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Auxílio emergencial de 2021 é a ponta do iceberg para o governo

 / ESTADÃO

 

A prorrogação do auxílio emergencial por mais 3 meses é apenas a ponta do iceberg. O gasto público deixou de ser o maior problema do governo Jair Bolsonaro. Com o alerta de emergência hídrica, o Brasil escancarou a crise no setor, consequência da maior seca em 91 anos. Até então, 5 estados foram colocados em alerta: São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná.

 

Historicamente, a matriz elétrica brasileira é predominantemente hídrica, ou seja, depende de chuva e segue com 72% de energia gerada pelas usinas hidroelétricas.

Entretanto, nos últimos anos, os reservatórios ficaram pressionados. Segundo relatórios do Inter Research, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% do armazenamento, tem sido afetado desde 2020 pelo fenômeno La Niña, que causa a alteração cíclica das temperaturas.

Essas mudanças podem causar uma série de outros fenômenos, como aumento do calor, diminuição da chuva e a formação de secas. Isso sem falar que os reservatórios da região estão com 29% da sua capacidade total.

Energia 52% mais cara na bandeira vermelha

Para diminuir os efeitos desta crise, a solução escolhida foi o acionamento das usinas termelétricas, que funcionam a base da queima de combustível. Esse processo torna a ativação mais cara e o preço é repassado para o consumidor final, que sofre com a bandeira vermelha. Os preços da conta de luz já subiram no último mês, deixando a bandeira vermelha 52% mais cara, disse Bea Aguillar, do Canal Papo de Bolsa, durante a live QG do Mercado.

O Ministério de Minas e Energia estima que terá um custo de R$9 bilhões ao consumidor somente por ter acionado tais usinas. Esse valo será repassado, gerando um aumento de 5% no total da tarifa de luz.

Para alguns especialistas, a falta de alternativas às falhas do sistema hidroelétrico é um dos motivos destes acontecimentos, afinal, buscar uma alternativa em meio a crise é como enxugar gelo.

Setores que mais sofrem impacto

Podemos dizer que o aumento no valor da energia pode pressionar ainda mais a inflação, que já está em 8% nos últimos 12 meses.

Além disso, existe incerteza sobre quais as proporções dos impactos da crise hídrica no País – o consenso entre analistas é que existe um risco real de racionamento.

É importante salientar que empresas e setores que dependem da energia para a produção de seus produtos também serão indiretamente afetadas. É o caso do setor de extração mineral e papel e celulose.

Já do outro lado da crise, empresas que trabalham diretamente com a energia renovável ou geradas por termelétricas, podem ser até mesmo cases de oportunidade de curto, médio e longo prazos. Afinal, as ações podem disparar em tempos de crise hídrica. Como é o caso da Eneva, campeã no setor.

As companhias elétricas de transmissão não devem sofrer tanto quanto as produtoras. Com histórico de serem ótimas pagadoras de dividendos, essas empresas possuem longos contratos, todos corrigidos com índices inflacionários, o que garante segurança para quem investe.

Por isso, empresas como a Taesa (TAEE11) e a Transmissão Paulista (TRPL4) não devem sofrer tanto com a crise e podem se tornar um porto seguro para muitos investidores.

Caso Covaxin repete roteiro de compra investigada no Ministério da Saúde

Julia Affonso e Vinícius Valfré, O Estado de S.Paulo

06 de julho de 2021 | 09h25

BRASÍLIA - Pressão de autoridades do Ministério da Saúde, pedido de pagamento antecipado, recusa de servidor da pasta em assinar documentos e ingerência externa fizeram parte do processo de compra da vacina indiana Covaxin em fevereiro deste ano, segundo registrou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado, em depoimentos e documentos. Mas não foi a primeira vez que isso aconteceu com uma negociação entre a pasta e empresas de Francisco Maximiano, o sócio da Precisa Medicamentos, que intermediou o contrato alvo de investigação agora.

Em 2017, uma compra de medicamentos de alto custo contra doenças raras da Global Gestão em Saúde, outra empresa de Maximiano, virou alvo do Ministério Público Federal, que denunciou a firma por participação em um esquema de desvio de recursos públicos. Na ocasião, o Ministério da Saúde pagou a ele R$ 19,9 milhões antecipadamente pelos remédios, que nunca foram entregues.

