Busque abaixo o que você precisa!

Média de apoio a Bolsonaro só supera índice de Dilma

Daniel Weterman e Camila Turtelli, O Estado de S.Paulo

25 de janeiro de 2021 | 05h00

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro contou com uma base de votos na Câmara menor que a de antecessores nos dois primeiros anos de mandato. Mesmo com o apoio de partidos do Centrão e o alinhamento maior de deputados desse bloco ao Palácio do Planalto, a adesão a Bolsonaro supera apenas a observada durante o governo de Dilma Rousseff (PT) pouco antes do impeachment, em 2016. Para cientistas políticos ouvidos pelo Estadão, o quadro representa risco para o presidente no momento em que cresce a pressão por seu afastamento.

Levantamento do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), produzido pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), revela que, na primeira metade de seu mandato, Bolsonaro teve, em média, apoio de 72,5% na Câmara. O índice considera o alinhamento dos deputados com a liderança do governo em todas as votações, excluindo aquelas nas quais houve consenso, como o decreto de calamidade pública para enfrentar a pandemia de covid-19.

Apesar de ter maioria na Câmara para aprovar projetos de seu interesse, Bolsonaro enfrenta dificuldades. Não sem motivo: o porcentual de 72,5% indica que o apoio parlamentar ao governo é inferior à base que sustentava seus antecessores desde a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (2003 a 2006 e 2007 a 2010).

A média de apoio ao governo em votações nominais na Câmara no primeiro mandato de Lula, por exemplo, foi de 77,1% até junho de 2004 . Já o ex-presidente Michel Temer, que assumiu o governo após o afastamento de Dilma Rousseff, obteve respaldo de 73,7% dos deputados no período em que permaneceu no cargo, até o fim de 2018. Nos meses que antecederam o impeachment de Dilma, no entanto, a adesão ao governo petista era de 58,2%.

Agora, diante do agravamento da pandemia de covid-19 e de erros do governo na condução da crise, a aprovação ao governo Bolsonaro caiu e foram registrados nos últimos dias em diversas cidades panelaços e carreatas com o mote “Fora Bolsonaro”. O presidente mudou a estratégia de comunicação, como mostrou o Estadãoe agora aposta na chegada das vacinas ao Brasil para superar o desgaste. Na arena política, Bolsonaro tem distribuído cargos e emendas para indicados do Centrão.

O cenário, no entanto, é de muita turbulência. Partidos de oposição como PT, PDT, PSB, Rede e PC do B prometem protocolar nesta terça-feira uma ação que pede a saída de Bolsonaro, sob o argumento de que ele tem sido negligente com a saúde da população.

Bolsonaro, por sua vez, se movimenta para eleger o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), líder do Centrão, como presidente da Câmara. O principal adversário de Lira é o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), apoiado pelo atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e por uma frente de siglas de centro e de esquerda.

Cabe ao presidente da Câmara arquivar ou dar andamento a pedidos de impeachment contra o chefe do Executivo. Atualmente, há 56 pedidos ativos de afastamento de Bolsonaro. A expectativa é que se Lira ganhar a eleição vai engavetar todos eles.

ctv-2dv-44882603
Bolsonaro acenando a deputados logo antes de ser empossado no Congresso Nacional, em janeiro de 2019. Foto: J. Batista/Câmara dos Deputados

‘Cálculo político’

“O alinhamento nas votações é um indicador insuficiente para medir a possibilidade de impeachment, mas, certamente, sinaliza que a perda de apoio entre os parlamentares pode influenciar nas articulações para evitar a abertura de um impeachment”, afirmou a cientista política Débora Gershon, uma das autoras do estudo do Observatório do Legislativo Brasileiro. “O cenário atual, com queda de popularidade, é árido para o presidente, mas ainda não coloca o impeachment à vista. O elemento novo é o aumento da temperatura política fora do Congresso. Isso, sim, muda o cálculo político do parlamentar.”

Com a adesão ao governo, o Centrão se aproximou ainda mais de outros partidos conservadores, desde 2019 fiéis ao governo, como PSL e PSC. A distância desse grupo com a oposição criou um “fosso” no centro político da Câmara e aumentou a polarização nas votações. No ano passado, de acordo com o levantamento do Observatório do Legislativo Brasileiro, nenhuma legenda ficou “em cima de muro”.

“A base é fluida e instável porque são poucos os que acreditam verdadeiramente nas pautas do governo, exceto a econômica. Por isso, a cada votação dá-se novo rearranjo de forças. O Centrão segura, mas não garante”, disse o deputado Fábio Trad (PSD-MS), integrante de um dos partidos que apoiam Lira, mas que não declarou em quem vai votar.

