Autoridades estaduais e municipais celebram a posse de Romeu Aldigueri
Por Lincoln Vieira / ALECE
A sessão solene reuniu autoridades e convidados para posse da nova Mesa Diretora. - Foto: Marcos Moura
Autoridades estaduais e municipais participaram da sessão solene de posse da nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) para o biênio 2025-2026, realizada no Plenário 13 de Maio, na manhã deste sábado (01/02). Os convidados destacaram o diálogo e a capacidade de liderança do presidente Romeu Aldigueri (PDT) e desejaram sucesso à frente do Parlamento pelos próximos dois anos.
O presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), o desembargador Heráclito Vieira de Sousa Neto, ressaltou que a expectativa é que a nova Mesa Diretora da Alece prossiga com diálogo republicano para aperfeiçoar os trabalhos de ambas as instituições. “A expectativa é que seja dada a continuidade da relação harmoniosa que foi construída pelo Tribunal e pela Assembleia. O diálogo continuará de forma republicana, preservando a independência dos dois poderes e com a parceria institucional para que ambos possam contribuir para a melhoria, tanto nos trabalhos do Poder Legislativo como do Poder Judiciário”, salientou.
Já o procurador-geral de Justiça do Ceará, Haley Carvalho, destacou a importância da nova composição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e parabenizou seus membros. “Parabenizo o deputado Romeu Aldigueri e os demais membros da nova Mesa Diretora da Assembleia pela missão que se inicia e desejo sucesso na construção de iniciativas pautadas nas necessidades da população cearense. A Procuradoria Geral de Justiça está de portas abertas para o diálogo e para projetos institucionais com o Parlamento que impactem de forma positiva na vida dos cearenses que mais precisam”, compartilhou.
A líder do Partido Liberal, deputada Dra. Silvana (PL), desejou que a gestão da nova Mesa Diretora seja “exitosa”. A parlamentar informou que vai cobrar a reabertura das galerias do Plenário 13 de Maio no início da gestão. “O que eu acho que vai coroar essa Casa é a reabertura das galerias. Eu acho que a presença do povo nessa Casa torna os nossos mandatos mais vivos e, por que não dizer, mais efetivos? Isso coroa a Casa como o coração do povo. Eu desejo que o presidente reabra as galerias”, explicou.
O decano da Alece, deputado Fernando Hugo (PSD), afirmou estar otimista com a nova gestão. O parlamentar afirmou que acredita no êxito do deputado Romeu Aldigueri (PDT) à frente da presidência da Alece. “A esperança que tenho faz com que eu acredite mais e mais que a Alece é o Poder do Povo no sentido amplo, geral e irrestrito, e continua a cumprir sua missão para que todos os cearenses se sintam bem na Casa maior da população”, disse.
O deputado Heitor Férrer (União) projetou que Romeu Aldigueri lidere em nome de todos os deputados estaduais. “Romeu Aldigueri é um grande companheiro e o que nós esperamos é algo que tem sido comum entre todos os presidentes da Alece, é que ele, como presidente, seja de todos os deputados”, asseverou.
O deputado Antônio Granja (PDT) disse acreditar que o presidente Romeu Aldigueri vai surpreender como gestor. “Eu estou no 7º mandato nesta Casa e a cada gestão nova tem me surpreendido com muito trabalho e inovações. Essa Casa está cada vez mais aberta a população cearense. Essa é a nossa função, recepcionar bem a população, receber as demandas dos prefeitos, vereadores, líderes políticos e da comunidade como um todo”, avaliou.
O superintendente do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Fortaleza (Ipplan Fortaleza), o ex-deputado Artur Bruno (PT), elogiou o novo presidente. Para ele, o parlamentar tem capacidade de liderança. “Romeu é uma pessoa extremamente preparada, ex-prefeito, deputado, líder do governo. Acho que a Assembleia escolheu muito bem. Uma pessoa que tem todas as condições de liderar aqui na Assembleia Legislativa”, elogiou.
Edição: Vandecy Dourado
Presidente da Alece enfatiza compromisso democrático em posse da nova Mesa Diretora
Por Gleydson Silva / ALECE
- Foto: Pedro Albuquerque
A nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) para o biênio 2025-2026 foi empossada na manhã deste sábado (01/02), em sessão solene presidida pelo então presidente da Casa, deputado Fernando Santana (PT). O presidente que tomou posse, deputado Romeu Aldigueri (PDT), destacou a ampla representatividade da nova Mesa Diretora, enfatizou o compromisso com o fortalecimento da democracia, e anunciou o lançamento do programa de capacitação “Ceará de Valores”.
