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Mais de mil municípios no País estão sem contrato de serviço de água ou esgoto

 

SANEAMENTO

 

A aprovação do marco do saneamento jogou luz sobre um problema antigo: a falta de contrato para os serviços em diversos municípios do País. Levantamento feito pela Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) mostrou que mais de mil municípios estão com delegação de água vencida ou sem delegação. O debate ganhou mais espaço diante do veto do presidente Jair Bolsonaro ao artigo 16 do marco, que permitia a renovação dos contratos de programa sem licitação até 31 de março de 2022, com prazo máximo de vigência de 30 anos.

 

Agora, há pressão dos dois lados. Uma parte defende a necessidade de derrubar o veto para que os municípios consigam regularizar a situação e salvar assim as empresas públicas. Do outro lado, há quem defenda que o artigo postergaria soluções ao setor. A janela de ajuste era um acordo fechado entre o Congresso e governadores.

Os dados da Abcon mostram que cerca de 250 cidades estão com delegação de esgoto vencida ou sem delegação. Os números não são acumulativos, uma vez que a cidade pode ter a água e o esgoto sem contrato vigente ao mesmo tempo, como é o caso de Salvador, na Bahia.

O levantamento foi feito com base no Diagnóstico do manejo de Resíduos Sólidos Urbanos (SNIS) de 2018. Os dados de 2019 ainda não foram liberados. De lá para cá, alguns municípios conseguiram se regularizar, como é o caso de Guarujá, que renovou contrato de concessão com a Sabesp no ano passado. A aposta do setor, entretanto, é que as renovações foram mínimas frente aos desafios.

Segundo Percy Soares, diretor executivo da Abcon, o veto ao artigo traz o setor de volta à Constituição. “A Constituição diz que qualquer concessão de serviço público deve ser feita mediante licitação”, defendeu.

A primeira concorrência do saneamento após o marco legal, entretanto, mascou. O processo de entrega das propostas para o leilão da concessão de água e esgoto de Andradas (MG), município de 37 mil habitantes, marcado para o dia 17, foi suspenso por meio de uma liminar, solicitada por um empresário, alegando erros na publicação do edital e critérios supostamente subjetivos para o julgamento das propostas. A liminar foi deferida pelo juiz Eduardo Soares de Araújo, que deu 10 dias para apresentação de novas informações à Justiça. No total, nove empresas já haviam entregado os envelopes, que não poderão ser abertos.

Um dos projetos mais aguardados do setor é a parceria Público-Privada (PPP) da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), em consulta pública. Segundo Soares, apenas a Cedae tem capacidade para dobrar a participação privada no setor de saneamento do Brasil, que hoje responde por 5,2% dos municípios. No total, a PPP envolve 64 cidades, divididas em quatro blocos. A estimativa é de investimentos na casa dos R$ 33,5 bilhões.

Briga

Em evento no início deste mês, governadores de Goiás, Pernambuco e Maranhão e a governadora do Rio Grande do Norte defenderam de forma enfática a derrubada de vetos do governo federal ao marco do saneamento. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), elevou o tom e disse que os estados do Nordeste estão prontos para judicializar o tema.

De acordo com o sócio do escritório Toledo Marchetti, João Paulo Pessoa, o desafio agora do setor é a regulamentação do marco. “Um desses aspectos é a manutenção dos contratos de concessão, que vai depender da capacidade econômico-financeira da concessionária de cumprir a meta de universalização”, disse.

Ele destacou que na última sexta-feira se encerrou o prazo de consulta pública no Ministério de Desenvolvimento Regional para a elaboração do decreto. A estimativa no setor é que em até 30 dias já sejam publicadas as regras. “O ideal é que a partir da elaboração da minuta do decreto, ela seja colocada também em consulta pública para o mercado avaliar”, destacou o especialista.

O analista da XP Investimentos, Gabriel Francisco, destacou que o marco acabou retirando as companhias estatais do País de uma zona de conforto. Ele defendeu que mesmo que o veto caia, as empresas públicas de saneamento vão ter de se movimentar para conseguir vencer contratos. “Mesmo que o veto caia, a empresa terá de comprovar capacidade de investir na direção da universalização. Quanto maior a distância para se alcançar a meta, maior terá de ser a capacidade”, disse.

Do cenário de hoje até a universalização, entretanto, há um caminho longo pela frente. A meta é alcançar 99% da população com o fornecimento de água e levar esgoto tratado para 90% dos brasileiros até 2033. Há ainda a possibilidade de se postergar o prazo até 2040, desde que se comprove a inviabilidade técnica ou financeira do projeto.

