No DF, Queiroga aplica vacina em Tarcísio de Freitas e André Mendonça
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, recebeu, hoje (5), a primeira dose da vacina contra a covid-19. Freitas, que completou 46 anos de idade em junho, foi imunizado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que é médico. O ministro vacinou também outras pessoas que aguardavam na fila, entre elas o ministro da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, 48 anos, que, segundo a assessoria, recebeu sua primeira dose.
Os ministros estiveram, nesta manhã, na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Guará, região administrativa do Distrito Federal a cerca de 13 quilômetros da Esplanada dos Ministérios. Segundo a assessoria do Ministério da Infraestrutura, a imunização de Freitas e Mendonça por Queiroga foi previamente acertada, após o agendamento das vacinas, a fim de estimular a população a se vacinar.
O ministro da Infraestrutura comentou o fato em sua conta pessoal no Twitter, compartilhando o momento em que recebe a vacina.
“Chegou a minha vez, pelo Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. Vacinado pelo doutor Marcelo Queiroga, na UBS número 1, do Guará”, escreveu Freitas.
Desde a última quinta-feira (1), o governo do Distrito Federal vem vacinando pessoas acima de 46 anos, além de pessoas com outras doenças e grupos prioritários, mas já no sábado (3), a secretaria de Saúde abriu o agendamento para começar a imunizar as pessoas de 44 anos de idade ou mais, a partir da próxima quarta-feira (7).
Também nas redes sociais, o Ministério da Saúde informou que, até esta manhã, já foram distribuídas 143,2 milhões de doses das vacinas contra a covid-19 para os 26 estados e para o Distrito Federal. Destas, 105,3 milhões de doses já foram aplicadas, de acordo com a pasta.
Ao menos 77,63 milhões de pessoas receberam ao menos uma dose do imunizante, e 27,64 milhões receberam duas doses.
Edição: Maria Claudia / AGÊNCIA BRASIL
Vacina não é tudo - ÉPOCA
A vacina não é o único determinante no sucesso contra a pandemia. Além da eficiência, contam fatores como cobertura com uma e duas doses, ritmo da vacinação, distanciamento social e cuidados com higiene.
— Israel abriu antes do tempo e voltou a ver o número de casos subir. O Chile também. Algumas pessoas pensam na vacina individualmente, mas a proteção depende do coletivo. Numa circulação de vírus elevadíssima como a do Brasil, todos estão em risco. Pensar no coletivo também é pensar na segurança individual — adverte Kfouri.
O geneticista Renato Santana, professor da UFMG que estuda variantes do coronavírus, diz que, mês a mês, se observa uma queda na mortalidade de idosos, vacinados primeiro, e o crescimento da mesma taxa em grupos não vacinados.
— Observamos uma queda na severidade dos casos, mesmo com a variante P1 totalmente dominante no Brasil. Isso significa que as vacinas funcionam — pondera .
A vacina não é o único determinante no sucesso contra a pandemia. Além da eficiência, contam fatores como cobertura com uma e duas doses, ritmo da vacinação, distanciamento social e cuidados com higiene.
— Israel abriu antes do tempo e voltou a ver o número de casos subir. O Chile também. Algumas pessoas pensam na vacina individualmente, mas a proteção depende do coletivo. Numa circulação de vírus elevadíssima como a do Brasil, todos estão em risco. Pensar no coletivo também é pensar na segurança individual — adverte Kfouri.
O geneticista Renato Santana, professor da UFMG que estuda variantes do coronavírus, diz que, mês a mês, se observa uma queda na mortalidade de idosos, vacinados primeiro, e o crescimento da mesma taxa em grupos não vacinados.
— Observamos uma queda na severidade dos casos, mesmo com a variante P1 totalmente dominante no Brasil. Isso significa que as vacinas funcionam — pondera .
Margareth Dalcolmo se preocupa com o tempo perdido com discussões sobre taxas de eficácia incomparáveis e efeitos adversos raríssimos enquanto a pandemia continua sem controle.