Romeu Aldigueri destacou que o papel que assume é o de “mediador” de distintas ideologias, posicionamentos e visões de mundo. E afirmou também que a missão confiada a ele reforça o seu compromisso com a promoção do bem comum, a defesa dos princípios democráticos e a construção de um Ceará mais justo, desenvolvido e socialmente equilibrado.
“Ouvir, acolher e transformar novas ideias em realidade foi o que me trouxe até aqui, e acredito profundamente que existem duas forças que foram determinantes em minha trajetória. A primeira delas é a que emana da minha família e a segunda, da qual não podemos prescindir, senhoras e senhores, é a da democracia”, enfatizou.
Com o propósito de fortalecer a atuação do Parlamento junto à população, Romeu Aldigueri comunicou que a Casa irá implantar, por meio da Escola Superior do Parlamento Cearense (Unipace), o programa de formação “Ceará de Valores”, que promoverá capacitações, sobretudo de tecnologia, para jovens e adolescentes, a fim de contribuir com o desenvolvimento das pessoas.
“Será mais uma instância de complementaridade ao ensino de excelência que a escola pública formal cearense tem apresentado à sociedade. Incentivaremos e apoiaremos mais a arte e cultura em todas as suas formas, seja com música, dança, teatro ou literatura. Iremos aproximar os mais diversos tipos de linguagens, a fim de modernizar e dinamizar a imagem dessa Casa”, pontuou.
De acordo com o parlamentar, o “Ceará de Valores” também terá a missão de apresentar “os mais valorosos cearenses ao nosso povo”. “São escritores, poetas, atletas, músicos, pensadores, artistas, pessoas que devem ser imitadas, que precisam ser enxergadas e valorizadas como referências para cada um e cada uma de nós. Mostrar ao cearense um Ceará de Valores. Mostrar ao cearense o seu valor, o valor de sua cultura, do presente e principalmente do seu futuro”, ressaltou.
Presidente Romeu Aldigueri destaca compromissos da nova gestão - Foto: Marcos Moura
O chefe do Legislativo reiterou a importância da democracia para o desenvolvimento do Ceará e afirmou que o Estado saiu da "Civilização do Couro", no século XVIII, e prepara infraestrutura física e humana, mirando em uma “indústria 5.0”, “com geração de empregos especializados em energias renováveis, inteligência artificial generativa, produção de hidrogênio verde e desenvolvimento de software”.
Romeu Aldigueri enalteceu o trabalho dos profissionais da imprensa da Alece, “reforçando o elo entre comunicação e democracia, a partir da responsabilidade com as informações que formam o pensamento dos cearenses”.
O parlamentar destacou ainda seu compromisso e admiração aos servidores da Casa Legislativa, afirmando que terão nele “um parceiro, uma voz, um amigo próximo”. “Não há Estado eficaz sem a valorização dos seus servidores. Tenham a certeza de que saberei ser justo aos pleitos e às inevitáveis mudanças. Cada um de vocês, com dedicação, ética e competência, contribui para que este Parlamento, e consequentemente o Estado do Ceará, cumpram sua missão de representar e servir a população”, disse.
Por fim, o presidente convidou os parlamentares para a sessão solene de instalação da 2ª sessão legislativa, da 31ª Legislatura, que será realizada na próxima segunda-feira (03/02), a partir das 10h. Na ocasião, o governador Elmano de Freitas deve voltar à Casa para a leitura da Mensagem Governamental.
A nova Mesa Diretora que tomou posse na solenidade presidida pelo deputado Romeu Aldigueri é formada pelos deputados Danniel Oliveira (MDB), como 1° vice-presidente; Larissa Gaspar (PT), 2ª vice-presidente; De Assis Diniz (PT), 1º secretário; Jeová Mota (PDT), 2° secretário; Felipe Mota (União), 3° secretário, e João Jaime (Progressistas), como 4º secretário. Os deputados Luana Regia (Cidadania), Emilia Pessoa (PSDB) e David Durand (Republicanos) ocuparão, respectivamente, os postos de 1ª, 2ª e 3º suplentes.
