O teste político de Michelle Bolsonaro no Nordeste
Por Bela Megale / O GLOBO
Michelle Bolsonaro faz, neste fim de semana, sua primeira viagem ao Nordeste desde que Lula foi eleito presidente.
O destino é João Pessoa, onde a ex-primeira-dama participa de um evento de filiação de mulheres que pretendem se candidatar aos cargos de vereadora e prefeita.
Entre as organizadoras do evento está Simone Queiroga, mulher do ex-ministro Marcelo Queiroga.
A viagem está sendo vista pelo PL como o teste de Michelle na região onde Lula é mais popular, além de uma oportunidade para calibrar seu potencial como eventual sucessora de Bolsonaro, agora inelegível.
O partido quer que a ex-primeira-dama visite todos os estados da região.
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Michelle BolsonaroReprodução
LULA JÁ MOSTRA INCÔMODO COM ZEMA E TARCISIO E TRAÇA PLANOS PARA MINAR ADVERSÁRIOS
Por Roseann Kennedy / O ESTADÃO
À medida que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caminha para a inelegibilidade, o atual governo trabalha para enfraquecer potenciais adversários da direita que têm os nomes cotados para a corrida presidencial de 2026 e começam a incomodar o presidente Lula. Uma das estratégias está sendo gestada no gabinete do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), em articulação com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que, agora está em compasso de valsa com Lula.
O Ministério dos Transportes prevê R$ 1,6 bilhão de investimentos em manutenção, ampliação e adequação de rodovias federais em Minas Gerais, neste ano. Segue à risca a lógica eleitoral de que, tradicionalmente, o brasileiro aplaude e vota em políticos que entregam obras.
Quando recebeu Pacheco na semana passada, Renan Filho tinha em mãos uma planilha do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) sobre a situação das rodovias no Estado. Pelos dados apresentados, o índice de condição da manutenção das rodovias apontava 70% de bom, em 2016. O número caiu para 30% em maio de 2023.
A conclusão é imediata: por esse caminho eles poderão atingir parte do espólio político dos governadores de Minas, Romeu Zema (Novo) e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Zema porque governa o Estado e Tarcísio porque era o ministro da infraestrutura na gestão Bolsonaro e os governistas querem tirar dele a marca da eficiência.
O governo Lula constatou que o eleitorado relaciona Tarcísio à imagem de um bom gestor e que o nome dele não é associado a escândalos de corrupção. Dois temas que custam caro ao PT. Mesmo que Tarcísio não dispute a Presidência, para a esquerda é um temor vê-lo forte em São Paulo, pois deixa os petistas cada vez mais fracos no Estado que tem o maior número de eleitores do País.
No caso de Minas, o movimento governista que une Renan Filho e Pacheco tem dois focos. O governo Lula se mexe para tirar Zema do páreo da corrida presidencial, embora não acredite muito na força de uma eventual candidatura do governador para o Palácio do Planalto. E Pacheco, se não for indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, poderá disputar a vaga de governador.
OBRAS E CONCESSÕES - O Ministério dos Transportes já assinou a ordem de serviço para obras na BR-265. A duplicação da BR-381 entre Governador Valadares e Belo Horizonte está no pacote de 2023. Há, ainda, projetos nas BRs 367, 135, 365, 440, 364 e 265. Além disso, tem previsão de recurso privado, pois devem ser lançados, ainda neste ano, três editais de licitação: a BR-040/495/MG/RJ, chamada de Rio-BH; a BR-381/MG; e a BR-040/MG/GO, conhecida como Rota dos Cristais.
PARTE DA EXECUTIVA DO PT ENDOSSA CAMPANHA CONTRA BOULOS
Por Roseann Kennedy / O ESTADO DE SP
A ofensiva de uma ala do PT contra a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura de São Paulo foi verbalizada por Jilmar Tatto, mas tem aval de outros membros do diretório nacional da sigla. Entre eles, Washington Quaquá, vice-presidente, e Gleide Andrade, secretária de finanças. O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, também endossa o grupo.
Essa ala alega que o PSOL não tem sido fiel ao governo Lula nas votações em plenário. Já o PSOL diz que entrega proporcionalmente mais votos do que os partidos de centro.
A maior dificuldade para os petistas, porém, é definir quem seria o nome alternativo ao de Boulos. Como mostrou a Coluna, a postura do grupo abriu uma crise interna no PT.
