Reajuste de energia pode ficar em 9% com crédito de R$ 15 bi a elétricas
29 de dezembro de 2021 | 05h00
Os consumidores terão de continuar a conviver com aumento das contas de luz em 2022, mas o socorro financeiro bilionário ao setor elétrico estruturado pelo governo deve evitar um “tarifaço” no ano em que o presidente Jair Bolsonaro pretende disputar a reeleição. O reajuste médio nas tarifas, inicialmente estimado em 21%, pode cair para 9,14%, a depender do valor da operação financeira. A projeção considera um financiamento da ordem de R$ 15 bilhões, como vem sendo aventado nos últimos meses.
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A estimativa consta em documento oficial da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) encaminhado ao Ministério de Minas e Energia (MME), ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso. Apesar de evitar uma explosão nas contas de luz em 2022, a fatura chegará no futuro, já que o empréstimo será diluído nas tarifas ao longo dos próximos anos e terá incidência de juros elevados.
O novo socorro financeiro foi permitido por meio de medida provisória publicada em 13 de dezembro, e será usado para bancar medidas emergenciais que reduziram o risco de um novo apagão no País. Embora os trâmites tenham avançado nas últimas semanas, ainda será necessário um decreto presidencial. Depois, a Aneel terá que regulamentá-lo. Como isso envolve prazo para receber contribuições de agentes do setor elétrico e da sociedade, a previsão de que o financiamento seja concedido em janeiro é considerada muito otimista.
O documento apresentado ao MME traça seis cenários, que envolvem empréstimos da ordem de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões. Os reajustes médios previstos variam de 9,14% a 11,58% – quanto maior o volume financiado, menor o reajuste projetado. Em defesa da necessidade de aportes no setor elétrico para equacionar a situação, o documento aponta que, para além dos custos da crise hídrica, as tarifas também serão pressionadas pelos índices inflacionários, pela cotação do dólar e pelas despesas de medidas para recuperação dos reservatórios.
“À vista das informações e análises, é incontestável que as circunstâncias atuais são excepcionais, para tanto confluindo a superação de uma pandemia e do período de setembro/2020 a setembro/2021 com a pior afluência (falta de chuvas, que afetou o nível dos reservatórios das usinas) verificada nos 91 anos de histórico. Some-se a isso os elevados índices de inflação e dos patamares tarifários que comprometem a capacidade de pagamento, em momento de retomada das atividades econômicas”, diz o texto.
Eletrobras
A Aneel levanta ainda a possibilidade jurídica de aporte de recursos do Tesouro para abater as tarifas, mas a hipótese é remota em razão da conjuntura fiscal e orçamentária do País. O documento menciona também a lei que permite a privatização da Eletrobras e que prevê a possibilidade de uma segunda emissão de ações da estatal. A agência defende o direcionamento dos recursos envolvidos na operação à modicidade tarifária, principalmente na amortização do empréstimo.
Além da operação de crédito, outras ações serão aplicadas pela agência reguladora para atenuar os reajustes. Na lista de medidas para o próximo ano, estão a redução do serviço da dívida da Itaipu Binacional em R$ 600 milhões; a compensação de créditos tributários de PIS/Cofins cobrados indevidamente nos últimos anos, que deve somar R$ 7 bilhões; e a antecipação de aporte de R$ 5 bilhões decorrente do pagamento de outorga pela Eletrobras em troca de novos contatos para a energia de suas usinas.
O repasse está diretamente relacionado ao sucesso da desestatização e também ao prazo de realização da operação, que precisaria ocorrer até o primeiro semestre. O cronograma está alinhado à expectativa do governo de realizar a diluição do capital da estatal nos primeiros meses do próximo ano.
Bolsonaro sanciona, com veto, projeto que regulamenta Fundeb
Daniel Gullino / O GLOBO
BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro sancionou, com um veto, um projeto de lei que regulamenta o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), principal fundo de financiamento da educação básica. A sanção foi publicada nesta terça-feira no Diário Oficial da União (DOU).