Estiveram presentes na solenidade de posse o governador Elmano de Freitas; a vice-governadora Jade Romero; o presidente do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), desembargador Heráclito Vieira de Sousa Neto; o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PDT); o procurador-geral de Justiça do Ceará, Haley Carvalho; presidente do Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE/CE), conselheiro Rholden Queiroz; a defensora pública geral do Ceará, Sâmia Farias; o presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, vereador Léo Couto (PSB); além de secretários do Estado e vereadores.
Assista na íntegra à sessão de posse da nova Mesa Diretora da Alece para o biênio 2025-2026:
Alcolumbre será o ‘novo Lira’ e ambiente no Senado ficará mais hostil a Lula, alertam governistas
Por Roseann Kennedy e Iander Porcella / O ESTADÃO DE SP
A governabilidade da gestão Lula 3 em 2025 passa pela boa relação do Planalto com os novos presidentes da Câmara e do Senado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve sucesso nas articulações para definição do comando das duas casas e tenta costurar uma reforma ministerial para afagar os aliados. Mas um fator preocupa os governistas, o risco de “uma mudança pendular” de problemas.
O senador Davi Alcolumbre, favorito para assumir o Senado, tem sido classificado por petistas como o “novo Lira”, em referência à difícil e volátil relação que o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), teve nos últimos dois anos com o governo. Procurado, Alcolumbre não respondeu.
O cálculo dos governistas é de que haverá uma inversão no clima de hostilidade ao presidente no Congresso: os ânimos esfriarão na Câmara com Hugo Motta (Republicanos-PB) e esquentarão no Senado, com a saída de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o retorno de Alcolumbre. Embora o PT e o próprio governo tenham embarcado nas duas candidaturas, há uma avaliação de que Alcolumbre usará mais o cargo para pressionar o Planalto.
Um sinal desse modus operandi ocorreu no final do ano, quando relator do Orçamento Geral da União de 2025, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), anunciou que a proposta só seria votada após o recesso parlamentar. A decisão de deixar a peça orçamentária “pendurada”, na visão de interlocutores palacianos, teve a digital de Alcolumbre. Lira, por outro lado, de saída do cargo, defendia a votação ainda em 2024, segundo apurou a Coluna do Estadão.
Outro teste para o Planalto serão as sabatinas das indicações de Lula para cargos em agências reguladoras, que também ficaram para 2025.
Senadora apresenta projeto parar barrar fundação criada pelo IBGE Leia mais em: https://veja.abril.com.br/economia/senadora-apresenta-projeto-parar-barrar-fundacao-criada-pelo-ibge
VEJA / REDAÇÃO
A senadora Tereza Cristina (PP-MS) apresentou hoje um projeto de decreto legislativo para suspender a criação da Fundação IBGE+ pelo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sem autorização do Congresso. Segundo comentário postado pela senadora em suas redes sociais, o objetivo é “preservar o IBGE como uma instituição de referência, confiável e imparcial”.
O IBGE+ foi criado no ano passado como uma entidade privada e livre para captar recursos junto a empresas, bem como produzir pesquisas para grupos privados. Servidores vêm enfrentando um embate contra o instituto e afirmam que há risco de sucateamento e perda de sua credibilidade.
Mais cedo, também hoje, a senadora abordou o tema em vídeo divulgado nas redes. “Olhem o que está acontecendo no IBGE. É onde temos os censos da nossa população e é um grande armazenador de dados confiáveis no nosso país”, disse. “A diretoria se demite por conta de uma gestão que está sendo altamente questionada pelos funcionários. Prestem atenção, é sério e é grave.”
De saída do PDT no Ceará, deputados estaduais irão se filiar ao PSB no dia 7 de fevereiro
A crise interna enfrentada pelo PDT desde as eleições de 2022 — quando a aliança com o PT foi rompida — deve ter mais um capítulo no próximo dia 7 de fevereiro. Um ano depois do senador Cid Gomes se filiar ao PSB, deputados estaduais seguem o caminho dele e deixam o PDT com destino ao partido comandado por Eudoro Santana (PSB) no Ceará. O evento deve ser realizado, a partir das 9 horas, no Comitê de Imprensa da Assembleia Legislativa.
