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Congresso desonera armas e empurra benefício do saneamento para governadores e prefeitos

Eduardo Cucolo / FOLHA DE SP

 

Uma das polêmicas surgidas nos debates finais da regulamentação da reforma tributária foi a questão do saneamento.

Os parlamentares avaliaram que o setor já havia sido beneficiado pela desoneração de investimentos, possibilidade de reequilíbrio de contratos e ampliação do cashback (devolução do imposto) federal de 20% para 100%, mesma regra aplicada para contas de energia, gás, telefonia e internet. Receberão o cashback 94 milhões de brasileiros que estão no Cadastro Único (CadÚnico).

Também não quiseram assumir o ônus político do impacto do benefício pleiteado, redução de 60% no imposto para todos os brasileiros, sobre a alíquota geral.

Em debate realizado nesta terça-feira (18) pela CNN, os relatores do projeto na Câmara e no Senado disseram que cabe agora pressionar governadores e prefeitos a aumentar também o cashback do novo imposto administrado por eles (IBS) de 20% para 100%.

O setor argumenta que haverá aumento de 18% na tarifa de água e esgoto com a aplicação de uma alíquota de 27% somando CBS (contribuição federal sobre bens e serviços) e IBS (imposto de estados e municípios sobre bens e serviços).

Simulação feita pela Folha na ferramenta do Banco Mundial SimVAT mostra que o cashback de 100% para o saneamento reduziria a carga tributária dos 10% de menor renda na população em 0,5 ponto percentual, com impacto de 0,05 ponto na alíquota padrão.

A redução de 60% nos dois tributos, CBS federal e IBS, impacta a carga para essa parcela da população em apenas 0,1 ponto (mesmo efeito da isenção total), elevando a alíquota sobre os demais bens e serviços em 0,46 ponto para todos os brasileiros.

O mesmo raciocínio poderia ter sido aplicado às proteínas animais. Com alíquota cheia e cashback de 100%, haveria redução de carga para os 30% de menor renda (no caso dos 10% mais pobres, a queda é de 0,8 ponto na tributação), com redução de 1,45 ponto na alíquota geral.

Mas as entidades do setor de alimentos fizeram valer sua posição pela isenção para esses alimentos, debate que ficou conhecido como "desoneração da picanha".

O projeto de regulamentação da reforma tributária traz 16 anexos que listam cerca de 480 bens e serviços com isenção ou alíquotas reduzidas. Há também os itens que terão percentuais mais elevados de cashback (como saneamento) e aqueles que foram incluídos no Imposto Seletivo.

Em muitos casos, não ficaram claros os critérios técnicos para elaboração dessas listas, e o poder dos lobbies setoriais e as questões ideológicas falaram mais alto.

No caso das armas, por exemplo, o projeto original da Câmara previa sua inclusão no Seletivo, com objetivo de compensar o fim do IPI (imposto sobre industrializados) e manter a carga tributária atual.

A proposta caiu na reta final da votação em 2023, quando parte da base do governo já estava desmobilizada.

Neste ano, o Ministério da Fazenda mandou a proposta de regulamentação sem prever essa taxação, sinal de que o governo não queria entrar na briga.

Alguns parlamentares tentaram evitar a desoneração dos armamentos, mas não houve votos suficientes. Os debates mostraram forte viés ideológico na escolha.

Relator afrouxa mudanças no BPC, mas restringe benefício a deficiências moderadas e graves

Idiana TomazelliVictoria Azevedo / FOLHA DE SP

 

 

Brasília

Alvo principal das críticas de parlamentares, as mudanças propostas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas regras do BPC (Benefício de Prestação Continuada) foram desidratadas no parecer do relator do projeto de lei, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

O parlamentar decidiu excluir as regras que restringiam o acúmulo de benefícios, ampliavam o conceito de família para o cálculo da renda e dificultavam a concessão do benefício a quem tem a posse ou propriedade de bens.

A mudança no critério de deficiência também foi derrubada no parecer, mas o relator inseriu outros dois artigos que condicionam o benefício à avaliação que ateste deficiência de grau moderado ou grave.

"O substitutivo ora apresentado, ao mesmo tempo em que mantém a definição legal da pessoa com deficiência, mas também atento à necessidade de combate ao recebimento indevido dos benefícios, procura destinar o pagamento do BPC/Loas somente àqueles que mais necessitam e que, por apresentarem deficiência de grau moderado ou grave, estão mais sujeitos aos obstáculos para a plena e efetiva participação no mercado de trabalho", diz o relatório.

Como mostrou a Folha, o governo tenta restringir a concessão do BPC para pessoas com deficiência diante da explosão do número de beneficiários. O crescimento é particularmente elevado no caso de pessoas diagnosticadas com TEA (transtorno do espectro autista). A alta foi de quase 250% em três anos, contra 30% na média geral de beneficiários.

O BPC é um benefício no valor de um salário mínimo (R$ 1.412) pago a idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência de baixa renda (famílias que ganham até R$ 353 por pessoa).

As concessões do programa tiveram uma aceleração considerável a partir do segundo semestre de 2022. Até então, o público oscilava entre 4,6 milhões e 4,7 milhões, com pequenas variações mensais. Neste ano, ultrapassou a barreira dos 6,2 milhões. As despesas com o benefício estão orçadas em R$ 112,9 bilhões para 2025.

Apesar do diagnóstico do governo de que há um descontrole na política, as mudanças eram as mais polêmicas e enfrentaram a oposição até mesmo da base aliada.

"Quando vai mexer nos militares, [o governo] vai cheio de dedos e estabelece um prazo de oito anos de transição. Quando vai para as pessoas com deficiência, é um corte abrupto", criticou o deputado Duarte Jr. (PSB-MA), que integra a base governista. Ele apresentou cinco emendas para suprimir mudanças apresentadas pelo governo.