— Internei há dias dois jovens, um de 26 e outro de 28 anos. Como outros tantos, eles se achavam a salvo da Covid-19. Isso não existe, a não ser para os vacinados. Temos que correr para vacinar os jovens, eles se expõem mais e estão adoecendo como nunca vimos na pandemia. Temos que vacinar a todos, gente sem documentos, não importa. O importante é proteger a população — ressalta ela.
O futuro
Gazinelli acalenta a expectativa de que até o fim do ano o Brasil tenha 70% de sua população vacinada. Depois, teremos outros desafios. Um é descobrir quanto tempo a imunidade conferida pelas vacinas durará. Para essa questão, não há resposta conclusiva. Outro é saber se serão necessárias doses de reforço, seja devido à diminuição de proteção ou pelo surgimento de variantes do coronavírus capazes de escapar da proteção adquirida. Estudos sugerem que o reforço será inevitável. Mas quando, em que frequência e por quanto tempo permanecem em aberto.
Os próximos meses e anos dirão se serão necessárias doses extras, se será melhor combinar vacinas diferentes, se novos imunizantes oferecerão mais opções e se haverá vacinas mais adequadas a determinados grupos.
Gazinelli acalenta a expectativa de que até o fim do ano o Brasil tenha 70% de sua população vacinada. Depois, teremos outros desafios. Um é descobrir quanto tempo a imunidade conferida pelas vacinas durará. Para essa questão, não há resposta conclusiva. Outro é saber se serão necessárias doses de reforço, seja devido à diminuição de proteção ou pelo surgimento de variantes do coronavírus capazes de escapar da proteção adquirida. Estudos sugerem que o reforço será inevitável. Mas quando, em que frequência e por quanto tempo permanecem em aberto.
Os próximos meses e anos dirão se serão necessárias doses extras, se será melhor combinar vacinas diferentes, se novos imunizantes oferecerão mais opções e se haverá vacinas mais adequadas a determinados grupos.
— Todas as vacinas têm vantagens e desvantagens, mas o que importa é o resultado final e este tem sido bom para todas. As vacinas diminuem a carga de vírus numa pessoa, com isso, menos vírus estarão em circulação e isso é crucial para contermos a pandemia — resume Gazinelli, cujo grupo desenvolve uma vacina que tem se mostrado promissora em testes com animais.
O erro de escolher
O que motiva os ‘sommeliers’: Quem quer escolher uma vacina costuma argumentar que a da Pfizer/BioNTech protege mais que a Oxford/AstraZeneca, Janssen e CoronaVac. Dizem isso com base nas taxas de eficácia publicadas em testes clínicos. A da Pfizer/BioNTech é de 95%, a da Janseen, 72%, a da Oxford/AstraZeneca, 76%, e a da CoronaVac, 51%.
O equívoco da comparação: O problema é que as taxas de eficácia não podem ser comparadas porque os estudos clínicos de fase 3 em que elas se baseiam foram realizados em lugares diferentes, com metodologias distintas (grupos de vacinados e de controle, tipo de placebo, duração, dosagem etc.) e em momentos distintos da pandemia. Por isso, são incomparáveis. A Pfizer foi testada quando a pandemia estava no início e ainda não havia surgido variantes. A CoronaVac usou como voluntários profissionais de saúde, pessoas mais expostas do que a maioria. E a AstraZeneca e a Janssen foram testadas após a emergência de variantes. Tudo isso impede qualquer comparação.
O que motiva os ‘sommeliers’: Quem quer escolher uma vacina costuma argumentar que a da Pfizer/BioNTech protege mais que a Oxford/AstraZeneca, Janssen e CoronaVac. Dizem isso com base nas taxas de eficácia publicadas em testes clínicos. A da Pfizer/BioNTech é de 95%, a da Janseen, 72%, a da Oxford/AstraZeneca, 76%, e a da CoronaVac, 51%.
O equívoco da comparação: O problema é que as taxas de eficácia não podem ser comparadas porque os estudos clínicos de fase 3 em que elas se baseiam foram realizados em lugares diferentes, com metodologias distintas (grupos de vacinados e de controle, tipo de placebo, duração, dosagem etc.) e em momentos distintos da pandemia. Por isso, são incomparáveis. A Pfizer foi testada quando a pandemia estava no início e ainda não havia surgido variantes. A CoronaVac usou como voluntários profissionais de saúde, pessoas mais expostas do que a maioria. E a AstraZeneca e a Janssen foram testadas após a emergência de variantes. Tudo isso impede qualquer comparação.