Dez deputados estaduais e quatro suplentes tiveram a desfiliação do PDT autorizada pela Justiça Eleitoral. Por unanimidade, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou, em novembro, a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) que permitia a saída dos parlamentares dissidentes do PDT.
Neste mesmo período, em 2024, Cid Gomes e mais de 40 prefeitos cearenses se filiaram ao PSB após racha interno no PDT — no qual o ex-governador do Ceará e o deputado federal André Figueiredo (PDT) disputaram o comando da sigla no Ceará.
Após a decisão da Justiça Eleitoral, devem deixar o PDT, os seguintes deputados estaduais:
- Antônio Granja (suplente em exercício);
- Bruno Pedrosa;
- Guilherme Bismarck (suplente em exercício);
- Guilherme Landim;
- Helaine Coelho (suplente);
- Jeová Mota;
- Lia Gomes;
- Marcos Sobreira;
- Oriel Nunes (licenciado);
- Osmar Baquit;
- Romeu Aldigueri;
- Salmito Filho;
- Sérgio Aguiar;
- Tin Gomes (suplente).
Indagada, a assessoria de imprensa de Cid Gomes informou que a lista de novos filiados só estará disponível "no dia".
Dos listados, apenas o deputado estadual licenciado e secretário estadual de Pesca e Aquicultura do Governo do Ceará, Oriel Nunes Filho, informou ao Diário do Nordeste, no final de novembro, que o destino deve ser o PT. Os demais consideraram que o PSB seria o "caminho natural" após a saída do PDT.
Heitor Férrer e o retorno à Alece: 'Fizeram uma maldade ao Parlamento'
WAGNER MENDES / DIARIONORDESTE
Após cumprir cinco mandatos consecutivos como deputado estadual na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), entre 2003 e 2022, Heitor Férrer (União) passou dois anos fora do Parlamento depois de ter ficado na suplência na disputa eleitoral de 2022.
Com a , Heitor retorna à Casa em 2025 como primeiro suplente do partido. Após uma temporada longe dos debates acalorados do Parlamento, ele garante que não mudou o perfil e que voltará o mesmo para um novo mandato.
"O mesmo, a essência é a mesma", diz.
Em conversa com a Antessala, Heitor lamenta como o Parlamento tem se configurado nos últimos anos.
"Eu defendo e sempre defendi que fizeram uma maldade ao Parlamento quando ele foi dividido entre base do governo e oposição. A base apaixonada não vê defeito, e a oposição vê defeito em tudo", critica.
Para Heitor, que se destacou quando vereador e deputado estadual como opositor a governos, defende que o Parlamento seja "uniformemente defensor da sociedade em todas a matérias enviadas pelo governo". "O parlamentar não pode ser apaixonado nem odiento. O apaixonado não vê defeito e odiento vê defeito em tudo", lamenta.
'Independente'
Nesse retorno, Heitor promete manter a independência e não apostar no quanto pior, melhor.
"Vou me conduzir de forma independente, normalmente a tendência de ser oposição, mas preocupado sempre em dar governança. Ninguém pode apostar no quanto pior, melhor", situa.
Direita x Esquerda
O deputado volta ao Parlamento após a . Ex-pedetista histórico, antes da chegada do grupo liderado pelo senador Cid Gomes à legenda — no qual foi um grande opositor nos dois governos estaduais, de 2007 a 2014 —, Férrer aponta incongruências entre os ex-aliados.
"São dois grandes partidos que caminharam sempre juntos, mas que os interesses de cúpula terminam por colocá-los em disputa e ter uma visão diferente do que tinha há poucos dias. Tudo o que o PT faz é errado? E há pouco tempo não era tudo certo? Não era tudo aprovado com o voto do PDT?", provoca.
O recado das urnas
Heitor avalia também o avanço da direita em Fortaleza, com a quase vitória de André Fernandes (PL) na disputa pela Prefeitura da Capital cearense contra uma candidatura petista.
"Tivemos uma disputa em Fortaleza de Lula e Bolsonaro novamente, foi uma reprise da eleição nacional. Mostrando aos de centro-esquerda que a prática política tem que melhorar. Se não melhorar, o povo quer resultado, principalmente na saúde, segurança pública e moradia. Se não melhorar nessas áreas, a tendência é de migração para quem promete milagres do outro lado. E, obviamente, pelas demandas não atendidas ganharam terreno".
