País registra 1.987 mortes por covid-19 em 24 horas
Em 24 horas, foram registradas 1.987 mortes por covid-19 no Brasil. Com isso, o total de óbitos pela doença desde o início da pandemia chega a 330.193. Entre ontem e hoje, foram contabilizados 43.515 novos diagnósticos positivos. Até o momento, 12,953 milhões de pessoas foram contaminadas em todo o país. Dessas, 11,305 milhões se recuperaram.
O balanço, divulgado diariamente pelo Ministério da Saúde, reúne as informações levantadas pelas secretarias estaduais e distrital de Saúde.
Os registros de casos e mortes costumam ser menores em feriados, sábados e domingos, em razão da dificuldade de alimentação dos dados pelas secretarias de Saúde. O represamento das informações durante os fins de semana costuma inflar os dados dos dias seguintes.
Estados
São Paulo chegou a 2,5 milhões de pessoas contaminadas. Os outros estados com maior número de casos no país são Minas Gerais (1,1 milhão) e Rio Grande do Sul (859 mil). Já o Acre tem o menor número de casos (71 mil), seguido de Roraima (90,2 mil) e Amapá (98,6 mil).
Em número de mortes, São Paulo também lidera, com 76,5 mil. Rio de Janeiro (37,6 mil) e Minas Gerais (25,5 mil) aparecem na sequência. Os estados com menos mortes são Acre (1.284), Amapá (1.323) e Roraima (1.352).
Edição: Kelly Oliveira / AGÊNCIA BRASIL
'Evitar lockdown é a ordem', diz ministro da Saúde
Leandro Prazeres / O GLOO
BRASÍLIA – Em meio a recordes nos registros de mortes causadas pela Covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que “a ordem é evitar o lockdown”.
A declaração foi dada durante uma entrevista coletiva realizada neste sábado. Segundo ele, é preciso que a sociedade “faça seu dever de casa” para evitar que medidas extremas sejam implementadas.
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— Precisamos nos organizar para fazer com que evitemos medidas extremas e consigamos garantir que as pessoas continuem trabalhando, ganhando seu salário e renda, deixando essas medidas extremas (lockdowns) para outro caso. Evitar lockdown é a ordem, mas temos que fazer nosso dever de casa — afirmou o ministro, após se reunir pela primeira vez com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom.
A afirmação foi em resposta a uma pergunta sobre a interlocução do governo federal com estados e municípios em relação às medidas de restrição de mobilidade impostas em diversas localidades do país.
Queiroga disse que as atribuições para a implementação dessas medidas são dos estados e municípios, mas disse que recebeu orientações do presidente Jair Bolsonaro para conversar com governadores e prefeitos sobre o assunto.
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Segundo ele, é preciso que a população adote medidas como o uso da máscara e distanciamento para diminuir a velocidade de contágio da doença.
— Não é fácil a adesão da população. Por mais que a gente fale, vocês (imprensa) falam todo dia na TV e nós não conseguimos fazer com a que a população tenha adesão a essas medidas que parecem simples, mas são eficientes — disse Queiroga.
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O Brasil passa pelo pior momento da epidemia de Covid-19 desde que a doença chegou no Brasil, em fevereiro de 2020. Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa do qual O GLOBO faz parte, a doença já matou 328.366 pessoas.
Morre o cantor Agnaldo Timóteo, aos 84 anos, de complicações da Covid-19
RIO — Após ser internado no Hospital Casa São Bernardo, na Barra, no dia 17 de março, o cantor e compositor Agnaldo Timóteo morreu neste sábado, em decorrência de complicações relacionadas à Covid-19, aos 84 anos.
Timóteo chegou a receber a primeira dose da vacina contra o coronavírus, mas foi diagnosticado com a doença após sentir-se mal, com pressão baixa, segundo relato de seu sobrinho, Timotinho Silva. O cantor chegou a deixar a UTI na sexta-feira (19), mas não resistiu à infecção. Em 2019, o cantor passou 59 dias internado, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) no mês de maio.
Agnaldo sempre gostou de cantar. Na década de 50, o programa "Domingo é dia de folga", de Governador Valadares, anunciava o "Curió de Caratinga" antes da entrada da voz poderosa, apesar de ainda adolescente, do jovem Agnaldo Tiomóteo. O artista, que na época trabalhava como torneiro mecânico, buscava ali o início de uma trajetória profissional — ou melhor, de um sonho que começara ainda na infância, em sua Caratinga natal, quando ele gostava de imitar vozes como as de Cauby Peixoto e Anísio Silva.
