Governo Lula replica ‘gabinete do ódio’ bolsonarista para tentar ‘pautar as redes sociais’
Por Vinícius Valfré e Tácio Lorran / O ESTADÃO DE SP
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem contado com a atuação de influenciadores e ataques coordenados contra adversários políticos. Nesta semana, o Estadão revelou que a Secretaria de Comunicação (Secom) se reúne com o PT e influenciadores para “pautar as redes sociais” e que o Instituto Lula montou um exército de 100 mil militantes no WhatsApp para divulgar as ações do governo.
Além disso, a reportagem detalhou a atuação do influenciador Thiago dos Reis, que emplacou 1 bilhão de views no YouTube repetindo a tática do 'gabinete do ódio', com desinformação e ataques à imprensa.
Uma rede de perfis alinhados ao governo tem se destacado na promoção do presidente, usando ataques coordenados contra críticos e descredibilizando a imprensa. A aproximação entre o governo e o partido com os influenciadores sugere uma orientação digital proveniente do Palácio do Planalto.

A existência da reunião foi detalhada pelo deputado Jilmar Tatto (PT-SP), secretário nacional de comunicação do partido, durante evento interno em dezembro. Ele explicou que o objetivo das reuniões “é fazer disputa política com nossos adversários”, com “metodologia”, “ciência”, “expertise” e que “não é de graça”.

Em conversa com o Estadão, Jilmar Tatto disse que há casos em que a estratégia definida passa por menções à família Bolsonaro e por reações a reportagens jornalísticas. “A gente faz o monitoramento de rede. Se a gente sentir que é necessário responder, a gente responde”, afirmou.

Os vídeos do canal do influenciador costumam distorcer fatos, inventar situações depreciativas sobre adversários, usar montagens, títulos falsos ou descontextualizados.
Veja algumas desinformações divulgadas por Thiago dos Reis:
● Afirmou que a facada contra Bolsonaro em 2018 foi ‘fake’;
● Disse que Michelle Bolsonaro comprou um sapato de R$ 20 mil com dinheiro público em Dubai;
● “Anunciada a morte de Bolsonaro! Situação piorou muito e não tem mais volta”;
● “Revelada ligação de Bolsonaro com Comando Vermelho”;
● Disse que Lula já enviou para o Rio Grande do Sul mais dinheiro do que o Bolsonaro usou na pandemia em todo o País.
Apesar do modus operandi se assemelhar ao “gabinete do ódio” do governo Bolsonaro, lideranças e outros influenciadores da esquerda defendem a atuação de Thiago por uma suposta habilidade de fazer “comunicação popular”. Em 2022, o site oficial do Partido dos Trabalhadores chegou a dizer que o trabalho do influenciador tem “grande repercussão na luta democrática”.


Thiago é alvo de pelo menos 15 processos na Justiça por calúnia e difamação. As ações foram ajuizadas por deputados, senadores e empresários bolsonaristas, como também pelo ex-diretor-geral da Polícia Federal Marcio Nunes de Oliveira, que pedem em sua maioria uma indenização por danos morais. O influenciador, no entanto, consegue escapar de eventuais condenações uma vez que não é localizado pelos oficiais de Justiça.
Thiago diz que mora no México por supostamente ter sido perseguido pelo governo Bolsonaro. Ele não retornou ao País mesmo com a vitória do presidente Lula (PT). A Justiça brasileira expediu um mandado de prisão contra o influenciador em julho de 2022, no âmbito de uma ação de alimentos impetrada pelo pai. O genitor alega que foi abandonado pelos filhos depois de ser declarado interditado por problemas psiquiátricos e de alcoolismo.
Procurado, Thiago dos Reis negou receber informações de dentro do Palácio do Planalto e alegou que seu canal defende a democracia, ao contrário do “gabinete do ódio”. Também afirmou que jamais recebeu dinheiro do governo.
Forças Armadas preparam reação política à ofensiva do governo sobre a ‘previdência militar’
Por Eduardo Gayer / O ESTADÃO DE SP
A cúpula das Forças Armadas não gostou nada de ver a ministra do Planejamento, Simone Tebet, sugerir uma revisão do Sistema de Proteção Social dos Militares no âmbito do ajuste fiscal. No mesmo dia, o ministro Vital do Rêgo Filho, do Tribunal de Contas da União (TCU), fez alertas sobre a fatia do Orçamento gasta com a caserna durante o julgamento das contas presidenciais de 2023.
A percepção nas fileiras militares é que o tema está esquentando dia a dia, e tem apoio de ministros do Palácio do Planalto para seguir em debate, embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha feito uma série de acenos de pacificação às Forças Armadas, incluindo a proibição de o governo federal promover solenidades críticas aos 60 anos do golpe de 1964.
Insatisfeitas, as tropas preparam uma reação política. Vão acionar interlocutores junto ao governo e ao Congresso para apresentar seus argumentos. Uma “apostila” de 25 páginas de contrapontos está pronta. Para os militares, peculiaridades da carreira como o “estilo de vida nômade”, a falta de jornada de trabalho durante missões oficiais e a inexistência de FGTS para servidores justificam um sistema de proteção social diferenciado e exclusivo.
Interlocutores de duas das três Forças Armadas defenderam à Coluna do Estadão que a caserna deu sua “cota de contribuição” ao ajuste fiscal em 2001, quando foi extinta a pensão para filhas solteiras após a morte do militar. Já em 2019, o encargo para a pensão militar subiu de 7,5% para 10,5% para todos os inscritos no sistema de proteção próprio.
