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Lula ‘esnobou’ parlamentares e agora recebe recados de aliados: ‘não adianta chamar na eleição’

Relato foi feito à Coluna do Estadão por oito lideranças, da esquerda ao Centrão; a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, com recorde de reprovação do governo Lula e pior avaliação positiva em suas três gestões, piora o quadro e muitos já falam que nem querem mais o encontro porque o petista “pode ser tóxico” para eles em suas bases eleitorais

 

 

Por Roseann Kennedy e Iander Porcella / O ESTADÃO DE SP

 

Ao mesmo tempo em que amplia viagens pelo País para tentar resgatar sua popularidade, que entrou em queda livre, e chama o marqueteiro para turbinar a comunicação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém o gabinete fechado para a sua base. O petista “esnoba” deputados e senadores sem recebê-los para audiências, reclamam aliados. Agora, nomes de peso no Congresso começaram a mandar recados ao Planalto: “não adianta chamar na eleição”.

 

O mal-estar que já era grande ficou pior após a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, 14. Lula amarga uma marca inédita: em dois meses, caiu de 35% para 24%, e atingiu o pior índice de aprovação em seus três mandatos. A reprovação também é recorde, 41%, remetendo àquele antigo bordão do petista: “Nunca antes na história”.

 

O relato sobre o desdém do presidente foi feito à Coluna do Estadão por oito lideranças, da esquerda ao Centrão. São pessoas com cargos de destaque em partidos da base. Houve queixas até do PT, mas, neste caso, os integrantes da sigla sabem que não têm como se negar a atuar como cabos eleitorais em 2026, exceto que mudem de legenda.

 

Mas, se antes eles esperavam uma reunião ou um convite para um churrasco - algo que era comum ocorrer nos tempos do Lula 1 e Lula 2 -, muitos aliados agora começam a não querer mais o encontro. Até porque, alguns passaram a considerar que o aumento da avaliação negativa de Lula pode torná-lo “tóxico” em suas bases eleitorais. Ou seja, talvez agora seja melhor para os parlamentares se manterem afastados do governo para não serem “infectados” com a impopularidade presidencial.

 

Um político que costuma defender Lula lamentou que o presidente não tenha recebido os aliados nem para um “ fazer um retratinho”, enquanto estava em alta. Dessa forma, deputados e senadores se sentiriam minimamente prestigiados e teriam pelo menos uma foto com o presidente da República para mostrar a seus eleitores. Agora, vai ser mais difícil.

 

Fato é que, parlamentares frequentam tão pouco o Palácio do Planalto que, quando participam de eventos do governo, chegam a ser confundidos pela equipe de Lula. Há relatos de constrangimento.

 

A Coluna do Estadão mostrou em maio de 2023, no início do primeiro ano da gestão petista, que o Congresso já alertava Lula sobre o risco de ficar afastado de parlamentares. O presidente da República foi aconselhado a se reunir, por exemplo, com lideranças do Senado a cada 15 dias, o que nunca aconteceu.

 

Tombo na aprovação do governo faz Lula acelerar reforma ministerial e investir em pautas populares

Por Vera Rosa / O ESTADÃO DE SP

 

 

BRASÍLIA – A queda acentuada de aprovação do governo em um período de dois meses mostrou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a necessidade de acelerar a reforma ministerial para tentar imprimir outro ritmo à segunda metade de seu mandato. Em conversas reservadas, dois interlocutores de Lula disseram que o presidente está convencido de que precisará mudar a cara do governo e dar respostas rápidas sobre como enfrentar a alta de preços dos alimentos, se quiser ser candidato à reeleição, em 2026.

 

Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, 14, revelou a pior avaliação de Lula em todos os seus mandatos, superando até mesmo o índice de desapontamento verificado na crise do mensalão, em 2005. A aprovação do presidente caiu de 35% para 24%. O tombo foi ainda maior quando se analisa o grupo de eleitores que deu a vitória ao petista, em 2022, na disputa contra o então presidente Jair Bolsonaro (PL). Na lista estão os mais pobres, moradores do Nordeste e mulheres.

 

Antes mesmo desse levantamento, o novo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, já dizia esperar nova queda de aprovação do presidente após as crises provocadas por notícias falsas sobre taxação do Pix e pelo preço caro dos alimentos.

 

Sidônio pediu um prazo de três meses para o governo começar a reagir. Foi por causa desse diagnóstico sombrio que Lula voltou a viajar e a dar mais entrevistas.