Congresso desidrata 19 pontos do pacote de corte de gastos e pode comprometer ajuste de Haddad
Por Daniel Weterman e Alvaro Gribel / O ESTADÃO DE SP
BRASÍLIA – O Congresso Nacional desidratou o pacote de corte de gastos do governo Lula mexendo em 19 trechos dos três projetos apresentados pelo Executivo para manter o arcabouço fiscal de pé. As mudanças feitas até a noite de quinta-feira, 19 – o Senado ainda vai analisar uma proposta – afrouxam medidas apresentadas pela equipe econômica, que já haviam sido vistas como insuficientes por economistas e agentes do mercado financeiro para reequilibrar as contas públicas.
Apesar das várias alterações feitas pelos parlamentares (veja lista abaixo), o Ministério da Fazenda insiste que a economia prevista está mantida.
As mudanças feitas no Congresso, e apoiadas pelo próprio governo para garantir a aprovação do pacote, impactam o corte de gastos esperado em programas como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), diminuem a arrecadação com o fim do Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (DPVAT) e abrem caminho para aumento de despesas, com proteção às emendas parlamentares.
O governo considera que aprovou o possível. Ao apresentar o pacote fiscal há menos de um mês, a equipe chefiada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou uma economia R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026, até o término do mandato de Lula, atingindo uma economia de R$ 327 bilhões até 2030. O cálculo foi questionado por economistas, que não viram as medidas como suficientes para controlar o crescimento das despesas públicas.
Após a mudanças no Congresso, que deve finalizar a votação do pacote nesta sexta-feira, 20, o governo ainda não apresentou oficialmente um novo cálculo de impacto.
Segundo o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), o Ministério da Fazenda mantém a mesma projeção de impacto fiscal. “Para o governo, a essência está mantida e não altera em nada a espinha dorsal do ajuste que o governo está fazendo”, disse. A explicação, segundo ele, é que, nas medidas de maior impacto – ganho menor do salário mínimo e Fundeb, – a conta não mudou.
Ao Estadão/Broadcast, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que a economia de R$ 70 bilhões até 2026 está mantida.
BPC é o principal alvo de críticas e projeto foi o mais alterado
O projeto de lei que mexeu em benefícios sociais foi o mais alterado. Foram 11 mudanças no texto do relator, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) – dez delas relacionadas ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. A alteração no BPC foi criticada desde que o pacote chegou ao Congresso, mobilizando a própria base aliada do governo contra o dispositivo.
O relator, entre outras mudanças, rejeitou a definição de “pessoa com deficiência” proposta no projeto do governo, excluiu da regra de coabitação os rendimentos de familiares que não moram na mesma casa e rejeitou a regra que considerava propriedade de bens ou direitos na concessão do benefício. Ele também não aceitou revogar que o benefício já concedido a qualquer membro da família não seria computado no cálculo da renda familiar.
“Queria reconhecer a importância das alterações das possibilidade de recebimento do BPC. Caíram pontos muito sensíveis, como aquele em que duas crianças com deficiências, uma delas teria que abrir mão do BPC. Ou o conceito de família estendida, que iria diminuir a possibilidade acesso ao BPC”, afirmou a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
Deputados governistas avaliam que o governo errou na estratégia ao mexer no pagamento de um auxílio a pessoas carentes em troca de uma economia que não era tão relevante para o pacote fiscal. A equipe econômica esperava economizar R$ 2 bilhões por ano com o BPC, totalizando R$ 12 bilhões até 2030. “Tem que cortar gastos, mas o caminho não é começar pelo BPC. É uma economia que não faz sentido para o governo federal, em detrimento das pessoas que têm direito”, afirmou o deputado Duarte Junior (PSB-MA).
O governo argumenta que apresentou mudanças no BPC não para tirar o benefício de pessoas que dependem do auxílio, mas para combater as fraudes e o que o ministro Fernando Haddad chamou de “indústria de liminares”. “A mudança sobretudo é evitar e acabar com a indústria de liminares. O programa não altera a renda e ainda introduziu a biometria para acabar com as fraudes. Não estamos retirando nenhum direito”, afirmou o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
O relator também derrubou a uma mudança na correção do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), que geraria uma economia de R$ 16 bilhões até 2030, segundo a Fazenda.
