Divórcio nas prefeituras: prefeitos e vices rompidos preparam candidaturas opostas no Ceará em 2024
Desde as eleições municipais de 2020, o Ceará tem sido palco de uma série de mudanças nas prefeituras, com a cassação ou afastamento de gestores, a realização de eleições suplementares e até mesmo o rompimento político entre prefeitos e vice-prefeitos. Neste caso, o descompasso ultrapassa os limites da gestão e ganha ares eleitoreiros, sobretudo com a proximidade do pleito. É o que se observa em ao menos 11 municípios do Estado. No primeiro mês de 2024, o acirramento entre gestores ganhou mais fôlego, adiantando uma dinâmica que deve se intensificar a partir do período de campanha.
As tensões têm deixado a população em situação de insegurança institucional. Exemplo disso é Itaiçaba em que, o prefeito reempossado, Frank Gomes (PDT), reverteu um importante ato de gestão tomado pelo opositor e parceiro de chapa, o vice-prefeito Iranilson Lima (PP).
Em outras cidades, em diferentes níveis, administradores seguem na peleja para se afirmar diante do eleitorado e desidratar os rivais. Confira alguns casos a seguir:
ITAIÇABA
Em Itaiçaba, o retorno do prefeito Frank Gomes ao cargo por liberação judicial expôs a relação conflituosa com o vice-prefeito Iranilson Lima, que governou o município por quase um ano na ausência do companheiro de chapa.
Pouco mais de um mês após a retomada do mandato, o primeiro baixou um decreto municipal para suspender um concurso público lançado pelo segundo, em outubro de 2023, por detectar supostas irregularidades no processo.
O ato causou comoção da população, que aguardava, ansiosa, a divulgação dos resultados retificados (o processo estava em fase de recurso aos resultados preliminares), e de parte da política itaiçabense.
Apesar de ser um ato administrativo, é nítida que a motivação parte de um rompimento de relações no município, que já indicam os caminhos opostos pelos quais os dois gestores seguirão nas eleições deste ano.
Para isso, o vice-prefeito conta com a ajuda de lideranças de mandato na região como os deputados federais AJ Albuquerque (PP), José Airton (PT) e Fernanda Pessoa (União); o deputado estadual Leonardo Pinheiro (PP); o secretário das Cidades, Zezinho Albuquerque (PP); e o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (União).
Ao Diário do Nordeste, ele confirmou a pré-candidatura, mas informou que as discussões sobre arco de aliança ainda estão em curso. Adiantou, por outro lado, que reúne, no seu entorno, os ex-prefeitos Zé Orlando, Xavier e Ribamar e atuais vereadores.
A reportagem buscou o prefeito Frank Gomes para entender como ele deve se posicionar em relação às eleições e aguarda retorno. Por ora, ele segue com os direitos políticos suspensos pela Justiça devido a um acúmulo indevido de duas remunerações simultaneamente: uma como prefeito e outra como agente administrativo supervisor, entre 2005 e 2007.
CAUCAIA
Em Caucaia, um novo episódio do rompimento entre o prefeito Vitor Valim (PSB) e o vice-prefeito Deuzinho Filho (União) ganhou repercussão nos últimos dias. Este denunciou a realização de cortes de recursos destinados para a vice-prefeitura em 2024, em "retaliação política" pelas divergências, inclusive eleitorais, entre os ex-aliados.
"Não foi apenas um ataque ao Deuzinho, um ataque político, mas esse ataque foi um ataque institucional e que abre um precedente muito grande para que outros prefeitos, outros governadores, ataquem os seus vices quando não atendem às suas expectativas e suas vontades", criticou o vice-prefeito.
Segundo informações da Prefeitura de Caucaia, a redução foi causada por uma "reforma administrativa e financeira em todas as secretarias municipais", não sendo algo exclusivo da vice-prefeitura. Ainda segundo a gestão, serão destinados R$ 461,5 mil para "serem utilizados conforme critério prioritário" do vice-prefeito. O valor incluiria o salário mensal de Deuzinho Filho.
O embate, que ocorre de maneira tímida desde metade do mandato, ganha corpo em 2024 com a proximidade nos prazos eleitorais. Mesmo recuando da intenção de buscar reeleição, o prefeito Vitor Valim vai participar ativamente do processo de escolha do novo nome a representar o Governo do Estado no pleito em Caucaia.