O Congresso, entretanto, estaria dando um passo maior do que a perna. O presidente da Sabesp, Benedito Pinto Ferreira Braga Junior, destacou que muitas incertezas ainda pairam sobre a real possibilidade de se alcançar essa meta. “Está parecendo aquele artigo da (lei) 11.445 de que o lixão tinha de acabar em cinco anos. E o lixão ainda não acabou e estamos perseguindo isso desde 2007. Acho que esse tema vai ser muito discutido ainda”, disse o executivo, durante teleconferência para apresentar os resultados do segundo trimestre. ISTOÉ

Para Renda Brasil ser de no mínimo R$ 247, Guedes quer acabar com Farmácia Popular e abono salarial

Adriana Fernandes, O Estado de S.Paulo

24 de agosto de 2020 | 10h47 

BRASÍLIA - Na reta final para anúncio oficial do Renda Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, acenou em reuniões com a equipe técnica e parlamentares, nesse fim de semana, com a concessão de um benefício médio de R$ 247 para o programa que vai substituir o Bolsa Família. O valor, no entanto, ainda pode ser maior. 

O novo programa social do governo prevê três “atos” ao longo da sua implantação que dependerão da recepção da proposta no Congresso: 1) transferência de renda com o fim do auxílio emergencial de R$ 600 e aumento dos beneficiários do Bolsa Família; 2) um novo programa de emprego, batizado de Carteira Verde Amarela, com a implantação do chamado “imposto negativo”; e 3) a desoneração da folha de salários (redução nos encargos que as empresas pagam sobre salários). 

Paulo Guedes
Pela proposta de Guedes, o Renda Brasil terá mais beneficiários que o Bolsa Família. Foto: Adriano Machado/Reuters

Para garantir a elevação do benefício médio dos atuais R$ 190 para R$ 247 serão necessários R$ 52 bilhões por ano. A fonte de recursos, além do orçamento do próprio Bolsa Família, se dará pela extinção de programas considerados ineficientes:

a) abono salarial (benefício de um salário mínimo voltado para quem ganha até dois pisos, mas que acaba sendo recebido também por jovens de classe média em início de carreira);

b) salário-família ( pago a trabalhadores formais e autônomos que contribuem para a Previdência Social, de acordo com a quantidade de filhos);

c) seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período de reprodução dos peixes, quando a pesca é proibida, mas com alto índice de irregularidades);

d) Farmácia Popular (promove a distribuição de medicamentos de uso comum, para tratamento de hipertensão, diabetes e asma, por exemplo; também é considerado sem foco pelos técnicos, por beneficiar famílias independentemente de sua renda).

área econômica também vai sugerir ao Congresso cortes de outras despesas, como auxílios aos servidores (conhecidos como penduricalhos) e fim verbas indenizatórias dos altos salários, sobretudo do Judiciário.  

Guedes e a sua equipe passaram o fim de semana em vários reuniões para apresentar as propostas ao presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira, 24. Como ainda há ainda muitos pontos em aberto, não está descartada a possibilidade de o anúncio do pacote “big bang” - como é conhecido internamente pela equipe de Guedes, em referência à teoria científica da criação do Universo - previsto para terça-feira, 25, acabar sendo adiado mais alguns dias. 

A ala política do governo tem pressa porque que fazer a “aterrissagem” do auxílio emergencial de R$ 600 no Renda Brasil. A preocupação é que a oposição na Câmara se antecipe e acabe apresentando uma proposta de programa que garanta uma renda básica com seu próprio carimbo.

Os três módulos do Renda Brasil

No primeiro dos três módulos do programa, o de transferência de renda, será ampliado o número de famílias beneficiadas com uma sobreposição com parte da população que na pandemia passou a receber o auxílio de R$ 600 e que não recebia o Bolsa Família. A equipe econômica foi alertada que para incluir as novas famílias em um cadastro único atualizado terá que fortalecer também as redes de assistência dos municípios, que estão na ponta, e para onde a população de baixa renda recorre.

No módulo Carteira Verde Amarela, Guedes quer introduzir no Brasil a ideia do chamado "imposto negativo", que é uma espécie de complementação de renda. O trabalhador contratado na nova modalidade receberá o imposto de renda negativo, ou seja, uma complementação na renda para conseguir o piso (hoje, R$ 1.045). 

O governo vai complementar um valor entre a renda do trabalhador contratado por hora mais o benefício do Renda Brasil até o salário mínimo.  

O imposto negativo será financiado com recursos de um fundo que será formado com ativos da União e depósitos de uma parte dos dividendos das empresas estatais da União, como PetrobrásBanco do Brasil e Caixa. É o que o Guedes vem chamado de "dividendo social". Todo ano, as estatais vão destinar uma parte do lucro para esse fundo, que bancará a complementação de renda via imposto negativo. 

No terceiro módulo, a área econômica que fazer a desoneração da folha de salários (ou seja, reduzir os encargos que as empresas pagam sobre os salários), que seria financiada com a criação de um imposto sobre transações digitais e financeiras com uma base mais ampla do que da extinta CPMF. A expectativa é de um ganho de R$ 120 bilhões com uma alíquota de 0,2% para saques e depósitos em dinheiro e também operações de débito e crédito. Como não há ainda apoio do presidente Bolsonaro, não está certo se a proposta será anunciada.

