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Governo Lula replica ‘gabinete do ódio’ bolsonarista para tentar ‘pautar as redes sociais’

Por Vinícius Valfré e Tácio Lorran / O ESTADÃO DE SP

 

governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem contado com a atuação de influenciadores e ataques coordenados contra adversários políticos. Nesta semana, o Estadão revelou que a Secretaria de Comunicação (Secom) se reúne com o PT e influenciadores para “pautar as redes sociais” e que o Instituto Lula montou um exército de 100 mil militantes no WhatsApp para divulgar as ações do governo.

Além disso, a reportagem detalhou a atuação do influenciador Thiago dos Reis, que emplacou 1 bilhão de views no YouTube repetindo a tática do 'gabinete do ódio', com desinformação e ataques à imprensa.

 



O gabinete da ousadia

● Integrantes da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República fazem uma reunião diária com equipes do PT e, eventualmente, influenciadores governistas para definir assuntos e abordagens que os canais e perfis petistas devem usar para tentar “pautar as redes que o partido alcança”. Os encontros ocorrem às 8h e é feito de forma virtual.

Uma rede de perfis alinhados ao governo tem se destacado na promoção do presidente, usando ataques coordenados contra críticos e descredibilizando a imprensa. A aproximação entre o governo e o partido com os influenciadores sugere uma orientação digital proveniente do Palácio do Planalto.

DIDA SAMAPAIO/ESTADÃO
A estratégia também conta com o time de redes sociais do PT que na campanha eleitoral de 2022 atuava sob o nome de “gabinete da ousadia”. O serviço é prestado pela Polo Digital Marketing, cuja sócia é Clarisse Chalréo. A empresa ganha R$ 117,7 mil mensais do PT via Fundo Partidário.

A existência da reunião foi detalhada pelo deputado Jilmar Tatto (PT-SP), secretário nacional de comunicação do partido, durante evento interno em dezembro. Ele explicou que o objetivo das reuniões “é fazer disputa política com nossos adversários”, com “metodologia”, “ciência”, “expertise” e que “não é de graça”.

GABRIEL PAIVA/PT
A estratégia também conta com o time de redes sociais do PT que na campanha eleitoral de 2022 atuava sob o nome de “gabinete da ousadia”. O serviço é prestado pela Polo Digital Marketing, cuja sócia é Clarisse Chalréo. A empresa ganha R$ 117,7 mil mensais do PT via Fundo Partidário.


“Nós produzimos conteúdo, passamos para o Brasil inteiro, vai para o site. Todos os dias, todos os dias”
Jilmar Tatto,
deputado e secretário de comunicação do PT

Em conversa com o Estadão, Jilmar Tatto disse que há casos em que a estratégia definida passa por menções à família Bolsonaro e por reações a reportagens jornalísticas. “A gente faz o monitoramento de rede. Se a gente sentir que é necessário responder, a gente responde”, afirmou.


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O influenciador de 1 bilhão de views

● Um dos principais influenciadores da esquerda é Thiago dos Reis. Filiado ao PT, o influenciador alcançou a marca de 1 bilhão de visualizações só no YouTube repetindo o modus operandi do gabinete do ódio, com desinformação e ataques a adversários políticos e jornalistas.

@THIAGOREISOFICIAL/FACEBOOK
O método rende audiência e dinheiro para Thiago. Ele declarou à Receita Federal em 2019, quando ainda não tinha despontado como influenciador, que ganhava R$ 2,3 mil por mês e que não tinha nenhum patrimônio em seu nome. Já nas eleições de 2022, declarou possuir R$ 1,2 milhão em bens, valor referente a um apartamento no exterior.

Os vídeos do canal do influenciador costumam distorcer fatos, inventar situações depreciativas sobre adversários, usar montagens, títulos falsos ou descontextualizados.

Veja algumas desinformações divulgadas por Thiago dos Reis:

● Afirmou que a facada contra Bolsonaro em 2018 foi ‘fake’;
● Disse que Michelle Bolsonaro comprou um sapato de R$ 20 mil com dinheiro público em Dubai;
● “Anunciada a morte de Bolsonaro! Situação piorou muito e não tem mais volta”;
● “Revelada ligação de Bolsonaro com Comando Vermelho”;
● Disse que Lula já enviou para o Rio Grande do Sul mais dinheiro do que o Bolsonaro usou na pandemia em todo o País.

Apesar do modus operandi se assemelhar ao “gabinete do ódio” do governo Bolsonaro, lideranças e outros influenciadores da esquerda defendem a atuação de Thiago por uma suposta habilidade de fazer “comunicação popular”. Em 2022, o site oficial do Partido dos Trabalhadores chegou a dizer que o trabalho do influenciador tem “grande repercussão na luta democrática”.

THIAGOREISOFICIAL/X
Por outro lado, há críticas de dentro da própria esquerda justamente em razão do uso abusivo de desinformação e ataques a opositores. O jornalista do site governista DCM Pedro Zambarda afirmou ser um "desserviço" que as pessoas sigam Thiago nas redes sociais.

PRINT SITE DO PT

Thiago é alvo de pelo menos 15 processos na Justiça por calúnia e difamação. As ações foram ajuizadas por deputados, senadores e empresários bolsonaristas, como também pelo ex-diretor-geral da Polícia Federal Marcio Nunes de Oliveira, que pedem em sua maioria uma indenização por danos morais. O influenciador, no entanto, consegue escapar de eventuais condenações uma vez que não é localizado pelos oficiais de Justiça.

Thiago diz que mora no México por supostamente ter sido perseguido pelo governo Bolsonaro. Ele não retornou ao País mesmo com a vitória do presidente Lula (PT). A Justiça brasileira expediu um mandado de prisão contra o influenciador em julho de 2022, no âmbito de uma ação de alimentos impetrada pelo pai. O genitor alega que foi abandonado pelos filhos depois de ser declarado interditado por problemas psiquiátricos e de alcoolismo.

Procurado, Thiago dos Reis negou receber informações de dentro do Palácio do Planalto e alegou que seu canal defende a democracia, ao contrário do “gabinete do ódio”. Também afirmou que jamais recebeu dinheiro do governo.

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