Durante o ano passado, quando o Brasil começou a enfrentar a pandemia de covid-19 e o Congresso dedicou a maior parte dos projetos ao enfrentamento da crise, os deputados mais alinhados ao governo nas votações foram PSL, PL, Progressistas, Patriota, Novo, Republicanos, PSC e MDB. As notas médias de governismo ficaram próximas a 8, em uma escala que vai de 0 a 10. Na outra ponta, como era esperado, os oposicionistas PSOL, PT, PC do B, Rede, PSB, PDT, PV e Cidadania se mantiveram distantes da orientação do Planalto nas votações, com notas de 1 a 4.

Estados em crise usam brechas para contratar

Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli, O Estado de S. Paulo

 

BRASÍLIA | Governadores e prefeitos têm se aproveitado de brechas da Lei Complementar 173, que proibiu reajustes ampliações de gastos com pessoal como condição para um socorro bilionário durante a pandemia da covid-19, para mesmo assim conceder aumentos ou fazer contratações. O grupo inclui Estados em péssimas condições financeiras e que estão na fila por um socorro da União.

Bruno Covas em posse
Reeleito prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB) participa de cerimônica de posse na Câmara Municipal Foto: Alex Silva / Estadão

LEIA TAMBÉM

'Servidor tem de produzir mais e melhor', diz presidente do INSS

'Servidor tem de produzir mais e melhor', diz presidente do INSS

No Rio de Janeiro, a Assembleia do Estado incluiu no Orçamento a previsão de um plano para a revisão dos salários – na prática, uma brecha para concessão de reajustes. Em estado de calamidade financeira desde 2016 e sob o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) desde 2017, o Estado ainda pagará salários 11% maiores para o governador e integrantes do primeiro e segundo escalão do Executivo, após a revogação de uma lei que cortava essas remunerações. O rombo nas contas públicas previsto para este ano está na casa dos R$ 20 bilhões.

A Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Rio informou que a emenda do Orçamento “não é impositiva”: “Pode haver ou não um plano de revisão anual dos servidores, o que não implica em um aumento salarial ou contratações. Não há previsão de reajustes.”

Em Goiás, a Assembleia aprovou um reajuste de até 64,61% para professores com contratos temporários que ainda não recebiam o piso nacional da categoria. A secretária de Economia do Estado, Cristiane Alkmin, disse ao Estadão que o aumento não conflita com a lei do socorro porque o piso dos professores é determinado por uma legislação federal, anterior à pandemia, e a lei trata esse tipo de aumento de gastos como uma exceção à proibição.

No Pará, o governo concedeu reajuste de 3% para delegados da Polícia Civil e ainda determinou um pagamento retroativo de abono salarial a servidores da segurança pública, referente ao período de 2014 a 2017. O anúncio foi feito pelo governador Helder Barbalho (MDB) e pela agência oficial de notícias. O governo do Estado, porém, não respondeu ao pedido do Estadão para detalhar o impacto financeiro da medida e se há violação das restrições impostas pela lei 173.

Em Mato Grosso do Sul, o governo discute uma proposta para incorporar o adicional de produtividade ao salário de fiscais tributários e auditores do Estado. Na prática, isso eleva a remuneração porque outros benefícios incidiram sobre o salário mais gordo – além de não haver impedimentos no futuro para a criação de novos adicionais. O governo estadual também não respondeu à reportagem.

Em Minas Geraiso governador Romeu Zema (Novo) adota o discurso contra privilégios, mas sancionou uma lei que amplia possibilidade de novas gratificações para o Judiciário estadual e aumenta o número de vagas para desembargadores. O governo mineiro não respondeu ao pedido de entrevistas.

Já o Rio Grande do Sul anunciou concursos públicos para preencher 3,4 mil vagas, a maior parte de professores e profissionais da Secretaria de Saúde. Tanto a Procuradoria-Geral do Estado quanto o governador, Eduardo Leite (PSDB), afirmaram em recente entrevista coletiva que as contratações não violam a lei porque preenchem cargos que já estavam vagos.

Nas prefeituras de São Paulo e Manaus, os reajustes ficaram para 2022, mas já foram contratados e, no caso da capital do Amazonas, pode ser implementado ainda este ano, caso a proibição na lei federal seja revogada. Além disso, a remuneração dos prefeitos funciona como teto da remuneração dos servidores municipais.