 

Na avaliação do ministro – que nesta sexta-feira, 14, completou 30 dias no cargo –, a crise não se resume, porém, a problemas de marketing. “A expectativa da população é muito grande frente aos mandatos anteriores”, afirmou Sidônio ao participar de plenária do PT, no mês passado. “Mas a comunicação não está apenas na Secom. Ela envolve todo o governo: a política, a gestão e a comunicação são interligadas, transversais. É importante que essas áreas trabalhem em conjunto.”

 

Lula vai fazer uma reforma ministerial para fortalecer a articulação política do governo no Congresso, a relação do Palácio do Planalto com movimentos sociais e tentar construir alianças nos Estados com setores de centro-direita.

 

O governo também aposta agora em propostas como a da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil para se aproximar da classe média. Outras medidas, como a da total gratuidade de 41 medicamentos do programa Farmácia Popular e um projeto de lei que tem o objetivo de oferecer gás de cozinha de graça para 22 milhões de famílias, são consideradas importantes para alavancar a popularidade do presidente. Além disso, o governo também vai anunciar uma nova modalidade de crédito consignado privado.

 

“Eu tenho certeza de que é possível virar o jogo ainda este ano”, argumentou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). “Perdemos muitos dos nossos eleitores após a fake news do Pix e a alta do preço dos alimentos, mas mas dá para recuperar. A economia cresceu, o desemprego é o menor desde 2012 e a renda dos trabalhadores subiu 11%. Só que as pessoas não ligam isso ao governo Lula.”

 

Questionado sobre o que é preciso ser feito para que o governo se reconecte com seus eleitores, Lindbergh respondeu: “Agora é ir para a disputa política porque a pauta de 2025 tem de estar focada na vida do povo. Não podemos ficar perdendo tempo com a Faria Lima.”

 

O tímido anúncio da ampliação da gratuidade do programa Farmácia Popular foi considerado um erro por setores do governo e do PT. A medida foi divulgada nesta quinta-feira, 13, pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, no encerramento do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, em Brasília. “Isso é uma pauta muito boa. Não pode ser anunciada assim”, disse Lindbergh.

Aprovação de Lula cai para 24%, em pior marca de todos os seus mandatos, diz pesquisa Datafolha

Por Karina Ferreira / O ESTADÃO DE SP

 

 

A aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a uma marca inédita: em dois meses, caiu de 35% para 24%, atingindo o pior índice dos seus três mandatos na Presidência. De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, 14, a reprovação do governo do petista também é recorde, passando de 34% para 41%.

 

“crise do Pix” e a alta no preço dos alimentos ajudam a explicar a queda da popularidade do presidente, que tem apostado na comunicação do governo para reverter a imagem ruim.

 

Segundo o instituto, 32% acham que o governo está regular, três pontos porcentuais a mais do que em dezembro do ano passado, na penúltima pesquisa. Foram ouvidas 2.007 eleitores entre os dias 10 e 11, em 113 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.

 

Na série histórica da pesquisa, que avaliou os outros dois mandatos que o petista esteve no poder, Lula nunca chegou a um patamar tão baixo de aprovação. O pior índice havia sido no final de 2005, quando o PT atravessava o escândalo do mensalão, e chegou a 28% de avaliação “bom e ótimo”. Na penúltima pesquisa, em dezembro, foi o auge da avaliação ruim, com 34%.

 

A reprovação de Lula está um pouco pior do que a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a essa mesma altura do mandato, quando marcava 40% de “ruim ou péssimo”, apenas um ponto porcentual de diferença. A aprovação, no entanto, estava sete pontos acima que a do petista, com 31%.

 

Entre os segmentos, a aprovação de Lula caiu de 44% para 29% entre os mais pobres, que recebem até dois salários mínimos (com margem de erro de três pontos), e 15 pontos, de 53% para 38%, entre os que estudaram até o ensino fundamental.

 

É a inflação, presidente

Por Vera Magalhães / O GLOBO

 

 

A pior aprovação de Lula em todos os seus mandatos, constatada por pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, reflete um momento delicado de seu governo, em que o presidente evidencia a falta de projeto claro para o terceiro mandato, adota medidas e falas contraproducentes no afã de melhorar sua avaliação e flerta com aquela que é a principal razão do descontentamento de amplos espectros da população brasileira com ele: a inflação descontrolada.