Engraxate, entregador de malas, vendedor de manga
A caminhada até ali havia sido difícil. Ainda em Caratinga, Agnaldo trabalhava desde os 9 anos (entregando malas na estação, engraxando sapatos, vendendo mangas ou pastéis feitos pela mãe) para ajudar a família. Participou de seus primeiros concursos como cantor, nos circos que chegavam à cidade. Aos 16, se mudou para Governador Valadares e começou a cantar nas rádios locais. Mais tarde foi para Belo Horizonte em busca de mais oportunidades — lá ficou conhecido como o "Cauby mineiro", muitas vezes como uma espécie de "substituto" local do cantor.
Foi em Belo Horizonte que foi ouvido por seu ídolo Anísio Silva, que o apresentou a seu empresário Kléber Lisboa. Namorado de Ângela Maria, Kléber apresentou Agnaldo à cantora, que o aconselhou a ir para o Rio, onde sua carreira teria mais chances de acontecer. Ele seguiu a sugestão e em 1960 desembarcou na nova cidade, onde pôde conhecer um jovem Roberto Carlos também recém-chegado e buscando espaço como cantor.
Sem conseguir emplacar a carreira, Agnaldo pediu uma ajuda para Ângela, que o empregou como seu motorista. Ela também o indicou para o selo Caravelle, que em 1961 lançou seu primeiro disco, um 78 rotações que tinha num lado “Sábado no morro” e no outro “Cruel Solidão”. As gravações não tiveram repercussão. Em 1963, ele gravou "Trotura de amor", de Waldick Soriano, já dentro do estilo romântico que o consagraria no futuro, mas novamente as vendagens foram pífias — 180 cópias vendidas de mão em mão pelo próprio Agnaldo.
'Surge um astro'
Em 1965, Agnaldo chamou a atenção interpretando "The house of the rising sun", dos Animals, no programa "Rio hit parade", de Jair de Taumaturgo. A partir dali, conseguiu lançar seu primeiro álbum, "Surge um astro" — o primeiro dos mais de 50 que lançaria ao longo da carreira. Em 1968, gravou "Meu grito", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, num disco que vendeu 600 mil cópias, colocando-o num novo patamar e reafirmando seu lugar como cantor romântico.
"A galeria do amor", lançada em 1975, foi outro marco em sua carreira. Sua primeira composição própria — referência à Galeria Alaska, então ponto de entro gay do Rio — alcançou um enorme sucesso e abriu um novo caminho na carreira de Agnaldo. Canções como "Perdido na noite", de 1977, exploravam a temática urbana noturna.
PSDB, DEM e MDB se reaproximam por protagonismo nas eleições de 2022
03 de abril de 2021 | 05h00
Dois meses após a vitória de Arthur Lira (PP-AL) na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados, dirigentes do DEM, PSDB e MDB intensificaram as conversas sobre as eleições de 2022 e subiram o tom no discurso de oposição ao presidente Jair Bolsonaro. A relação entre os três partidos ficou abalada após a eleição para a presidência da Casa, quando Lira recebeu 302 votos e venceu Baleia Rossi (MDB-SP) no primeiro turno com apoio de deputados do DEM, que liberou a bancada, e do PSDB.
No momento em que Bolsonaro abre espaço para o Centrão, em busca apoio para tentar se reeleger, as três legendas pregam unidade no ano que vem em torno de um nome competitivo que possa quebrar a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Palácio do Planalto. O assunto foi tratado em um almoço na semana passada em Brasília que reuniu o presidente do PSDB, Bruno Araújo, do DEM, ACM Neto, e os líderes das duas bancadas, Rodrigo Castro (PSDB-MG) e Efraim Filho (DEM-PB).
Lideranças do DEM e do PSDB estiveram no centro da articulação do manifesto em defesa da democracia que reuniu seis presidenciáveis nesta semana. O movimento consolidou a percepção de que esse consórcio partidário deve estar afinado com as outras forças do chamado “polo democrático”. Esse é o nome do grupo de WhatsApp que reúne os seis signatários do manifesto, além do ex-juiz Sérgio Moro.
“A união entre DEM, MDB e PSDB fortalece o campo democrático para as eleições de 2022 e une partidos cujas lideranças têm pensamentos muito próximos e relações profundas”, disse o governador João Doria ao Estadão.
Por ora, ainda não há consenso em relação aos nomes que estão colocados à mesa: os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), do PSDB, o apresentador Luciano Huck, e os ex-ministros Sérgio Moro e Luiz Henrique Mandetta (DEM).