“O regime jurídico distinto que rege os militares não implica em privilégios imerecidos, ao contrário, visa apenas mitigar desvantagens impostas a esses profissionais pelas desvantagens da profissão”, diz a apostila, a qual a Coluna do Estadão teve acesso.
Lula não tem condições políticas de demitir Juscelino Filho
Por Merval Pereira / o globo
A permanência do ministro Juscelino Filho no governo cria uma situação que demonstra a incapacidade do presidente Lula de tomar decisões. Evidente que uma pessoa indiciada por corrupção não pode continuar no governo; tem que sair para se defender, não se pode colocar o governo na linha de frente desta investigação.
Mas Lula não o tira porque não tem condições políticas. Juscelino Filho foi indicado pelo senador David Alcolumbre, que será o próximo presidente do Senado. Como brigar com ele¿. Lula tem que aceitar tudo e ir levando.
Não pode brigar com o Centrão, muito menos com os futuros presidentes da Câmara e do Senado. Vai ficar com este ministro por impossibilidade de tomar outra providência. Não é crível que ele ache uma situação normal, e se acha, é pior ainda. Sinal de que não apreendeu coisa nenhuma com o que aconteceu com o combate à corrupção, com o PT, e com ele mesmo. Se ele está convencido de que foi inocentado e ganhou esta parada, está vivendo no mundo da lua. É uma situação que não precisa admitir, mas precisa ter mais cuidado do que teve anteriormente; e não está tendo. Este leilão de arroz sem necessidade – o mercado não queria - com carimbo do governo, e preço tabelado, vencido por uma padaria! Enquanto isso, no Congresso, avança o projeto que acaba com a delação premiada de réu preso.
Tudo isso faz parte do mesmo contexto, como disse uma vez Romero Jucá: “temos que estancar esta sangria, com Supremo e tudo”. É o que estão fazendo, anulando todas as provas e condenações. É um movimento suprapartidário, para evitar a possibilidade de uma pessoa indiciada ou condenada ter delações contra si.
O problema é que os crimes mais delicados dependem da delação, ou não se conseguem provas. Se o tenente-coronel Mauro Cid não tivesse feito delação, não saberíamos de muita coisa.
Lula insiste no erro, não fala em corte de gastos e repete visão arcaica na economia
Por Alvaro Gribel / o estadão de sp
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se cansa de errar na economia. Ele, diretamente, ou seus assessores mais próximos, que elaboraram um discurso completamente inapropriado para o momento atual dos mercados de câmbio e juros.
O resultado da fala desta quarta-feira, 12, em evento no Rio de Janeiro – que, em outro momento, poderia ter pouco impacto – foi mais uma disparada do dólar, que chegou a bater em R$ 5,42, se aproximando do pior momento de seu governo, R$ 5,48, logo nos primeiros dias de 2023.
E o que disse Lula? Que o governo está “arrumando a casa, colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal”.
A frase, que poderia ser bem recebida, ganha, na verdade, outra conotação, com a que vem logo em seguida: “O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público.”
Ou seja: no momento em que a desconfiança com a política econômica atinge o seu grau máximo deste mandato, e Haddad dá declarações de que enviará ao presidente um cardápio para cortes de despesas, como antecipou o Estadão, Lula ignora completamente a necessidade de reduzir gastos para salvar o arcabouço fiscal.
O mercado, que entrou em modo especulativo e reage a boatos e a qualquer fiapo de notícias, repercutiu imediatamente, identificando na fala uma leniência com a questão fiscal. Não deixa de estar errado, já que o momento era de Lula dar sinais na direção contrária.
Outro erro do presidente foi falar em cortes de juros. O Banco Central hoje tem independência para perseguir a meta de inflação. Quando entra no tema, Lula coloca sob suspeita os diretores que foram indicados por ele, como se fossem seguir sua orientação política.
O resultado é uma pressão sobre a curva de juros, já que o presidente fará mais três indicações no final no e terá sete dos nove integrantes do Copom.
Lula e seus principais assessores ainda não entenderam a gravidade do momento econômico. Com a alta do dólar, talvez percebam que serão obrigados a apoiar a agenda de Haddad. Do contrário, poderão colocar o governo no mesmo caminho do da ex-presidente Dilma Rousseff.
Greve na educação chega a dois meses e trava conclusão de curso, bolsas de pesquisa e até bandejão
Por Bruno Alfano, Pâmela Dias e Vinicius Macêdo— Rio de Janeiro/ O GLOBO
Maria (nome fictício) chorou de fome na universidade federal em que estuda. Aluna de mestrado de uma das 66 instituições em greve, ela usava o bandejão para almoçar e jantar porque o que ganha como professora da educação básica — menos de um salário mínimo — não paga todas as despesas de quem mora de aluguel. Assim, o custo de menos de R$ 1 por refeição é essencial para sua segurança alimentar.
— Já chorei de fome. Quando fica muito insuportável, ligo para a minha mãe pedindo ajuda — conta a jovem, que pediu para não ser identificada por temer represálias no departamento. — Eu apoio a greve, mas ela não considerou a necessidade dos mais pobres. O sindicato polariza o debate como se quem reivindica o bandejão e demais serviços essenciais fosse contra o trabalhador, como se ser estudante e ser trabalhador fossem antônimos. Estudante também trabalha, a maioria informalmente ou ganhando um salário de fome — desabafa a mestranda.