Um dos pontos da proposta é ampliar a definição dos "profissionais da educação básica", que devem receber 70% dos recursos do Fundeb. Passam ser incluídos profissionais das áreas administrativas e técnica das escolas, sem a necessidade de formação em pedagogia.
Outro ponto é que psicólogos e assistentes sociais podem ser remunerados com os 30% restantes do fundo, desde que façam parte de "equipes multiprofissionais que atendam aos educandos".
Bolsonaro vetou um artigo que autorizava estados e municípios a transferir recursos do Fundeb para outras contas bancárias, que não a original de recebimento, desde que para viabilizar o pagamento de salários ou benefícios de profissionais da educação.
Atualmente, a legislação prevê que os recursos do fundo serão "repassados automaticamente para contas únicas e específicas", sendo "vedada a transferência para outras contas".
O veto a esse artigo atendeu a uma recomendação do Ministério da Economia, que considerou que a proposta "contraria o interesse público por gerar impactos na publicidade, no acompanhamento e no controle social do Fundeb".
Prova de vida do INSS: segurados que não realizarem comprovação de 2021 terão o benefício suspenso em julho
Martha Imenes / O GLOBO
RIO — Os aposentados, pensionistas e beneficiários de auxílios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vão recomeçar a fazer a prova de vida anual agora em janeiro, inclusive os que deixaram de realizar o procedimento desde dezembro de 2020.
É importante destacar que a partir deste ano a prova de vida será feita levando em conta o mês de aniversário do segurado. Se não for feito no mês indicado, o pagamento poderá ser bloqueado ou suspenso pelo INSS.
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As mudanças foram publicadas pelo INSS no Diário Oficial da União desta terça-feira. A Portaria nº 1.400 detalhou os prazos para a comprovação anual.
Entre as mudanças, fica definido que os bloqueios passam a ser feitos a partir de julho de 2022, para quem não fizer a prova de vida no mês de aniversário, no período de janeiro a junho de 2022.
De acordo com o cronograma, para o segurado que deveria ter feito a prova de vida até dezembro de 2020 a data-limite é fevereiro de 2022. Já quem deveria ter realizado o recadastramento de janeiro a junho de 2021, o prazo é março de 2022. E assim sucessivamente. Confira abaixo.
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Os demais segurados que realizaram a prova de vida dentro do prazo, segundo o INSS, devem seguir a data de nascimento para fazer a nova comprovação de vida.
Aviso em terminal de autoatendimento
Como saber se está na época de fazer o recadastramento? Como para a grande maioria dos segurados a prova de vida é feita nos bancos, em geral, os beneficiários são informados da necessidade de atualização cadastral pelos terminais de autoatendimento das agências bancárias ou nos guichês.
Caso perca o prazo, o benefício pode ser suspenso. Somente após seis meses de suspensão, se a comprovação não for feita, o benefício será cessado. Ainda assim, é possível recuperar o pagamento. Neste caso, será preciso solicitar a reativação pelo Meu INSS ou no banco onde recebe o benefício.
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Para começar, é preciso criar login e senha para acessar a plataforma. Já no ambiente virtual do instituto, selecione o ícone "Meus benefícios" e checar se ele está cessado ou suspenso. Na barra de busca, clique em "Reativar benefício". Logo depois,atualize os dados cadastrais e clique em "Avançar". Preencha os dados solicitados para concluir o requerimento.
Nos casos em que os aposentados e os pensionistas têm biometria facial cadastrada nos bancos de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dos Departamentos de Trânsito (Detrans), o recadastramento pode ser feito de forma digital (via selfie), no aplicativo Meu INSS.
As pessoas com mais de 80 anos de idade ou que não tenham condições de se locomover podem solicitar a visita de um servidor do órgão para a realização da prova de vida anual domiciliar ou hospitalar. O pedido pode ser feito pela central telefônica 135 e pelo aplicativo ou portal Meu INSS pelo segurado ou pelo representante legal.
Datas para quem não fez o recadastramento em 2021
Mês original x data-limite para realização
Até dezembro/2020 - Fevereiro/2022
Janeiro a junho/2021 - Março/2022
Julho e agosto/2021 - Abril/2022
Safra de grãos 2021/2022 tem expectativa recorde, diz ministra
A safra de grãos 2021/2022 pode chegar a 291 milhões de toneladas graças ao entusiasmo do setor pelos preços e pelo bom desempenho da agricultura brasileira. A avaliação é da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, entrevistada desta terça-feira (28) no programa A Voz do Brasil.