O que importa: As análises de efetividade, que avaliam o efeito de uma vacina na população, são o guia mais apropriado. As realizadas até o momento indicam que todas as vacinas são seguras, protegem contra a Covid-19 grave e evitam mortes.
E as variantes: Em tese, elas ameaçam reduzir o impacto dos imunizantes porque podem escapar dos anticorpos e são mais contagiosas. Mas, até agora, todas as vacinas continuam sendo eficazes.
Tomou vacina e morreu - EPOCA
Ballalai observa que nenhuma vacina oferecerá na vida real 100% de proteção porque a imunidade depende não apenas do imunizante, mas também do imunizado. A resposta do sistema imunológico varia de um indivíduo para outro. Existem pessoas com duas doses de qualquer um desses imunizantes que morreram de Covid-19. Esses casos chamam a atenção justamente porque são raros.
— O Brasil está com baixíssima cobertura vacinal para duas doses e tem uma quantidade enorme de jovens sem perspectiva de receber vacinas. Isso é dramático — diz Ballalai, que chama atenção para o caso do Chile. Lá a maciça aplicação de uma dose da CoronaVac não teve efeito expressivo, mas a situação mudou depois da segunda dose.
Por ser a primeira a ser desenvolvida, a Pfizer foi testada nos EUA num momento em que a pandemia não havia explodido lá e variantes mais contagiosas, como beta, delta e gama (a P1 brasileira), ainda não haviam emergido.
A boa notícia é que o imunizante se manteve eficaz em análises de efetividade divulgadas em meados de junho. Estas indicaram que a Pfizer e a Moderna, feitas com a mesma tecnologia, oferecem imunidade persistente, por pelo menos um ano, inclusive para as variantes.
Ballalai observa que nenhuma vacina oferecerá na vida real 100% de proteção porque a imunidade depende não apenas do imunizante, mas também do imunizado. A resposta do sistema imunológico varia de um indivíduo para outro. Existem pessoas com duas doses de qualquer um desses imunizantes que morreram de Covid-19. Esses casos chamam a atenção justamente porque são raros.
— O Brasil está com baixíssima cobertura vacinal para duas doses e tem uma quantidade enorme de jovens sem perspectiva de receber vacinas. Isso é dramático — diz Ballalai, que chama atenção para o caso do Chile. Lá a maciça aplicação de uma dose da CoronaVac não teve efeito expressivo, mas a situação mudou depois da segunda dose.
Por ser a primeira a ser desenvolvida, a Pfizer foi testada nos EUA num momento em que a pandemia não havia explodido lá e variantes mais contagiosas, como beta, delta e gama (a P1 brasileira), ainda não haviam emergido.
A boa notícia é que o imunizante se manteve eficaz em análises de efetividade divulgadas em meados de junho. Estas indicaram que a Pfizer e a Moderna, feitas com a mesma tecnologia, oferecem imunidade persistente, por pelo menos um ano, inclusive para as variantes.
— Até agora, não temos visto perda de eficácia das vacinas contra as formas moderadas e graves de Covid-19 devido às variantes. Há estudos em curso no Brasil e no mundo, isso tem sido monitorado — acrescenta Kfouri.
Um levantamento feito recentemente em Serrana (SP), onde 75% da população de recebeu duas doses da CoronaVac, mostra que houve redução de 95% das mortes por Covid-19. O resultado sugere que ela pode proteger contra a variante P1, dominante no Brasil e considerada até mais de duas vezes mais contagiosa do que as linhagens originais.
Os resultados da AstraZeneca chamam a atenção. A Agência de Saúde da Inglaterra (PHE, na sigla em inglês) informou em maio que as duas doses da AstraZeneca conferem 90% de proteção contra a Covid-19. Em estudo na Lancet, a Universidade de Oxford, parceira da AstraZeneca, mostrou que sua vacina pode proteger por pelo menos 1 ano pessoas que tomaram duas doses com um intervalo maior (45 semanas) ou receberam um reforço depois de duas doses com intervalo menor.