Já Deuzinho se coloca como o principal nome, em Caucaia, da oposição liderada pelo ex-deputado e pré-candidato a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner, e é na gestão que os adversários têm mais chance de aproximar o eleitorado. Por isso, os atritos envolvendo despachos da Prefeitura podem se intensificar até outubro, como já indica o episódio mais recente.
JUAZEIRO DO NORTE
Apesar de não falarem de um rompimento de fato, é sabido que o prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), e o vice-prefeito, Giovanni Sampaio (PSB), seguirão caminhos distintos até outubro. Este já deixou claro, em outras oportunidades, que vai apoiar o nome que o Governo Elmano indicar na cidade e que também está à disposição para compor chapa.
Já Glêdson pode buscar a reeleição inédita em Juazeiro no outro lado do espectro, com o apoio das forças de oposição no Estado. Contudo, nada está fechado até o momento. O prefeito afirmou ao Diário do Nordeste, em agosto, que conversava com o senador Cid Gomes (agora, prestes a se filiar ao PSB), com o deputado federal André Figueiredo (PDT), Ciro Gomes (PDT) e lideranças de outros partidos.
"Nós temos um diálogo muito fluído com a federação PSDB/Cidadania, Novo, PL, União Brasil, PP e PDT. Eu vou tentar entendimento com o PDT, eles não apalavram nada a mim, não, mas todos os outros já apalavram alguma coisa a mim. Mas acho que o PDT pode se aproximar", acrescentou.
Naturalmente, a divisão nos caminhos causa alguns atritos, ainda que leves, já que ambos disputam feitos de gestão para dialogar com o eleitorado. A saúde, então, é a bola da vez, sobretudo pela recente saída de Juazeiro do Consórcio Público da região.
Sampaio também é diretor-geral do Hospital Regional do Cariri (HRC). No começo de janeiro, ele se defendeu de matérias de veículos locais sobre a oferta de serviços da unidade, dizendo que o HRC sofre uma sobrecarga de pacientes de Juazeiro devido à cidade não ter uma rede bem estruturada de saúde de média complexidade.
“Mais de 30% da ocupação do HRC é de responsabilidade da atenção secundária, e o HRC atende para o povo não ficar no sofrimento, mas não recebe um centavo, afinal, esse dinheiro fica no município”, afirmou.
“Em virtude dessa sobrecarga, fica prejudicada a atenção terciária de alta complexidade, que é a habilitação do HRC. Glêdson prima pela transferência, portanto, estou aberto à discussão para esse assunto, inclusive acho que o foro apropriado é a Sesa (Secretaria Estadual de Saúde) e o MP (Ministério Público)”, explicou o vice.
Apesar disso, reiterou que a culpa não é apenas de Glêdson, mas também das gestões anteriores. “Não tenho nada contra o prefeito Glêdson, sempre o respeitei. Disse que votaria no candidato apoiado por Camilo ainda quando nós ganhamos a prefeitura de Juazeiro (2020)”, completou.
A assessoria de imprensa do chefe do Executivo municipal já havia comunicado ao Diário do Nordeste, em outubro de 2023, que ele está ciente dessa decisão e que, apesar de estarem em palanques diferentes em 2024, continuam amigos. O assunto, então, “é pauta antiga” na Prefeitura.
BARRO
A dupla que governa Barro, no Sul cearense, foi empossada em janeiro de 2022 após vitória na eleição suplementar meses antes. Pouco mais de um ano depois, o grupo foi desmembrado, com o prefeito George Feitosa (MDB) de um lado e o vice, Albano Severo (PSDB), de outro.
O prefeito se aproximou da vereadora Vanda Pereira (sem partido, segundo o site da Câmara Municipal), que foi sua adversária no pleito suplementar de 2021, e outros que estavam na oposição a fim de reforçar seu grupo político.
O presidente estadual do MDB, Eunício Oliveira, confirmou que Feitosa buscará a reeleição com “os mesmos aliados e, se possível, trazer outras pessoas porque isso faz parte da democracia”. Em 2020, a chapa foi eleita na coligação de MDB, PP, PT e PSDB.
Já o vice apertou, nos últimos meses, o laço com o ex-prefeito Marquinélio Tavares (PSD) – reeleito em 2020, mas cassado por abuso de poder econômico e fraude em contratações – visando as eleições em outubro.
O elo seria firmado por meio da ex-primeira-dama Luciana Cartaxo, já que o esposo está inelegível por oito anos. Como sustentação, teria os partidos PSD, PCdoB e PP. Mas não houve manifestação pública nesse sentido.