Deputados desidratam mudanças no Fundeb, nos supersalários e impedem flexibilização do Orçamento
Na Câmara, os deputados desidrataram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em quatro trechos. Uma das principais alterações foi no Fundeb. O governo queria que até 20% dos recursos que a União coloca no fundo fossem destinados ao ensino em tempo integral, o que poderia abrir um espaço fiscal de R$ 11,6 bilhões no ano que vem.
A Câmara reduziu o porcentual para 10% e estabeleceu que o dinheiro da complementação da União no Fundeb será usado para ensino em tempo integral apenas em 2025, diminuindo o impacto para R$ 5,8 bilhões. O valor, no entanto, ainda é maior que a economia anunciada pelo governo ao apresentar o pacote fiscal (R$ 4,8 bilhões).
A partir de 2026, os Estados e municípios terão de destinar 4% de recursos próprios que colocam no Fundeb para esse programa, aumentando o impacto fiscal entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões. Na prática, a União transfere a responsabilidade para os governos locais e espera economizar recursos com isso.
A economia efetiva de gastos para a União, no entanto, vai exigir que o governo federal diminua recursos do orçamento da Educação no mesmo montante. Ao cortar recursos, o governo federal deverá assumir o ônus político e ainda respeitar o piso constitucional da Educação exigido pela Constituição, que consome despesas não obrigatórias.
Os deputados também flexibilizam o fim dos supersalários no funcionalismo público. O texto do governo proibia que remunerações não previstas em lei complementar fossem pagas fora do teto salarial, atualmente de R$ 44 mil mensais. A limitação foi direcionada para lei ordinária, mais fácil de ser alterada.
Para o professor da Fundação Dom Cabral e autor do livro “O País dos privilégios”, Bruno Carazza, a mudança permitirá que resoluções do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) continuam a criar os “penduricalhos”.
“Há um entendimento bastante questionável do Judiciário de que resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) têm força de lei. Corre-se o sério risco de que eles continuarão criando penduricalhos administrativamente”, explicou Carazza.
Conforme o Estadão revelou, juízes fizeram lobby dentro do plenário da Câmara em defesa da categoria para desidratação da proposta. Além disso, a Câmara retirou da PEC mudanças no BPC e impediu que a medida proposta pelo governo entrasse na Constituição.
Congresso preserva emendas e dificulta corte de recursos para cumprir arcabouço fiscal
O Congresso rejeitou um dispositivo da PEC que tirava a obrigação de o Poder Executivo executar o Orçamento aprovado pelo Congresso Nacional. A medida, incluída na Constituição em 2019 e que ficou mantida, impede o governo de cancelar, por exemplo, emendas parlamentares, que são direcionadas por deputados e senadores para redutos eleitorais. Revogar o dispositivo era uma aposta da equipe econômica para ter mais flexibilidade no Orçamento na hora de cumprir o teto de despesas.
No projeto de lei complementar que faz parte do pacote, o Congresso desidratou outros quatro trechos e derrubou a possibilidade de o governo federal cortar emendas impositivas (não obrigatórias) para cobrir gastos obrigatórios e cumprir o arcabouço fiscal. Essas emendas são recursos indicados por parlamentares e bancadas estaduais que o governo é obrigado a pagar conforme a definição do congressista.
Ao aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que orienta o Orçamento de 2025, o Congresso rejeitou uma proposta no mesmo sentido, preservando as emendas, que devem passar de R$ 50 bilhões no ano que vem.
Outra alteração foi no uso de recursos de fundos públicos, que hoje são carimbados. Por um lado, o relator da proposta, deputado Átila Lira (PP-PI), incluiu no texto um dispositivo que determina que, entre 2025 e 2030, o superávit financeiro de fundos públicos só poderá ser usado para amortizar a dívida – o texto não especificava a finalidade e abria margem para aumento de gastos. Por outro lado, a Câmara diminuiu os fundos alcançados de oito para cinco, preservando o Fundo Nacional Antidrogas (Funad), o Fundo da Marinha Mercante (FMM) e o Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC). O impacto da desvinculação caiu de R$ 38 bilhões para R$ 18 bilhões.