Em estudo na New England Journal of Medicine, a vacina da Janssen se mostrou capaz de, 28 dias após uma só dose, oferecer 100% de proteção contra hospitalização e morte por Covid-19. Quando se incluem casos graves, o percentual é de 84,5% e moderados, 66%. A média de proteção nos EUA foi de 72%. A vacina perde parte da eficiência para a variante sul-africana beta. Mas permanece, segundo a OMS, eficaz contra a delta. Como as demais, não foi testada contra a P1.
Efeitos adversos
Existe vacina grátis, mas não há nenhuma que garanta risco zero de provocar efeitos adversos, quase a totalidade deles leves. À medida que mais pessoas se vacinam, aumentam, como seria esperado, relatos de gente que passou mal.
— Os efeitos são insignificantes frente aos benefícios — assegura Dalcolmo.
Ricardo Gazinelli, professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia, diz que a vacina da Pfizer, por exemplo, parece promover uma resposta mais potente na primeira dose, mas pode causar em algumas pessoas mais efeitos adversos leves na segunda dose.
A vacina da Pfizer pode provocar em casos extremamente raros miocardite e pericardite em jovens, informou em junho o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA. Ainda assim, nada que justifique qualquer medida, além de atenção.
Já as vacinas da AstraZeneca e a da Janssen podem provocar efeitos adversos leves (febre e mal-estar, por exemplo) com mais frequência. Dalcolmo explica que os casos de trombose associados a essas vacinas nada têm a ver com a trombose comum e são extremamente raros. A estimativa é de um caso para cada 400 mil aplicações de AstraZeneca.
Existe vacina grátis, mas não há nenhuma que garanta risco zero de provocar efeitos adversos, quase a totalidade deles leves. À medida que mais pessoas se vacinam, aumentam, como seria esperado, relatos de gente que passou mal.
— Os efeitos são insignificantes frente aos benefícios — assegura Dalcolmo.
Ricardo Gazinelli, professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia, diz que a vacina da Pfizer, por exemplo, parece promover uma resposta mais potente na primeira dose, mas pode causar em algumas pessoas mais efeitos adversos leves na segunda dose.
A vacina da Pfizer pode provocar em casos extremamente raros miocardite e pericardite em jovens, informou em junho o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA. Ainda assim, nada que justifique qualquer medida, além de atenção.
Já as vacinas da AstraZeneca e a da Janssen podem provocar efeitos adversos leves (febre e mal-estar, por exemplo) com mais frequência. Dalcolmo explica que os casos de trombose associados a essas vacinas nada têm a ver com a trombose comum e são extremamente raros. A estimativa é de um caso para cada 400 mil aplicações de AstraZeneca.
Em grávidas, o risco é maior, mas ainda assim, baixo: 776 casos de trombose em 360 milhões de aplicações.
— Não há motivo para pessoas com trombose deixarem de tomar essas vacinas porque os mecanismos que causam os efeitos adversos raros são outros — afirma ela.
A CoronaVac está associada a menos efeitos adversos. Segundo Gazinelli, poderia ser especialmente adequada para gestantes e pessoas com alguma imunodeficiência.
A origem da confusão - DAS VACINAS
A principal confusão dos “sommeliers” diz respeito às taxas de eficácia em estudos clínicos de fase 3, a última antes da autorização para uso na população. Esses testes mostraram eficácia de 95% para a Pfizer; 72% a 90% para a Janssen; 76% a 82% AstraZeneca; 51%, CoronaVac.
Mas as taxas não são comparáveis porque os estudos de fase 3 foram realizados em momentos diferentes da pandemia (alguns quando já havia novas variantes do coronavírus em circulação, outros não), com metodologias distintas (duração, escolha do tipo de placebo e dos grupos vacinados e de controle, por exemplo) e em países com diferentes taxas de contágio. Podem parecer detalhes, mas não são. Mal comparando, quando se contrasta o consumo de carros, é preciso testá-los em condições idênticas. Se um anda numa estrada de asfalto sem trânsito, outro numa de terra esburacada e um terceiro numa metrópole engarrafada, não há como provar que o primeiro é o mais econômico.