 

Vamos aos números: segundo o Datafolha, Lula é considerado ótimo ou bom por 24% dos brasileiros. Eram 35% em dezembro, o que mostra uma erosão de 11 pontos percentuais em apenas dois meses. O petista faz um trabalho ruim ou péssimo para 41% do universo pesquisado, ante 34% que respondiam o mesmo há dois meses.

 

Nesse intervalo de tempo, o preço dos alimentos explodiu e o governo viveu duas crises que deixaram clara sua falta de rumo: a lambança da portaria da Receita sobre o Pix, que, por ter sido mal explicada, ensejou uma onda de desinformação segundo a qual o governo federal iria taxar o popular e gratuito meio de transferência de dinheiro, e a própria procura por medidas infrutíferas para controlar o preço dos alimentos.

 

Nesse segundo round, salta aos olhos uma contradição importante: embora pareça compreender o quanto a inflação descontrolada é fatal para qualquer governo, inclusive para o seu, Lula continua todos os dias fustigando o Banco Central, mesmo agora, que é comandado por Gabriel Galípolo, indicado por ele, pela alta dos juros --necessária justamente para tentar levar a inflação para a meta, que é fixada, diga-se, pelo CMN, integrado por dois ministros... de Lula! Mais inteligente para se livrar do mau humor de quem vai à feira ou ao mercado que sugerir que as troquem itens caros por outros mais baratos, o que é óbvio e denota desespero, seria fechar a matraca por uns meses e deixar o BC fazer seu trabalho.

 

Enquanto isso, o presidente deveria dedicar seu tempo e sua energia menos a entrevistas sem roteiro em que invariavelmente produz arsenal contra si --como foi esse caso da sugestão de apertar os cintos em vez de cumprir a promessa da picanha com cerveja-- e mais a descobrir qual a marca que quer deixar deste mandato.

 

O tombo do Datafolha se deu em praticamente todos os segmentos do eleitorado, inclusive nos que garantiram a vitória apertada de Lula sobre Jair Bolsonaro em 2022. Entre os mais pobres, a queda foi de nada menos que 15 pontos. Sinal de que é urgente para ele compreender de fato o que deseja o novo eleitor de baixa renda, baixa escolaridade e que vive no Nordeste, porque a velha receita de salário mínimo e Bolsa Família não atende mais esse público.

 

Pelo contrário: toda vez que chega no ouvido desse eleitor que o governo estuda a volta do imposto sindical, o fim do saque-aniversário do FGTS ou está bolando formas de regular o trabalho por aplicativos o entendimento que se consolida na ponta é o de que o Estado guloso quer morder o pouco que esse empreendedor que rala dia e noite consegue juntar.

 

Para esse eleitor, o discurso pisado e repisado por Lula de defesa da democracia tem pouco ou nenhum apelo. Trata-se de um contingente que ou votou em Bolsonaro ou mesmo votou nele, mas não vê o 8 de Janeiro como golpe ou não coloca isso no centro de suas preocupações. Por isso, flertar com a ideia de enfrentar Bolsonaro, como Lula fez em outra entrevista recente, é duplamente problemático: porque é contraditório justamente com a ênfase no risco que ele representa para a democracia, e porque talvez Gilberto Kassab tenha dado um alerta correto e, com as variáveis de hoje, seria de fato imprevisível um embate entre os representantes dos dois polos da política brasileira hoje.

 

Nem no auge da crise do mensalão, em 2005, tanta gente disse rejeitar Lula, segundo o Datafolha. Isso porque, naquela época, não havia um antilulismo e um antipetismo tão arraigados quanto hoje, 20 anos depois, e porque Lula conseguiu, mesmo enfrentando sucessivas tempestades naquele ano e em 2006, acenar com conquistas econômicas e sociais que lhe garantiram a reeleição.

 

Agora, mesmo com indicadores positivos de macroeconomia e tendo aumentando a renda média do país e o tirado do mapa da fome, ao qual havia regressado nos anos Bolsonaro, o presidente não consegue reverter essas conquistas a seu favor, porque parece ter perdido um pouco o mapa de como alcançar esse eleitor e o tom para falar com ele.

 

A reforma ministerial que demora demais a fazer é outro sinal da descalibragem que fica evidente pelos números do Datafolha: as peças que ele fala em trocar não estão em pastas-chave para atingir a população e, nessas últimas, ele pretende manter ministros ineficazes ou porque são amigos de longa data ou porque transformou em questão de honra sua permanência.