Da parte de Severo, na verdade, há um recuo: ele retirou a sua pré-candidatura na última semana. “Depois de muito analisar, percebi que este não é o momento certo para mim, nem sempre ter propósito é suficiente para se lançar no meio político de hoje”, disse em nota divulgada nas redes sociais.
Em meio a isso, Eunício afirma que está aberto a recompor a aliança com o vice-prefeito, desde que George – bem avaliado nas pesquisas feitas pelo partido – seja novamente cabeça de chapa.
ARACATI
Aracati é uma das cidades cearenses que vive dilema sobre o apoio do Governo Elmano nas eleições. O prefeito Bismarck Maia (Podemos) tem uma lista de pelo menos cinco pré-candidatos para analisar até as convenções partidárias. Já o PT, que abriga a vice-prefeita Denise Menezes, rompida com o ex-colega de chapa, busca um nome próprio para a disputa.
Segundo presidente do PT Ceará, Antônio Filho (Conin), são cogitados o presidente da Câmara Municipal, Ricardo Sales (PL); o secretário-executivo do Turismo do Ceará, Jonas Dezidoro (PT); e a própria Denise.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, Conin preferiu não se comprometer com a posição do governador Elmano de Freitas (PT) no Município.
Já o grupo político liderado pelo prefeito conta com o suporte direto da cúpula petista. É o que diz o seu filho, o deputado estadual em exercício Guilherme Bismarck (PDT).
“Nós somos parte desse grupo que será cada vez mais forte, três vezes mais forte. Nós somos o grupo do Cid Gomes, que é o mesmo do Elmano, que é o mesmo do ministro Camilo. (...) Essa é a frente nacional, estadual e local”, declarou o parlamentar.
Desse lado, são opções para encabeçar a chapa o secretário de Esporte e Lazer de Aracati, Elvyson Gomes; a secretária de Educação da cidade, Ana Lúcia da Costa; o assessor institucional Felipe Costa Lima; e os vereadores Dr. Falcão (PV); Marcelo Porto (PDT) e Dr. Xavier Filho (MDB).
SANTA QUITÉRIA
O rompimento em Santa Quitéria ganhou status definitivo em janeiro do ano passado, quando a vice-prefeita, Lígia Protasio (PP), publicou um vídeo nas redes sociais informando que não era mais aliada do prefeito Braguinha (PSB).
Entre queixas de falta de espaço na administração, ela também lembrou que os dois se distanciaram nas eleições de 2022, quando Braguinha apoiou a investida do PDT ao Governo do Estado, e Lígia apoiou o grupo petista na disputa.
Para 2024, ela garante que segue com a mesma posição e que vai buscar nas urnas a validação para chefiar o Executivo. Atualmente, ela ocupa o cargo de prefeita interina devido a afastamento do vizinho de chapa por determinação da Justiça.
Quanto à composição da coligação, mesmo que Braguinha esteja em um partido do bloco governista estadual (o PSB é liderado por Eudoro Santana, pai de Camilo Santana), Lígia acredita que terá o suporte da cúpula petista.
“Na eleição anterior, ele (Braguinha) não apoiou o atual governo, ele foi totalmente contra e deixou bem claro. Até em entrevistas relatou que não era o tempo do Camilo tomar a posição que tinha tomado, e eu sempre estive ali firme, eu achava que era o melhor caminho e acho até hoje”, disse a gestora.
Ela também afirma que segue em diálogo com o PT e com o Republicanos para encontrar um novo endereço partidário, mas que há possibilidade de permanecer no PP para as eleições.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o prefeito Braguinha confirmou que é pré-candidato à reeleição e pretende concorrer pelo PSB. “No entanto, ainda não há definições sobre os partidos aliados”, completou.
ACOPIARA
Na Terra do Lavrador, Antônio Almeida Neto (MDB) não pode concorrer à reeleição neste ano devido ao fim do segundo mandato consecutivo como prefeito. Esta já é a quarta vez que ele ocupa a função desde 2004 – só esteve longe da Prefeitura entre 2012 e 2016, quando foi ocupada por Vilmar Felix, que vai às urnas em outubro próximo.
A aposta, então, para este ano está no sobrinho Will Almeida, ex-secretário-executivo de Esportes do Ceará e atual superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no Estado.