“São vários aspectos que contribuíram para que o produtor rural produzisse cada vez mais. Temos aí a expectativa e a estimativa de uma safra recorde, não só com aumento de área, mas também com aumento da produção, da produtividade. Essa é uma estimativa boa”, disse.
Segundo ela, os números podem flutuar um pouco para mais ou para menos, a depender da situação de chuvas no país. “Por enquanto, temos boas perspectivas. Temos um pouquinho de seca, muito pontual, no Rio Grande do Sul, no Paraná e no meu estado, Mato Grosso do Sul. No resto do país, vem acontecendo muito bem”.
A Voz do Brasil
A participação da titular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento faz parte da série de entrevistas que serão veiculadas no programa A Voz do Brasil até o último dia do ano. Haverá transmissão normal do programa no dia 31.
A Voz do Brasil é veiculada em todas as emissoras de radiodifusão brasileiras, entre as 19h e as 22h (horário de Brasília), de segunda a sexta-feira. O programa também pode ser acompanhado pelas redes sociais e pelo canal da TV Brasil Gov no YouTube.
Edição: Paula Laboissière / AGÊNCIA BRASIL
Brasil registra 6,8 mil novos casos e 86 óbitos por covid-19 em 24h
O número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus desde o início da pandemia chegou a 22.246.276, segundo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde hoje (27). Em 24 horas, desde o boletim de ontem, autoridades de saúde registraram 6.840 diagnósticos positivos da doença.
O total de mortes causadas pela covid-19 chegou a 618.534. De ontem para hoje, secretarias estaduais e municipais de Saúde confirmaram mais 86 óbitos. Ainda há 2.790 mortes em investigação, mas esses dados ainda estão passíveis de atualização. Os dados de mortes em investigação ocorrem por haver casos em que o paciente morreu, mas a investigação da causa demanda exames posteriores ao óbito.
Até esta quarta, 21.516.819 pessoas haviam se recuperado da doença.
No balanço divulgado pelo ministério, três unidades da Federação, São Paulo, Tocantins e Roraima, não atualizaram na data de hoje os dados de casos e mortes.
Estados
Segundo o balanço mais atualizado fornecido pelas Secretarias Estaduais de Saúde, o estado com mais mortes por covid-19 é São Paulo, com 155.095 registros. Em seguida, aparece o Rio de Janeiro (69.425), Minas Gerais (56.615), Paraná (40.879) e Rio Grande do Sul (36.414).
Os estados com menos óbitos pela doença são Acre (1.850), Amapá (2.015), Roraima (2.074), Tocantins (3.927) e Sergipe (6.056).
Edição: Aline Leal / AGÊNCIA BRASIL
Após 3 anos, gestão Bolsonaro tenta efetivar substituto do Mais Médicos
27 de dezembro de 2021 | 05h01
Quase três anos após a posse de Jair Bolsonaro, o governo federal começou a implementar um substituto para o programa Mais Médicos, criado pela gestão petista e que agora deve ser oficialmente encerrado sob forte conotação ideológica. O Médicos pelo Brasil, novo programa de atenção básica em saúde de Bolsonaro, foi lançado em 2019, mas atravessou inoperante a pandemia da covid-19. Os primeiros editais de chamada de municípios foram abertos nas últimas semanas, com previsão de 5 mil vagas para médicos. A estagnação do Mais Médicos e a demora na implantação do Médicos pelo Brasil comprometem a política de interiorização do acesso à saúde, apontam especialistas.
No sudoeste do Pará, a cidade de Rurópolis, de 52 mil habitantes, sentiu os efeitos dessas incertezas. A chegada do Mais Médicos, que aumentou de um para sete o número de profissionais em 2017, resultou num salto nos atendimentos de saúde da família. “Foi o momento em que conseguimos colocar médicos na zona rural”, disse Rosecléia Borges, coordenadora de Atenção Primária em Saúde no município.
