúcha no dia da eleição. A prática, adotada desde 1995 em Porto Alegre, havia sido cancelada no fim do ano passado através de um projeto de lei aprovado pela Câmara de Vereadores.
"Sou prefeito de todos os porto-alegrenses e trabalho diariamente para melhorar a vida da cidade e das pessoas. Continuarei agindo assim. Mas, como cidadão, coerente com minha história e princípios, não estarei ao lado do PT. Na eleição nacional, vou apoiar o presidente Bolsonaro", escreveu Melo em uma rede social nesta quinta.
A gratuidade no transporte público é uma das ferramentas para reduzir o não comparecimento de eleitores, especialmente os mais pobres e os que se deslocam maiores distâncias até suas zonas eleitorais. O debate sobre o fim do passe livre em Porto Alegre no dia da votação veio à tona dias antes do primeiro turno.
Na última sexta-feira, após a Defensoria Pública estadual ingressar com uma ação judicial, Melo disse ter construído um acordo com o Ministério Público e com a Câmara para garantir o passe livre "aos eleitores que não têm condições de pagar o transporte coletivo".
Na última sexta-feira, após a Defensoria Pública estadual ingressar com uma ação judicial, Melo disse ter construído um acordo com o Ministério Público e com a Câmara para garantir o passe livre "aos eleitores que não têm condições de pagar o transporte coletivo".
No dia seguinte, a 7ª Vara da Fazenda Pública concedeu uma liminar exigindo que a gratuidade no transporte público fosse mantida pela prefeitura para todas as pessoas. Melo, então, anunciou que recorreria da decisão. A prefeitura chegou a derrubar esta liminar no sábado, véspera do primeiro turno, junto ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), e retomar a gratuidade restrita "para os mais necessitados", mas o TJ-RS reformulou a decisão no mesmo dia e voltou a exigir o passe livre total, tanto no primeiro quanto no segundo turno.
Ao justificar a decisão original de extinguir o passe livre no dia da eleição, Melo argumentou que a gestão havia adotado um conjunto de medidas "desde o ano passado para não aumentar a passagem aos R$ 6,65, mantendo R$ 4,80 ao usuário", e que entre as providências para equilíbrio econômico do serviço de transporte público estaria a "redução do passe livre de 12 para 2 ocasiões" anualmente.
"Também tenho a convicção de que o debate sobre o passe livre nas eleições deve ser nacional, uma vez que a maioria das capitais não pratica, e as combalidas finanças dos municípios não têm condições de arcar com a despesa", publicou Melo em suas redes na última sexta.
Após a controvérsia gerada pelo fim do benefício em Porto Alegre, prefeitos de outras capitais se mobilizaram para conceder gratuidade no transporte público no dia da votação. Segundo levantamento da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) antes do primeiro turno, ao menos 20 prefeituras de capitais e grandes cidades haviam aprovado passe livre total ou parcial.
A FNP também pleiteou ao Supremo Tribunal Federal (STF), numa ação ingressada pelo partido Rede, que o transporte público funcionasse gratuitamente pelo país no dia da eleição. Em decisão liminar, o ministro Luis Roberto Barroso negou a obrigatoriedade de que os municípios dessem passagem gratuita, mas proibiu redução na frota de ônibus no dia da eleição e o cancelamento de passe livre, no caso das prefeituras que já previam o benefício.
A campanha de Bolsonaro chegou a ingressar com um pedido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) questionando a decisão do STF, e associando o passe livre com transporte clandestino de eleitores e compra de votos. Ao negar o pedido do PL, o ministro Benedito Gonçalves classificou o argumento como "absurdo".
Reeleição da bancada ruralista chega a 65%, e líder espera novas adesões em 2023
A bancada ruralista, uma das mais influentes do Congresso, obteve uma taxa de reeleição na Câmara um pouco acima da média geral dos deputados que disputaram novamente o cargo. A Frente Parlamentar da Agropecuária tem atualmente 247 deputados e faz parte da base do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desse total, 202 disputaram um novo mandato na Câmara. Saíram-se vitoriosos 133, ou seja, cerca de 65% de índice de reeleição. Considerando toda a composição da Câmara, essa taxa foi de 60,6%.
O presidente da bancada, Sérgio Souza (MDB-PR), que também se reelegeu, espera que novatos se associem ao grupo, que, segundo ele, pode ultrapassar a marca de 255 integrantes na próxima legislatura.
"Estamos preparando um diagnóstico, mas tudo indica que a frente parlamentar sairá reforçada", disse ele. A Câmara tem, ao todo, 513 deputados. Além de Souza, outros líderes ruralistas conseguiram renovar o mandato, como Alceu Moreira (MDB-RS), que liderou a bancada nos primeiros anos do atual governo.
A terceira colocada no pleito presidencial, Simone Tebet (MDB), declarou apoio ao petista.
"Agora que a eleição ao Congresso passou, vamos entrar 100% na campanha do Bolsonaro. Isso vale para deputados estaduais, federais, governadores, agora prontos para ajudar na reeleição do presidente", disse Alceu.