Outra medida que caiu foi a proposta que limitava a restituição de créditos tributários pelas empresas. O trecho enfrentava forte resistência entre vários setores da economia, além de ter integrado uma Medida Provisória (MP) editada pelo governo em junho e que foi devolvida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Os deputados também revogaram a lei que instituiu o Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (SPVAT), antigo DPVAT, diminuindo a capacidade de arrecadação do governo federal.
“Acredito que foi feito um esforço por parte dos relatores, mas quero dizer que tudo que vai ser aprovado não será suficiente para nós possamos atingir o equilíbrio fiscal”, afirmou o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), vice-líder do governo e autor de uma proposta alternativa que trazia um ajuste mais rígido nas contas públicas.
Os pontos de desidratação
Na PEC:
- Diminuição da parcela do Fundeb que pode custear ensino integral
- Exclusão de mudanças no BPC
- Flexibilização do fim dos supersalários
- Manutenção do dever de execução do Orçamento
No projeto de lei complementar:
- Proteção de emendas parlamentares obrigatórias contra cortes
- Exclusão do limite à compensação de crédito tributários de empresas
- Diminuição da quantidade de recursos de fundos públicos que podem ser direcionados para abatimento da dívida pública
- Revogação do DPVAT
No projeto de lei ordinária:
- 10 mudanças que desidratam ajuste no BPC
- Manutenção da correção atual dos recursos do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF)
Congresso torna ainda mais frágil o pacote fiscal
O Congresso vive aquele momento que a crônica política costuma chamar de "esforço concentrado". Dedica-se a votar, em poucos dias, projetos atrasados por negligência ou por procrastinações em geral, inclusive por parte do Executivo. E, em meio a uma ameaça de crise econômica, não se constrange em defender interesses de setores poderosos, incluindo os seus.
Um resultado ruim dessa correria é apreciação e redação precária de leis, além da falta de conhecimento e debate público sobre o que está sendo votado. Assim, facilita-se o estrago do já limitadíssimo pacote de contenção de gastos proposto pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A Câmara dos Deputados conseguiu derrubar outra tentativa de sujeitar o pagamento de emendas parlamentares aos limites válidos para outras despesas federais. A maior fatia das emendas, de pagamento obrigatório, não poderá ser bloqueada para evitar o estouro da meta de crescimento do dispêndio público.
A ofensiva dos congressistas para manter seu feudo teve sucesso tanto na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias como na do pacote fiscal.
A reserva de dinheiro do contribuinte para interesses paroquiais de deputados e senadores é aberrante em tamanho (cerca de um terço do gasto federal não obrigatório), em comparações internacionais e em falta de transparência, projetos e fiscalização.
Uma decisão do Supremo Tribunal Federal tentou limitar o abuso e a correção anual do valor total das emendas, mas o desespero do governo —que precisa de votos para aprovar seu tímido pacote— gerou um drible legal, na forma de uma portaria, para burlar a determinação da corte.
Como se não bastasse, o Parlamento colabora para a manutenção de prebendas e favores para seus pares da elite do Estado brasileiro. Ao modificar parte de uma emenda constitucional proposta pelo Planalto, a Câmara esvaziou o dispositivo que pretendia disciplinar os pagamentos de auxílios, abonos e outros penduricalhos que permitem supersalários, especialmente no Judiciário e no Ministério Público.
Medidas espinhosas, mas de maior alcance, do plano de ajuste também passaram por enfraquecimento temerário.
São os casos das tentativas de limitar o gasto obrigatório com educação por meio do Fundeb (o fundo destinado ao ensino básico), de dar correção menor às transferências obrigatórias para o governo do Distrito Federal, da nova regulamentação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e da limitação do uso de créditos tributários.
Verdade que o governo Lula não ajuda, ao não sinalizar senso maior de emergência —vide o pacote fiscal tardio e mirrado. Entretanto os parlamentares, que tanto poder ganharam sobre o Orçamento nos últimos anos, deveriam assumir também responsabilidades, em vez de apenas aproveitar o momento para arrancar vantagens do Executivo.
Deputados aprovam aumento do limite de empréstimos consignados para servidores estaduais; entenda
Os deputados estaduais aprovaram, nesta terça-feira (17), aumento no limite de empréstimos consignados que podem ser contratados por servidores do Ceará. Com isso, os funcionários públicos estaduais poderão comprometer até 45% do salário com operações de crédito que podem ser descontadas direto da folha de pagamento, 5% a mais do permitido atualmente.