Embora seja o mais simples do ponto de vista de tramitação e quórum necessário para aprovação, o projeto de lei ficou por último na fila de discussão das três propostas de contenção de gastos já protocoladas pelo governo, justamente porque é nele que estão os temas mais espinhosos.

A Câmara já aprovou o projeto de lei complementar que trata de emendas parlamentares e desvinculação de fundos. Na noite desta quarta, o plenário chegou a iniciar a PEC (proposta de emenda à Constituição) que mexe no abono salarial e tenta pôr fim aos supersalários na administração pública, mas precisou adiar a votação diante do risco de derrota.

Nos últimos dias, os negociadores do governo entraram em campo na tentativa de evitar uma desidratação excessiva do pacote. O Executivo também prometeu emendas extras para destravar o pacote, como revelou a Folha.

Nesta quarta, a ordem do dia na Câmara (quando inicia a votação das propostas previstas em pauta) começou às 18h58, quase cinco horas após a abertura da sessão —num indício de que o governo ainda precisava costurar acordos com as lideranças para evitar surpresas indesejadas nas votações.

O relatório com as alterações foi divulgado às 20h45 desta quarta. Pelas estimativas iniciais do governo, as medidas incluídas neste projeto respondem por R$ 31,9 bilhões da economia de R$ 71,9 bilhões esperada em 2025 e 2026.

Pilar central do pacote, o limite ao ganho real do salário mínimo foi mantido no texto. A medida, embora represente um recuo de Lula na política da valorização que seu próprio governo implementou, já era considerada consenso na Câmara.

Por outro lado, o relator excluiu a mudança no modelo de reajuste anual dos repasses da União ao FCDF (Fundo Constitucional do Distrito Federal). A medida representaria um repasse menor de verbas para o DF.

Ainda não se sabe qual será o impacto remanescente após as modificações, mas só a exclusão da mudança no FCDF tira R$ 2,3 bilhões do valor esperado para os próximos dois anos.

Antes da abertura da ordem do dia no plenário da Câmara, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), subiu à tribuna para criticar discursos de opositores contra o pacote e o governo federal, os quais classificou de "mentira".

"Vocês tinham que ter vergonha de fazer os discursos que estão fazendo", afirmou. Em seguida, ela foi vaiada por membros da oposição, e houve princípio de confusão. A deputada Maria do Rosário (PT-RS), que presidia a sessão naquele momento, chegou a pedir a intervenção da polícia legislativa e solicitou aos parlamentares que encerrassem as provocações.

O Congresso corre contra o tempo na tentativa de concluir a apreciação das medidas de contenção de gastos ainda esta semana.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta quarta que, após a conclusão das votações na Câmara, o pacote será colocado em votação semipresencial no Senado o mais rápido possível, na quinta (19) ou sexta (20). A ideia de Pacheco é convocar nova sessão do Congresso Nacional na sequência para votar o Orçamento de 2025.

Câmara desidrata pacote de Haddad e permite bloqueio só de parte das emendas parlamentares

Idiana TomazelliVictoria Azevedo / FOLHA DE SP

 

Brasília

Câmara dos Deputados desidratou o pacote de contenção de gastos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e decidiu, nesta quarta-feira (18), dar aval ao bloqueio de apenas parte das emendas parlamentares para cumprir os limites do arcabouço fiscal.

Uma emenda aglutinativa apresentada de última hora pelo líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), prevê que o bloqueio de até 15% das emendas valerá apenas para as verbas não impositivas.

Na prática, significa que o congelamento de despesas em caso de alta nas outras despesas obrigatórias não poderá incidir sobre emendas individuais e de bancada, cujo pagamento é determinado na Constituição Federal. A trava será aplicada apenas sobre verbas não obrigatórias, como emendas de comissão.

A emenda aglutinativa foi aprovada por 444 votos a 16, com apoio tanto da base governista quanto da oposição.

possibilidade de bloqueio das emendas era um dos pontos do acordo mediado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para destravar os recursos carimbados pelos congressistas.

A medida foi incluída no PLP (projeto de lei complementar) enviado pelo governo e valeria inclusive para as emendas impositivas, que representam o maior volume de recursos carimbados pelos congressistas.

O texto foi inicialmente mantido pelo relator, deputado Átila Lira (PP-PI), mesmo diante das resistências de parlamentares, mas o dispositivo ainda estava pendente da votação de um destaque, instrumento que altera o conteúdo da proposta após a aprovação do texto-base.

Para manter o bloqueio amplo das emendas no texto, o governo precisaria assegurar 257 votos, algo considerado desafiador. Mais cedo, os parlamentares já haviam dado um recado ao derrubar da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2025 um dispositivo com a mesma finalidade de autorizar o amplo congelamento das verbas carimbadas pelo Legislativo.

A proposta original previa que, em caso de alta nas despesas obrigatórias ou frustração de receitas, o governo poderia congelar até 15% dos valores orçados para essas verbas, usadas pelos congressistas para irrigar seus redutos eleitorais.

Hoje, quando os gastos obrigatórios (como benefícios previdenciários) sobem além do previsto, o governo precisa cortar de outras ações do poder Executivo para compensar o valor e evitar o estouro do limite de gastos. Ele até consegue bloquear algumas emendas, mas só as não obrigatórias.

As emendas parlamentares impositivas ficam blindadas, enquanto outras políticas —inclusive de saúde e educação— sofrem cortes. Há previsão legal apenas para contingenciamento proporcional dessas emendas quando há frustração de receitas.