O único alívio para Lula no cenário atual se chama justamente Jair Bolsonaro: além de estar na iminência de se tornar réu por tentativa de golpe, o capitão, autocentrado, embola o meio de campo na oposição ao se recusar a deixar que se escolha um candidato para 2026. Lula precisaria aproveitar essa contingência para arrumar seu próprio time, sob pena de chegar fraco a uma eleição em que outros tantos fatores imprevisíveis, como o caos Donald Trump, podem influenciar a decisão do eleitor para um lado ou para o outro.

 

Fica evidente que a tentação de deixar de vez a austeridade fiscal de lado e apelar a medidas populistas no desespero de se reeleger vai ser cada vez maior, ainda mais se Lula cumprir o que parece disposto a fazer e nomear para o governo mais petistas contrários a Fernando Haddad. Enveredar pelo caminho da gastança não vai resolver a crise de avaliação e pode ainda ser muito deletério para o país.


Nordeste, mais pobres e eleitor de 2022: queda na popularidade de Lula é puxada por segmentos ligados à base do PT

Por  — Rio de Janeiro / O GLOBO

 

 

A queda na avaliação positiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apontada pela pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira foi puxada pelos segmentos que formam a base eleitoral do petista, em especial a população com renda de até dois salários mínimos, fatia que representa pouco mais da metade da amostra da pesquisa. A percepção positiva do governo também teve um recuo acentuado no Nordeste, região tradicionalmente alinhada com o PT, e entre os eleitores de Lula no segundo turno de 2022.

 

avaliação positiva do governo caiu 11 pontos percentuais, de 35% para 24%, nos últimos dois meses. O atual patamar de ótimo/bom, no início da segunda metade do terceiro mandato de Lula, é inédito para o petista em todas as suas gestões à frente do Palácio do Planalto. A avaliação negativa do governo (ruim ou péssima) também é recorde e subiu, no período, de 34% para 41%. Já o percentual da população que considera a gestão regular variou de 29%, em dezembro, para 32% no levantamento mais recente.

 

No segmento com menor renda, a avaliação de que a gestão é ótima ou boa caiu de 44% para 29%. Já entre eleitores do Nordeste, tradicional reduto do petismo, o mesmo índice passou de 49% para 33%, equanto a avaliação negativa entre quem mora na região chega a 30%.

 

Na parcela com escolaridade até o ensino fundamental, a queda na avaliação positiva foi de 15 pontos percentuais, passando de 53% para 38%. Ainda assim, a gestão Lula tem avaliação ótima/boa superior à negativa, com uma margem de dez pontos percentuais.

 

Outra redução expressiva ocorreu entre os eleitores que declaram ter votado em Lula no segundo turno de 2022. A avaliação de que o governo é ótimo/bom caiu 20 pontos percentuais, chegando a 46%. Já a percepção negativa quase dobrou nesse grupo, de 7% para 13%. A parcela que avalia o governo como regular, porém, foi a que mais cresceu, passando de 27% para 40%.

 

Entre as mulheres, a parcela que aprova o governo caiu 14 pontos percentuais, passando de 38% para 24%. Pela primeira vez nesta gestão de Lula, houve uma igualdade no nível de insatisfação feminino e masculino — entre eles a queda foi de 9 pontos. A margem de erro é de 3 pontos percentuais. No segmento católico, por sua vez, a queda foi de 14 pontos percentuais na comparação com dezembro.

 

A pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira ouviu presencialmente com 2.007 eleitores de 16 anos ou mais em 10 e 11 de fevereiro. A margem de erro geral da pesquisa é de dois pontos percentuais.

 
 

Datafolha: Aprovação de Lula desaba para 24% e é a pior de todos os seus mandatos

Igor Gielow / FOLHA DE SP

 

A aprovação do presidente Lula (PT) desabou em dois meses de 35% para 24%, chegando a um patamar inédito para o petista em suas três passagens pelo Palácio do Planalto. A reprovação também é recorde, passando de 34% a 41%.

Acham o governo regular 32%, ante 29% em dezembro passado, quando o Datafolha havia feito sua mais recente pesquisa sobre o tema. Neste levantamento, foram ouvidos 2.007 eleitores em 113 cidades, na segunda (10) e na terça-feira (11), com margem de erro geral de dois pontos para mais ou menos.