A demora pelo fim da greve de professores e técnicos administrativos de universidades e institutos federais tem causado impactos importantes na vida dos alunos — mesmo entre aqueles que entendem os objetivos do movimento. A paralisação de 57 dias dos docentes e de 92 dos demais profissionais tem repercutido em questões que vão desde o atraso da conclusão dos cursos como a riscos de perdas de prazo para a obtenção de bolsas de pesquisa.
Atrasos em série
Estudantes que haviam sido afetados pela pandemia, por exemplo, agora precisarão esperar mais seis meses pelo diploma — o término do curso já fora adiado em dois anos devido à crise sanitária. Victor de Andrade, de 23 anos, se formaria em quatro em odontologia na UFRJ se não tivesse enfrentado interrupções nos períodos letivos. As aulas práticas do curso ficaram suspensas durante o período da Covid-19 e agora, sem os técnicos responsáveis por esterilizar os equipamentos, a conclusão da faculdade vai ficar para 2025.
— A universidade mexe com os sonhos das famílias. Esse atraso vai adiando esses sonhos, e isso afeta também o lado financeiro. Continuamos presos na graduação, sem avançar — conta.
Outra preocupação do jovem é com os seus pacientes, já que a clínica da UFRJ oferece atendimentos a R$ 50 e atende, majoritariamente, moradores do Complexo da Maré. Além disso, Victor ressalta que materiais caros, comprados pelos alunos, estão estragando durante a greve.
— Temos pacientes relatando dores em casa, outros que não conseguiram finalizar tratamentos protéticos, pacientes sem dentes, sem poder mastigar. Estamos em casa, e só vemos a situação deles piorar — lamenta o universitário.
Com a extensão do período de greve aumenta também a dificuldade de garantir reposição de conteúdos. Pelo menos oito instituições decidiram suspender o calendário. A Universidade Federal de Uberlândia (MG) levará esse debate hoje ao Conselho Universitário, já que parte dos departamentos e dos professores está dando aulas e outra não está. Os prazos para a conclusão das disciplinas, contudo, são os mesmos.
Em outros casos, como na UFRJ, professores não aderiram à paralisação, mas os técnicos administrativos, sim. As aulas, portanto, continuam, mas atividades que dependem do auxílio dos profissionais em greve foram suspensas. A instituição chegou a afirmar, inclusive, que corria o risco perder um prazo do CNPq para conseguir bolsas por três anos, porque o processo interno dependia dos técnicos. O caso foi resolvido, no entanto, após negociação com o comando de greve.
A UFMG decidiu pelo fim da paralisação após 51 dias e refez o calendário. Mesmo sendo a primeira instituição a retomar as aulas, a universidade só conseguirá concluir o segundo semestre de 2024 em fevereiro de 2025, prejudicando estudantes formandos que já estavam se planejando para o mestrado ou iniciar a vida profissional.
— Vou fazer concursos de duas prefeituras e, mesmo que eu passe, não vou poder assumir porque as aulas só terminam em fevereiro — afirma Ana Beatriz Medeiros, de 22 anos, aluna de Letras. — Além disso, nós, da Pedagogia, geralmente planejamos começar a lecionar em janeiro, mas ainda estaremos em aula no mês seguinte. A maioria das escolas não contrata professor no meio do semestre. Provavelmente, só vou poder assumir uma turma em agosto do ano que vem.
Uma situação ainda indefinida é a do Colégio Pedro II. Lá, as aulas começariam em abril, ainda sob impacto da pandemia. Mas com o início da greve dos professores, que decidiram apoiar os técnicos, que iniciaram a paralisação, os estudantes sequer começaram o ano letivo de 2024.
— O orçamento e o salário dos servidores precisam ser recompostos. Mas os alunos do Pedro II são crianças e jovens que não ficam em casa sozinhos como os universitários. Os impactos são muito grandes para quem já ficou dois anos em casa na pandemia. Desde 2019, eles só tiveram na escola por dois anos — diz Teca Galvão, diretora de uma associação de responsáveis do colégio que protestou na terça num evento com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Educação, Camilo Santana.
Oferta aos técnicos
Também na terça-feira, o Ministério da Gestão e Inovação no Serviço Público fez nova proposta para chegar a um acordo com os técnicos. A categoria foi atendida em alguns pedidos — como aumento salarial com progressão na carreira — e vai avaliar o acordo e, consequentemente, a manutenção da greve. O reajuste proposto é de 31% até o final de 2026. Na sexta-feira, o encontro será com os professores.
Em nota, o Ministério da Educação afirma que estará sempre aberto ao diálogo, franco e respeitoso, pela valorização dos servidores. Na segunda-feira, Camilo e Lula anunciaram investimentos de R$ 5,5 bilhões nas universidades e recomposição de R$ 279 milhões no custeio para este ano em aceno aos grevistas.
Gustavo Seferian, presidente do sindicato de docentes, afirmou que os avanços no custeio “não foram significativos” e que essa verba é indispensável às “condições elementares aos estudantes para o bom empenho de suas atividades”.