O governo considerava razoável permitir o bloqueio das verbas parlamentares. No ano que vem, elas devem totalizar R$ 50,5 bilhões, dos quais R$ 39 bilhões vão para emendas impositivas individuais e de bancada, e outros R$ 11,5 bilhões para as de comissão. A recente lei de regulamentação das emendas garante regras de crescimento contínuo desse valor nos anos seguintes.

O percentual máximo de 15% para o bloqueio já havia sido uma tentativa do governo de reduzir resistências ao dispositivo. Dessa forma, os congressistas teriam previsibilidade de quanto da verba poderia ficar travada.

Outras duas mudanças que estavam pendentes de análise pela Câmara também foram contempladas na emenda aglutinativas. Dessa forma, a Casa conclui a análise do primeiro projeto do pacote de contenção de gastos do governo Lula. O texto segue para o Senado.

A proposta não contempla alguns dos pontos centrais do pacote, como o limite ao ganho real do salário mínimo e as mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada), mas prevê outros dispositivos relevantes, como a criação de novos gatilhos de ajuste no arcabouço fiscal.

A desidratação, porém, não se limitou à questão das emendas. O texto permite desvincular recursos de cinco fundos públicos para abater dívidas do governo —a versão original continha uma flexibilização mais ampla, que abarcava oito fundos.

O relator do projeto tirou três deles: Fundo Nacional Antidrogas, Fundo da Marinha Mercante e Fundo Nacional da Aviação Civil. Juntos, eles tinham um saldo de R$ 20,4 bilhões no fim de 2023, o que representa metade dos R$ 39,3 bilhões reunidos nos oito fundos no período.

finalidade dos recursos (abatimento de dívida) também ficou expressa no texto após a medida original gerar ruído pelo temor de uso do dinheiro para ampliar despesas além dos limites.

O Congresso corre contra o tempo na tentativa de concluir a apreciação dessas medidas ainda esta semana. A Câmara previa apreciar ainda nesta quarta o projeto de lei ordinária que contempla o limite ao ganho real do salário mínimo, as mudanças no BPC e a alteração na regra de cálculo dos repasses ao FCDF (Fundo Constitucional do Distrito Federal), entre outras medidas. No entanto, a votação acabou sendo adiada para esta quinta-feira (19).

O pacote do ministro Fernando Haddad (Fazenda) ainda inclui uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que mexe no critério de concessão do abono salarial (espécie de 14º salário pago a parte dos trabalhadores com carteira assinada) e busca extinguir de vez com os supersalários na administração pública.

O plenário da Câmara chegou a iniciar a votação da PEC nesta quarta, mas precisou suspender os trabalhos diante de derrota para o governo. No fim da noite, um requerimento prévio à apreciação do mérito da proposta teve apoio de apenas 294 deputados no plenário, o suficiente para aprová-lo, mas um número abaixo dos 308 requeridos para uma mudança constitucional.

Diante do termômetro desfavorável, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), encerrou os trabalhos e convocou nova sessão para esta quinta-feira (19).

 

Novo texto da reforma tributária corta benefício de saneamento e recoloca refrigerante no Imposto Seletivo

Nivaldo SouzaEduardo Cucolo / FOLHA DE SP

 

Brasília e São Paulo

O corte do benefício fiscal para as contas de água e esgoto e a volta das bebidas açucaradas ao Imposto Seletivo estão entre as principais mudanças feitas pelo relator da reforma tributária na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que divulgou nova versão do projeto de regulamentação.

A votação do texto foi marcada para esta terça-feira (17). Se aprovado, ele irá diretamente para sanção da Presidência da República, sem necessidade de voltar ao Senado.

Lopes afirma que a maior parte das mudanças trazidas em seu relatório visa aproximar a alíquota de referência dos novos tributos, para os bens e serviços sem benefícios fiscais, e a trava de 26,5% definida no texto original do governo.

O deputado disse que as modificações feitas na Câmara reduzem a alíquota padrão do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) em 0,70 ponto percentual. Ele se reuniu nos últimos dias com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com integrantes do grupo de t rabalho dedicado ao PLP 68/2024 para elaborar a nova versão.

"Quero garantir ao Parlamento que não teremos alíquota superior a 26,5%", afirmou o relator ao ler o relatório no Plenário da Casa.

Ele disse acreditar que a alíquota não vá superar 25%. Algumas mudanças não foram calculadas e podem reduzir ainda mais a alíquota. Simulação feita pelo Banco Mundial mostra que a alíquota geral já supera 29%.

As faixas propostas pelo Senado para isenção na compra e aluguel de imóveis foram mantidas, assim como a devolução do imposto para serviços de internet e telefonia para pessoas de baixa renda.

SANEAMENTO

O relator propôs a retirada do saneamento básico da lista de serviços de saúde com desoneração de 60% dos futuros tributos CBS e IBS. A mudança representa queda de 0,38 ponto na alíquota, projetada pelo Banco Mundial em mais de 29% após as mudanças feitas no texto pelo Senado.

Na avaliação do parlamentar, a concessão do benefício para todos os contribuintes é injusta, e a parcela mais pobre já será atendida pelo cashback, com devolução dos tributos na conta de água e esgoto.

Os serviços funerários, de cremação e de embalsamamento continuam com 60%.

PETS

Também saíram da lista os serviços veterinários. Os profissionais do setor, no entanto, terão redução de 30%. O plano de saúde pet voltou para a redução nesse mesmo percentual.

‘IMPOSTO DO PECADO’

O relatório coloca as bebidas açucaradas, como refrigerantes, sucos e energéticos, de volta na lista de bens e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente alvos do Imposto Seletivo. O tributo também incide sobre fumo, bebidas alcoólicas, veículos, embarcações, aeronaves, alguns minerais e concursos de prognósticos (como bets) e fantasy sport.