CPMF foi um imposto que existiu até 2007 para cobrir gastos do governo federal com projetos de saúde – a alíquota máxima foi de 0,38% sobre cada operação. Em 2015, o governo, então sob comando da presidente Dilma Rousseff, chegou a propor a volta do tributo, mas isso acabou não acontecendo.

Guedes prepara pacote de renda, obras e 'desengessamento' do Orçamento

Murilo Rodrigues Alves e Adriana Fernandes, O Estado de S.Paulo

22 de agosto de 2020 | 05h00

BRASÍLIA - Num gesto político após as turbulências provocadas pelas incertezas com o futuro das contas públicas, o governo prepara para a próxima semana um pacote de medidas em diversas frentes para tentar sustentar a recuperação econômica e fazer a ponte de transição com o fim dos auxílios emergenciais concedidos durante a fase mais aguda da pandemia da covid-19

O pacote “big bang”, como é chamado internamente pelo ministro da EconomiaPaulo Guedes, em referência à teoria de criação do Universo, vai antecipar o programa Renda Brasil para este ano e combinar medidas de corte de despesas, obras públicas, estímulo ao emprego, atração dos investimentos privados e privatizações. O pacote é visto como uma espécie de “lego” que vai se encaixando ao “ritmo político” do Congresso nos próximos meses. 

Paulo Guedes
Guedes quer equilibrar medidas de incentivo com o corte de despesas em novo pacote econômico. Foto: Adriabo Machado/Reuters

O programa Pró-Brasildepois da polêmica por causa do gigantismo do montante de recursos para investimentos públicos (inicialmente estavam previstos R$ 150 bilhões), foi amplamente reformulado. A ideia agora é focar em marcos regulatórios que já estão no Congresso – gás natural, lei da falência e navegação na costa brasileira – para ampliar a participação da iniciativa privada e liberar R$ 4 bilhões do Orçamento neste ano para obras.

Para garantir a manutenção do teto de gastos, a regra que atrela o crescimento das despesas à inflação, o pacote vai propor uma série de medidas que podem abrir espaço entre R$ 20 bilhões e R$ 70 bilhões. Será enviada uma lista de programas considerados ineficientes que poderão ser cortados e sugestões para que os congressistas retirem “carimbos” do Orçamento e removam a necessidade atual de conceder reajustes automaticamente. 

As medidas serão inseridas numa Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do pacto federativo no Senado conjuntamente com o Orçamento da União, os dois textos tendo como relator o senador Marcio Bittar (MDB-AC)

Com a projeção de inflação deste ano em torno de 1,67%, a equipe econômica avalia que essa é uma oportunidade histórica e urgente para enfrentar os três “Ds” (desindexação, desvinculação e desobrigação) que existem hoje no Orçamento diante da encruzilhada fiscal. 

Na prática, por exemplo, essa desindexação poderá valer para as despesas vinculadas ao salário mínimo (atrelado à variação da inflação do ano anterior). Hoje, cerca de 70% do Orçamento tem algum tipo de indexação. O argumento que está sendo usado é de que não se trata de deixar de ter a obrigação de corrigir, mas ter a flexibilidade de desobrigar essa correção após a decisão política. No primeiro ano, a desindexação poderia abrir um espaço de R$ 16 bilhões no rol de despesas do Orçamento.

Veja mais sobre o "big bang"

  • Orçamento:

Proposta retira os “carimbos” e remove a necessidade de conceder automaticamente reajustes, entre outros pontos. Economia vai de R$ 20 bilhões a R$ 70 bilhões

  • Renda:

Substituto do Bolsa Família, o Renda Brasil deve ser criado com a extinção de programas considerados ineficientes (abono salarial e seguro-defeso, por exemplo). Benefício deve ficar entre R$ 250 e R$ 300 

  • Obras:

Mais enxuto, o Pró-Brasil deve focar em marcos regulatórios que já estão no Congresso (novo mercado de gás, nova lei de falências e o projeto de navegação na costa brasileira). Do Orçamento público, devem ser direcionados R$ 4 bilhões este ano

  • Emprego:

Frente mais indefinida (e que deve seguir depois), a ideia do governo é reduzir os encargos que as empresas pagam sobre os salários, além de redução do IPI sobre eletrodomésticos e ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (para R$ 3 mil). Para bancar as medidas, a ideia é criar um novo imposto sobre todas transaçõe

Renda Brasil deve atender 8 milhões a mais que o Bolsa Família

Murilo Rodrigues Alves e Adriana Fernandes, O Estado de S.Paulo

22 de agosto de 2020 | 05h00 

BRASÍLIA - O novo programa assistencial do governo Jair Bolsonaro, batizado de Renda Brasil, deve atender 8 milhões de pessoas além dos que já são contemplados pelo Bolsa Família. O benefício médio deve ficar entre R$ 250 e R$ 300, acima dos R$ 190 pagos atualmente em média pelo programa atrelado a gestões petistas.