O tombo demonstra o impacto de crises sucessivas pelas quais passa o governo, sendo a mais vistosa delas a do Pix. Ela ocorreu em janeiro, com a divulgação de que o governo iria começar a fiscalizar transações superiores a R$ 5.000 pela modalidade instantânea de transferência bancária.

 

Ato contínuo, houve uma cobrança da oposição, sugerindo controle indevido, e uma enxurrada de fake news dizendo que haveria uma taxação do Pix. O governo ficou atônito, e restou à Fazenda do ministro Fernando Haddad (PT) revogar a medida.

Lula preferiu atribuir o fiasco à sua comunicação e trocou a chefia do setor, promovendo o marqueteiro baiano Sidônio Palmeira, que de todo modo já estava ativo no Planalto, para a vaga do petista Paulo Pimenta. Os problemas, contudo, continuaram.

A inflação de alimentos é um foco constante de preocupação, e o presidente não contribuiu com frases como aquela na qual sugeriu que as pessoas parassem de comprar comida cara. Se na teoria parece lógico, soou como um lavar de mãos, devidamente aproveitado pela mais ágil oposição.

Resultado: Lula colheu a pior avaliação de sua vida como presidente. Antes, havia atingido 28% de ótimo e bom em outubro e dezembro de 2005, no auge da crise do mensalão, em seu primeiro mandato (2003-06). Já o maior índice de ruim e péssimo fora registrado em dezembro passado (34%).

Novo Datafolha

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Seu terceiro mandato, iniciado em 2023, vinha sendo marcado por uma certa estabilidade na avaliação. Na média entre nove levantamentos do Datafolha, sua aprovação era de 36% e a reprovação, de 31%. Os números atuais falam por si.

Seu antagonista principal na polarização brasileira, o antecessor Jair Bolsonaro (PL), tinha uma reprovação semelhante a essa altura de seu mandato, marcando 40% de ruim/péssimo. Sua aprovação, contudo, era algo melhor: 31%.

A pesquisa mostra a erosão da popularidade de Lula inclusive em grupos usualmente próximos do petista, o que deve tornar as luzes amarelas acesas no Planalto em vermelhas. São estratos com grande importância eleitoral pelo tamanho.

Na parcela dos que ganham até dois salários mínimos, por exemplo, a aprovação caiu de 44% para 29%. Eles representam 51% da amostra populacional do Datafolha, e a margem de erro no grupo é de três pontos percentuais apenas.

Nos 33% dos ouvidos que só têm ensino fundamental, o tombo foi também de 15 pontos: de 53% para 38%. Aqui, a margem de erro é de quatro pontos.

Mesmo na fortaleza Nordeste, reduto eleitoral por excelência do petismo apesar do avanço do bolsonarismo, houve grande prejuízo, com o ótimo/bom deslizando de 49% para 33%, numa região que concentra 26% do eleitorado, com margem também de quatro pontos.

Entre eleitores de Lula no segundo turno contra Bolsonaro em 2022, o recuo foi de 20 pontos, chegando a 46%. Aqui, a desaprovação quase dobrou (7% para 13%), mas a desconfiança fez a opinião migrar mais para o regular, que foi de 27% para 40%. A margem de erro é de quatro pontos.

Colocando os números de aprovação na forma de saldo, Lula só se sai no azul entre os menos escolarizados, com uma margem positiva de dez pontos, e numericamente entre os nordestinos, com magros três pontos.

Já os piores grupos, em termos de saldo, são as três faixas de renda acima dos 2 mínimos: de 2 até 5 e de 5 até 10 salários (33 pontos negativos em ambos) e acima de 10 (45 negativos), ressalvando que aí as margens de erro são respectivamente de 4, 8 e 12 pontos, para mais ou menos.

A pesquisa não fez especulações eleitorais, mas servirá de combustível para o debate surdo que se ouve nas hostes governistas acerca das chances de Lula em 2026.

Outros levantamentos publicados recentemente apontam que ele segue favorito, mas ainda é cedo e não se sabe o impacto de longo prazo de uma exposição à chuva da desaprovação.

O próprio presidente tem tentado sugerir cautela, dizendo que será candidato no ano que vem "se estiver legal de saúde". Ele já escolheu uma linha argumentativa, repetida por seus ministros, para explicar a crise em que seu governo se encontra.