O relator também retirou a possibilidade de redução do Seletivo para empresas que realizassem ações de mitigação de danos ambientais ou à saúde humana.

CESTA BÁSICA

A redução de 60% na alíquota para água mineral, biscoitos e bolachas saiu do texto. Tapioca e mate foram mantidos na cesta básica com alíquota zero, na qual também estão as carnes e outras proteínas animais. O café verde voltou para a lista, junto ao torrado.

ZONA FRANCA DE MANAUS

O relator manteve no projeto incentivos para a atividade de refino de derivados de petróleo na região, mas com limites. Ele disse que houve um acordo político para limitar a atuação da refinaria. "Só pode refinar. Não pode comercializar e nem distribuir para lugar nenhum que não seja dentro da Zona Franca de Manaus." Há, no entanto, um destaque do PL para derrubar esse incentivo tributário. A irá beneficiar a Ream (Refinaria da Amazônia), empresa controlada pelo Grupo Atem desde 2022, quando foi privatizada.

SAÚDE

Lopes retomou a lista de 383 medicamentos com alíquota zero e eliminou artigo colocado pelo Senado que permitia ao Comitê Gestor do IBS e ao Ministério da Fazenda incluir medicamentos nesta lista.

EDUCAÇÃO

Saiu do texto a alíquota reduzida em 60% para atividades complementares de educação, como cursos de línguas estrangeiras, treinamentos e serviços de educação cultural, desportiva e recreacional.

FUTEBOL

As SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol) tiveram a alíquota para os tributos unificados elevadas novamente de 5% para 8,5%. Os outros benefícios dados pelo Senado também foram retirados do texto, como a isenção de Imposto de Renda nas transações de jogadores.

VEÍCULOS ELÉTRICOS

A Câmara retomou o texto aprovado em julho em relação à taxação de veículos elétricos com o Imposto Seletivo. O Senado havia alterado alguns pontos, para atender a uma demanda da montadora chinesa BYD, reduzindo o impacto desse tributo.

SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

O mecanismo saiu do projeto. A pedido dos governadores, o Senado colocou no texto a substituição tributária, mecanismo amplamente utilizado no ICMS, mas que é considerado incompatível com os novos tributos. A Câmara retirou do texto o trecho que tratava do assunto.

AGROTÓXICOS

O relator na Câmara retirou o dispositivo que permitia o aumento da lista de defensivos agropecuários destinados à fabricação de agrotóxicos com redução de alíquota.

AVIAÇÃO REGIONAL

Rejeitada a alteração do regime específico do transporte aéreo regional que ampliou o limite de tamanho das aeronaves de 150 para 186 assentos.

PROFISSÕES

O relator retirou os representantes comerciais dos profissionais beneficiados com redução de 30%.

 

Dia do Arquiteto e Urbanista é celebrado em sessão solene na Alece nesta sexta

Por Wanessa Tavares / ALECE

 

- Foto: Freepik

A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) realiza, nesta sexta-feira (13/12), a partir das 17h, no Plenário 13 de Maio, sessão solene em comemoração ao Dia do Arquiteto e Urbanista, celebrado anualmente em 15 de dezembro - data que faz alusão ao nascimento do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, responsável por pensar e projetar diversos prédios ícones da arquitetura moderna. A solenidade atende a solicitação da deputada Larissa Gaspar (PT), com subscrição do deputado Guilherme Sampaio (PT).

Segundo Larissa Gaspar, a realização da sessão solene visa homenagear os mais de 4.700 mil arquitetos e urbanistas ativos registrados no Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará (CAU/CE), ressaltando a importância desses profissionais na formação de cidades e espaços construídos com moradias dignas e espaços saudáveis.

Já Guilherme Sampaio destaca que o evento vai homenagear arquitetos e urbanistas pela capacidade de criarem espaços que sejam funcionais, agradáveis e transmitam uma mensagem, seja contando histórias e transformações ou transmitindo valores culturais e sociais. 

SERVIÇO - Sessão solene em comemoração o Dia do Arquiteto e Urbanista

Quando: sexta-feira, 13 de dezembro de 2024.

Horário: 17 horas. 

Local: Plenário 13 de Maio. 

Endereço: Av. Desembargador Moreira, 2.807, bairro Dionísio Torres, Fortaleza/CE - entrada pela Rua Barbosa de Freitas

Edição: Geimison Maia

Alece realiza sessão solene em comemoração ao Dia do Marinheiro nesta sexta

- Foto: Divulgação Intenet

 

A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) realiza, nesta sexta-feira (13/12), a partir das 14h, sessão solene em comemoração ao Dia do Marinheiro. O evento acontece no Plenário 13 de Maio por solicitação da deputada Dra.Silvana (PL).

A parlamentar assinalou que a data é dedicada ao militar da Armada Imperial Brasileira, Joaquim Marques Lisboa, marquês de Tamandaré. O militar, que atingiu o posto de almirante, fez carreira por quase 60 anos. 

Participou na Guerra da Independência do Brasil além de também integrar as guerras do Prata e do Paraguai. Pelos serviços prestados, foi feito marquês e, mais tarde, foi escolhido como Patrono da Marinha no Brasil.

 "No dia 13 de dezembro, os brasileiros prestam essa justa homenagem aos homens do mar e à Marinha, uma das três Forças Armadas que integram o poder militar do País. É uma celebração cívica importante para o Brasil", afirmou.