Desde o início do governo, a equipe econômica e a área social trabalham na criação de um novo programa de transferência de renda para criar uma marca própria do governo Bolsonaro. A ideia ganhou força após o auxílio emergencial, benefício social concedido a 66 milhões de brasileiros.

Hoje, 14,2 milhões de famílias recebem o Bolsa Família, mas 95% delas estão recebendo, desde abril, o auxílio criado para ajudar no enfrentamento da crise causada pela covid-19. A ideia é que, com o fim do auxílio, os beneficiários do Bolsa sejam contemplados no novo programa, juntamente 8 milhões de pessoas a mais (cerca de 2,5 milhões de famílias).

O Bolsa Família usa como linha de corte para a concessão do benefício a situação de cada família, classificada em extrema pobreza (rendimento de até R$ 89 por pessoa) e pobreza (até R$ 178 por pessoa). O Renda Brasil deve elevar essa linha de corte para R$ 100 e R$ 250, respectivamente. 

No novo programa, está prevista a criação de um bônus para as famílias com filhos que passarem de ano e tiverem bom desempenho escolar. O prêmio será dado no fim de cada ano. As famílias que tiverem jovens fazendo curso profissionalizante também serão beneficiadas.

Beneficiários que têm um filho pequeno também vão ganhar mais. O Bolsa Família já dá um benefício para a mãe com filho recém-nascido, de zero até os seis meses, mas a ideia do Renda Brasil é estender esse benefício para crianças com até 3 anos. A ideia é que os pais usem esse voucher para matricular os filhos em creches particulares. 

Recursos

Os valores e o alcance do novo programa ainda não foram definidos porque o governo vai propor ao Congresso uma revisão de programas considerados ineficientes.

Na mira estão gastos como abono salarial (benefício de um salário mínimo voltado para quem ganha até dois pisos, mas que acaba sendo recebido também por jovens de classe média em início de carreira) e seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período de reprodução dos peixes, quando a pesca é proibida, mas com alto índice de irregularidades), além do salário-família (pago a trabalhadores formais e autônomos que contribuem para a Previdência Social, de acordo com a quantidade de filhos).

Para acabar com o abono salarial, é preciso aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), o que exige apoio de três quintos da Câmara (308 de 513 deputados) e do Senado (49 de 81 senadores). Vários governos já tentaram sem sucesso, inclusive estava prevista uma restrição na reforma da Previdência, mas a medida foi retirada.

O seguro-defeso e o salário-família dependem da aprovação de um projeto de lei para serem extintos, o que exige apoio da maioria. Mesmo assim, também não é uma tarefa fácil porque tentativas em outros governos não prosperaram.

Ao Estadão, o economista Ricardo Paes de Barros, um dos formuladores do Bolsa Família, já tinha defendido a unificação dos programas como caminho para o combate à pobreza pós-pandemia. Nas contas dele, com a fusão, seria possível transferir de R$ 100 bilhões a R$ 120 bilhões à população mais vulnerável, com uma renda que vá de R$ 200 a R$ 300 por pessoa. “O Brasil tem condições de zerar a pobreza”, afirmou ele, que é professor do Insper e economista-chefe do Instituto Ayrton Senna.

Para Paes de Barros, além de um programa que garanta uma renda mínima às camadas mais vulneráveis, é necessário fazer a inclusão produtiva para que o trabalhador incremente sua renda e alcance autonomia.

A ideia do governo é que o novo programa assistencial tenha uma porta de saída: os contemplados vão estar automaticamente habilitados ao novo programa de emprego, uma versão ampliada da Carteira Verde Amarela. O beneficiário vai poder sair da informalidade e ingressar no mercado formal em uma vaga com salário mais baixo e encargos reduzidos. 

Regras da pandemia facilitam negociar consignado do INSS

Recentes mudanças nas regras do crédito consignado para beneficiários do INSS podem trazer oportunidades de negociação para quem já não consegue arcar com as parcelas.

Em março, o CNPS (Conselho Nacional da Previdência Social) aprovou a redução do teto dos juros do empréstimo consignado em favor dos beneficiários, além da ampliação do prazo para o pagamento da dívida.

A taxa máxima cobrada pelo empréstimo com desconto no benefício passou de 2,08% para 1,80%. O número máximo de parcelas mensais para pagar a dívida foi ampliado de 72 para 84 meses.

No final de julho, devido ao estado de calamidade pública estabelecido por causa da pandemia de Covid-19, também houve a criação da carência de 90 dias para o pagamento da primeira parcela e a ampliação do valor do limite para endividamento por meio do cartão de crédito consignado, passando de 140% para 160% do valor do benefício.

Para quem tem empréstimos consignados com condições menos vantajosas do que essas, a orientação é negociar novos prazos e taxas com a própria instituição financeira que concedeu o crédito ou buscar a portabilidade, orienta Reinaldo Domingos, presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros).