Veja quem parou
Acre
- Universidade Federal do Acre (UFAC) - Professores e técnicos
- Instituto Federal do Acre (Ifac) - Técnicos
Alagoas
- Universidade Federal de Alagoas (UFAL) - Professores e técnicos
- Instituto Federal de Alagoas - Técnicos
Amapá
- Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) - Professores e técnicos
- Instituto Federal do Amapá (IFAP) - Técnicos
Amazonas
- Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) - Professores
- Universidade Federal do Amazonas - Técnicos
Bahia
- Universidade Federal da Bahia (UFBA) - Professores e técnicos
- Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) - Professores e técnicos
- Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) - Professores e técnicos
- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) - Professores e técnicos
- Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) – campus dos
- Malês - Professores e técnicos
- Instituto Federal da Bahia - Técnicos
Ceará
- Universidade Federal do Ceará (UFC) - Professores e técnicos
- Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) - Professores e técnicos
- Universidade Federal do Cariri (UFCA) - Professores e técnicos
- Instituto Federal da Ceará - Técnicos
Distrito Federal
- Universidade de Brasília (UnB) - Professores e técnicos
Espírito Santo
- Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) - Professores e técnicos
- Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) - Técnicos
Goiás
- Universidade Federal de Goiás (UFG) - Professores e técnicos
- Universidade Federal de Catalão (UFCAT) - Professores e técnicos
- Universidade Federal de Jataí - Técnicos
- Instituto Federal de Goiás - Técnicos
Maranhão
- Universidade Federal do Maranhão (UFMA) - Professores e técnicos
Mato Grosso
- Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) - Professores e técnicos e técnicos
- Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) - Professores e técnicos
- Instituto Federal do Mato Grosso - Técnicos
Mato Grosso do Sul
- Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) - Professores e técnicos
- Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) - Técnicos
Minas Gerais
- Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Técnicos
- Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) - Professores e técnicos
- Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) - Professores e técnicos
- Universidade Federal de Viçosa (UFV) - Professores e técnicos
- Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) - Professores e técnicos
- Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) - Professores
- Universidade Federal de Lavras (UFLA) - Professores e técnicos
- Universidade Federal de Uberlândia (UFU) - Professores e técnicos
- Universidade Federal de Itajubá (Unifei) - Técnicos
- Universidade Federal de Alfenas (Unifal) - Técnicos
- Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) - Professores e técnicos
- Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) - Técnicos
- Instituto Federal do Triângulo Mineiro - Técnicos
- Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) – Campus Pouso Alegre,
- Campus Poços de Caldas e Campus Passos - Professores
- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste-MG (IF Sudeste-MG) – Campus Juiz de Fora, Campus Santos Dumont e Campus Muriaé - Professores e técnicos
- Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) - Professores e técnicos
Pará
- Universidade Federal do Pará (UFPA) - Professores e técnicos
- Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) - Professores e técnicos
- Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) - Professores e técnicos
- Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) - Técnicos
- Instituto Federal do Pará (IFPA) - Técnicos
Rondônia
- Universidade Federal de Rondônia (UNIR) - Professores e técnicos
- Instituto Federal de Rondônia - Técnicos
Roraima
- Universidade Federal de Roraima (UFRR) - Professores
Santa Catarina
- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Professores e técnicos
- Instituto Federal Catarinense (IFC) - Técnicos
- Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) - Técnicos
São Paulo
- Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) - Professores e técnicos
- Universidade Federal do ABC (UFABC) - Professores e técnicos
- Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) - Professores e técnicos
- Instituto Federal de São Paulo - Técnicos
Sergipe
- Universidade Federal do Sergipe (UFS) - Professores e técnicos
- Instituto Federal do Sergipe - Técnicos
Tocantins
Para cortar gastos, equipe econômica estuda mudanças em benefícios temporários do INSS, como auxílio-doença
Por Geralda Doca e Bernardo Lima — Brasília / O GLOBO
Com uma cobrança cada vez maior por uma agenda de corte de gastos, integrantes da equipe econômica passaram a defender nos bastidores mudanças em benefícios temporários pagos pelo INSS, como o auxílio-doença, o auxílio-reclusão (pago a dependentes de presos em regime fechado) e o auxílio por acidente de trabalho.
O objetivo é levar esse assunto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo uma das ideias sobre a mesa a desvinculação desses benefícios dos reajustes do salário mínimo — o piso nacional é ajustado a cada ano considerando um ganho real, o que tem pressionado as despesas da Previdência.
Há uma avaliação de que desvincular as aposentadorias permanentes, do INSS, do mínimo seria muito difícil politicamente, com risco de derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Por isso, a opção de desvincular benefícios temporários é vista como mais palatável. Integrantes do governo a par das discussões afirmam que isso não significa, porém, que os benefícios temporários não teriam ganho real, mas a regra de reajuste seria diferente dos demais.
Pela política de reajuste do salário mínimo, ressuscitada pelo atual governo, o piso nacional é corrigido pelo resultado do Produto Interno Bruto (PIB) e pela inflação.
As propostas fazem parte do pacote de medidas de corte de gastos que contempla também revisão dos pisos (gastos mínimos) de educação e Saúde, em estudo na equipe econômica, no bojo de soluções alternativas para ajudar a fechar o Orçamento da União de 2025.
Antes do Orçamento
Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que vai levar ao presidente Lula propostas sobre mudanças no atual formato desses pisos. Segundo ele, isso acontecerá “por ocasião da discussão do Orçamento” de 2025, cuja proposta tem de ser enviada ao Congresso Nacional até o fim de agosto deste ano.
— Nós vamos levar algumas propostas para o presidente, que pode aceitar ou não, dependendo da avaliação que ele fizer — declarou o ministro a jornalistas. — Tem vários cenários, são vários cenários que serão discutidos pela área técnica.
Os pisos de Saúde e Educação, definidos como um percentual da receita, crescem junto com a arrecadação, portanto, acima do limite de gastos previsto no arcabouço fiscal, aprovado no ano passado. Por isso, uma das ideias é equalizar esse crescimento para o mesmo intervalo de alta real permitido no arcabouço: entre 0,6% e 2,5%.