SERVIÇO

Sessão solene em comemoração ao Dia do Marinheiro

Data: 13 de dezembro de 2024, sexta-feira

Horário: 14 horas

Local: Plenário 13 de Maio 

Endereço: Av. Desembargador Moreira, 2.807 - Dionísio Torres - Entrada pela Rua Barbosa de Freitas

Giovanna Munhoz             

Edição: Vandecy Dourado

Congresso aprova projeto de energia eólica com ‘contrabando’ que fará conta de luz subir 7,5%

Por Renan Monteiro (Broadcast)Fernanda Trisotto (Broadcast)Giordanna Neves (Broadcast) e Victor Ohana (Broadcast) / O ESTADÃO DE SP

 

BRASÍLIA - O Senado aprovou nesta quinta-feira, 12, o projeto de lei com marco regulatório para a exploração de energia elétrica em alto-mar (offshore). O texto, que vai agora para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contém emenda em benefício ao setor de carvão mineral e de gás natural, pontos que causaram divergências em relação ao impacto na tarifa de energia. Os senadores mantiveram o “jabuti” (texto fora do foco de um projeto de lei e que é incluído como “contrabando”) que favorece termoelétrica, fonte de energia de maior impacto ambiental (como é o caso das térmicas a carvão), diferentemente da eólica.

 

Como mostrou reportagem do Estadão no dia 5 de dezembro, o relatório do senador Weverton (PDT-MA) sobre o projeto de lei manteve seis “jabutis” que vão encarecer a conta de luz em torno de 7,5%, pelas contas da Frente Nacional dos Consumidores de Energia e da consultoria PSR Energy. O projeto de lei estabelece o “direito de uso de bens da União” para aproveitamento de potencial para geração de energia elétrica a partir de empreendimento em ambiente marinho localizado em águas de domínio da União, no mar territorial, na zona econômica exclusiva e na plataforma continental.

 

A outorga do direito de uso de bens da União para geração de energia a partir de empreendimento offshore será feita por meio de autorização ou de concessão, com cláusulas obrigatórias, incluindo o fornecimento à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de relatórios, dados e informações sobre as atividades desenvolvidas. O projeto de lei n° 576, de 2021 (Substitutivo da Câmara dos Deputados) teve relatório do senador Weverton Rocha (PDT-MA). O texto foi originalmente apresentado pelo ex-senador Jean Paul Prates. O Estadão/Broadcast Energia mostrou em junho que a demora na aprovação do marco legal das eólicas offshore estava levando empresas do setor a cancelar planos de investimentos no Brasil.

 

O direito à exploração do serviço de geração de energia elétrica pelo cessionário dependerá de autorização outorgada pela Aneel. O contrato, por prazo determinado, firmado entre a União e o interessado no uso de área offshore, prevê etapas como a análise de viabilidade técnica e econômica, estudo prévio de impacto ambiental, avaliação das externalidades dos empreendimentos, dentre outros pontos.

 

Pelo texto, os outorgados deverão adotar “medidas necessárias” da área de exploração, visando segurança da navegação, das pessoas e dos equipamentos, bem como a proteção do meio ambiente. É também preciso que os valores recebidos pela União decorrentes da taxa de ocupação da área deverão ser aplicados prioritariamente em ações destinadas à pesquisa, desenvolvimento e inovação associadas a energia e indústria.

 

O Poder Executivo, por órgão competente, vai coordenar os leilões de energia elétrica para empreendimentos de geração localizados no mar territorial, na plataforma continental, na zona econômica exclusiva ou em outros corpos hídricos sob domínio da União.

 

A inclusão de ‘jabutis’

Em sua tramitação na Câmara dos Deputados, o PL nº 576, de 2021, aprovado no Senado Federal teve escopo ampliado para temas alheios à matéria central. Os chamados “jabutis”, em parte mantidos no relatório do senador Weverton Rocha (PDT-MA), tratam especialmente da contratação de reserva de capacidade. Em leilão, as usinas são cadastrados para garantir a segurança do sistema - com despachados especialmente em momentos de alta demanda ou baixa geração de energia por condições climáticas. Faz parte do planejamento de médio prazo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

 

No projeto de lei é citada expressamente a contratação pelo poder concedente de geração termoelétrica movida a gás natural, na modalidade de reserva de capacidade, com período de suprimento de 15 anos. A contratação de reserva de capacidade deverá contemplar também as termoelétricas a carvão mineral nacional.

 

Além disso, é imposta a contratação até 2025 de reserva de capacidade e energia associada proveniente centrais hidrelétricas de até 50 MW (megawatts) no montante de 3.000 MWna Região Centro-Oeste, 1.500 MW nas Regiões Sul e Sudeste e 400 MW nas Regiões Norte e Nordeste, com período de suprimento de 25 anos.

 

Outra disposição do texto é que as usinas térmicas que possuem Contrato de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado (CCEAR) vigentes em dezembro de 2022 e com previsão de término de CCEAR até dezembro de 2028 terão contratação postergada para até 31 de dezembro de 2050.

 

Em outra frente é prevista a prorrogação dos contratos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), centrais a biomassa e centrais eólicas do Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) por 20 anos.

 

EOLICA

 

 

 

Senado aprova 1ª regulamentação da reforma tributária e deixa armas de fora; texto volta para a Câmara

Por Mariana Carneiro / O ESTADÃO DE SP

 

BRASÍLIA – O Senado aprovou nesta quinta-feira, 12, por 49 votos a 19, o primeiro projeto de lei complementar com as regras para o funcionamento da reforma tributária. Como foram feitas modificações pelos senadores, o texto retornará à Câmara para nova apreciação dos deputados – o que deve ocorrer na próxima semana.

 

Durante a tramitação no Senado, as bebidas açucaradas saíram da lista de produtos sujeitos ao Imposto Seletivo, o chamado “imposto do pecado” – criado para desestimular o consumo de itens que façam mal à saúde e ao meio ambiente. Também foram poupadas as armas e munições, cuja tributação foi sugerida pelo relator, Eduardo Braga (MDB-AM), mas não recebeu o apoio dos senadores.

