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Largada das convenções pelo país tem cenários em aberto nas capitais e presença de caciques nos palanques

Por  e — Rio e São Paulo

 

As convenções partidárias para as eleições municipais começam hoje e o cenário ainda é de indefinição em muitas capitais. Há prefeitos que buscam a reeleição que não bateram o martelo sobre quem será o vice — casos de Rio e Belo Horizonte —, e disputas, como a de São Paulo, em que partidos podem retirar pré-candidaturas e anunciar apoios que mexem no xadrez local. O prazo para os partidos deliberarem sobre coligações, definirem chapa e a lista de candidatos a vereador vai até 5 de agosto, cinco dias antes do prazo limite para registrarem os nomes na Justiça Eleitoral.

 

Algumas convenções vão ter caciques nacionais prestigiando os postulantes a prefeituras já neste primeiro dia. É o caso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que oficializa a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) na capital paulista junto com sete ministros. Boulos tem como vice a petista Marta Suplicy e vai, inclusive, receber suporte financeiro do PT durante a campanha. Outro exemplo é o do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que vai a BH anunciar a candidatura à reeleição de Fuad Noman.

 

Também hoje, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), formaliza a missão de se reeleger numa convenção que aliados têm classificado como “cartorial”. Burocrático, o evento vai anunciar a nominata de vereadores do partido e a busca pela reeleição de Paes, mas sem se debruçar sobre a escolha do vice, que ficará para o início de agosto.

 

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Apesar de a eleição paulistana ter os dois principais pré-candidatos — Ricardo Nunes (MDB) e Boulos — com vices escolhidos, as convenções de partidos como o União Brasil e o PSDB vão ajudar a definir o cardápio completo de candidaturas que de fato estarão à disposição dos eleitores.

 

No caso do União, a despeito de a convenção ser hoje, o anúncio da posição do partido sobre a disputa pela prefeitura vai ser feito apenas depois que as demais legendas realizarem convenções. O presidente da sigla na capital, Milton Leite, reuniu-se ontem com o prefeito Ricardo Nunes e disse que a relação “melhorou muito”, mas ainda não colocou os dois pés na pré-campanha de reeleição. O entorno do prefeito, contudo, está otimista.

 

Certo é que o União não deve respaldar a candidatura própria de Kim Kataguiri, que vem se colocando como pré-candidato há meses. A outra opção da legenda seria Pablo Marçal (PRTB), que conversou com lideranças nacionais da legenda entre junho e o início deste mês. Pesa contra o ex-coach, no entanto, possíveis dificuldades que ele pode ter dentro do próprio partido, que passa por brigas na Justiça envolvendo o comando da sigla. O PRTB sequer marcou a data da convenção.

 

Outro partido cujos rumos são importantes é o PSDB, que marcou o encontro para 27 de julho. Como o apresentador José Luiz Datena tem no histórico uma série de desistências eleitorais, teme-se que ele deixe a sigla na mão. Dessa vez, Datena diz que vai “até o fim”, e chegou a fazer uma primeira agenda pública nesta semana, no Mercado Municipal. O fato de não ter realizado outras agendas previstas para os últimos dias, no entanto, voltou a levantar rumores sobre uma nova desistência.

 

O PSB, de Tabata Amaral, se reúne no mesmo dia. Sem definição de vice, a deputada aguarda a decisão de Datena, já que, caso ele desista, o PSB pretende atrair os tucanos.

 

Candidato à reeleição, Ricardo Nunes e seu MDB têm convenção agendada apenas para 3 de agosto. Com vice já definido — Ricardo Mello de Araújo, do PL —, o evento vai reunir as demais legendas que apoiam o prefeito: PSD, Republicanos, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza e Avante. Ainda não há confirmação sobre a possível presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

Paes em compasso de espera

No Rio, aliados do prefeito Eduardo Paes estimam que ele só deve bater o martelo sobre o vice por volta do dia 5 de agosto. Apesar de as candidaturas poderem ser registradas até o dia 15, Paes quer definir a chapa antes do debate da Band, que ocorre no dia 8, a uma semana do início oficial da campanha. A escolha está praticamente concentrada em dois nomes: o deputado federal Pedro Paulo e o estadual Eduardo Cavaliere, ambos do PSD.