EFEITO TARCISIO GERA ONDE DE FILIAÇÕES NO REPUBLICANOS DE SÃO PAULO E PARTIDO AVANÇA EM PREFEITURAS
Por Gustavo Côrtes / O ESTADO DE SP
O Republicanos quer aproveitar o “efeito Tarcísio” para crescer nas eleições do ano que vem. Em 2020, o partido elegeu 29 prefeitos no Estado, chegou a perder cinco deles para o PSDB e hoje ostenta 44 gestores municipais, atraídos pelas perspectivas de boa relação com o Palácio dos Bandeirantes.
O crescimento foi de 52% sem a realização de um novo pleito e é creditado em grande medida à eleição do governador de São Paulo pela sigla. Então a aposta da legenda é de que o percentual atingirá patamares ainda maiores em meio às articulações para as eleições municipais de 2024.
Em expansão, o Republicanos concentra esforços em pré-candidaturas competitivas em grandes cidades.
Um dos focos será a eleição da Coronel Helena, secretária de Esportes de Tarcísio, à Prefeitura de São José do Rio Preto. Em Guarulhos, a sigla estuda lançar o atual líder do governador na Alesp, Jorge Wilson, o Xerife do Consumidor.
Os prefeitos de Campinas, Dario Saadi, e de Sorocaba, Rodrigo Manga, serão candidatos à reeleição nos dois principais postos de comando do partido em São Paulo.
O Republicanos está em tratativas com outros prefeitos, como Rogério Santos (PSDB), de Santos, e Marcus Soliva (PSC), de Guaratinguetá.
Corregedor do TSE abre apuração sobre benefícios concedidos por Bolsonaro durante campanha eleitoral
Por Mariana Muniz — Brasília O GLOBO
O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, abriu nesta quarta-feira uma investigação, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para apurar se o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o seu candidato a vice na chapa, Braga Netto, cometeram irregularidades ao aprovar uma série de benesses à população durante o período eleitoral. Na lista estão a antecipação de pagamentos do Auxílio Brasil, do auxílio-gás, crédito consignado, entre outros. A medida atende a um pedido do PT, que acionou a Corte no último dia 8.
Na ação apresentada ao TSE, a campanha de Lula pede a inelegibilidade de Bolsonaro e de Braga Netto pela suposta concessão ilegal de benefícios financeiros "decorrentes de diversos atos do Presidente da República, durante o período eleitoral, valendo-se da máquina pública para otimizar programas sociais, com o claro intuito de angariar votos e, portanto, influenciar na escolha dos eleitores brasileiros, de modo a ferir a lisura do pleito".
No despacho desta quarta, o corregedor do TSE afirma que a coligação de Lula apresentou gráficos, imagens, links de matérias jornalísticas contendo declarações públicas dos investigados e prints de postagens e lives nas redes sociais.
"Em primeira análise, a petição inicial preenche os requisitos de admissibilidade”, escreveu o ministro sobre o ataque ao sistema eleitoral. Por isso, Gonçalves deu prazo de cinco dias para que os alvos das ações apresentem defesa ao tribunal.
São citadas pela defesa de Lula , entre outras medidas supostamente exploradas para finalidades eleitoreiras: “antecipação da transferência do benefício do Auxílio-Brasil e do Auxílio-Gás; aumento do número de famílias beneficiadas pelo Auxílio-Brasil; antecipação de pagamento de auxílio a caminhoneiros e taxistas; programa de negociação de dívidas com a Caixa Econômica Federal; liberação de FGTS futuro para financiar imóveis; anúncio pela Caixa Econômica Federal de crédito para mulheres empreendedoras; crédito consignado do Auxílio-Brasil; vantagens a concursados de segmentos alinhados a Jair Bolsonaro”.
Segundo a equipe jurídica do PT, Bolsonaro “aproveitou-se das atribuições e prerrogativas advindas do cargo que ocupa para fins eleitoreiros”, dispendendo recursos “na ordem de 60 bilhões de reais, conforme apurado pela mídia nacional".
"A conduta descrita na petição inicial diz respeito, em síntese, ao uso da máquina pública e das prerrogativas do Presidente da República para, durante o período eleitoral, pautar a concessão de benefícios sociais, a gestão de programas da mesma natureza e o calendário para liberação de recursos pela finalidade de render dividendos eleitorais para o candidato à reeleição. Narra-se, portanto, que teria havido desvio de finalidade no exercício do cargo público, envolvendo o emprego de vultosos recursos, em violação à isonomia, à normalidade eleitoral e à legitimidade do pleito", diz Gonçalves.