 

‘Imposto do pecado’

 

O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, apresentou uma proposta para tentar retomar o Imposto Seletivo sobre as armas. O recurso teve a maioria dos votos, mas ficou aquém do número necessário para a aprovação do destaque. Foram 33 senadores favoráveis e 32 contrários, além de uma abstenção. Por ser um projeto de lei complementar, que exige quórum qualificado, eram necessários 41 votos a favor.

 

“Se não incluirmos as armas no Imposto Seletivo, a tributação das armas cai de 89% para 25%. Vamos pagar mais impostos por flores e fraldas do que por armas”, argumentou. Braga defendeu o recurso e alegou que o Seletivo mantém a tributação sobre as armas.

 

Senadores contrários, porém, defenderam o direito à posse de armas. Flávio Bolsonaro (PL-RJ) alegou que o PT tentou colocar um “imposto abusivo” sobre os itens.

 

“Ninguém quer transferir a responsabilidade da segurança pública. É um direito, direito exerce quem quer”, afirmou. “É difícil hoje ter uma arma em casa, são um bem de valor altíssimo. O PT quer botar imposto abusivo para deixar ainda mais difícil, mais inacessível ter uma arma de fogo. A polícia não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo”, disse.

 

Novas concessões e impacto no IVA

Braga fez concessões a atividades que, segundo cálculos que apresentou, tiveram impacto de alta de 0,13 ponto porcentual na alíquota-padrão do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que vai substituir cinco tributos atuais. Durante a votação, ao longo dessa semana, outras concessões foram feitas.

 

A mais relevante delas foi a inclusão do saneamento básico nos serviços de saúde, que terão desconto de 60% sobre alíquota padrão. Braga havia dito na terça-feira que essa medida teria um impacto de 0,5 no novo IVA. Nesta quarta-feira, porém, após a aprovação, afirmou que havia conversado com o secretário especial da reforma tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, e que o impacto estava mais próximo de 0,38 a 0,40 ponto na alíquota.

 

Com os acréscimos, portanto, a alíquota padrão do IVA pode ser de ao menos 28,5%.

 

Appy acompanhou a votação no plenário do Senado com sua equipe. Os cálculos oficiais da pasta sobre o impacto das mudanças feitas pelo Senado ainda não foram divulgados.

“Com certeza a alíquota vai ser mais alta. Vocês conhecem a posição do Ministério da Fazenda, que preferiria que tivesse menos exceções do que foi aprovado, em cada etapa; mas, volto a falar: a espinha dorsal da reforma está mantida”, disse.

 

Ele citou a mudança no setor de saneamento básico. “O próprio senador Jaques Wagner ontem na CCJ falou que apenas a equiparação de saneamento à saúde tem um efeito de elevar a alíquota em 0,38 ponto porcentual”, disse.

 

Houve outras concessões de menor monta no texto e que ainda não foram computadas. Academias de ginástica ganharam desconto na tributação de 30% em relação à alíquota de referência. Os biscoitos de consumo popular entraram na tributação reduzida a 60%.

 

O Senado também reduziu a tributação que incide sobre agrotóxicos e seus insumos – como a molécula que geralmente é importada – com um desconto de 60% em relação à alíquota padrão. O texto definiu que o Comitê Gestor do IBS (IVA de Estados e municípios) e o governo federal revisarão a cada 120 dias a inclusão destes insumos na lista de produtos beneficiados.

 

‘Trava do IVA’

Apesar das concessões, Braga manteve no texto uma inovação feita pela Câmara que prevê um teto de 26,5% na alíquota padrão, determinando que, em caso de estouro, o governo proponha um projeto para reduzir benefícios tributários. A trava é considerada ineficaz por tributaristas, uma vez que a simples propositura do governo pode ser ignorada pelo Congresso, dado que iniciativas similares têm enfrentado resistência no Legislativo.

 

Durante a tramitação, a oposição tentou impor um limite ainda mais baixo à alíquota padrão, de 25%, o que foi rejeitado.

 

“Se dependesse da nossa vontade, a alíquota seria de 15%, e não de 25%. Acontece que estamos falando de um imposto que acumula cinco impostos. Com a melhoria na tributação, redução de sonegação e eficiência, teremos uma alíquota padrão menor”, disse Braga. “Por isso, é importante começarmos em 2026 com obrigações acessórias para dimensionar (a tributação); em 2027 testar e, a partir daí, ter a possibilidade de fazer revisões.”

 

Zona Franca

Braga, que já foi governador do Estado do Amazonas, ampliou os benefícios concedidos às empresas instaladas na Zona Franca de Manaus em relação ao projeto que havia sido aprovado na Câmara e extrapola os incentivos oferecidos hoje às empresas da região.

 

Embora o tema tenha sido alvo de críticas de senadores, como o paranaense Sergio Moro (União-PR), não houve alterações em relação ao que apresentou Braga. Ao contrário, diante de queixas de senadores dos demais Estados da Região Norte, Braga estendeu vantagens às áreas de livre comércio instaladas nos vizinhos AC, AP, RO e RR e esticou a validade delas de 2050 para 2073.

 

O relator também incluiu um dispositivo que concede à única refinaria instalada na Zona Franca, que pertence à distribuidora Atem, vantagens tributárias. Procurada, a Atem não respondeu à reportagem. “Isso é uma questão de sobrevivência, não foi negociada com o governo. É simples: ou a refinaria tem os benefícios da Zona Franca de Manaus ou a Petrobras recompra a refinaria”, disse Braga, na noite de quinta-feira. “O que não pode é a única refinaria da Amazônia ser fechada porque o Brasil deu as costas para a Amazônia, que produz óleo e gás em terra firme a menos da metade do pré-sal.”