Há três anos, porém, a saída dos médicos cubanos do programa e a redução do número de editais deixaram o município com cinco dos sete profissionais que atuavam. As duas vagas abertas nunca foram repostas. A redução deixou desatendidas cerca de dez mil pessoas de duas comunidades rurais a cerca de 60 quilômetros do centro urbano.
Ao todo, no País, são 3.390 vagas sem preenchimento. Segundo o Ministério da Saúde, o 24.º ciclo do Mais Médicos, em andamento, prevê a ocupação de 1.476 postos.
Lançado ainda na gestão do ex-ministro da Saúde Luiz Mandetta, o Médicos pelo Brasil tinha a proposta de substituir gradativamente um programa pelo outro até eliminar o anterior, em 2022. Mas o atraso na efetivação do novo modelo mudou o cronograma.
O último relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre o Mais Médicos é de 2018. Os auditores identificaram inconformidade nos processos de adesão e seleção dos municípios – ou seja, não se priorizou a demanda dos mais vulneráveis. A CGU também apontou que o Ministério da Saúde não corrigiu falhas e provocou prejuízo, com pagamentos antecipados por serviços não executados.
O Mais Médicos atingiu seu auge em 2015, ano em que nele atuavam 18,2 mil profissionais – 11,4 mil deles cubanos. Em novembro de 2018, após a eleição de Bolsonaro – que fez ferrenha campanha contra a presença dos cubanos – Cuba decidiu pela retirada dos profissionais do País. A saída dos estrangeiros deixou 8.157 postos vagos, muitos em áreas de difícil acesso.
Bolsonaro passou a defender que as vagas surgidas fossem ocupadas por brasileiros. Editais para preenchimento das vagas foram lançados com esse objetivo, mas até abril de 2019, 1.052 brasileiros haviam desistido das posições para as quais foram selecionados.
Regime
O Médicos pelo Brasil tem como principal escopo a contratação pelo regime celetista. Prevê uma bolsa inicial de dois anos até a contratação pelo regime da CLT. O salário inicial de R$ 12 mil aumenta de acordo com a progressão na carreira ou atuação em lugar de difícil acesso.
Crítico do Mais Médicos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) celebrou a chegada do novo programa. “Se não é o ideal, vem atender o grande problema de alocar médicos nas regiões mais carentes do País”, afirmou em nota, no lançamento do Médicos pelo Brasil.
O professor Mario dal Poz, do Instituto de Medicina Social Hésio Cordeiro, entende que os resultados do programa anterior não justificaram o investimento. “Se você tivesse um melhor diagnóstico, com estudos mais decentes e aprofundados, poderia ter políticas mais sustentáveis”, disse.
Para Nésio Fernandes, vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), a contratação pela CLT causará um impacto financeiro muito maior do que a estratégia anterior, com bolsistas. “Isso implicará em limitações de expansão rápida do programa e provimento de médicos para o ciclo”, disse.
A gestão do Médicos pelo Brasil caberá à Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps). O conselho do órgão terá na vice-presidência a secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro, conhecida como ‘Capitã Cloroquina’, cujo indiciamento foi pedido no relatório final da CPI da Covid. A Adaps contratará diretamente as equipes, mas não os gestores locais, e pode celebrar acordos com instituições privadas.
"É uma ruptura absoluta, um descaso contra a institucionalidade”, disse Rosana Campos, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). “Todas as soluções deveriam ser tripartites. O diálogo com secretários estaduais e municipais é imprescindível."
Presidente gasta bilhões para tentar salvar a reeleição
Com a popularidade em queda nas pesquisas, o presidente Jair Bolsonaro prepara um pacote de medidas populistas para tentar salvar sua reeleição. O preço será amargo e vai ser pago por todos os brasileiros: custará mais de R$ 90 bilhões aos cofres públicos – valor que seria suficiente para cobrir o rombo de R$ 42 bilhões previstos para as contas da União em 2022. A estratégia prevê novos benefícios aos mais pobres, como o Auxílio Brasil e o vale-gás, linhas de créditos e reajustes salariais para categorias aliadas do Planalto, com uso político dos bancos públicos.