"Esse é o meu ano. Eu quero desmascarar essa quantidade de mentira que tem nas fake news, no celular, todo mundo mentindo para todo mundo", disse em viagem à região Norte na semana passada, restando sabe se isso será suficiente para inverter a curva ora desfavorável de sua aprovação.

Enquanto isso, a oposição se mexe, com os presidenciáveis mais óbvios, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e variantes do bolsonarismo das redes, como Pablo Marçal e Gusttavo Lima, testando as águas. Bolsonaro segue inelegível até 2030.

Desmonte: ‘O serviço público não pode ser interrompido pelo simples fato de estar mudando o gestor’, alerta PGJ do Ceará

 

Em meio às denúncias de desmonte promovido por ex-prefeitos contra prefeituras cearenses, o procurador-geral da Justiça (PGJ) do Ceará, Haley Carvalho, disse que o Ministério Público do Estado (MPCE) está focado na apuração das denúncias e tem solicitado mais informações aos municípios para identificar as irregularidades.

A declaração foi dada durante a live do PontoPoder desta quinta-feira (13). O chefe do MPCE foi entrevistado pelos editores do PontoPoder, Jéssica Welma e Wagner Mendes. O “desmonte” costuma ocorrer a cada quatro anos, entre as eleições municipais e a posse dos novos mandatários. A prática consiste na desestruturação da administração pública de forma planejada para dificultar ou inviabilizar a continuidade dos serviços públicos para a próxima gestão.

De acordo com o procurador-geral da Justiça, os casos mais comuns de desmonte envolvem sucateamento de serviços públicos.

“Já chegou a acontecer o desaparecimento de documentos e informações, além de questões relacionadas a dívidas deixadas por um gestor, são inúmeras situações. O que procuramos, como Ministério Público, é assegurar a continuidade do serviço público para que a mudança de gestão não paralise o atendimento”, disse.

“Que o município continue prestando o serviço ao cidadão de forma contínua, isso é o que a gente mais se preocupa, principalmente no que é básico: água, energia, saúde, hospitais, postos, Creas, conselhos… O serviço público não pode ser interrompido pelo simples fato de estar mudando o gestor”
Haley Carvalho
Procurador-geral da Justiça do Ceará

Investigação

As condutas incluem ainda sucateamento de bens públicos; demissão em massa de servidores comissionados ou contratos temporários; interrupção de serviços essenciais; destruição de arquivos importantes e até comprometimento orçamentário.

Procurador-geral da Justiça (PGJ) do Ceará, Haley Carvalho

Legenda: Procurador-geral da Justiça (PGJ) do Ceará, Haley Carvalho

Farmácia Popular terá 100% de gratuidade em todos os itens, como fraldas geriátricas, anuncia ministério

Por  — Brasília / O GLOBO

 

Os beneficiários do programa Farmácia Popular não terão mais que desembolsar recursos para receber alguns tipos de medicamentos. Em reunião com os prefeitos nesta quinta-feira, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou que a rede credenciada passará a distribuir de graça todos os 41 itens incluídos no programa — o total de insumos oferecidos.

 

Antes da medida, 39 produtos já eram oferecidos sem custos para a população. A medida deve beneficiar um milhão de pessoas por ano em todo o país, principalmente idosos, segundo estimativa do ministério. Hoje, parte dos itens são pagos com algum desconto, e outra parte é de graça.

 

Com essa ampliação, as fraldas geriátricas passam a ser fornecidas de graça para o público elegível, como pessoas com 60 anos ou mais. A Dapagliflozina, medicamento utilizado no tratamento da diabetes associada à doença cardiovascular, também será ofertada sem custo para o público.

 

"A iniciativa fortalece o acesso da população a medicamentos essenciais e expande a cobertura do programa", informou o ministério em nota. Entre 2022 e 2024, foram incluídos no programa cerca de quatro milhões de novos beneficiários. No período, o total de pessoas atendidas passou de 20,7 milhões para 24,7 milhões.

 

O programa também oferece remédios para diabetes, asma, hipertensão, osteoporose, anticoncepção, colesterol alto, rinite, doença de Parkinson e glaucoma.

Atualmente, a iniciativa está presente em mais de 31 mil farmácias credenciadas de 4.812 municípios. Além da ampliação da gratuidade, a ministra Nísia Trindade anunciou nova fase de credenciamento para farmácias privadas em 758 municípios que ainda não são atendidos pelo programa.