Ele é esposo de Renata Almeida, indicada candidata a vice-governadora na chapa de Elmano de Freitas (PT) em 2022, mas que recuou, abrindo espaço para Jade Romero (MDB). Não à toa, Will deve ter suporte da cúpula petista no pleito de Acopiara.
Em outra frente, existe a pré-candidatura da prefeita interina Ana Patrícia (Republicanos). Ela assume o governo municipal pela terceira vez neste mandato não por licença de Antônio Almeida, com quem é rompida politicamente, mas por afastamento do gestor via operação do Ministério Público.
Agora, ela tenta reunir forças para concorrer ao pleito. A migração do MDB, após cisões no diretório municipal, para o Republicanos foi um dos primeiros movimentos significativos nesse planejamento. Ana Patrícia também tem reunido aliados na gestão, em gesto comum desses casos, e compartilhado o apoio que tem recebido de lideranças comunitárias pelas redes sociais.
Desde as eleições municipais de 2020, o Ceará tem sido palco de uma série de mudanças nas prefeituras, com a cassação ou afastamento de gestores, a realização de eleições suplementares e até mesmo o rompimento político entre prefeitos e vice-prefeitos. Neste caso, o descompasso ultrapassa os limites da gestão e ganha ares eleitoreiros, sobretudo com a proximidade do pleito. É o que se observa em ao menos 11 municípios do Estado. No primeiro mês de 2024, o acirramento entre gestores ganhou mais fôlego, adiantando uma dinâmica que deve se intensificar a partir do período de campanha.
As tensões têm deixado a população em situação de insegurança institucional. Exemplo disso é Itaiçaba em que, o prefeito reempossado, Frank Gomes (PDT), reverteu um importante ato de gestão tomado pelo opositor e parceiro de chapa, o vice-prefeito Iranilson Lima (PP).
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Em outras cidades, em diferentes níveis, administradores seguem na peleja para se afirmar diante do eleitorado e desidratar os rivais. Confira alguns casos a seguir:
ITAIÇABA
Em Itaiçaba, o retorno do prefeito Frank Gomes ao cargo por liberação judicial expôs a relação conflituosa com o vice-prefeito Iranilson Lima, que governou o município por quase um ano na ausência do companheiro de chapa.
Pouco mais de um mês após a retomada do mandato, o primeiro baixou um decreto municipal para suspender um concurso público lançado pelo segundo, em outubro de 2023, por detectar supostas irregularidades no processo.
O ato causou comoção da população, que aguardava, ansiosa, a divulgação dos resultados retificados (o processo estava em fase de recurso aos resultados preliminares), e de parte da política itaiçabense.
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Apesar de ser um ato administrativo, é nítida que a motivação parte de um rompimento de relações no município, que já indicam os caminhos opostos pelos quais os dois gestores seguirão nas eleições deste ano.
Para isso, o vice-prefeito conta com a ajuda de lideranças de mandato na região como os deputados federais AJ Albuquerque (PP), José Airton (PT) e Fernanda Pessoa (União); o deputado estadual Leonardo Pinheiro (PP); o secretário das Cidades, Zezinho Albuquerque (PP); e o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (União).
Ao Diário do Nordeste, ele confirmou a pré-candidatura, mas informou que as discussões sobre arco de aliança ainda estão em curso. Adiantou, por outro lado, que reúne, no seu entorno, os ex-prefeitos Zé Orlando, Xavier e Ribamar e atuais vereadores.
A reportagem buscou o prefeito Frank Gomes para entender como ele deve se posicionar em relação às eleições e aguarda retorno. Por ora, ele segue com os direitos políticos suspensos pela Justiça devido a um acúmulo indevido de duas remunerações simultaneamente: uma como prefeito e outra como agente administrativo supervisor, entre 2005 e 2007.
CAUCAIA
Em Caucaia, um novo episódio do rompimento entre o prefeito Vitor Valim (PSB) e o vice-prefeito Deuzinho Filho (União) ganhou repercussão nos últimos dias. Este denunciou a realização de cortes de recursos destinados para a vice-prefeitura em 2024, em "retaliação política" pelas divergências, inclusive eleitorais, entre os ex-aliados.
"Não foi apenas um ataque ao Deuzinho, um ataque político, mas esse ataque foi um ataque institucional e que abre um precedente muito grande para que outros prefeitos, outros governadores, ataquem os seus vices quando não atendem às suas expectativas e suas vontades", criticou o vice-prefeito.