O projeto autoriza, ainda, adiantamento de parte do salário, sem a incidência de juros, desde que o pagamento ocorra em até 30 dias a partir da data de contratação. A medida irá contemplar ativos, inativos e pensionistas do Estado.
Para evitar um aumento no endividamento dos servidores estaduais, a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) vai disponibilizar um portal de educação financeira, onde será possível consultar todas as taxas de juros ofertas pelos bancos credenciados junto ao Governo do Ceará. É como explica o secretário executivo de Gestão e Governo Digital, Garrido Neto.
"Esse novo portal vai mostrar todas as taxas de juros dos bancos credenciados, e o servidor vai poder escolher a melhor taxa de juros que está sendo aplicada e, de forma muito transparente, poderá até renegociar essas dívidas", ressaltou.
O secretário acrescentou que outros produtos de crédito também serão ofertados aos servidores, como o "cartão benefício". O item permitirá que os estatutários comprometam até 5% dos 45% de limite de consignado com compras diversas mensais.
Câmara aprova fim do DPVAT sete meses após recriação do seguro obrigatório
A Câmara dos Deputados deu aval nesta quarta-feira (18) para acabar com o novo DPVAT, que indeniza vítimas de acidente de trânsito, sete meses após o Congresso ter recriado o seguro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter sancionado a norma.
A revogação da lei foi incluída num primeiro momento no projeto de lei complementar (PLP) que integra o pacote de contenção de gastos do governo federal. O responsável pela inclusão foi o relator da matéria, deputado Átila Lira (PP-PI), a pedido do Executivo.
No último parecer, no entanto, o relator recuou e retirou esse trecho, atendendo a um pedido do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). O texto-base do PLP foi aprovado pelos deputados sem citação ao fim do DPVAT na noite de terça (17) e sob críticas de parlamentares da oposição.
Nesta quarta (18), Guimarães recuou da decisão com receio de que isso pudesse comprometer o andamento do pacote na Câmara e apresentou uma emenda aglutinativa que novamente inseriu no texto a revogação da norma que instituiu o DPVAT.
Com ela, os destaques ao texto foram retirados. A emenda foi aprovada por 444 votos favoráveis e 16 contrários, além de uma abstenção. Agora, o PLP segue para análise dos senadores.
Nesta quarta (18), deputados que eram contra a volta do DPVAT desde o começo comemoraram o resultado da votação, afirmando que se trata de uma vitória da oposição.
"O que não dá para aceitar é o governo querer dizer que isso é vitória do governo o fim do DPVAT, pelo contrário. Nós queríamos desde ontem votar esse destaque, eles eram contrários. Hoje, num acordo, tiveram que entubar. Isso é uma vitória da oposição", afirmou o deputado Carlos Jordy (PL-RJ).
Em seguida, Guimarães rebateu o colega e afirmou que era uma vitória do presidente Lula. "É vitória, em primeiro lugar, do presidente Lula que já havia orientado para acabar com o DPVAT. Segundo, do colégio de líderes, que conseguiu os acordos."
O relator, Átila Lira, afirmou que isso representa "justiça social" para o país, já que foi "tirado o custo do DPAVT da nossa sociedade". "Nós estamos cortando gastos, mas estamos também fazendo um gesto para melhorar a vida das pessoas."
Esse seguro teve o pagamento, que até então era obrigatório para proprietários de veículos, extinto durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Apesar disso, a cobertura aos usuários continuava sendo feita, até que se esgotaram os recursos do fundo administrado pela Caixa Econômica Federal no ano passado.
Em abril, a Câmara aprovou o texto com queixas, sobretudo, de parlamentares da oposição. O Senado aprovou o projeto em maio, e Lula sancionou a norma nove dias depois. A cobrança seria retomada a partir de janeiro de 2025.
O valor cobrado dos segurados foi sendo gradativamente reduzido de 2016 até 2020. Para os automóveis particulares, o valor total do prêmio do seguro ficou aproximadamente 95% menor, chegando a R$ 5,21 no ano em que o seguro foi extinto.
Segundo estimativas do Ministério da Fazenda, o valor pago por motoristas giraria em torno de R$ 50 a R$ 60 por ano por condutor, sem distinção. Antes, motociclistas pagavam mais que motoristas de carro.