O Planalto quer usar o Fundo de Garantia dos Trabalhadores (FGTS) para financiar um novo plano de microcrédito da Caixa Econômica Federal e ajudar pessoas com o nome sujo no SPC e no Serasa. Serão cerca de R$ 13 bilhões do fundo, patrimônio dos trabalhadores e principal financiador da habitação no País, remanejados para garantir empréstimos de até R$ 4 mil a cerca de 20 milhões de pequenos empreendedores com o nome negativado. O Centrão, no entanto, quer mais: tenta cavar R$ 30 bilhões no Orçamento para ampliar o número de beneficiados.
“O governo Bolsonaro é populista desde o seu início. As linhas de crédito dos bancos públicos têm ligação com a base do presidente no Congresso. Lá na ponta, o financiamento tem impacto direto no deputado federal. Isso será usado para fazer marketing do governo na campanha”, afirma Paulo Baia, professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Bolsonaro escalou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, para recuperar a imagem do governo no Nordeste, onde o mandatário perde força dia após dia. A Caixa ampliou a atuação na região e aumentou a fatia de operação de crédito para os nordestinos. O banco também tenta viabilizar crédito e perdão de devedores que estão inadimplentes no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), programa que libera empréstimos a estudantes de escolas particulares.
Bolsonaro anunciou ainda que vai usar a Caixa para dar privilégios a policiais. Uma linha de crédito imobiliário especial concederá R$ 100 milhões para que profissionais da segurança pública possam financiar imóveis. O Banco do Brasil também destinará R$ 10,5 bilhões para o financiamento rural, com o objetivo de ajudar grandes produtores do agronegócio. “Bolsonaro demorou demais para fazer isso. Faltou competência e criatividade. Agora só pensa em 2022 porque está caindo nas pesquisas”, disse o deputado Fausto Pinato, deputado federal do (PP-SP), partido do Centrão.
“O governo federal é populista desde o início. As linhas de crédito têm ligação com a base no Congresso” Paulo Baia, professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
As medidas populistas de Bolsonaro não param por aí. O Auxílio Brasil, coordenado pelo ministro da Cidadania, João Roma, só se tornou viável porque o governo deu um calote nas dívidas judiciais por meio da PEC dos Precatórios. Com isso, o presidente terá R$ 54,4 bilhões para pagar a bolsa de R$ 400 à população carente. Para tentar reverter a rejeição a Bolsonaro, que já bate na casa dos 55%, Valdemar Costa Neto, líder do PL, partido do presidente, quer aumentar o valor para R$ 600 – o que traria mais caos para as já desarrumadas contas públicas. O governo federal também reservou R$ 1,9 bilhão a fim de cobrir as despesas do vale-gás, por meio do qual o Planalto pagará a metade do valor da conta de gás das famílias de baixa renda. Isso tudo sem contar os bilhões em verbas destinadas a parlamentares por meio do orçamento secreto.
“Faltou competência e criatividade: Bolsonaro só pensa em 2022 porque está caindo nas pesquisas” Fausto Pinato, deputado federal (PP-SP)
O pacote eleitoral engloba ainda o reajuste salarial do funcionalismo público. Como anunciou reajuste aos policiais, Bolsonaro sofre pressão de outras categorias. A tendência é que pelo menos R$ 2,8 bilhões sejam gastos para atualizar a folha dos servidores no ano que vem. Em outra frente, o mandatário prorrogou a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a taxistas e pessoas físicas na compra de carros novos – com a medida, o governo federal deixará de arrecadar R$ 1,8 bilhão. Outra promessa no radar do Planalto é o bolsa- caminhoneiro, benefício que deve custar R$ 4 bilhões aos cofres da União.
“Essa linha populista bate de frente com a política econômica do Banco Central e de Paulo Guedes. O presidente do BC vem aumentando os juros para conter a inflação, mas aí o crédito fica mais difícil”, afirmou. “Se a política econômica torna o crédito mais difícil, fica nítida a estratégia populista dos bancos públicos, que rompem essa barreira de financiamento com créditos especiais. E faz uma linha de crédito política para fortalecer sua base de deputados estaduais, federais e senadores. Já estamos em campanha eleitoral.”