Vacinados com Coronavac têm anticorpos contra o vírus, mas em baixa quantidade, diz estudo no Chile
Fernando Reinach, O Estado de S.Paulo
Considerando que milhões de pessoas já foram vacinadas com a Coronavac, é preocupante que os resultados do ensaio clínico feito no Brasil ainda não tenham sido publicados. Agora pesquisadores do Chile e da Sinovac publicaram os resultados interinos coletados no estudo de fase 3 realizado no Chile.
O estudo descreve a segurança da vacina e a resposta imune dos vacinados. Ele é pequeno, ainda não foi revisado por pares, mas indica o que devemos esperar dos resultados obtidos no Brasil. Ele contém dados sobre a resposta imune dos vacinados, algo que o Butantan ainda não divulgou.
O estudo envolve 434 pessoas, mas os estudos de imunogenicidade foram feitos em só 190 voluntários. Desses, 173 tinham de 18 a 59 anos e 17 tinham 60 anos ou mais. Entre os mais jovens, 132 receberam a Coronavac e 41, um placebo. Entre os mais velhos, 14 receberam a vacina e 3, um placebo.
Anticorpos contra a proteína N são os anticorpos medidos nos ensaios sorológicos para saber se uma pessoa já foi infectada. Não se sabe o papel desses anticorpos na proteção contra o vírus. De prático, isso significa que os testes sorológicos de rotina não são capazes de identificar pessoas que tomaram a Coronavac.
O segundo resultado se refere aos anticorpos gerados contra o RDB (o Receptor Binding Domain), que é a ponta da espícula do coronavírus, a parte que ele usa para se ligar às células humanas. Os cientistas acreditam que esses são os anticorpos mais importantes, pois um subgrupo desses anticorpos é capaz de bloquear a entrada do vírus na célula humana. As vacinas da Moderna e Pfizer são desenhadas para gerar esse tipo de anticorpo.
A boa notícia é que a Coronavac induz a produção desses anticorpos tanto em pessoas mais jovens (18-59) quanto nas mais idosas (60 ou mais). Os jovens produzem esses anticorpos após a 1ª dose, mas os mais velhos somente a partir da 2ª dose. A quantidade desses anticorpos é alta (eles podem ser detectados mesmo após diluir o soro mil vezes), mas bem menor que a gerada nas vacinas de mRNA.
Finalmente, os cientistas mediram a presença de anticorpos neutralizantes, aqueles que são capazes de bloquear a entrada do vírus na célula humana. A Coronavac também é capaz de gerar esses anticorpos tanto em jovens como em pessoas mais velhas, mas a quantidade gerada é muito baixa pois eles deixam de ser detectados se o soro for diluído mais do que 16 vezes.
Os cientistas tentaram medir a resposta das células T em pessoas vacinadas, mas os resultados, apesar de positivos, não parecem ser suficientes para concluir que a Coronavac produz uma resposta celular potente.
A conclusão é de que os vacinados no Chile com a Coronavac possuem os anticorpos necessários para combater o Sars-CoV-2, mas em baixa quantidade, o que está de acordo com a baixa eficácia da vacina (50%). Essa baixa quantidade de anticorpos também deixa em aberto a possibilidade de a Coronavac ser menos eficaz, ou mesmo ineficaz, contra as novas variantes.
De qualquer modo, a Coronavac é segura e, apesar dessas características, deve ser tomada por todos assim que possível. No futuro, ela provavelmente será substituída por vacinas que oferecem maior proteção.
MAIS INFORMAÇÕES:INTERIM REPORT: SAFETY AND IMMUNOGENICITY OF AN INACTIVATED VACCINE AGAINS SARS-COV-2 IN HEALTHY CHILEAN ADULTS IN A PHASE 3 CLINICAL TRIAL
É BIÓLOGO, PHD EM BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR PELA CORNELL UNIVERSITY E AUTOR DE A CHEGADA DO NOVO CORONAVÍRUS NO BRASI;FOLHA DE LÓTUS, ESCORREGADOR DE MOSQUITO E A LONGA MARCHA DOS GRILOS CANIBAIS.
O resultado que chama a atenção é que a Coronavac não gera anticorpos contra a proteína N, apesar de essa proteína estar presente na vacina. Esses anticorpos são produzidos em abundância quando as pessoas são infectadas pelo Sars-CoV-2.