Sem isso, o governo precisará cortar, nos próximos anos, recursos de outras áreas, especialmente de manutenção da máquina pública e investimentos, para manter o limite à despesa agregada e, ao mesmo tempo, cumprir os pisos.
O ministro da Fazenda negou que uma medida para alterar as regras dos pisos possa levar a perdas de investimentos nas duas áreas:
— Não se trata disso, ninguém tem perda.
Ainda não há decisão tomada. Caberá ao presidente bater o martelo, disse um técnico. Um dos argumentos da equipe econômica para convencer o presidente é que, diante do arrocho fiscal, não faz sentido repassar a todos os trabalhadores o mesmo ganho de produtividade garantido pelo salário mínimo.
Politicamente mais fácil
Quem está na ativa e aposentados continuariam sendo beneficiados pelo reajuste do salário mínimo, mas beneficiários de outras políticas, não. Cerca de 70% dos benefícios do INSS são atrelados ao piso nacional.
As equipes dos ministérios do Planejamento e da Fazenda argumentam ainda que, mexendo só nas regras dos benefícios temporários, já seria possível alcançar uma economia e, politicamente, seria uma medida mais fácil de aprovar no Congresso.
Há certo consenso no governo de que a desvinculação das aposentadorias, ainda que passasse no Congresso, poderia cair no STF, diante do argumento de que seria cláusula pétrea — aquelas que não podem ser alteradas nem por emenda.
Também está no radar outra mudança, que seria ampliar de 15 para 30 dias o período em que o trabalhador afastado do trabalho tem o salário arcado pela empresa.
Governo Lula aciona PF para avaliar projeto da Câmara sobre delações
Julia Chaib / FOLHA DE SP
A Polícia Federal foi acionada pelo governo Lula (PL) para fazer um relatório sobre o projeto de lei que proíbe delações premiadas de presos.
Havia uma previsão de que a urgência (que acelera a tramitação) da proposta fosse votada nesta terça-feira (11) na Câmara, mas a análise acabou adiada. Ainda assim, o tema pode começar a ser debatido pelos deputados nesta semana.
Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a corporação prepara uma manifestação a respeito do tema a pedido do Ministério da Justiça.
Ainda assim, como mostrou a Folha, o governo trata o tema com cautela pelo potencial de desgaste. No passado, o próprio presidente Lula (PT) era um critico de delações firmadas por presos, sobretudo as que foram fechadas no âmbito da Operação Lava Jato.
O receio no Planalto é que qualquer posição do governo nesse caso seja usada por integrantes da direita e da esquerda contra Lula. Por isso, articuladores políticos defendem que o governo se afaste da proposta para evitar embates no Congresso Nacional.
Mesmo com a posição da PF, a tendência é que o Ministério da Justiça não se manifeste sobre o assunto.
Um integrante da pasta diz que é praxe da assessoria legislativa pedir manifestações técnicas. Isso não significa que o Ministério da Justiça vá elaborar um parecer e dar publicidade a ele. O relatório da PF pode, porém, embasar futuras decisões do governo sobre eventual veto ou sanção do projeto.
Em entrevista nesta terça, o diretor da PF evitou fazer um juízo de valor sobre a proposta analisada na Câmara. Disse que faz "parte do processo legislativo" e afirmou que as delações são importantes para as investigações.
"É um tema que tem dois vieses. A questão técnica está sendo enfrentada pela nossa diretoria de combate ao crime organizado. Nós fomos formalmente instados a nos posicionar e não vou antecipar a posição da PF", afirmou.
"A equipe está debruçada sobre essa minuta e deve, nos próximos dias, exarar a manifestação, subsidiando o Ministério da Justiça, que aí sim tem uma Secretaria de Assuntos Legislativos, que vai dar o encaminhamento, não sei se acolhendo ou não, à manifestação técnica da Polícia Federal", disse.
Andrei afirmou que as entidades de classe já se manifestaram sobre o tema e defendeu que o Congresso é o local para o debate.
"Nós respeitamos absolutamente o processo legislativo, esse é o segundo viés. Acho que o Parlamento é o ambiente, é um foro adequado para esse tipo de discussão, e que deve ouvir todas as partes interessadas, envolvidas na segurança pública, muito em especial, para que a gente tenha uma legislação adequada e que permita o enfrentamento ao crime organizado."
O diretor ainda classificou a delação premiada como um instrumento "importantíssimo" de investigação e disse que ela está sendo usada como deveria.
"A gente tem utilizado esse instrumento como ela sempre deveria ter sido utilizada como um meio de busca e obtenção de prova. Assim que a gente tem atuado. Mas a manifestação será técnica e será feita."
O tema voltou à tona na Câmara após o deputado Luciano Amaral (PV-AL), aliado de Lira, ter pedido na semana passada que um projeto de sua autoria que breca a delação de presos tenha regime de urgência. Quando uma proposta ganha urgência no Congresso, ela pode ir direto à votação em plenário, sem precisar passar por comissões temáticas, o que reduz a discussão sobre o assunto.
O texto, que pode ser alterado durante as votações, tem apenas dois parágrafos. O principal estabelece que a voluntariedade para a delação está ausente caso o interessado em colaborar com as autoridades estiver preso.
Em 2016, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) apresentou projeto de mesmo teor, no contexto da Lava Jato, mas que não foi para frente.