 

Imóveis

O relator no Senado atribuiu critérios objetivos para a tributação de pessoas físicas que obtenham renda com a compra, venda, cessão e arrendamento de imóveis. O texto da Câmara deixava a questão vaga e só pegava os profissionais que já recolheriam o IBS (IVA de Estados e municípios) e a CBS (IVA federal), como profissionais liberais. Agora, toda pessoa física que tiver mais de três imóveis distintos e obter um rendimento superior a R$ 240 mil por ano com eles será tributado na locação ou cessão. No caso da venda, caso a pessoa física venda mais de três imóveis em um ano ou mais de um imóvel adquirido nos últimos cinco anos, também estará sujeita à tributação.

 

Já no caso da alíquota que incidirá sobre essas operações, Braga aplicou redutores maiores do que os aprovados na Câmara. Para a venda de imóveis, a alíquota incidente será de 50% da alíquota padrão do IVA – que recai sobre todos os demais produtos e serviços. O texto que saiu da Câmara previa um redutor de 40%. Já no caso do aluguel, arrendamento e cessão, o redutor foi elevado para 70% – o anterior era de uma redução de 60% da alíquota padrão.

 

Cashback

O texto aprovado na CCJ ampliou o cashback (mecanismo de devolução de tributos a famílias de baixa renda) para as contas de telefonia e internet. O texto da Câmara já previa a devolução de 100% da CBS (IVA federal) e de pelo menos 20% do IBS (IVA de Estados e municípios) para gás, água e esgoto e energia elétrica. Nos demais produtos e serviços, a devolução será de 20% da CBS e do IBS.

 

Clubes de futebol O novo texto “ajusta a tributação” das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) e prevê que a alíquota para os tributos unificados passa a ser de 5%.

Na versão anterior, o valor do pagamento mensal e unificado dos tributos tinha as seguintes alíquotas: 4% para os tributos federais unificados (IRPJ, CSLL e contribuições previstas no Artigo 22 da Lei 8.212/1991); 1,5% para a CBS; e 3% para o IBS – 8,5% no total. Com as mudanças, as alíquotas passam a ser 3%, 1% e 1%, respectivamente – 5% no total.

 

Além disso, ficam excluídas da tributação, nos cinco primeiros anos-calendário da constituição da SAF, as receitas da cessão de direitos desportivos de atletas e da transferência do atleta para outra entidade esportiva ou seu retorno à atividade em outra entidade desportiva.

 

Cesta básica e alimentos

O relator retirou o óleo de soja da cesta básica com imposto zero, mas em acordo com o setor produtivo –que recebeu como contrapartida a previsão de que a indústria de esmagamento terá acesso ao benefício. O produto foi para a lista dos alimentos com alíquota reduzida, equivalente a 60% da alíquota-padrão. O relator justificou a medida como uma forma de incentivar o aumento do valor agregado do óleo de soja.

 

Braga também decidiu incluir na reduzida as bolachas de consumo popular, como as do tipo maria, além do óleo de milho, “para conceder tratamento igualitário com os demais óleos vegetais”. Já a erva-mate foi incluída na cesta básica com imposto zero.

 

Motoristas de aplicativo

Braga também acatou uma emenda que muda a receita bruta para motoristas de aplicativos. Conforme o Estadão/Broadcast havia mostrado, o relator já estudava a medida, sob o ponto de vista da “suavização” do conceito de nanoempreendedor. No relatório, Braga passou a considerar como receita bruta dos motoristas 25% do valor bruto mensal recebido.

 

Transporte público

Nas rotas interestaduais e intermunicipais de transporte rodoviário, ferroviário ou hidroviário haverá a incidência de uma alíquota equivalente a 40% da alíquota padrão. No transporte aéreo de carga, Braga também decidiu aplicar o redutor alegando que há regiões em seu Estado, no Amazonas, onde produtos perecíveis e alimentos só chegam de avião.

 

Bares, restaurantes, hotéis e parques

A alíquota de bares e restaurantes, hotéis, parques de diversão e parques temáticos foi reduzida a 40% da padrão.

 

Comitê Gestor

A pedido do Ministério da Fazenda, Braga incorporou ao texto um ponto do segundo projeto de regulamentação da reforma tributária (PLP 108/2024), que ainda não avançou na tramitação do Senado, sobre parte das regras relativas à criação do Comitê Gestor – órgão que será responsável pelo rateio do IBS entre Estados e municípios. Uma das medidas é que o Comitê Gestor ficará instituído até 31 de dezembro de 2025, com competências exclusivamente normativas para editar o regulamento único do IBS. Segundo ele, com a nova medida, o PLP 108 precisa estar aprovado no Congresso Nacional até o dia final do prazo do comitê temporário./Colaborou Alvaro Gribel

O Congresso tem etiqueta de preço

Por Notas & Informações / O ESTADÃO DE SP

 

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino de impor critérios mínimos para liberar o pagamento de emendas parlamentares neste ano, referendada por seus pares na Corte, expôs a natureza mercantilista das relações entre Congresso e Executivo. O dinheiro dessas emendas sempre serviu para azeitar a dinâmica de votações do Legislativo, mas, nesta semana, deputados e senadores perderam o pudor de vez. Em pleno mês de dezembro, período em que costumam analisar, a toque de caixa, todos os assuntos que ficaram pendentes, os parlamentares praticamente cruzaram os braços à espera da verba das emendas.

 

Na segunda-feira, 9, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) não pôde nem ler o parecer da reforma tributária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Motivo: falta de quórum. A reunião não pôde sequer ser aberta porque havia apenas seis senadores presentes. E entre os célebres ausentes estava Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do colegiado e futuro presidente do Senado.