“O aposentado ou pensionista que enfrenta dificuldade porque as parcelas são muito pesadas deve alongar ao máximo o pagamento da dívida, com a menor taxa de juros possível”, afirma Domingos.

O empréstimo consignado também é um aliado quando utilizado para quitar dívidas com juros mais altos, como são as que envolvem o cartão de crédito e o cheque especial.

Domingos alerta que o consignado é um remédio temporário, pois a solução para o endividamento só virá com a educação financeira. “É preciso cortar gastos.”

PARCELA NÃO CABE NO BOLSO | COMO SAIR DO SUFOCO

  • Quando as parcelas do empréstimo estão pesadas demais para serem pagas, a opção é negociar o valor dos débitos mensais
  • No caso do consignado, essa é uma medida ainda mais urgente, pois as parcelas são descontadas do benefício ou do salário

Passo a passo
A renegociação do consignado exige planejamento. Veja o passo a passo:

1. Na ponta do lápis

  • Coloque na ponta do lápis todas as dívidas, separando as que correspondem a serviços e produtos de necessidade básica, que não podem ser cortados (como água, energia elétrica, gás e aluguel)
  • Anote durante 30 dias todos os gastos que tiver, separando por tipo de despesa. Isso inclui gastos pequenos (até o cafezinho)
  • Isso permitirá descobrir o que pode ser cortado e quanto dinheiro vai sobrar para pagar as dívidas em atraso

2. Atenção às dívidas caras

  • Ao anotar dívidas e despesas, dê atenção às dívidas que são mais caras, ou seja, que cobram juros mais altos, como cartão de crédito e cheque especial
  • Descubra o valor efetivo da taxa de juros anual e, se for o caso, considere que a renegociação do consignado pode ser importante para obter dinheiro para quitar as dívidas mais caras

3. Prepare-se

  • Depois de passar pelos dois passos anteriores, reflita se está em condições de negociar o seu consignado
  • Só se deve procurar o banco quando já souber quanto terá disponível mensalmente para pagar a parcela

MUDANÇAS NO INSS

  • No final de julho, o INSS aprovou mudanças nas regras do empréstimo consignado
  • As alterações ajudar na negociação, pois criam carência e aumentam o limite de crédito

Redução do bloqueio

  • O período que um novo benefício fica bloqueado para tomar empréstimos consignados foi reduzido de 90 para 30 dias após a concessão

Carência

  • Os bancos serão autorizados a oferecer uma carência de até 90 dias para pagamento da primeira parcela
  • Ou seja, ao contratar o empréstimo, o aposentado terá três meses para começar a pagar a dívida
  • As duas medidas –redução do bloqueio e carência– valem até 31 de dezembro de 2020, pois são normas emergenciais para facilitar o acesso ao crédito durante a pandemia

Limite do cartão de crédito

  • O limite do cartão de crédito consignado sobe de 1,40 para 1,60 vez o valor da renda mensal
  • Para saber de quanto é o novo limite, o segurado deve multiplicar o valor do benefício por 1,6

Taxas máximas de juros por mês
Os bancos são livres para definir suas taxas de juros do crédito consignado do INSS, desde que o índice máximo por mês seja de até:

  • 1,80%, para o empréstimo
  • 2,70%, para o cartão de crédito

Margem Consignável
A margem consignável é o valor que o segurado pode comprometer por mês do benefício para pagar a dívida. Para beneficiários do INSS, esse limite para tomar o empréstimo é de:

  • 30% do benefício >> para o empréstimo pessoal consignado
  • 5% do benefício >> para o cartão de crédito consignado


DICAS PARA QUEM VAI PEDIR
Se em vez de negociar, você precisa mesmo é pedir um empréstimo consignado, então fique atento às seguintes orientações:

  • Antes de pedir empréstimo, tome nota de todos os seus gastos e descubra para onde vai cada centavo do dinheiro durante o mês
  • Reduza o seu custo de vida em até 30% do ganho mensal, porque este é o valor da prestação que será descontada diretamente da sua renda mensal
  • O crédito consignado é boa opção para quitar cheque especial, cartão de crédito e empréstimos pessoas com juros mais altos, mas essa vantagem vai durar pouco se não houver uma importante redução do padrão de vida
  • Jamais conte com o crédito como se esse dinheiro fizesse parte da sua renda mensal. Sua utilização deve ter um objetivo específico e importante
  • Nunca tome o crédito consignado para emprestar dinheiro para parentes e amigos
  • Mesmo que já tenha um empréstimo consignado, sempre pesquise taxas da concorrência e se achar alguma mais vantajosa, faça a portabilidade
  • Considere que os juros do consignado podem até ser mais baixos do que de outras modalidades de crédito, mas ainda estão muito acima da inflação e isso traz prejuízo a aposentados e pensionistas

Fontes: Reinaldo Domingos, presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)