 

Principal adversário de Paes na disputa, Alexandre Ramagem (PL) vai ser oficializado pelo partido na segunda-feira. Ele também está com vice indefinido, mas a maior possibilidade, hoje, é que o posto vá para o MDB. A convenção não será um grande evento, mas, ontem e anteontem, o pré-candidato cumpriu agendas públicas com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que serviram como uma espécie de pontapé inicial da campanha.

Ontem, em Campo Grande, Ramagem voltou a adotar o discurso de perseguição, por causa de investigações recentes da Polícia Federal, e apostou em nacionalizar o debate, buscando colar Paes em Lula, seu apoiador no Rio.

 

Tarcísio Motta (PSOL), que vem aparecendo tecnicamente empatado com Ramagem na segunda colocação nas pesquisas, ainda não definiu a data da convenção. A escolha do vice também segue em aberto e só será feita depois que o prefeito definir o seu.

 

O PP de Marcelo Queiroz espera fazer a convenção no dia 31, e o União Brasil de Rodrigo Amorim segue sem reservar uma data.

 

Em BH, Fuad Noman tem a vice mais encaminhada para o União Brasil, mas a definição também só se dará daqui a alguns dias. Na convenção de hoje, o prefeito vai ser prestigiado por Gilberto Kassab, mas outros caciques nacionais do PSD, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, não devem comparecer. Uma presença que pode ser a surpresa do evento é a do ex-prefeito Alexandre Kalil, também do PSD, que vem tendo encontros para definir se embarca ou não na campanha de Fuad.

Líder das pesquisas, Mauro Tramonte (Republicanos) reservou o dia 3 de agosto; Carlos Viana (Podemos), o dia seguinte, assim como o PT de Rogério Correia; Gabriel Azevedo (MDB), o dia 27 de julho, mesma data que o Novo de Luisa Barreto; o PDT de Duda Salabert fará convenção no dia 29. A eleição de Belo Horizonte é considerada uma das mais disputadas, com alto grau de imprevisibilidade.

 

Favoritismo no Nordeste

No Recife e em Salvador o cenário é mais parecido com o do Rio — e com favoritismo até mais confortável para João Campos (PSB) e Bruno Reis (União Brasil).

 

Campos deve fazer a convenção em 4 de agosto, mas antes disso, na semana que vem, anuncia o vice. A tendência é que seja Victor Marques (PCdoB), ex-chefe de gabinete do prefeito. Assim como no Rio, o PT tentou emplacar um nome para o cargo, mas fracassou. O posto recebe especial atenção por causa da possibilidade de Campos deixar o novo mandato no meio, caso reeleito, para concorrer ao governo estadual daqui a dois anos, situação parecida com a de Paes.

 

Em Salvador, Reis tem tudo definido: a convenção será no dia 24, e a vice da chapa vai ser novamente Ana Paula Matos (PDT). Principal adversário do representante do carlismo, cultura política iniciada pelo ex-governador Antonio Carlos Magalhães, o candidato apoiado pelo presidente Lula, Geraldo Júnior (MDB), tem convenção em 4 de agosto. O emedebista vai promover um grande evento com aliados.

 

Se nessas duas capitais de estados do Nordeste o predomínio dos candidatos à reeleição é consolidado, em Fortaleza a conjuntura é mais embaralhada. Sarto (PDT) tentará um segundo mandato e marcou convenção para o dia 28, e o encontro deve receber figuras como o ex-governador Ciro Gomes.

 

Rompido com o irmão, o senador Cid Gomes (PSB) apoia Evandro Leitão (PT), cuja convenção vai ser no dia 4 de agosto.

Além deles, protagonizam a disputa os bolsonaristas Capitão Wagner (União) e André Fernandes (PL), ainda com convenções indefinidas.

(com Bernardo Mello)

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