Em São Paulo, categorias vinham pressionando os vereadores a conceder o reajuste para driblar o que vinha então funcionando como trava, impedindo mais aumentos para a elite do funcionalismo. A Prefeitura disse ao Estadão que a lei do reajuste é “autorizativa” e que o teto salarial só será alterado se a pandemia estiver superada em 2022.

Segundo a assessoria de Covas, a mudança é importante porque o teto do funcionalismo não é corrigido desde 2012, e a defasagem favorece a evasão de profissionais de carreiras com salários elevados, geralmente posições com alta qualificação, como auditores fiscais.

Em Manaus, nem a Câmara de Vereadores, nem a Prefeitura responderam aos pedidos de informações da reportagem. Em abaixo-assinado, entidades, instituições, pastorais e movimentos sociais pediram a rejeição dos projetos. 

Estados e prefeituras burlam regra para reajustar salário de funcionalismo

Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli, O Estado de S. Paulo

 

BRASÍLIA | Na semana do Natal, enquanto Manaus já agonizava com a piora da pandemia e a falta de oxigênio nos hospitais, a Câmara de Vereadores da capital do Amazonas se reuniu em sessão extraordinária no dia 21 para aprovar dois projetos que aumentaram os salários de vereadores, prefeito, vice-prefeito, secretários e subsecretários. A partir de 1.º de janeiro de 2022, o salário do prefeito de Manaus subirá de R$ 18 mil para R$ 27 mil, e o dos vereadores, de R$ 15 mil para R$ 18,9 mil.

Alerj
Governo federal precisou pagar R$ 618 milhões em dívidas do Estado de Rio de Janeiro. Foto: Zô Guimarães/Alerj/Divulgação

LEIA TAMBÉM

Bolsonaro promete desconto para PMs na Ceagesp, mas quem paga a conta?

Bolsonaro promete desconto para PMs na Ceagesp, mas quem paga a conta?

A Câmara de Vereadores de São Paulo seguiu os colegas de Manaus e dias depois, em 23 de dezembro, aprovou em segundo turno um aumento médio de 46,6% para os salários do prefeitoBruno Covas (PSDB), do vice e dos secretários da capital. A promulgação da lei foi publicada no dia 24, com o reajuste no salário de Covas de R$ 24.175,55 para R$ 35.462,00, também a partir de 2022.

Embora estejam proibidos reajustes para servidores até o fim deste ano, municípios e Estados estão burlando a regra para dar aumento ao funcionalismo . Além das duas capitais que já contrataram os aumentos para 2022, pelo menos sete Estados deram reajustes ou abriram caminho para aumentos ao funcionalismo neste ano apesar da restrição legal, segundo levantamento feito pelo Estadão. A Lei Complementar 173, que garantiu socorro aos Estados e municípios durante a pandemia, congelou salários de servidores federais, estaduais e municipais e vetou aumento de gastos de pessoal até dezembro de 2021. 

Sem congelamento

O congelamento dos salários foi um movimento capitaneado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para evitar que o dinheiro repassado ao combate à covid-19 se transformasse em aumento de salários em ano de eleições e de pandemia, quando milhões de trabalhadores da iniciativa privada perderam emprego e tiveram salários cortados. Em suas aparições públicas, o ministro costuma destacar a economia de até R$ 132 bilhões obtida com a medida. Mas, com o “jeitinho” brasileiro, a regra tem sido desfigurada para abrir caminho a aumentos de gastos obrigatórios e permanentes.

Na época da votação, parlamentares contrários ao congelamento alegaram que nenhum prefeito ou governador daria aumento em plena pandemia. O crescimento dos gastos com pessoal é um dos principais gargalos que comprometem as finanças dos governos regionais. Porém, os arranjos políticos mostram uma disposição diferente.

Embora os casos se concentrem em Estados e municípios, nem mesmo a União escapa das brechas: o Executivo federal já abriu edital para 3 mil vagas na Polícia Federal e na Polícia Rodoviária Federal.

Procurados pela reportagem, alguns órgãos silenciaram, e os que responderam rejeitaram qualquer afronta à proibição da lei que concedeu o socorro a Estados e municípios. As justificativas variam: as medidas já estavam previstas ou são cargos que estão vagos (para os quais não haveria vedação à reposição), ou ainda as autorizações não são impositivas.

O Ministério da Economia, que brigou pela manutenção da regra quando o próprio Congresso Nacional ameaçou derrubar a proibição, diz que a fiscalização cabe aos Tribunais de Contas estaduais e municipais. E sobre o próprio concurso autorizado pela União, a pasta informou que eles se enquadram na exceção da lei, que permite contratações para repor vagas em aberto.