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No Nordeste, Bolsonaro faz aceno ao Congresso e chama parlamentares de 'sócios'

Julia Lindner e Higo Lima, especial para o Estadão, O Estado de S.Paulo

21 de agosto de 2020 | 11h39

BRASÍLIA e MOSSORÓ -  Em mais uma viagem ao Nordeste nesta sexta-feira, 21, o presidente Jair Bolsonaro fez um aceno ao Congresso e chamou os parlamentares de "sócios". "Com o time que nós temos, com os nossos sócios, no bom sentido, no Congresso Nacional, nós atingiremos os nossos objetivos", afirmou o presidente em Mossoró. Bolsonaro viajou ao Rio Grande do Norte acompanhado de ministros e lideranças do Centrão, como o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

Durante a fala do presidente, que durou menos de três minutos, ele também citou os parlamentares em mais um momento para agradecê-los. "Agradecer também a grande parte do Congresso Nacional, onde temos valorosos parlamentares aqui, que têm nos dado o apoio para que esse sonho, esse objetivo seja concretizado. Obrigado, senhores parlamentares", disse o presidente.

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jair bolsonaro
O presidente da República, Jair Bolsonaro Foto: Gabriela Biló / Estadão

Na quinta-feira, 20, após forte investida, juntamente com os partidos do Centrão e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governo conseguiu manter a proibição de reajuste de servidores públicos até 2021. O veto do presidente Jair Bolsonaro foi mantido por 316 votos a 165 votos. A medida tinha sido derrubada pelo Senado no dia anterior e, para reverter a situação, foi costurado um acordo envolvendo a prorrogação do auxílio emergencial e liberação de recursos do Orçamento ainda este ano. Esses dois pontos já estavam em negociação, antes da derrubada do veto pelo Senado, mas deputados ganharam maior poder de influência depois da decisão dos senadores.

Visita a cinco cidades do Nordeste desde o fim de junho

Mossoró é o quinto município nordestino visitado por Bolsonaro desde o dia 26 de junho. Antes, esteve em Penaforte, no Ceará, São Raimundo Nonato, no Piauí, Campo Alegre de Lourdes, na Bahia, e em Barra dos Coqueiros, Sergipe. Ainda nesta sexta, o presidente tem compromissos em Ipanguaçu, também no Rio Grande do Norte. 

Como mostrou o EstadãoBolsonaro planeja uma série de viagens, com foco no Nordeste, para capitalizar medidas aprovadas pelo Congresso e obras iniciadas em gestões passadas. Pesquisas apontam que foi o presidente quem mais ganhou com o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 dado aos trabalhadores informais que perderam renda por causa da pandemia do novo coronavírus – inicialmente,  posicionou-se contra o benefício.

Ao deixar a aeronave, Bolsonaro se dirigiu aos populares e, mais um vez,  ignorou as recomendações sanitárias para contenção da covid-19. Não usou máscara e ainda cumprimentou a população com acenos, toques de mãos e pose para fotos.

Praticamente sem manifestação de opositores, Bolsonaro foi recepcionado com gritos de "mito", bandeiras do Brasil, e faixas com escritos como "O Nordeste é Bolsonaro". Comitivas de apoiadores se deslocaram de diversas cidades da região.

Bolsonaro deixou o aeroporto em carro aberto, sob sol de 30°C, rumo ao Residencial Mossoró I, entregue por ele no primeiro compromisso formal do dia. Essa é a primeira visita do presidente ao Rio Grande do Norte. Na comitiva presidencial estão a ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Fábio Faria (Comunicações). Os dois últimos são representantes potiguares na Esplanada dos Ministérios.

Média diária de mortes por Covid-19 cai para 1,1 na última semana, em Fortaleza

Com 14 semanas seguidas de queda consistente na média diária de mortes por Covid-19, Fortaleza registrou na semana passada o menor índice médio de óbitos diários pela doença: 1,1. No mês de maio, pico da doença, a capital chegou a registrar 87 fatalidades na média diária. Os dados foram divulgados na tarde desta quarta-feira (19), pelo prefeito Roberto Cláudio, durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais.

"Fortaleza está há 14 semanas com tendência consistente de queda do número de óbitos semana a semana. Na semana passada, que foi a semana epidemiológica 33, nós chegamos a uma média de 1,1 óbito por dia por Covid-19. Na semana que estamos agora, a semana 34, indica uma tendência de queda de óbitos ainda mais acentuada. Até agora essa média está em 0,8 óbitos por dia", informou. O último dado, contudo, ainda não está consolidado, já que diz respeito somente ao período entre o último domingo e terça-feira (16 a 18 de agosto). 

O gestor municipal aproveitou para fazer um apelo à população, pedindo que todos os cuidados sejam tomados para evitar um retrocesso nos indicadores, ressaltando que a pandemia ainda não acabou. 