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O embate, que ocorre de maneira tímida desde metade do mandato, ganha corpo em 2024 com a proximidade nos prazos eleitorais. Mesmo recuando da intenção de buscar reeleição, o prefeito Vitor Valim vai participar ativamente do processo de escolha do novo nome a representar o Governo do Estado no pleito em Caucaia.
Já Deuzinho se coloca como o principal nome, em Caucaia, da oposição liderada pelo ex-deputado e pré-candidato a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner, e é na gestão que os adversários têm mais chance de aproximar o eleitorado. Por isso, os atritos envolvendo despachos da Prefeitura podem se intensificar até outubro, como já indica o episódio mais recente.
JUAZEIRO DO NORTE
Apesar de não falarem de um rompimento de fato, é sabido que o prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), e o vice-prefeito, Giovanni Sampaio (PSB), seguirão caminhos distintos até outubro. Este já deixou claro, em outras oportunidades, que vai apoiar o nome que o Governo Elmano indicar na cidade e que também está à disposição para compor chapa.
Já Glêdson pode buscar a reeleição inédita em Juazeiro no outro lado do espectro, com o apoio das forças de oposição no Estado. Contudo, nada está fechado até o momento. O prefeito afirmou ao Diário do Nordeste, em agosto, que conversava com o senador Cid Gomes (agora, prestes a se filiar ao PSB), com o deputado federal André Figueiredo (PDT), Ciro Gomes (PDT) e lideranças de outros partidos.
"Nós temos um diálogo muito fluído com a federação PSDB/Cidadania, Novo, PL, União Brasil, PP e PDT. Eu vou tentar entendimento com o PDT, eles não apalavram nada a mim, não, mas todos os outros já apalavram alguma coisa a mim. Mas acho que o PDT pode se aproximar", acrescentou.
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Naturalmente, a divisão nos caminhos causa alguns atritos, ainda que leves, já que ambos disputam feitos de gestão para dialogar com o eleitorado. A saúde, então, é a bola da vez, sobretudo pela recente saída de Juazeiro do Consórcio Público da região.
Sampaio também é diretor-geral do Hospital Regional do Cariri (HRC). No começo de janeiro, ele se defendeu de matérias de veículos locais sobre a oferta de serviços da unidade, dizendo que o HRC sofre uma sobrecarga de pacientes de Juazeiro devido à cidade não ter uma rede bem estruturada de saúde de média complexidade.
“Mais de 30% da ocupação do HRC é de responsabilidade da atenção secundária, e o HRC atende para o povo não ficar no sofrimento, mas não recebe um centavo, afinal, esse dinheiro fica no município”, afirmou.
“Em virtude dessa sobrecarga, fica prejudicada a atenção terciária de alta complexidade, que é a habilitação do HRC. Glêdson prima pela transferência, portanto, estou aberto à discussão para esse assunto, inclusive acho que o foro apropriado é a Sesa (Secretaria Estadual de Saúde) e o MP (Ministério Público)”, explicou o vice.
Apesar disso, reiterou que a culpa não é apenas de Glêdson, mas também das gestões anteriores. “Não tenho nada contra o prefeito Glêdson, sempre o respeitei. Disse que votaria no candidato apoiado por Camilo ainda quando nós ganhamos a prefeitura de Juazeiro (2020)”, completou.
A assessoria de imprensa do chefe do Executivo municipal já havia comunicado ao Diário do Nordeste, em outubro de 2023, que ele está ciente dessa decisão e que, apesar de estarem em palanques diferentes em 2024, continuam amigos. O assunto, então, “é pauta antiga” na Prefeitura.
BARRO
A dupla que governa Barro, no Sul cearense, foi empossada em janeiro de 2022 após vitória na eleição suplementar meses antes. Pouco mais de um ano depois, o grupo foi desmembrado, com o prefeito George Feitosa (MDB) de um lado e o vice, Albano Severo (PSDB), de outro.
O prefeito se aproximou da vereadora Vanda Pereira (sem partido, segundo o site da Câmara Municipal), que foi sua adversária no pleito suplementar de 2021, e outros que estavam na oposição a fim de reforçar seu grupo político.
O presidente estadual do MDB, Eunício Oliveira, confirmou que Feitosa buscará a reeleição com “os mesmos aliados e, se possível, trazer outras pessoas porque isso faz parte da democracia”. Em 2020, a chapa foi eleita na coligação de MDB, PP, PT e PSDB.