Para Souza, o resultado da eleição para o Congresso impõe desafios para Lula, caso ele seja eleito presidente —embora afirme que a possibilidade de vitória do PT não existe. "É um Congresso mais forte e que quer pautas do agro, quer as causas da família; um perfil mais conservador", disse o deputado.
Do lado petista, aliados de Lula esperam que o apoio de Tebet amplie o diálogo com ruralistas.
Líderes da bancada do agro, porém, dizem que isso não será suficiente para que o setor majoritariamente bolsonarista embarque na candidatura do petista.
O empresário Carlos Ernesto Augustin, que auxilia a campanha do ex-presidente, afirmou que outra ideia é levar Lula a um encontro com a elite ruralista num evento no Instituto Pensar Agropecuária, presidido pelo ex-deputado Nilson Leitão (PSDB).
Leitão é consultor da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), que defende a reeleição de Bolsonaro. Ele também foi um dos articuladores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Alinhados com o presidente Bolsonaro, representantes do setor afirmam, desde o início da campanha, que a articulação do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) não reduzirá a resistência à candidatura de Lula.
Candidato a vice-presidente na chapa com o petista, o ex-tucano foi escalado para fazer a ponte com os ruralistas e atrair votos no terreno de forte tendência bolsonarista.
Primeira pesquisa Ipec no 2º turno: Lula tem 51% dos votos, contra 43% de Bolsonaro
Por O Globo — Rio e São Paulo / O GLOBO
A primeira pesquisa do Ipec (ex-Ibope) para o segundo turno da eleição presidencial mostra o ex-mandatário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 51% das intenções de voto, contra 43% do candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).
Ainda de acordo com o levantamento, contratado pela TV Globo e divulgado nesta quarta-feira, 4% os entrevistados declararam a intenção de votar em branco ou nulo. Outros 2% não souberam responder.
Na véspera do primeiro turno, no dia 1° de outubro, simulação do Ipec para uma disputa entre Lula e Bolsonaro indicava placar de 52% a 37% favorável ao petista.
Nos votos válidos, sem considerar os votos em branco e nulo e os indecisos, a sondagem apontou que Lula tem 55%, e Bolsonaro, 45%.
O Ipec aponta ainda que 50% do eleitorado brasileiro não votaria no atual presidente. O ex-presidente Lula tem 40% de rejeição.
Resultados do primeiro turno
Institutos de pesquisas foram alvos de contestações depois de divergirem dos resultados indicados pelas urnas no primeiro turno, especialmente em relação à votação de Bolsonaro. O ministro da Justiça do atual governo, Anderson Torres, determinou na terça-feira que a Polícia Federal abra investigação para apurar a conduta dos institutos. A medida foi repudiada pela associação que representa a maioria das empresas do setor.
Lula e Bolsonaro buscaram fortalecer suas candidaturas com alianças políticas antes de retomar as campanhas nas ruas para o segundo turno. Nome mais votado no último domingo, com 48,43%, Lula ganhou o apoio da senadora Simone Tebet (MDB), que teve 4,16% dos votos e ficou em terceiro na disputa presidencial, e também de Ciro Gomes (PDT), o quarto colocado (3,04% dos votos).
Já o candidato à reeleição, que teve 43,20% nas urnas, ganhou declarações de apoio dos governadores reeleitos no primeiro turno em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal: Romeu Zema (Novo), Cláudio Castro (PL) e Ibaneis Rocha (MDB), respectivamente. O atual governador de São Paulo e que foi o terceiro colocado na disputa paulista, Rodrigo Garcia (PSDB), também manifestou endosso ao nome de Bolsonaro.
O Ipec entrevistou presencialmente 2.000 eleitores de 16 anos ou mais em todo o país entre os dias 3 e 5 de outubro. A pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral com o número de identificação BR-02736/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%.
TSE aprova plano da propaganda gratuita para o segundo turno
O plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou, hoje (6), por unanimidade, o plano de mídia para a propaganda eleitoral gratuita na TV e no rádio durante a campanha do segundo turno das eleições. Pelo calendário eleitoral, as peças audiovisuais devem voltar a ser veiculadas amanhã (7).
Pelo plano de mídia aprovado, os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, que disputam a Presidência da República, terão 5 minutos cada nos dois blocos diários de propaganda eleitoral.
Os horários dos blocos seguem os mesmos do primeiro turno: na TV, as propagandas irão ao de segunda-feira a sábado, das 13h às 13h10 e das 20h30 às 20h40. No rádio, a propaganda para presidente vai ao ar de 7h às 7h10 e de 12h às 12h10.
O primeiro a se apresentar será o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por ter obtido maior número de votos no primeiro turno. A partir daí é feita a alternância com o presidente Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição e ficou em segundo lugar.
No caso dos governadores, os blocos também são de 10 minutos, indo ao ar das 13h10 às 13h20 e das 20h40 às 20h50 na TV. No rádio, o horário é de 7h10 às 7h20 e das 12h10 às 12h20.
Os candidatos também têm 25 minutos de inserções por cargo, de segunda-feira a domingo, para veicular peças de 30 segundos a 60 segundos ao longo da programação do rádio e da TV.
AGÊNCIA BRASIL