Como pelas normas da Câmara, projetos mais recentes acabam sendo apensados a mais antigos, se o assunto for similar, o projeto de Luciano foi juntado ao de Damous.
Como mostrou a Folha, o pedido de urgência do projeto teve o aval de 13 partidos e a expectativa, tanto de líderes de partidos do centrão como da esquerda é que o projeto será aprovado na Câmara e, depois, no Senado.
Apoiam a tramitação acelerada do texto os líderes de Podemos, União Brasil, Solidariedade, PL, MDB e de blocos que reúnem PSD, Republicanos, PP, PSDB, Cidadania, PDT, Avante e PRD.
Especialistas divergem sobre a possibilidade de a proposta retroagir e anular situações em que já houve delações firmadas com detidos. Em caso positivo, o texto poderia beneficiar, por exemplo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo da delação do seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid, assinada em 2023.
Líder do governo põe Haddad no fogo ao mostrar insatisfação com proposta da Fazenda
Por Mariana Carneiro e Alvaro Gribel
A fala do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), no plenário da Casa, após o anúncio da devolução da MP que limita a compensação de créditos do PIS/Cofins pelas empresas, na tarde desta terça-feira, 11, deu a dimensão da insatisfação do Congresso – e do próprio Executivo – com o projeto encaminhado pelo Ministério da Fazenda.
Segundo Wagner, que se sentou ao lado do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), durante o anúncio, o senador mineiro “encontrou solução que teve aplauso do presidente da República” e “teve a capacidade de encontrar um caminho legal e constitucional para interromper o que seria uma tragédia sem fim”.
Ou seja: para o líder do governo, o erro foi da Fazenda, e Lula teve de aceitar a devolução para evitar uma consequência ainda pior.
Empresários que vieram ao Senado acompanhar a sessão afirmaram que o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, alegou desconhecer o impacto da medida no setor produtivo – o que foi interpretado como um sinal de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não tinha o apoio da cúpula do governo na MP. Procurada, a assessoria de Rui Costa negou a informação.
Há relatos também, como já mostrou o Estadão, de que os ministros do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, não foram consultados sobre o teor do texto.
Esses mesmos empresários entendiam que o erro maior era da equipe do ministro Fernando Haddad, e que não enxergam um ministro como um inimigo. Há sempre o temor, entre o setor produtivo, de que uma pressão muito grande sobre Haddad possa fazer com que ele balance no cargo, levando a uma opção “pior” para o posto.
Uma das insatisfações levadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva é que a mudança já começaria a impactar o caixa das empresas no próximo dia 20, com a emissão das primeiras guias de cobrança de tributos desde a limitação no uso de créditos. Ou seja, empresários “foram dormir de um jeito e acordaram de outro” com a edição da MP.
Também desagradou o fato de a MP provocar um aumento permanente de arrecadação para compensar a desoneração da folha de pagamentos – que, por iniciativa do governo, será extinta progressivamente até 2027. O correto, por essa visão, é o efeito da medida compensatória diminuir, à medida que a reoneração volte a subir, a partir do ano que vem.
Outros dois erros também foram atribuídos a Fazenda, segundo apurou a reportagem. Primeiro, Haddad teria delegado a elaboração do projeto à Receita Federal – que, na visão do empresariado, tem a tendência de pesar a mão em medidas de arrecadação. Além disso, o ministro viajou à Europa no dia anterior ao anúncio. Por outro lado, Haddad, quando alertado para o tamanho da reação, se mostrou disposto ao diálogo.
‘Exército do WhatsApp’ do Instituto Lula mantém política de disseminação de mensagens pró-governo
Por Vinícius Valfré / O ESTADÃO DE SP
Fora dos holofotes desde o fim da Operação Lava Jato, o Instituto Lula articulou, durante a campanha eleitoral de 2022, um exército de cerca de 100 mil militantes para propagar pelo WhatsApp mensagens eleitorais a favor de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e contra o então presidente Jair Bolsonaro (PL). Mesmo após a vitória petista, inúmeros grupos do aplicativo continuam sendo usados para liberar informações pró-governo, dar vazão a conteúdos de influenciadores governistas e desinformação.
O plano inicial foi concebido pelo ex-sindicalista Paulo Okamotto, à época presidente do instituto e um dos coordenadores da campanha presidencial de Lula em 2022. A operação contou com a orientação de estrategistas da equipe do americano Bernie Sanders, senador independente, com propostas mais alinhadas aos democratas. Hoje, a equipe do ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, e assessores da pasta usam os grupos para distribuir informações.
Em entrevista ao Estadão, Okamotto alega que o instituto é “apartidário” e não atuou na campanha presidencial passada. Segundo ele, os grupos de WhatsApp eram uma questão dos voluntários. Atual diretora da entidade, Ana Flávia Marques também defende que todo o trabalho feito nos grupos de mensagem não tem relação formal com o Instituto Lula.
O objetivo de Okamotto em 2022 era “fortalecer a presença” lulista no WhatsApp e “combater fake news”. Contraditoriamente, a estratégia usou como referência o êxito da comunicação bolsonarista e da extrema-direita mundial. Para tanto, a opção foi pela “organização em camadas”: um fala para dez, que falam para cem, que falam para mil, e assim por diante.