Já o vice apertou, nos últimos meses, o laço com o ex-prefeito Marquinélio Tavares (PSD) – reeleito em 2020, mas cassado por abuso de poder econômico e fraude em contratações – visando as eleições em outubro.
O elo seria firmado por meio da ex-primeira-dama Luciana Cartaxo, já que o esposo está inelegível por oito anos. Como sustentação, teria os partidos PSD, PCdoB e PP. Mas não houve manifestação pública nesse sentido.
Da parte de Severo, na verdade, há um recuo: ele retirou a sua pré-candidatura na última semana. “Depois de muito analisar, percebi que este não é o momento certo para mim, nem sempre ter propósito é suficiente para se lançar no meio político de hoje”, disse em nota divulgada nas redes sociais.
Em meio a isso, Eunício afirma que está aberto a recompor a aliança com o vice-prefeito, desde que George – bem avaliado nas pesquisas feitas pelo partido – seja novamente cabeça de chapa.
ARACATI
Aracati é uma das cidades cearenses que vive dilema sobre o apoio do Governo Elmano nas eleições. O prefeito Bismarck Maia (Podemos) tem uma lista de pelo menos cinco pré-candidatos para analisar até as convenções partidárias. Já o PT, que abriga a vice-prefeita Denise Menezes, rompida com o ex-colega de chapa, busca um nome próprio para a disputa.
Segundo presidente do PT Ceará, Antônio Filho (Conin), são cogitados o presidente da Câmara Municipal, Ricardo Sales (PL); o secretário-executivo do Turismo do Ceará, Jonas Dezidoro (PT); e a própria Denise.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, Conin preferiu não se comprometer com a posição do governador Elmano de Freitas (PT) no Município.
Ele vai evidentemente ser ouvido e participar da campanha, mas não é a principal prioridade da agenda do governador. Essa agenda é só para nós, dos partidos, lideranças, deputados. Eventualmente, ele poderá participar num município ou outro, mas nós vamos deixar o governador muito à vontade. Ele já ajuda muito o PT fazendo a grande gestão que já está fazendo, com os resultados que está alcançando. No Aracti, nós vamos conduzir entre os partidos, a política. Se a base tiver junta, bem, se não, o governador vai respeitar issoANTÔNIO FILHO (CONIN)Presidente do PT Ceará
Já o grupo político liderado pelo prefeito conta com o suporte direto da cúpula petista. É o que diz o seu filho, o deputado estadual em exercício Guilherme Bismarck (PDT).
“Nós somos parte desse grupo que será cada vez mais forte, três vezes mais forte. Nós somos o grupo do Cid Gomes, que é o mesmo do Elmano, que é o mesmo do ministro Camilo. (...) Essa é a frente nacional, estadual e local”, declarou o parlamentar.
Desse lado, são opções para encabeçar a chapa o secretário de Esporte e Lazer de Aracati, Elvyson Gomes; a secretária de Educação da cidade, Ana Lúcia da Costa; o assessor institucional Felipe Costa Lima; e os vereadores Dr. Falcão (PV); Marcelo Porto (PDT) e Dr. Xavier Filho (MDB).
SANTA QUITÉRIA
O rompimento em Santa Quitéria ganhou status definitivo em janeiro do ano passado, quando a vice-prefeita, Lígia Protasio (PP), publicou um vídeo nas redes sociais informando que não era mais aliada do prefeito Braguinha (PSB).
Entre queixas de falta de espaço na administração, ela também lembrou que os dois se distanciaram nas eleições de 2022, quando Braguinha apoiou a investida do PDT ao Governo do Estado, e Lígia apoiou o grupo petista na disputa.
Para 2024, ela garante que segue com a mesma posição e que vai buscar nas urnas a validação para chefiar o Executivo. Atualmente, ela ocupa o cargo de prefeita interina devido a afastamento do vizinho de chapa por determinação da Justiça.
Quanto à composição da coligação, mesmo que Braguinha esteja em um partido do bloco governista estadual (o PSB é liderado por Eudoro Santana, pai de Camilo Santana), Lígia acredita que terá o suporte da cúpula petista.
“Na eleição anterior, ele (Braguinha) não apoiou o atual governo, ele foi totalmente contra e deixou bem claro. Até em entrevistas relatou que não era o tempo do Camilo tomar a posição que tinha tomado, e eu sempre estive ali firme, eu achava que era o melhor caminho e acho até hoje”, disse a gestora.