 

Com as novas habilitações, a expectativa é a universalização do Farmácia Popular. Atualmente, o programa está presente em 4.812 municípios, abrangendo 86% das cidades do país e cobrindo cerca de 97% da população por meio de mais de 31 mil farmácias credenciadas.

 

Libertação do Pé-de-Meia poupa governo de desgaste e mantém trunfo político para Camilo e Lula

Escrito por
Inácio Aguiar / DIARIONORDESTE

A decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de liberar os R$ 6 bilhões para o programa Pé-de-Meia, a poupança do ensino médio brasileiro, pode ser vista como uma vitória para o governo federal diante das circunstâncias. A medida evita o risco iminente de paralisação de pagamentos e afasta, pelo menos por agora, um desgaste público que poderia ser explorado pela oposição, tendo em vista que o programa, inegavelmente, é uma vitrine política do terceiro governo Lula. 

Entretanto, a exigência do TCU para que o governo encontre uma solução definitiva no orçamento de 2025 abre uma nova frente de disputa no Congresso e coloca a capacidade de articulação política de Lula e do ministro Camilo Santana à prova mais uma vez. 

O Pé-de-Meia é uma das grandes apostas sociais do governo. Os estudantes beneficiários são da rede pública e de baixa renda, o que dá à iniciativa um forte apelo junto ao eleitorado jovem e às famílias mais vulneráveis, segmentos essenciais para o presidente e para o PT.  

Desde o início, Camilo assumiu o papel de fiador do programa, gestado no MEC. No primeiro ano como ministro, o ex-governador cearense teve sua capacidade de articulação testada em diferentes frentes: primeiro, ao viabilizar a criação do programa dentro do governo; depois, ao garantir sua implementação junto ao Congresso; e, mais recentemente, ao atuar junto à Advocacia-Geral da União para reverter a decisão inicial do TCU que bloqueava os recursos. A liberação dos pagamentos reforça sua posição dentro do governo em uma área estratégica para Lula, a proteção social. 

É vitória, mas nem tanto 

O episódio, no entanto, está longe de ser uma “vitória incontestável”. O TCU informou que o governo precisa garantir uma previsão orçamentária para o Pé-de-Meia em 2025, o que exigirá uma nova rodada de negociações com o Congresso Nacional. Se hoje Camilo e o governo respiram aliviados, amanhã terão de enfrentar uma batalha mais complexa: a de garantir fontes permanentes de financiamento para que o programa não fique à mercê de novas contestações. 

A articulação no Congresso, onde o governo tem demonstrado fragilidade, será determinante para o futuro do Pé-de-Meia. Parte da oposição já demonstrou resistência à ampliação de gastos em programas sociais e a base, por sua vez, precisa de maior poder de convencimento. É nesse cenário que o papel de Camilo volta a ser central: como principal avaliador da política, caberá a ele e à equipe econômica encontrar caminhos para consolidar a forma permanente. 

Os recados políticos 

No aspecto político, a manutenção do Pé-de-Meia dá um fôlego ao governo, em um cenário conturbado com alta no preço dos alimentos, cenário internacional desfavorável e dificuldades na Articulação. Lula e Camilo Santana conseguem evitar um desgaste imediato, mas o teste político no Congresso será igualmente relevante. 

Camilo e Lula

Usina de energia eólica em cidade do Ceará pode abastecer 260 mil casas e incrementar R$ 2 bilhões no PIB do Estado

Redação / DIARIONORDESTE

 

Uma usina de energia eólica foi inaugurada em Icapuí, no Litoral Leste do Ceará, nesta quarta-feira (12). Nomeado de Kairós, o novo empreendimento deve incrementar R$ 2,175 bilhões no PIB do Estado, de acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

 

Propriedade do Grupo Darby International Capital, o parque gerador tem capacidade instalada de 112,5 MW, contando com 25 aerogeradores do tipo V150-4,5MW. As turbinas dos equipamentos foram fabricadas em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza.

 

EMPREGO E RENDA

 

A partir do projeto, 1.200 empregos foram gerados na fase de construção e, pelo menos, 60 vagas permanentes serão abertas para fins de manutenção e operação. O parque eólico tem vida útil de 20 anos, segundo o Governo do Ceará. 

 

 

De acordo com estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), o PIB per capita cresceu 20% entre 2001 e 2022 em municípios onde as usinas foram instaladas.

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EOLICAS

 

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