Governo reconhece oferta da Pfizer por vacinas, mas diz que acordo causaria "frustração" a brasileiros

Natália Cancian / folha de sp
BRASÍLIA

O governo fed / folha de speral divulgou uma nota neste sábado (23), por meio do Ministério da Saúde, em que reconhece ter recusado tentativas iniciais da Pfizer de avançar nas negociações sobre a oferta de vacinas e diz que um acordo com a empresa "causaria frustração em todos os brasileiros".

O motivo seria o fato de que empresa, que desenvolveu uma vacina em conjunto com a BioNTech, previa entrega de 2 milhões de doses no primeiro trimestre, "número considerado insuficiente pelo Brasil."

O total, porém, é o exatamente o mesmo que foi importado da vacina de Oxford pela Fiocruz na sexta-feira (22), em meio a celebrações do Ministério da Saúde.

Para a pasta, porém, as doses da Pfizer "seriam mais uma conquista de marketing, branding e growth para a produtora de vacina, como já vem acontecendo em outros países".

"Já para o Brasil, causaria frustração em todos os brasileiros, pois teríamos, com poucas doses, que escolher, num país continental com mais de 212 milhões de habitantes, quem seriam os eleitos a receberem a vacina", informa a nota, divulgada tanto pelo ministério quanto pelo Palácio do Planalto.

O posicionamento ocorre após a "CNN Brasil" divulgar uma carta encaminhada pelo CEO mundial da Pfizer, Albert Bourla, ao presidente Jair Bolsonaro e alguns ministros em 12 de setembro.

O documento mostra que a empresa fez um apelo para que o governo fosse célere em fechar um acordo com a empresa devido à alta demanda mundial pela vacina.

"Quero fazer todos os esforços possíveis para garantir que doses de nossa futura vacina sejam reservadas para a população brasileira, porém celeridade é crucial devido à alta demanda de outros países e ao número limitado de doses em 2020”, dizia o documento, segundo divulgado pela emissora.

Em nota, o governo confirma ter recebido a carta e ter feito reuniões com a empresa, mas diz que "cláusulas leoninas e abusivas que foram estabelecidas pelo laboratório criam uma barreira de negociação e compra".

Entre as cláusulas, estão que o Brasil fizesse um fundo garantidor em conta no exterior e que fosse assinado um termo que isentasse a empresa de responsabilidade por eventuais efeitos da vacina.

O governo também aponta como impeditivo a opção da empresa para que a solução de possíveis conflitos fosse com base em leis de Nova York. E volta a citar a quantidade de vacinas, prevista de 500 mil doses no primeiro e segundo lote e de 1 milhão no terceiro –chegando, assim, a 2 milhões iniciais.

A nota, porém, não informa o total que era negociado junto à empresa, previsto em 70 milhões de doses.

Para o governo, "representantes da Pfizer tentam desconstruir um trabalho de imunização que já está acontecendo em todo o país, criando situações constrangedoras para o governo brasileiro, que não aceitarão (sic) imposições de mercado".

Como argumento, o governo cita o total de contratos já obtidos de vacinas, que envolvem 354 milhões de doses –destes, no entanto, boa parte ainda são dependentes da liberação de insumos da China para que possa haver produção no Brasil.

Em meio às críticas, a nota diz ainda que "em nenhum momento fechou as portas para a Pfizer", mas que aguarda "posicionamento diferente do laboratório".

"Merece destaque o fato de que, além dos aspectos já citados, é a única vacina que precisa ser armazenada e transportada entre -70°C e -80°C, prevendo um intervalo de três semanas entre primeira e segunda doses. Além disso, o laboratório não disponibiliza o diluente para cada dose –que ficaria a cargo do comprador."

"Além disso, a Pfizer ainda não apresentou sequer a minuta do seu contrato –conforme solicitado em oportunidades anteriores e, em particular na reunião ocorrida na manhã de 19 de janeiro– e tampouco tem uma data de previsão de protocolo da solicitação de autorização para uso emergencial ou mesmo o registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária".

Questionada pela reportagem sobre a nota do governo, a Pfizer não respondeu até o momento. Nos últimos dias, a empresa tem informado que as cláusulas seguem o modelo de contratos com outros países.

Nos bastidores, a empresa tem apontado ainda que só deve pedir aval para uso emergencial de doses de vacinas no Brasil caso tiver um contrato fechado com o governo.