Ricardo Chapola / ISTOÉ
Sob a espada do endividamento
27 de dezembro de 2021 | 03h00
Eleições são propícias para discutir temas estratégicos para o país. O Brasil iniciará 2022 sob uma conjunção crítica de fatores. Por um lado, terá mais dívida pública do que em 2019, por causa da pandemia, e um ciclo de aperto monetário afetando a sua dinâmica. Por outro lado, é urgente retomar o crescimento sustentado, para reduzir o desemprego e a pobreza.
Como mostram Bittencourt e Funchal (2021), em estudo disponível no site do Instituto Millenium, desde a crise financeira de 2008, estudos acadêmicos concluem que carregar uma dívida pública elevada tende a prejudicar o crescimento econômico de médio e de longo prazos e que há um limiar a partir do qual o crescimento é cada vez mais comprometido a cada elevação da dívida.
O efeito se transmite, principalmente, via juros de longo prazo mais altos, elevada e distorciva carga tributária, despoupança do setor privado, restrições para adoção de políticas anticíclicas e, sob baixa credibilidade fiscal, mais inflação. Assim, o PIB potencial (capacidade estrutural do País de crescer) é afetado pela menor acumulação de capital físico e humano, em razão de menor poupança e investimentos, públicos e privados, em tecnologia, educação e infraestrutura, o que também prejudica a produtividade.
Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que nos últimos dez anos a dívida bruta do Brasil ficou, em média, 60% acima da de países emergentes e 27,5% abaixo da de países avançados. Agregando o custo da dívida à análise, vê-se que entre os países mais relevantes nenhum apresenta, simultaneamente, maior carga de juros e dívida que o Brasil. Ou seja, aqui, o custo potencializa o efeito do tamanho da dívida no PIB potencial.
Os canais de transmissão desta relação não chegam a surpreender quem acompanha a economia brasileira. Inflação e baixo investimento público, por exemplo, são muito explorados por aqui. Vale mencionar, então, outros três importantes canais: o sistema tributário, a competição pelo financiamento entre Estado e privado e a incapacidade de adotar políticas anticíclicas.
A elevada carga tributária, bem como sua complexidade e sua regressividade, gera perda de eficiência e cria incentivos ruins, tirando a capacidade do País de crescer de maneira mais acelerada. Considerando o grau de endividamento dos entes federados, a margem de negociação para o aprimoramento do sistema é muito pequena, já que ninguém quer arriscar perder arrecadação. Com essa restrição, as discussões no Legislativo de projetos que tentam dar mais racionalidade ao sistema tributário, a exemplo da PEC 101/2019 e da PEC 45/2019, pouco têm evoluído, reduzindo assim as perspectivas de corrigir as distorções e ter os ganhos de crescimento potencial dali decorrentes.
Outro fator que condiciona o desempenho do PIB no Brasil é a competição do setor público com o privado pela parca poupança interna. Com uma dívida bruta 86,5% em moeda local, que se encurtou na pandemia e vem se alongando com mais títulos indexados à Selic, a necessidade de captação do governo federal quase triplicou em relação a 2018 e 2019. É neste contexto adverso que projetos de investimento do setor produtivo terão de competir com o Estado, justamente quando a recuperação da economia é mais necessária. Com isso, esses projetos privados precisarão pagar mais juros e muitos deles acabarão inviabilizados, comprometendo crescimento econômico, emprego e renda.
A política fiscal anticíclica foi muito debatida no Brasil pós-crise financeira internacional de 2008. Uma atuação anticíclica da política fiscal estabiliza o crescimento, reduz volatilidades e oferece um horizonte mais previsível, incentivando o investimento. Sem essa atuação, obviamente, perdem-se todas essas vantagens. Contudo, infelizmente, este instrumento não está disponível para qualquer país. O tamanho da dívida, seu perfil de refinanciamento e custo podem inviabilizar esta prática, dado que evitar um problema de solvência é mais urgente do que obter maior crescimento econômico no longo prazo. No Brasil, iniciativas de disposição anticíclicas culminaram numa grande crise de credibilidade fiscal, só dirimida com a Emenda Constitucional 95/2016, que, não acidentalmente, introduziu um arcabouço fiscal de características mais independentes do ciclo econômico, o teto de gastos.