Ela também afirma que segue em diálogo com o PT e com o Republicanos para encontrar um novo endereço partidário, mas que há possibilidade de permanecer no PP para as eleições.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o prefeito Braguinha confirmou que é pré-candidato à reeleição e pretende concorrer pelo PSB. “No entanto, ainda não há definições sobre os partidos aliados”, completou.
ACOPIARA
Na Terra do Lavrador, Antônio Almeida Neto (MDB) não pode concorrer à reeleição neste ano devido ao fim do segundo mandato consecutivo como prefeito. Esta já é a quarta vez que ele ocupa a função desde 2004 – só esteve longe da Prefeitura entre 2012 e 2016, quando foi ocupada por Vilmar Felix, que vai às urnas em outubro próximo.
A aposta, então, para este ano está no sobrinho Will Almeida, ex-secretário-executivo de Esportes do Ceará e atual superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no Estado.
Ele é esposo de Renata Almeida, indicada candidata a vice-governadora na chapa de Elmano de Freitas (PT) em 2022, mas que recuou, abrindo espaço para Jade Romero (MDB). Não à toa, Will deve ter suporte da cúpula petista no pleito de Acopiara.
Em outra frente, existe a pré-candidatura da prefeita interina Ana Patrícia (Republicanos). Ela assume o governo municipal pela terceira vez neste mandato não por licença de Antônio Almeida, com quem é rompida politicamente, mas por afastamento do gestor via operação do Ministério Público.
Agora, ela tenta reunir forças para concorrer ao pleito. A migração do MDB, após cisões no diretório municipal, para o Republicanos foi um dos primeiros movimentos significativos nesse planejamento. Ana Patrícia também tem reunido aliados na gestão, em gesto comum desses casos, e compartilhado o apoio que tem recebido de lideranças comunitárias pelas redes sociais.
Em abril do ano passado, ao podcast “Sem meias verdades”, a prefeita interina disse que estava aberta, inclusive, a dialogar com Vilmar Felix para as eleições em Acopiara. O Diário do Nordeste buscou a presidente da Câmara Municipal e irmã do ex-prefeito, Simone Felix (PDT), e a assessoria de imprensa de Ana Patrícia para entender se essa possibilidade se mantém, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
ALTO SANTO
Em Alto Santo, o rompimento entre o prefeito José Joeni (PP) e a vice-prefeita Karine Aquino (PSB), segundo esta, deu-se por “descumprimento de acordos”.
A declaração foi dada em entrevista ao Diário Vale Ceará, em setembro do ano passado. À época, ela comentou que havia tratativas em cursos sobre eleições e que a pré-candidatura contra o antigo parceiro era uma possibilidade.
“Se assim o povo quiser, nos disputaremos, sim, em 2024, estamos preparados. Acho que está cedo para falar sobre campanha e apoio, estamos a um ano da campanha eleitoral, e em um ano dá para fazer e desmanchar acordo. Com a diplomacia e com a experiência politica que a gente tem, dá para reverter qualquer quadro em qualquer situação”, afirma a pessedista e filha do ex-prefeito Adelmo Aquino.
Além disso, Karine dizimou as chances de reaproximação a Joeni e indicou que teria o apoio do Governo Elmano na disputa.
“Quanto ao apoio do governador Elmano, tenho consciência plena que estará ao nosso lado, sim. Não tenho dúvidas. Nós vestimos a camisa do governador, senador e presidente”, disse.
Já o próprio prefeito mencionou o rompimento ao portal Ceará Em Pauta, em junho do ano passado, e deu indicativos de que tentaria a reeleição com outro nome na vice-prefeitura.
"Para a próxima candidatura, eu tenho direito de escolher um vice, assim como eles também (clã Aquino) têm direito de lutar pela gestão. Não acho nada demais, não tem necessidade de ficar faltando com respeito", disse, indicando que informações distorcidas teriam dado início aos embates.
A vontade se mantém, como afirma a sua assessoria de imprensa. Agora, com a vereadora Genileuda (PT) como pré-candidata a vice-prefeita na sua chapa. Para a investida, ele tem o apoio, ainda, do União Brasil e do PV.
Karine Aquino foi procurada pela reportagem para esclarecimentos sobre o apoio da cúpula petista à sua pré-candidatura, como ela já havia mencionado que buscaria. Contudo, não houve resposta até a publicação deste material.