Dois milhões de doses da vacina de Oxford chegam aos Estados até domingo, diz Pazuello

Pedro Caramuru, João Prata e Fabio Grellet, O Estado de S.Paulo

22 de janeiro de 2021 | 20h52
Atualizado 23 de janeiro de 2021 | 00h39

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, informou na noite desta sexta-feira, 22, que as vacinas de Oxford/AstraZeneca que chegaram ao País nesta tarde começarão a ser distribuídas aos Estados neste sábado, 23, no fim do dia. O prazo dado pelo ministro é que, em 24 horas após o início da distribuição, as doses cheguem a todos os Estados. Em razão da situação considerada crítica, o Amazonas terá prioridade.

Pazuello
General Eduardo Pazuello, ministro da Saúde de Jair Bolsonaro, recebe o primeiro lote de 2 milhões de dose da vacina Oxford/ AstraZeneca Foto: Nelson Almeida/ AFP

A declaração foi dada pelo ministro a cinegrafistas que acompanhavam o desembarque dos dois milhões de doses importadas da Índia. Os jornalistas não foram autorizados a acompanhar o pronunciamento. O ministro então citou um acordo firmado entre os governadores de destinar 5% da carga para o Amazonas, que vive uma situação de desabastecimento de oxigênio, o que tem levado o Estado a transferir pacientes para outras regiões do País. 

 

“A Fiocruz preparará amanhã a etiquetagem e lote das vacinas. Vamos priorizar o Amazonas que vive situação mais difícil. Cinco por cento para Manaus. Nosso país jamais será dividido. Todos receberão suas vacinas no período de 24 horas após início da distribuição", disse o ministro. 

Os dois milhões de doses de vacinas contra o coronavírus compradas pelo governo brasileiro do Instituto Serum, da Índia, chegaram às 22h desta sexta-feira, 22, à base aérea anexa ao aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador (zona norte do Rio), trazidas em avião que partiu do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

No Rio, Pazuello disse que "rapidamente" o Brasil deve conseguir imunizar oito milhões de pessoas contra o coronavírus e, então, passará a ser o segundo país do Ocidente com mais pessoas vacinadas no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

"Esse processo começou em junho. Esses dois milhões de doses são apenas o início. Estamos negociando receber mais doses agora, no começo de fevereiro, e o IFA (ingrediente farmacêutico ativo), para a produção nacional de 15 milhões de doses por mês. A encomenda tecnológica prevê 100 milhões de doses para o primeiro semestre", afirmou o ministro.

Para a presidente da Fiocruz, Nisia Trindade, a chegada da vacina representa "uma mensagem de esperança que vem da ciência" no combate à pandemia de coronavírus. "A vacina pode ser comparada, na história do mundo, à água potável para a saúde das populações", afirmou.

As doses serão encaminhadas à sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos (zona norte do Rio), onde serão conferidas e etiquetadas em português, ao longo da madrugada deste sábado, 23, para que à tarde sejam despachadas para os Estados, onde serão distribuídas. Elas foram desenvolvidas pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica britânica AstraZeneca e precisam ser conservadas sob temperatura entre 2°C e 8°C.

As doses ficarão armazenadas em um depósito da Fiocruz antes de serem distribuídas a Estados e municípios. Elas integram a primeira rodada de aplicações do Plano Nacional de Imunização (PNI) que conta, até o momento, com a liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de aplicação de 12,8 milhões de doses.

Também acompanharam o chegada das vacinas os ministros das Comunicações, Fábio Faria, e das Relações Internacionais, Ernesto Araújo.

Decreto proíbe consumo de bebidas alcóolicas a partir das 22h em locais públicos de Fortaleza

Prefeitura de Fortaleza publicou, na noite desta sexta-feira (22), decreto municipal proibindo o consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos a partir das 22h, para evitar aglomerações e a propagação da Covid-19. Segundo o coronel Eduardo Holanda, titular da Secretaria Municipal da Segurança Cidadã, o documento deve sair já nesta sexta-feira (22). A informação foi revelada durante coletiva em que foram anunciadas as ações de fiscalização para garantir o cumprimento do decreto de isolamento social. 

"O decreto vai ser publicado hoje. Vai ter sua validade de imediato e vai perdurar até que a gente possa ter uma condição de segurança sanitária", declarou o titular da secretaria de Segurança Cidadã. 

Os restaurantes, barracas de praia, praças de alimentação e restaurantes de shoppings e lojas de auto serviços em postos estão autorizados a funcionar até as 22h em Fortaleza. Segundo a prefeitura, os demais estabelecimentos que possuem autorização para abrir após esse horário poderão vender bebida alcóolica, mas não podem permitir que o cliente consuma em suas dependências.