OEstadão revelou nesta semana que integrantes do Palácio do Planalto despacham diariamente com integrantes do ‘gabinete da ousadia’ - a réplica petista do ´gabinete do ódio´ do governo Jair Bolsonaro - para pautar redes e influenciadores governistas. Influenciadores governistas como Thiago dos Reis têm usado a mesma receita de sucesso dos bolsonaristas: vídeos publicados misturam desinformação e agressividade contra adversários políticos.
‘Programa de voluntários’
Batizado internamente de “programa de voluntários”, o mecanismo criado pelo Instituto Lula interagia com a campanha oficial para seleção de temas e abordagens, e aparecia para a militância como “Zap do Lula”, “Time Lula”, “Evangélicos com Lula” e “Caçadores de Fake News”. O caminho para acesso aos grupos continua sendo o site oficial de Lula (lula.com.br), que segue recebendo militantes e servindo para usar o WhatsApp como um canal de distribuição de versões sobre a atuação do governo na crise do Rio Grande do Sul, por exemplo.
Toda a coordenação da presença no WhatsApp, durante a campanha, era institucional e seguia critérios técnicos e políticos. A operacionalização ficou a cargo de Ana Flávia Marques, diretora do Instituto Lula. Especialista em comunicação digital, ela coordenou a comunicação da campanha Lula Livre, de 2018 a 2021, e fez parte da coordenação digital da campanha de Fernando Haddad à presidência, em 2018.
“A gente falava: nosso grupo de ‘zap’ era a nossa sede. E a gente fez várias sedes”, disse em um treinamento para a militância petista com vistas às eleições de 2024, no fim do ano passado, ao qual a reportagem teve acesso.
Ana Flávia Marques foi uma das prestadoras de serviço oficiais da campanha e fez o trabalho sem receber por ele.
“A gente estuda o bolsonarismo há muito tempo. A gente tinha esse ‘case’ da ultra direita não só aqui no Brasil, como em outros lugares do mundo. E todos tinham essa organização em comum, a organização em camadas. Tem gente que acha impossível. Comece e vá nessa estratégia: um fala para dez. Organize esses dez, que falam para cem, que falam para mil. Vão repetindo a sua mensagem e dando coesão. Essa metodologia funcionou bastante na campanha do Lula e chegamos a quase 100 mil voluntários”, explicou aos militantes.
Um dos focos do exército de “voluntários” era reverter o apoio a Jair Bolsonaro no segmento evangélico, onde Lula tinha clara desvantagem. Entre as peças compartilhadas havia o “Evangelho segundo Bolsonaro”. Eram vídeos curtos com declarações do então presidente editadas e comparadas com passagens bíblicas. As peças eram acompanhadas por mensagens como “Bolsonaro: o governo do ódio, da corrupção e da mentira”. O balanço da ação foi a de que o programa conseguiu tirar “boas lascas do bolsonarismo entre os evangélicos”.
Sob a batuta do Instituto Lula, os grupos também servem para a convocação de mutirões de denúncias contra postagens de perfis políticos à direita, combinação de horários de publicações de mensagens em outras redes sociais e para críticas à imprensa. As reportagens que desagradam e repercutem no grupo são taxadas como “campanha sistemática contra o governo” ou como informações “não confirmadas”. Contudo, os desmentidos da imprensa profissional de informações falsas relacionadas aos bolsonaristas costumam ser compartilhados.
Os grupos são abertos e se diferenciam por números, como “Zap do Lula 2530″ e “Zap do Lula 3500″, e servem para que a militância troque conteúdos pró-governo e contra opositores. Por eles também passam links para posts em outras redes sociais feitos por influenciadores e sites alinhados com o governo. Há recomendações para visitas a canais como o do Plantão Brasil, um dos maiores da rede governista e conhecido por fake news pró-governo, operado pelo influenciador Thiago dos Reis. Ele aparece numa lista de “canais sérios de esquerda” recomendada por uma das coordenadoras.
Nos grupos, o método do influenciador é defendido. “Nós da esquerda temos que parar de seguir tantas regras para enfrentar os fascistas”, disse uma militante. “Muitas pessoas que se dizem de esquerda não dão ‘ibope’ para o próprio conteúdo, preferem dar audiência para certos tipos de canais de direita, como CNN, Estadão, Antagonista, Metrópoles, entre outros canais lixo”, respondeu outro.
Como mostrou o Estadão, entre os conteúdos populares publicados por Thiago dos Reis estão títulos como “Anunciada a morte de Bolsonaro!!”, “Revelada ligação de Bolsonaro com caso Marielle e provas aparecem!”, “Revelada ligação de Bolsonaro com Comando Vermelho” e “Eduardo Bolsonaro ameaça de morte Alexandre de Moraes”.
Outra utilidade dos grupos tem sido a de aproveitar o alinhamento ideológico dos membros para criação de outros grupos. Sem o vínculo institucional com o Instituto Lula e com o site do presidente, estes têm mensagens ainda mais incisivas contra opositores.
Os debates são controlados por coordenadores, que moderam comentários, convocam mutirões de denúncia e orientam sobre o que e em quem acreditar. A reportagem entrou em contato com 11 números de telefone que mais se repetem nos grupos como administradores. Nenhum deles atendeu ou retornou as chamadas. Só um deles, com DDD de Brasília, perguntou o motivo do contato, por mensagem. Quando tomou ciência, evitou a reportagem.
O site oficial de Lula foi registrado em nome de Cleber Batista Pereira, dono de uma empresa de consultoria de informática com uma dívida previdenciária de quase R$ 100 mil junto à União. Sobre o serviço que presta, primeiro ele disse por telefone que poderia responder perguntas feitas por escrito. Depois de receber a lista de questões, deixou de responder à reportagem.