"Isso não quer dizer que a pandemia acabou. A gente ainda não tem um nível de imunidade desejado. Não temos uma vacina nem um tratamento disponível que haja confirmação científica que cure a doença. Por isso a necessidade de evitar aglomerações e usar a máscara, entre outras recomendações, para evitar a transmissão e um retrocesso na tendência favorável de queda que temos vivenciado aqui em Fortaleza", finalizou.

Ceará chega a 201 mil casos de Covid-19

Ceará chegou a 201.201 casos confirmados de Covid-19 8.241 óbitos pela doença. Dentre as mortes, 12 ocorreram nas últimas 24 horas. Por outro lado, 172.189 vidas já foram salvas. Os números são acumulados desde o início da crise sanitária no Estado. Os dados são da última atualização da plataforma IntegraSUS, às 17h14 desta quarta-feira (19), feita pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). 

O Estado ainda soma 90.325 casos e 612 mortes em investigação, com taxa de letalidade mantida em 4,1%. Pelo menos 575.361 testes para detecção da doença foram aplicados no Ceará. 

A ocupação dos leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Estado está em 54,98%, enquanto a dos leitos de enfermagem é de 36,59%.

Cidades

Fortaleza ainda soma os maiores números da pandemia no Estado. São 45.257 casos e 3.766 óbitos. Em seguida está Juazeiro do Norte, no Cariri, com 12.872 infectados e 250 óbitos. Em terceiro na lista aparece Sobral, na Região Norte, com 10.720 diagnósticos positivos e 294 mortes pela doença.

Os municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) aparecem logo em seguida. Maracanaú, com 5.936 notificações e 235 óbitos; Caucaia, com 5.431 casos e 327 mortes e Maranguape, com 4.294 diagnósticos positivos e 113 óbitos causados pela doença pandêmica. COM DIARIONORDESTE

Após criticar proposta de Orçamento do governo, Maia tem café da manhã com Bolsonaro

BRASÍLIA — Um dia após criticar duramente a proposta orçamentária do governo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tomará café da manhã com o presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (19). Na terça, Maia afirmou que "não faz nenhum sentido" o plano do Planalto, revelado pelo GLOBO, de destinar mais recursos para o Ministério da Defesa do que para o Ministério da Educação em 2021. Na reunião entre os chefes do Legislativo e do Executivo, o planejamento financeiro para o ano que vem deverá ser um dos assuntos em pauta.

 

— Eu acredito que o presidente da República, por óbvio, não vai encaminhar uma proposta em que se tenha mais recursos para Defesa e menos para a Educação. Vou esperar a proposta para que a gente possa analisar com dados — disse Maia a jornalistas, na terça. Documentos técnicos do governo para o Orçamento de 2021, no entanto, mostram que as áreas de Educação e Saúde, já afetadas pela pandemia, podem ter perdas significativas no ano que vem. O Orçamento, contudo, precisa ser aprovado pelo Congresso.

— O governo ainda não encaminhou a proposta. É claro que os recursos para a Educação serão maiores do que os recursos para a Defesa. Isso é óbvio. Imagine se o presidente da República vai assinar uma proposta em que os recursos da Defesa sejam maiores do que os recursos da Educação. Não faz nenhum sentido — avaliou Maia.

Nesta terça-feira, O GLOBO mostrou que, com o aval do presidente Jair Bolsonaro, o governo decidiu aumentar em R$ 2,2 bilhões a estimativa do orçamento do Ministério da Defesa para 2021, o que pode levar o montante da pasta para R$ 110,1 bilhões. A ampliação do chamado “referencial orçamentário” consta de documentos do Ministério da Economia que, todos os anos, são entregues às outras pastas indicando o montante de recursos que o governo pretende incluir no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA).

Bolsonaro sanciona repasse de R$ 16 bilhões a estados e municípios por perdas na pandemia

Por Mateus Rodrigues e Pedro Henrique Gomes, G1 — Brasília

O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta terça-feira (18) a lei que estabelece um repasse de até R$ 16 bilhões a estados e municípios, como compensação pelas perdas de arrecadação decorrentes da pandemia do novo coronavírus.

As regras entraram em vigor em abril, quando o governo editou a medida provisória 938. O texto original previa os mesmos R$ 16 bilhões, previstos para custear prejuízos de março a junho. A ideia era que os valores fossem repassados em quatro meses, sendo no máximo R$ 4 bilhões ao mês.

Durante a tramitação no Congresso Nacional, parlamentares aumentaram o prazo de aferição do prejuízo de estados e municípios – agora, de março até novembro. Em contrapartida, o repasse máximo mensal da União aos governos locais passou para R$ 2 bilhões ao mês, a partir de julho e até novembro.

Quando a MP foi aprovada no Senado, no fim de julho, o governo informou que já tinha pago R$ 9,86 bilhões – mais da metade dos R$ 16 bilhões autorizados pela medida provisória.

O dinheiro é destinado aos governos que recebem recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Se os prejuízos medidos não chegarem aos R$ 16 bilhões, a diferença não precisa ser transferida pela União.