Em caso de descumprimento, a multa pode chegar a R$ 75 mil. O valor pode ser dosado por dia de desobedecimento às medidas. O documento estabelece ainda interdição imediata por sete dias, a qual pode ser ampliado para 30 dias em caso de reincidência, sem prejuízo de nova aplicação de multa.

Fiscalizações intensificadas 

Holanda destacou que as fiscalizações também serão reforçadas na Capital. "Todas as ações visam única e exclusivamente a segurança e a saúde da população", destacou. As operações serão intensificadas em locais como a Praia de Iracema, Praia dos Crush, Beira-Mar, Praça da Gentilândia e entorno de bares do Benfica

"A partir desse novo decreto, esse estabelecimento poderá ser imediatamente interditado. Vai ter aplicação de multa e interdição imediata. Isso é o endurecimento da ação do poder púbico para que as pessoas tenham a segurança preservada. Esse decreto que vigorá na região de Fortaleza da proibição da bebida para o consumo no próprio local", explicou o titular da Pasta municipal.

Interdições 

Segundo a superintendente da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), Laura Jucá, no mês de janeiro de 2020, foram realizadas 118 fiscalizações, 39 autuações e interdição de sete estabelecimentos."É muito importante que a população seja parceria nesse momento. As ações da Agefis vão continuar do mesmo jeito nos pontos tradicionais de aglomeração".

Decreto estadual 

Na última quinta-feira (21), o governador Camilo Santana e o prefeito de Fortaleza, Sarto Nogueira, anunciaram novas medidas de combate ao coronavírus. Dentre as ações, o número de leito está sendo aumentado, está proibido o uso de áreas comuns de lazer em condomínios de praia e foi recomendado que a população evite viagens intermunicipais. diarionordeste

Vacinas da Índia chegam ao aeroporto de Guarulhos

Giuliana de Toledo / O GLOBO

 

VACINA DA INDIA CHEGOU

 

SÃO PAULO - Dois milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford contra a Covid-19 chegaram ao aeroporto de Guarulhos no final da tarde desta sexta-feira (22). O lote, vindo da Índia, é o primeiro do imunizante a desembarcar no país, dando finalmente início a uma parceria firmada com a Fiocruz que teve percalços nas últimas semanas.

 

A entrega da carga, feita em um avião da Emirates, foi acompanhada pelos ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e das Comunicações, Fábio Faria. Além dos membros do governo, participou da recepção o embaixador da Índia no Brasil, Suresh Reddy.

CarregamentoÍndia informa que enviará vacinas de Oxford/AstraZeneca para o Brasil na sexta

Após os trâmites alfandegários no aeroporto da Grande São Paulo, os produtos viajarão ainda nesta noite para o Rio de Janeiro. O desembarque de uma aeronave da Azul com as doses é esperado para as 22h no aeroporto do Galeão. Pazuello fará também a viagem para entregar as vacinas na capital fluminense. A recepção deve contar ainda com a presença da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade.

Ao chegarem à Fiocruz, as vacinas ainda precisarão ser rotuladas e inspecionadas antes da distribuição começar. A sua autorização para uso emergencial por parte da Anvisa, contudo, já está resolvida. Foram esses 2 milhões de doses que receberam aval no último domingo (17). Por serem necessárias duas doses para imunizar cada pessoa, essa quantidade deve ser capaz de proteger 1 milhão de brasileiros.

O recebimento da vacina era aguardado desde o final de semana passado. Na última sexta (15), um avião da companhia Azul fretado pelo governo federal deveria ter partido rumo à Índia para trazer as doses. Os planos, porém, acabaram frustrados porque as autoridades indianas decidiram suspender a exportação.

Seguiu-se então uma maratona diplomática para liberar a vinda da vacina. Pesava para a Índia a necessidade de ter doses para vacinar a própria população, para doar para países vizinhos e também para cumprir acordos com outras nações que assinaram com a AstraZeneca. Apesar de a farmacêutica criadora do imunizante não ser indiana, o Serum Institute, grande fabricante do país asiático, é parceiro na sua produção.

Nesta sexta, o presidente Bolsonaro comemorou nas redes sociais a solução para o envio das vacinas, com uma mensagem dirigida a Narendra Modi, primeiro-ministro indiano. "O Brasil sente-se honrado em ter um grande parceiro para superar um obstáculo global. Obrigado por nos auxiliar com as exportações de vacinas da Índia para o Brasil", escreveu.

Os insumos para fazer a vacina na Fiocruz, no entanto, foram encomendados da China — e não há data para a sua chegada. Nos últimos dias, o governo Bolsonaro, pressionado pela falta de perspectivas para o recebimento do IFA (ingrediente farmacêutico ativo), tem tentado a liberação da carga com as autoridades locais.