— Todas as vacinas em uso no Brasil são semelhantes em segurança e proteção para casos moderados a graves de Covid-19. E isso é o que importa — frisa Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Mas a eficácia de 95% da Pfizer na fase de testes impressiona e puxava a fila de pessoas acima de 80 anos formada na Clínica de Família Santa Marta, em 22 de junho, data em que homens de 49 anos deveriam se vacinar. Naquele dia, havia Pfizer. Nenhum dos idosos ali morava na comunidade, mas todos tinham decidido não se vacinar com CoronaVac e AstraZeneca para esperar pela Pfizer e rondavam postos há semanas. Uma decisão, no mínimo, temerária.
A principal confusão dos “sommeliers” diz respeito às taxas de eficácia em estudos clínicos de fase 3, a última antes da autorização para uso na população. Esses testes mostraram eficácia de 95% para a Pfizer; 72% a 90% para a Janssen; 76% a 82% AstraZeneca; 51%, CoronaVac.
Mas as taxas não são comparáveis porque os estudos de fase 3 foram realizados em momentos diferentes da pandemia (alguns quando já havia novas variantes do coronavírus em circulação, outros não), com metodologias distintas (duração, escolha do tipo de placebo e dos grupos vacinados e de controle, por exemplo) e em países com diferentes taxas de contágio. Podem parecer detalhes, mas não são. Mal comparando, quando se contrasta o consumo de carros, é preciso testá-los em condições idênticas. Se um anda numa estrada de asfalto sem trânsito, outro numa de terra esburacada e um terceiro numa metrópole engarrafada, não há como provar que o primeiro é o mais econômico.
— Todas as vacinas em uso no Brasil são semelhantes em segurança e proteção para casos moderados a graves de Covid-19. E isso é o que importa — frisa Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Mas a eficácia de 95% da Pfizer na fase de testes impressiona e puxava a fila de pessoas acima de 80 anos formada na Clínica de Família Santa Marta, em 22 de junho, data em que homens de 49 anos deveriam se vacinar. Naquele dia, havia Pfizer. Nenhum dos idosos ali morava na comunidade, mas todos tinham decidido não se vacinar com CoronaVac e AstraZeneca para esperar pela Pfizer e rondavam postos há semanas. Uma decisão, no mínimo, temerária.
— Atrasar a vacinação para escolher uma vacina vai custar a vida de muita gente devido à alta circulação de vírus no Brasil — alerta a pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Margareth Dalcolmo.
Parece mas não é
Eficácia e efetividade parecem, mas não são a mesma coisa. A eficácia é medida nos estudos clínicos de fase 3 e diz respeito à estimativa de proteção individual. Assim, uma vacina com 95% de eficácia confere 95% menos risco de contrair Covid-19 em relação a um não-vacinado. Mas não significa que 95 de cada 100 vacinados ficarão livres da doença. O que mede isso são as análises de efetividade, quando as vacinas já estão em uso maciço.
Todas as divulgadas até o momento apresentam saldo altamente positivo para os imunizantes. A mais sólida vem do Reino Unido, o primeiro país do mundo a começar a vacinar e que tem 65% da população com pelo menos uma dose.
Na Nature Medicine, cientistas britânicos disseram que “a vacinação contra a Covid-19 reduziu o número de novas infecções por Sars-CoV-2, com os maiores benefícios obtidos após duas doses contra infecções sintomáticas. Não houve diferença entre a BNT162b2 (Pfizer) e ChAdOx1 (AstraZeneca/Oxford)”. A CoronaVac e a Janssen não são usadas lá e, portanto, não foram comparadas. Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), observa que o Reino Unido nos mostrou que o imunizante da AstraZeneca oferece de 85% a 90% de proteção com duas doses, a mesma da Pfizer.
— Chile e Uruguai nos provam que a CoronaVac reduziu óbitos e mortes em 90%. Também o mesmo patamar da Pfizer — afirma. ÉPOCA
Fux confirma inconstitucionalidade de cargos comissionados em cidade do RJ
A criação de cargos em comissão para postos técnicos é uma burla à regra do concurso público. Com esse entendimento, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, manteve decisão que declarou a inconstitucionalidade de cargos de comissão criados por duas leis municipais de Armação dos Búzios (RJ).