O presidente Bolsonaro vetou uma mudança, feita pelo Congresso, que autorizava estados, municípios e o Distrito Federal a reter saldos desse apoio financeiro que não fossem utilizados.

Segundo o governo, essa proposta estava "em descompasso com o atual contexto de restrição fiscal, ao permitir um incremento no valor dos repasses aos fundos de participação em montantes superiores aos valores de 2019".

O veto será analisado pelo Congresso Nacional, que pode restaurar o artigo ou derrubar a regra em definitivo. Até que isso aconteça, o trecho vetado fica inválido.

 

Governo estuda MP para auxílio emergencial com valor abaixo de R$ 600

BRASÍLIA

Ainda sem uma definição sobre o novo formato do Bolsa Família, o governo estuda usar uma MP (Medida Provisória) para prorrogar o auxílio emergencial com valor abaixo dos atuais R$ 600.

O ministro Paulo Guedes (Economia) sempre defendeu um valor de R$ 200 porque essa é a média aproximada do pagamento do Bolsa Família, mas auxiliares do governo contam com parcelas de R$ 300 e a possibilidade dos pagamentos até dezembro.

O presidente Jair Bolsonaro já defendeu uma redução gradual dos valores, uma medida que técnicos chamam de "desmame" do programa. Eles ressaltam, no entanto, que ainda não há definição sobre o valor.

A lei que rege o auxílio emergencial define que o benefício pode ser prorrogado atualmente por ato do Executivo sem a necessidade de validação do Congresso, desde que seja mantido o valor de R$ 600 (já que esse é o valor previsto no texto).

Após o encerramento dos três meses originais do programa (abril, maio e junho), o governo já liberou mais duas parcelas do auxílio (julho e agosto). O valor de R$ 600 foi mantido.

Com o encerramento dos repasses se aproximando e a ausência de um novo programa social, além das pressões políticas para que o auxílio tenha continuidade, a equipe econômica busca uma alternativa.

A tendência, segundo fontes, é viabilizar as parcelas com a criação de uma MP, ou seja, por um mecanismo legal diferente da lei atualmente em vigor. Isso abre caminho para que o auxílio tenha um formato diferente.

Embora a MP precise ser aprovada pelo Congresso posteriormente, o texto tem força imediata de lei e pode ser executado ainda durante as discussões.

Nesta terça-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que prorrogar o auxílio com o valor de R$ 600 “é muito difícil”.

“Nós [os congressistas] temos responsabilidade”, afirmou. Segundo ele, a análise a ser feita deve considerar o impacto da medida nas contas públicas. Atualmente, o benefício representa um custo superior a R$ 50 bilhões por mês.

Para o presidente da Câmara, a manutenção do auxílio no valor de R$ 600 pode pressionar ainda mais as contas públicas e, com isso, acelerar a inflação e reduzir os investimentos no país.

As discussões sobre os próximos passos do auxílio emergencial estão ligadas ao ritmo de abertura das atividades econômicas pelo país. Diferentes estados e cidades relaxaram as medidas de isolamento, permitindo a volta ao trabalho.

O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, já afirmou que o tamanho do auxílio emergencial é menor hoje do que no começo da pandemia.

“Certamente a necessidade dessa dimensão é muito menor do que em março, no início [da pandemia], quando o Brasil praticamente parou”, disse Funchal há cerca de duas semanas. “À medida que a economia está retomando, a necessidade reduz. Então a discussão tem que ser essa”, afirmou, ressaltando que a decisão seria política.

Embora o Legislativo tenha liberado o governo para ampliar gastos relacionados à pandemia do novo coronavírus neste ano, a equipe econômica tenta evitar uma explosão de gastos e, por consequência, de endividamento público.

Com o cenário atual, técnicos já esperam que a dívida bruta do governo vai superar 100% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano. No encerramento do ano passado, o patamar estava em 75,8% do PIB.

O auxílio emergencial é a medida mais cara do pacote anticrise, e já demanda R$ 254,4 bilhões em recursos. Desse total, R$ 167,6 bilhões já foram efetivamente depositados nas contas dos beneficiários. Cada mês custa aproximadamente R$ 50 bilhões, considerando as regras atuais.

O programa foi instituído após o agravamento da crise de saúde, com o objetivo de dar assistência a trabalhadores informais, fortemente impactados pelas políticas de isolamento social e restrições de circulação nas cidades.

Inicialmente, Guedes propôs parcelas de R$ 200 por beneficiário. O Congresso pressionou por um aumento para R$ 500, mas o valor acabou fechado em R$ 600 após aval do presidente Jair Bolsonaro.

Para tentar evitar mais meses de auxílio emergencial, o Ministério da Economia está revisando programas sociais (como o abono salarial) para cortar despesas e redesenhar o Bolsa Família (quer seria rebatizado como Renda Brasil). O programa, no entanto, ainda está sendo desenhado pela equipe econômica.

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