Também está retida na China a matéria-prima da CoronaVac, vacina produzida pela biofarmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Butantan. O instituto paulista espera receber 11 mil litros do insumo, suficientes para envasar em São Paulo 11 milhões de vacinas, até o final de fevereiro. Também não há dia certo para esses envios.

Avião da Índia com 2 milhões de doses de vacina contra a Covid chega a SP

Isabela Palhares  FOLHA DE SP
SÃO PAULO

Um avião com 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca chegou a São Paulo na tarde desta sexta-feira (22). O país tem agora dois tipos de imunizante contra a Covid-19.

O imunizante, importado da Índia, chegou ao Brasil depois de sucessivos adiamentos na liberação da carga, o que causou desgaste ao Palácio do Planalto, que apostava nessa vacina para dar o pontapé na campanha de imunização nacional.

A chegada das doses no aeroporto internacional de Guarulhos foi acompanhada pelos ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e das Comunicações, Fábio Faria.

Os imunizantes devem ser distribuídos aos estados a partir da tarde deste sábado (23), evitando que a vacinação seja paralisada em diversos locais onde as doses da Coronavac já estão se esgotando.

Depois dos trâmites alfandegários, a carga segue para o Rio de Janeiro em um avião da Azul. Elas serão escoltadas pela Polícia Federal para um depósito da Fiocruz, onde técnicos do instituto farão a checagem das vacinas e rotulagem dos frascos com informações em português.

A previsão é de que esse trabalho dure cerca de 15 horas e aconteça na madrugada deste sábado para que em seguida seja distribuída aos estados. O Ministério da Saúde ainda não informou quantas doses serão enviadas para cada local. ​

O uso emergencial da vacina de Oxford foi aprovado pela Anvisa no domingo (17), mesmo dia em que foi aprovada a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac.

Foram autorizadas 8 milhões de doses dos dois imunizantes, sendo 6 milhões da Coronavac que foram usadas para começar a campanha de vacinação em todo o país.

A situação representou uma derrota ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que travou nos últimos meses uma guerra política com o governador paulista, João Doria (PSDB), em torno da Coronavac.

Crise derruba popularidade de Bolsonaro, aponta Datafolha

Igor Gielow / FOLHA DE SP
SÃO PAULO

Em meio ao agravamento da crise de gestão da pandemia da Covid-19, a reprovação ao governo de Jair Bolsonaro inverteu a curva e voltou a superar sua aprovação.

Segundo o Datafolha, o presidente é avaliado como ruim ou péssimo por 40% da população, ante 32% que assim o consideravam na rodada anterior da pesquisa, no começo de dezembro.

Já quem acha o presidente ótimo ou bom passou de 37% para 31% no novo levantamento, feito nos dias 20 e 21 de janeiro. É a maior queda nominal de aprovação de Bolsonaro desde o começo de seu governo.

 

Avaliam Bolsonaro regular 26%, contra 29% anteriormente —oscilação dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O instituto ouviu, por telefone devido às restrições sanitárias da pandemia, 2.030 pessoas em todo o Brasil.

Se no levantamento de 8 e 10 de dezembro Bolsonaro mantinha o melhor nível de avaliação até aqui de seu mandato, de 37%, agora ele se aproxima do seu pior retrato de popularidade, registrado em junho de 2020, quando 44% o rejeitavam, ante 32% que o aprovavam.

A melhoria do segundo semestre —cortesia da acomodação após a turbulência institucional, do auxílio emergencial aos mais carentes na crise e de políticas para o Nordeste— foi abalada de dezembro para cá.

Concorrem para isso o recrudescimento da pandemia, que viu subir números de casos e mortes no país todo, a aguda crise da falta de oxigênio em Manaus , as sucessivas trapalhadas para tentar começar a vacinação no país e o fim do auxílio em 31 de dezembro.

Com efeito, as pessoas que têm medo de pegar o novo coronavírus estão entre as que mais rejeitam o presidente.

Entre aqueles que têm muito medo de pegar o Sars-CoV-2, a rejeição de Bolsonaro subiu de 41% em dezembro para 51% agora. A aprovação caiu de 27% para 20%.

Entre quem tem um pouco de medo de infectar-se, a rejeição subiu de 30% para 37%, enquanto a aprovação oscilou de 36% para 33%.

No grupo dos que dizem não ter medo, próximos da retórica bolsonarista sobre a pandemia, os dados são estáveis e previsíveis: 21% o rejeitam (eram 18%) e 55% o aprovam (eram 53%).