A prefeitura alegava que a decisão, proferida pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, representaria grave lesão à ordem pública, pois causaria a exoneração ocupantes de cargos de assessoria em quase todas secretarias municipais, especialmente as de Saúde, Educação, Assistência Social e Segurança Pública. Além disso, o cumprimento imediato comprometeria as políticas públicas de combate à Covid-19 e a continuidade da prestação de serviços essenciais.
O relator observou que o TJ-RJ havia aplicado a tese de repercussão geral fixada pelo STF no RE 1.041.210 (Tema 1.010), que veda a criação de cargos em comissão para funções burocráticas, técnicas ou operacionais. Os cargos teriam sido criados para atribuições que não pressupõem vínculo de confiança, o que não justificaria serem de livre nomeação e exoneração.
Fux ainda constatou inexistência de risco para manutenção dos serviços públicos, já que o TJ-RJ modulou os efeitos da decisão e deu tempo razoável para readequação da estrutura administrativa local. Para o ministro, haveria risco inverso, de manutenção de pessoas em funções públicas de forma irregular sem possibilidade de se exigir restituição ao erário pelas remunerações. Com informações da assessoria do STF.
Clique aqui para ler a decisão
Revista Consultor Jurídico, 4 de julho de 2021, 16h37
Lula e Bolsonaro são crias da mesma mãe: o populismo
Quando Lula surgiu, no final da década de 70, nascia um salvador da pátria, que iria nos tirar da ditadura militar e nos recolocar nos trilhos da democracia e paz social. Ledo engano. Ele aproveitou sua popularidade e quando assumiu o poder aproveitou para montar um governo que roubava à título de satisfazer as classes mais pobres, um Robin Hood de araque, pois o que acabamos vendo foi a construção de uma máquina de corrupção que enriqueceu petistas e seus aliados, especialmente suas lideranças, incluindo o próprio Lula. Logo, os brasileiros perceberam que o lulopetismo nada mais era do que uma arapuca para engambelar as massas sofridas e ignaras.
Como o Brasil é um País cuja grande maioria da população vive na miséria absoluta, subdesempregada, baixo poder aquisitivo e cultura precária, o espaço para os salvadores da pátria nunca fica vazio. Com Lula na cadeia e os petistas nas barras dos tribunais, um outro líder populista e oportunista certamente iria ocupar esse vácuo. E foi aí que o fenômeno bolsonarista alicerçou seus tentáculos demagógicos e criou m novo “mito”, que a massa iletrada adotou como futuro timoneiro para a solução de seus dramas sociais. Ao final e ao cabo, tanto Lula, como Bolsonaro, são crias do mesmo infortúnio: a herança caudilhesca de nossos governantes. Basta ver que no passado tivemos Getúlio Vargas com o mesmo perfil e mais recentemente fomos vítimas do líder dos descamisados e caçador de marajás, Collor de Mello, assim como tivemos Lula, o pretenso pai dos pobres, e Dilma, a famigerada mãe do PAC.
O Brasil vive, assim, de ilusionistas, populistas e ludibriadores da boa fé popular. Basta ver que para seduzir os famélicos nordestinos, Lula criou o Bolsa Família e Bolsonaro, que agora sonha em se reeleger, quer incrementar esse programa assistencialista. Tanto Lula, quanto Bolsonaro, são farinha do mesmo saco, pois nenhum deles pensa em projetos de distribuição de renda. Apenas adotam programas eleitoreiros que mantêm essas populações dependentes das benesses estatais.
Afinal, assim como Lula foi uma criatura desse sistema popularesco, Bolsonaro foi filhote do lulismo. Sem Lula preso e o petismo escorraçado, o bolsarismo não teria chegado ao poder em 2018. O lulismo foi o pai do bolsonarismo. E agora, com Bolsonaro nas cordas, acuado por toda sorte de denúncias de corrupção e malfeitos, Lula volta a ter chances de retornar ao poder. O Brasil vive, assim, sua sina de ter um populista no governo, ora de esquerda, ora de direita. E é por essa razão que vivemos, há décadas, no eterno Fla-Flu do atraso e da desesperança.
Germano Oliveira / ISTOÉ