Juízes usam informação falsa sobre a OMS para fundamentar decisões
Dois juízes de cidades do interior paulista usaram, nos últimos dias, uma informação falsa atribuída à Organização Mundial da Saúde (OMS) para fundamentar decisões contrárias a medidas sanitárias restritivas impostas por decretos municipais e estaduais. Nos dois casos, os magistrados afirmam que a OMS apelou para que governantes não usem o lockdown como medida de prevenção à disseminação do vírus que provoca a Covid-19 e que não há comprovação sobre a eficácia da medida. A organização, contudo, nunca fez tal apelo.

Prefeitura Municipal
A decisão mais recente foi tomada no domingo passado (28/3) pelo juiz Augusto Bruno Mandelli, que atendia ao plantão judicial na cidade de Avaré. O magistrado questiona o consenso científico que aponta o distanciamento social como uma forma eficaz de se evitar o contágio. Para ele, não há prova de que restringir determinadas atividades ajuda a conter a disseminação do vírus. Ele afirma, na decisão, que as restrições não apresentaram qualquer resultado positivo até hoje. "A História apresenta vários exemplos de pandemias. A única exceção presente é a forma como se está lidando com ela, com medidas nunca antes experimentadas e que não contam com embasamento científico algum", diz.
Ao declarar ilegal decreto municipal de Avaré que proibiu a venda de bebidas alcoólicas em determinado período, o juiz Bruno Mandelli afirmou que "há meses a OMS se pronunciou contra as medidas restritivas impostas por governadores e prefeitos (lockdown — ainda que disfarçado de quarentena) que, por sua vez, jamais justificaram, a não ser por gráficos e números imprecisos e sem qualquer base científica, suas providências". A íntegra da decisão pode ser lida aqui.
Argumentos semelhantes foram usados pelo juiz Giovani Augusto Serra Azul Guimarães, de Ribeirão Preto. O magistrado afirmou que estudos demonstram a "ineficácia de medidas como as estabelecidas nos decretos governamentais" ou "do chamado lockdown" na contenção da pandemia. "E a Organização Mundial da Saúde já apelou aos governantes para que deixem de usar o lockdown, medida que 'tem apenas uma consequência que você nunca deve menosprezar: torna os pobres muito mais pobres'. Qual, então, o respaldo do decreto governamental, no qual se fundou a prisão do indiciado, diante da Constituição da República, da decisão do Supremo Tribunal Federal pertinente ao tema, das orientações da Organização Mundial da Saúde e da ciência?", questiona o juiz.
Na decisão (leia aqui a íntegra), ele determinou a soltura de um comerciante preso por descumprir de forma reiterada as determinações impostas pelas medidas sanitárias e por incitar outros comerciantes a fazer o mesmo. Para justificar a afirmação de que a OMS fez apelos contra lockdown, o magistrado Serra Azul Guimarães faz referência a uma notícia publicada no site Frontliner, desmentida por diversas agências de checagem. O link indicado pelo juiz para dar sustentação à sua afirmação sobre a OMS não está mais no ar.
No último dia 3 de março, o blog Estadão Verifica, do jornal O Estado de S.Paulo, checou as informações publicadas pelo site indicado pelo juiz de Ribeirão Preto. De acordo com o jornal, o texto é enganoso e "distorce a fala de David Nabarro, emissário especial da Organização Mundial da Saúde, durante entrevista para a revista britânica The Spectator”. A Lupa, agência de checagem da revista piauí, também publicou texto desmentindo informação atribuída à OMS de que a Suécia seria um bom exemplo a outros países por não ter realizado lockdown.
Em texto publicado em seu site no dia 31 de dezembro de 2020, a OMS fala sobre imunidade de rebanho, lockdown e Covid-19 — clique aqui para ler a íntegra, em inglês. O texto esclarece a posição da instituição sobre o lockdown. "Medidas de distanciamento físico em larga escala e de restrições a movimentação, muitas vezes chamadas de 'lockdowns', podem retardar a transmissão do Covid-19 ao limitar o contato entre as pessoas". A OMS ainda afirma que "alguns países não tiveram escolha a não ser emitir pedidos de permanência em casa e outras medidas".
A entidade internacional alerta, sim, para o fato de que medidas restritivas podem ter impacto profundo sobre as pessoas ao paralisar atividades econômicas. Mostra especial preocupação com grupos historicamente desfavorecidos, como pessoas em situação de pobreza, migrantes e refugiados. Mas em momento algum do texto a OMS afirma que "a única consequência" de medidas restritivas é tornar os pobres mais pobres, tampouco se pronunciou de forma frontalmente contrária à adoção de medidas que impõem restrições e distanciamento social.