Na Câmara, o movimento começou antes. Na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que o Executivo não tinha votos suficientes nem para aprovar a urgência dos projetos do pacote fiscal. Não exagerou. Foi por muito pouco que o governo conseguiu obter apoio suficiente para aprovar os requerimentos de urgência. Por falta de votos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que integra o pacote saiu da pauta da CCJ da Câmara e será apensada a uma outra que já está no plenário, numa tentativa de apressar sua tramitação.

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um apelo ao Legislativo para que fizesse um esforço para aprovar o pacote nos próximos dias. “Nós temos uma chance de terminar o ano com coisas importantes”, afirmou. Seria muito bom se a procrastinação legislativa se devesse à necessidade de deputados e senadores de terem mais prazo para analisar as propostas, apresentadas há pouco tempo. A reforma tributária, por exemplo, promoverá mudanças profundas no sistema atual, enquanto o avanço dos projetos do pacote fiscal, ao menos para o ministro, pode ajudar a ancorar as expectativas.

 

O fato, porém, é que a resistência não se deve a nada disso. Não há qualquer preocupação sobre o mérito das propostas ou sobre os riscos de uma apreciação acelerada. Os parlamentares veem apenas uma excelente oportunidade – a última do ano – para assegurar verbas e enviá-las às suas bases eleitorais. Pela mesma razão, nem a Lei de Diretrizes Orçamentárias nem o Orçamento deste ano foram votados.

 

Depois da decisão de Dino, o clima “azedou” de vez, disse o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA). Afinal, como bem definiu o presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), Julio Arcoverde (PP-PI), os parlamentares veem as emendas como uma espécie de “direito adquirido”.

Assim, depois de passar o ano fazendo jogo duplo para fingir que não estava alinhado ao STF na questão das emendas, o governo não parece disposto a contrariar a voracidade dos parlamentares.

Primeiro, entrou com um recurso, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), para tentar garantir o pagamento com base nas frouxas regras estabelecidas pela lei aprovada pelo Congresso. Embora Dino não tenha acatado o pedido, o governo encontrou uma alternativa e editou uma portaria para executar R$ 6,4 bilhões em emendas parlamentares. O leitor não deve se surpreender com o súbito comprometimento que surgirá entre os parlamentares em decorrência da portaria publicada.

 

Os próximos dias deverão ser movimentados para limpar a pauta legislativa, e as sessões poderão avançar pela madrugada caso seja necessário. Já houve mais discrição por parte dos parlamentares nas negociações do toma lá dá cá. Com a proximidade do fim do mandato de Lira e Pacheco à frente da Câmara e do Senado, é hora de garantir a vitória de seus sucessores, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Alcolumbre, candidatos aclamados pela direita e pela esquerda e, obviamente, apoiados pelo Palácio do Planalto. Assim caminha a agenda econômica no Congresso.

Câmara aprova projeto de renegociação das dívidas dos Estados; texto volta ao Senado

Por Giordanna Neves (Broadcast) / O ESTADÃO DE SP

 

BRASÍLIA – A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 10, por 413 votos a favor e 4 contrários, o projeto que cria um novo regime de renegociação das dívidas dos Estados com o governo federal. Como houve mudanças no texto, a proposta, que é de iniciativa do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), voltará à análise dos senadores. O projeto permite que Estados endividados que aderirem ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) terão uma redução do indexador das dívidas com a União, com prazo de 30 anos para pagamento.

 

Hoje, os valores são corrigidos pela inflação mais uma taxa de 4%. A medida beneficia principalmente São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que concentram juntos a maior parte do estoque da dívida dos entes federativos com a União. O relator do projeto na Câmara, deputado Luizinho (PP-RJ), fez algumas alterações no texto aprovado pelo Senado. Entre as principais mudanças está a ampliação no prazo para adesão ao programa, para que os Estados tenham mais tempo de se ajustar às regras. Enquanto o texto original previa 120 dias após a publicação da lei, o substitutivo amplia esse prazo até 31 de dezembro de 2025.

 

O texto também determina um cronograma gradual de pagamento das dívidas para Estados que estão no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) – como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul – que optarem por ingressar no novo programa. As parcelas começarão em 20% do valor das prestações devidas no primeiro ano, até atingir 100% no quinto ano. As dívidas poderão ser pagas com juros reais (descontada a inflação) de 0% a 2% ao ano com a transferência de ativos do Estado para a União, e a troca de parte dos débitos por investimentos em educação – quanto mais o Estado consegue repassar, menor o juro, até cair a zero.

 

O relatório aprovado pela Câmara estabelece novas alternativas para o pagamento das dívidas, como transferência de receitas de vendas de ativos, recebíveis de compensações financeiras geradas pela exploração de recursos naturais e cessão de recebíveis do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR). O parecer também flexibiliza as exigências ao permitir que Estados que demonstrarem impossibilidade técnica e operacional para aplicar 60% dos recursos em educação profissional técnica de nível médio, poderão apresentar um plano alternativo, investindo ao menos 30% em educação.

 

Outra alteração proposta pelo relator permite que Estados em calamidade fiquem desobrigados de fazer depósitos no Fundo de Equalização Fiscal. Os Estados que ingressarem no Propag precisarão fazer aportes anuais neste fundo, com valores que variam conforme o tipo de adesão ao programa. O parecer aprovado também incluiu um dispositivo que permite que o Executivo realize pagamento de despesas se as leis orçamentárias não forem aprovadas, como mostrou o Estadão/Broadcast. O trecho foi incluído pelo governo Lula em meio ao risco de não aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA) este ano.

 

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