Okamotto nega atuação direta do Instituto Lula
Ao Estadão, Paulo Okamotto disse que a vinda de uma pessoa ligada a Bernie Sanders serviu apenas para uma “conversa sobre o que acontece no mundo”, assim como também fez com “companheiros da Europa e da América Latina”. Ele não informou como os custos foram arcados.
Ele nega que o Instituto Lula tenha atuado na campanha por ser “apartidário”, mas diz que pessoas que formam a entidade trabalham para eleger o candidato do PT. “O Instituto Lula é uma instituição apartidária. Ele não trabalhou. Pessoas simpatizantes do instituto, eu mesmo e outras pessoas, a gente ficou na cabeça do processo. Mas na campanha essa questão dos voluntários era muito mais uma militância política partidária”, afirmou.
Ainda de acordo com Okamotto, os grupos de WhatsApp estão desmobilizados. “Eram super voluntários que organizavam grupos de voluntários, montavam um rede. Tinha muita motivação, então ela (a rede) crescia, se ampliava. Com o final da campanha, com motivação menor, esse grupo foi se diluindo. Ficando grupos em alguns Estados, algumas regiões”, ponderou.
Diretora do Instituto Lula, Ana Flávia Marques também disse ao Estadão que os grupos são tocados por voluntários. “Não existe uma relação institucional. O que existe são vários grupos, que chamamos de malhas, que estavam muito organizados na campanha. Infelizmente, não conseguimos manter o mesmo nível de organização porque não tem mais a campanha. Mas eu sempre defendo que precisamos continuar organizando esse trabalho voluntário”, declarou.
Na mira da Lava Jato
O Instituto Lula entrou na mira da Operação Lava Jato por conta de doações feitas por empreiteiras que, segundo as denúncias, eram uma forma de lavar dinheiro. Os casos foram suspensos depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as provas da Lava Jato não poderiam ser utilizadas.
Em fevereiro de 2023, o então ministro do STF, Ricardo Lewandowski, hoje ministro da Justiça do governo Lula, suspendeu o processo que tramitava na Justiça e que tinha Paulo Okamotto como um dos investigados.
Segundo o ex-sindicalista, o instituto faz planos para voltar a receber doações de empresas para que possa ter estrutura para fazer formação política. Por enquanto, segundo Okamotto, a entidade é financiada por contribuições de pessoas físicas.
Leia as duas primeiras reportagens desta série que revela os bastidores da estratégia de atuação do governo Lula nas redes sociais. Operação replica o que foi feito pelo ‘gabinete do ódio’, criado na gestão Jair Bolsonaro e alvo de críticas dos petistas: Planalto despacha com ‘gabinete da ousadia’ do PT para pautar redes e influenciadores governistas e Influenciador petista repete ‘gabinete do ódio’, gera 1 bilhão de ‘views’ e fatura com desinformação.
Lula anuncia R$ 5 bi de investimentos do PAC em universidades para tentar conter greve dos professores
Por Alice Cravo— Brasília / O GLOBO
Em meio a uma tentativa de avançar nas negociações com os professores, que estão em greve há quase 60 dias, o governo federal anunciou, nesta segunda-feira, investimentos de R$ 5,5 bilhões em obras do PAC para a educação superior, sendo R$ 3,77 bilhões para as universidades federais e R$ 1,75 bilhão para os hospitais federais. Foram anunciados ainda mais 10 novos campi contemplando todas as regiões do país. Em reunião com reitores das universidades federais também na manhã de hoje, Lula cobrou o fim da greve: "não há muita razão" para a greve na educação estar "durando o tempo que está durando".
Receberão novos campis as cidades:
- São Gabriel da Cachoeira (AM)
- Cidade Ocidental (GO)
- Rurópolis (PA)
- Baturité (CE)
- Sertânia (PE)
- Jequié (BA)
- Ipatinga (MG)
- São José do Rio Preto (SP)
- Caxias do Sul (RS)
Os investimentos do PAC serão divididos em três grupos: R$ 3,17 bilhões para obras de consolidação, ou seja, as que já estavam planejadas, R$ 600 milhões em obras de expansão, e R$ 1,75 bilhões para Hospitais Universitários.
Ao todo, 338 obras já estavam planejadas, sendo 223 novas, 20 em andamento e 95 retomadas. As novas construções totalizam R$ 1,5 milhões do investimento anunciado.
O ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou durante a cerimônia mais R$ 400 milhões para custeio de universidade, sendo R$ 279,2 milhões para universidades, e R$ 120,7 milhões para os institutos federais.
O ministro ainda afirmou que o orçamento das universidades, em 2024, será de R$ 6,38 bilhões e R$ 2,72 bilhões para os institutos federais.
Para os Hospitais Federais, o governo federal anunciou 37 obras em 31 hospitais pelo país para ensino e atendimento à população. Ao todo, serão oito hospitais novos ligados às universidades federais de Pelotas (RS), Juiz de Fora e Lavras (MG), Acre, Roraima, Rio de Janeiro, São Paulo e Cariri (CE).
Durante a cerimônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu cobranças pelo aumento salarial dos profissionais da educação. Márcia Abrahão, reitora da UnB e presidente da Andifes, afirmou que remuneração está "defasada", principalmente em comparação com outras categorias que já receberam reajustes.
— Esperamos que essa semana o governo e sindicatos cheguem a uma solução negociada pacificando a situação — afirmou.