Bolsonaro segue assim sendo o presidente com pior avaliação para o estágio atual de seu governo, considerando aqui apenas os eleitos para um primeiro mandato depois de 1989.

Em situação pior que ele só Fernando Collor (PRN), que no seu segundo ano de governo em 1992 tinha rejeição de 48%, ante aprovação de 15%. Só que o então presidente já estava acossado pelas denúncias que levaram ao seu processo de impeachment e renúncia no fim daquele ano.

Neste ponto do mandato, se saem melhor Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 47% de aprovação e 12% de reprovação), Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 45% e 13%) e Dilma Rousseff (PT, 62% e 7%).

gestão de Bolsonaro na crise atrai diversas críticas. Metade dos brasileiros considera que ele não tem capacidade para governar —o número oscilou de 52% para 50% de dezembro para cá. Já quem o vê capaz também ficou estável, 45% para 46%.

Bolsonaro segue sendo um presidente inconfiável para metade dos brasileiros, segundo o Datafolha. Nunca confiam em sua palavra 41% (eram 37% antes) dos entrevistados, enquanto 38% o fazem às vezes (eram 39%) e 19%, sempre (eram 21%).

Nos cortes geográficos da pesquisa, o impacto potencial do fim do auxílio emergencial e da crise em Manaus se fazem evidentes.

Entre moradores do Nordeste, região com histórico de dependência do assistencialismo federal e antiga fortaleza do petismo, a rejeição ao presidente voltou a subir, passando de 34% para 43%. O maior nível até aqui havia sido registrado em junho de 2020, com 52% de ruim/péssimo.

Nordestinos respondem por 28% da amostra do Datafolha.

Já o maior tombo de aprovação do presidente ocorreu no Norte, onde fica Manaus, e no Centro-Oeste, até então um reduto bolsonarista. Seu índice de ótimo e bom caiu de 47% em dezembro para 36% agora. As duas regiões somam 16% da população nesta pesquisa.

No populoso (42% da amostra) Sudeste, Bolsonaro amarga 44% de rejeição, dez pontos a mais do que no Sul (14% da amostra), usualmente uma região mais favorável ao presidente. Ele tem pior avaliação entre pretos (48%) e moradores de regiões metropolitanas (45%).

Bolsonaro é mais rejeitado entre os que ganham mais de 10 salários mínimos (52%), com curso superior (50%), mulheres e jovens de 16 a 24 anos (46%). Os mais ricos e instruídos são os que menos confiam no presidente, e a eles se unem os jovens na pior avaliação de sua capacidade de governar.

O presidente segue com melhor aprovação (37%) entre homens e pessoas de 45 a 59 anos, que também são os que mais confiam no que ele diz. Os mais ricos podem ser os que mais rejeitam o mandatário máximo, mas também são o aprovam mais do que a média: 36%.

No grupo dos evangélicos (27% da população pesquisada), próximo de Bolsonaro, o presidente tem 40% de ótimo ou bom. Já os católicos (52% da amostra) são menos entusiastas, com 28% de aprovação.

Por fim, empresários seguem sendo o grupo profissional mais fiel ao presidente. Entre quem se classifica assim, Bolsonaro tem 51% de aprovação, 35% de "sempre confia" e 58% de crença em sua capacidade.

Já funcionários públicos, um grupo que Bolsonaro tenta agradar na retórica sempre que possível, são os que mais o rejeitam (55%), menos confiam em sua palavra (56% não acreditam nele) e mais o consideram incapaz (65%).

 
 

 

Fabricante entrega seringas requisitadas pelo Governo Federal para combate à Covid-19

SÃO PAULO

A fabricante de seringas Saldanha Rodrigues entrega ao Governo Federal 2,8 milhões de seringas nesta sexta (22), completando o envio das 10,5 milhões de unidades que foram demandadas dela na primeira requisição administrativa feita pelo Executivo às empresas do setor no início de janeiro.

A medida do governo foi tomada após fracasso de pregão para adquirir 331 milhões de unidades.

A companhia recebeu outras duas requisições, que somam 19,5 milhões de seringas, e enviou propostas de cronograma para adequar o rítmo de entregas a sua capacidade de produção.

 

O valor pelo qual a companhia será indenizada pelas seringas entregues será igual ao obtido pelo governo no próximo pregão, ainda sem data marcada.

Filipe Oliveira (interino), com Mariana Grazini e Arthur Cagliari

 
Painel S.A.

Coluna de informações sobre economia e negócios, editada por Filipe Oliveira (interino), com Mariana Grazini e Arthur Cagliari / folha de sp

Compartilhar Conteúdo

444