O Diário do Nordeste ainda procurou o presidente estadual do PSB, Eudoro Santana, a fim de entender como estão as negociações eleitorais em Alto Santo, mas não obteve retorno.
ITAPIPOCA
Felipe Pinheiro (PT) e Dra. Jocélia (PRD), de Itapipoca, são mais um caso de antigos parceiros de gestão que romperam e decidiram ser adversários nas eleições deste ano.
O prefeito vai disputar a reeleição pelo PT no 6º maior colégio eleitoral do Ceará, em chapa formada, ainda, por Nildo Teixeira como pré-candidato a vice-prefeito. A confirmação saiu recentemente, em plenária da Federação Brasil da Esperança no município (PT, PCdoB e PV) realizada em 6 de janeiro.
A aliança também deve ser formada por MDB, PP, PR e PSB, presidido no município pela sua esposa, Liziany Medeiros.
Dra. Jocélia, por sua vez, vai entrar na peleja com o partido mais novo do sistema político brasileiro, o PRD, formado pela fusão do PTB e Patriota. Ela já chegou como vice-presidente estadual da legenda. Sob a liderança de Michel Lins, anunciou a investida eleitoral há pouco mais de um mês.
Ela também tem acenado os ex-prefeitos Dr. Dagmauro Moreira (Republicanos) e João Barroso (PSDB), que foram seus adversários em 2020. Em postagem nas redes sociais, a gestora falou em “virar a página e dar vida a uma nova história que se desenha” ao lado de ambos.
MASSAPÊ
O rompimento em Massapê tem uma nuance familiar. A crise existe há um tempo e tornou-se pública com a publicação de um vídeo do deputado AJ Albuquerque criticando a própria irmã, a prefeita Aline Albuquerque (PP), ao lado do vice-prefeito Luiz Carlos (PP).
O parlamentar desaprovava um suposto impeditivo de cessão de um carro usado por Carlos para levar populares para atendimento médico em outras cidades. Para arrematar, AJ foi à cidade, dar um veículo de presente ao vice-prefeito.
Com o desgaste, os antigos aliados devem se enfrentar nas urnas em outubro, disputando o apoio de lideranças do próprio partido, como o secretário das Cidades Zezinho Albuquerque (pai de AJ e Aline), e de outras instâncias.
Como presidente do PP Ceará, AJ chegou a dizer, em ocasiões anteriores, que pesquisas eleitorais já realizadas pelo partido apontam um bom desempenho do vice-prefeito nessa corrida. A declaração expõe um problema para Aline: caso Luiz Carlos seja mesmo a cabeça da chapa do PP em Massapê, ela não teria legenda para disputar a reeleição.
O destino desses atores ainda é incerto. O direcionamento dos esforços de Zezinho em Massapê, por exemplo, é uma incógnita no momento. O Diário do Nordeste procurou o secretário, além de AJ, para entender como devem ser os próximos meses de tratativas. Quando houver resposta, a matéria será atualizada.
Já Aline informou à reportagem que está focada na gestão, cujos feitos não são “fruto de um projeto pessoal ou de vaidade”, por isso que o diálogo político-eleitoral está em segundo plano. Apesar disso, afirma que é pré-candidata à reeleição.
“Acredito que os massapeenses e a opinião pública vão saber reconhecer meu trabalho independente da questão partidária”, diz, ainda.
ACARAÚ
Eleitos em 2020 na mesma chapa, em Acaraú, a prefeita Ana Flávia Monteiro (PSB) e o vice-prefeito Mano da Melancia estarão em lados opostos neste ano. O rompimento data de outubro de 2022, apesar de os desgastes serem conhecidos de antes.
O secretário dos Recursos Hídricos do Ceará, esposo da gestora e líder político na região, Robério Monteiro (PDT), confirmou à reportagem que ela vai concorrer à reeleição pelo mesmo partido, mas não deu detalhes sobre alianças no município.
Mano da Melancia também tem se organizado nesse sentido. O projeto de oposição em Acaraú reúne mentores como o presidente estadual do Republicanos, Chiquinho Feitosa, o deputado estadual João Jaime (PDT), além de ex-deputados e ex-prefeitos.
O grupo deve levar o médico Márcio Roney como líder da chapa rival à Ana Flávia. Há pouco mais de uma semana, a pré-candidatura foi lançada em encontro com diversas lideranças do município.