Instituições fortes, políticas públicas de qualidade e credibilidade da política fiscal são capazes de mitigar o efeito negativo da elevada dívida sobre o crescimento econômico. Tal conjunto de iniciativas pode gerar efeitos positivos antes mesmo de a dívida pública cair a patamares que não comprometam o crescimento, como aconteceu com o teto de gastos e a relação despesa/PIB. O Brasil tem a “vantagem” de ter um elevado volume de ativos financeiros e não financeiros que, desinvestidos, reduziriam a dívida e trariam o setor privado para o espaço ocupado pelo Estado. O conjunto de temas trazidos aqui tem que estar na pauta do debate eleitoral. Não podemos continuar especializados em perder oportunidades.
*EX-SECRETÁRIO DO TESOURO NACIONAL
A Covid-19: Brasil registra 3,8 mil novos casos e 32 óbitos em 24 horas
O Brasil registrou 32 novos óbitos por covid-19 nas 24 horas entre sexta-feira (24) e ontem (25). De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, até a noite deste sábado (25), o total de mortes na pandemia chegou a 618.424.
A quantidade de pessoas que contraíram a doença desde o início da crise sanitária subiu para 22.234.626, com o registro de 3.889 novos casos. O número de pessoas que se recuperaram da covid-19 é de 21.537.535.
Ainda há 78.667 casos em acompanhamento. O nome é dado para pessoas cuja condição de saúde é observada por equipes de saúde e que ainda podem evoluir para diferentes quadros, inclusive graves.
No boletim referente ao sábado (25), 14 estados e o Distrito Federal não apresentaram dados atualizados: Bahia (número de casos), Santa Catarina, Ceará, Goiás, Rondônia, Sergipe, Alagoas, Amapá, Acre (número de mortes), Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Tocantins e Roraima (número de casos e mortes).
Acumulado por estado
São Paulo é o estado que registra mais mortes pela covid-19 (155.096), seguido pelo Rio de Janeiro (69.404), por Minas Gerais (56.613), pelo Paraná (40.877) e Rio Grande do Sul (36.409). Já os estados onde houve menos óbitos pela doença são: Acre (1.850), Amapá (2.015), Roraima (2.074), Tocantins (3.927) e Sergipe (6.056).
Edição: Lílian Beraldo / AGÊNCIA BRASIL
Covid-19: Brasil registra 3,8 mil novos casos e 32 óbitos em 24 horas
O Brasil registrou 32 novos óbitos por covid-19 nas 24 horas entre sexta-feira (24) e ontem (25). De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, até a noite deste sábado (25), o total de mortes na pandemia chegou a 618.424.
A quantidade de pessoas que contraíram a doença desde o início da crise sanitária subiu para 22.234.626, com o registro de 3.889 novos casos. O número de pessoas que se recuperaram da covid-19 é de 21.537.535.
Ainda há 78.667 casos em acompanhamento. O nome é dado para pessoas cuja condição de saúde é observada por equipes de saúde e que ainda podem evoluir para diferentes quadros, inclusive graves.
No boletim referente ao sábado (25), 14 estados e o Distrito Federal não apresentaram dados atualizados: Bahia (número de casos), Santa Catarina, Ceará, Goiás, Rondônia, Sergipe, Alagoas, Amapá, Acre (número de mortes), Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Tocantins e Roraima (número de casos e mortes).
Acumulado por estado
São Paulo é o estado que registra mais mortes pela covid-19 (155.096), seguido pelo Rio de Janeiro (69.404), por Minas Gerais (56.613), pelo Paraná (40.877) e Rio Grande do Sul (36.409). Já os estados onde houve menos óbitos pela doença são: Acre (1.850), Amapá (2.015), Roraima (2.074), Tocantins (3.927) e Sergipe (6.056).
Edição: Lílian Beraldo / AGÊNCIA BRASIL