Preicsa Medicamentos
O prédio que abriga a Precisa Medicamentos, de Francisco Maximiano, em Alphaville, na região metropolitana de São Paulo  Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO (22/6/2021)

Em depoimentos a procuradores sobre o caso, servidores da pasta relataram suspeitas envolvendo a aquisição dos remédios. Os pontos em comum com o caso atual são: 1) pedido de pagamento antecipado dos R$ 19,9 milhões à Global; 2) pressão do então chefe Departamento de Logística, Davidson Tolentino, nome ligado ao Centrão, para fazer o pagamento; 3) recusa de um servidor em assinar o pagamento antecipado; 4) a ingerência de Maximiano diretamente a um servidor do Ministério da Saúde, via e-mails; 5) a participação de Thiago Fernandes da Costa, que foi coordenador de Compra por Determinação Judicial da pasta e atualmente é assessor do Departamento de Imunização de Doenças Transmissíveis.

Cinco anos depois, o chefe da área de importação do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, denunciou um roteiro semelhante envolvendo a compra da Covaxin. Em depoimento à CPI da Covid, no último dia 25, o servidor disse ter sofrido "pressões atípicas" de seus superiores para acelerar a compra de 20 milhões de doses da vacina por R$ 1,6 bilhão — entre eles, Robero Ferreira Dias, nome ligado ao Centrão e que, até a semana passada, comandava o Departamento de Logística. 

Segundo Luis Ricardo, uma fatura que previa pagamento antecipado chegou a ser enviada ao seu setor, mas ele se recusou a assinar e acionou seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF). Os documentos entregues pelos irmãos Miranda à CPI indicaram ainda a participação de Thiago Fernandes da Costa na compra da Covaxin. Costa é réu na ação por improbidade administrativa pelo pagamento à Global. Hoje líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR) foi ministro da Saúde entre 2016 e 2018, quando o negócio com a Global foi fechado.

O envolvimento de Barros é outro ponto de convergência entre os dois casos. À CPI, Luis Miranda disse que levou as suspeitas de corrupção no contrato da Covaxin ao presidente Jair Bolsonaro, em reunião no Palácio da Alvorada no dia 20 de março deste ano. Na ocasião, segundo o parlamentar, Bolsonaro se referiu às denúncias como "mais um rolo" de Barros. 

No caso dos medicamentos nunca entregues por Maximiano, o MPF sustenta que o então ministro atuou pessoalmente para a liberação do pagamento. A pressão foi relatada por Victor Lahud, servidor do Ministério da Saúde que chefiava a Coordenação de Execução Orçamentária e Financeira. 

Segundo Lahud, Toletino, então diretor do Departamento de Logística indicado pelo Progressistas, partido de Barros, solicitou, mais de uma vez, que fosse feito um pagamento antecipado de R$ 19,9 milhões para a Global. O fluxo normal é que este tipo de pagamento ocorra após o recebimento do produto.

Lahud declarou, em depoimento no inquérito, também ter "recebido alguns e-mails de Francisco Maximiano, sócio da empresa Global". Na ocasião, respondeu que o pagamento antecipado dependia de uma série de requisitos que não haviam sido cumpridos.

O servidor relatou que recebeu telefonema do gabinete do Departamento de Logística, no dia seguinte ao e-mail de Maximiano, cobrando o pagamento antecipado à Global. Ele citou o nome de Alexandre Lages, então diretor substituto do Departamento de Logística.

"As cobranças partiam do Sr. Alexandre Lages, bem como de outras pessoas ligadas ao gabinete, alegando sempre que o diretor (Tolentino) e o próprio ministro (Barros) estavam cobrando; que todos os telefonemas sempre mencionavam o nome do ministro, como forma de pressionar à providência", apontou o depoimento.

Ao MPF, Lahud disse não ter assinado a ordem bancária de pagamento antecipado. Segundo o servidor, o documento deveria ser validado pelo gestor financeiro, que seria ele, e pelo ordenador de despesas, que seria o diretor de Logística.

"Como o declarante se recusou a pagar, a ordem foi assinada pelo DLOG (Tolentino) e pelo Sr. Alexandre Lages, que assinou como gestor financeiro; que, para se resguardar de qualquer responsabilidade, o declarante relatou a situação por e-mail ao DLOG e sugeriu, inclusive, a submissão dos autos à CONJUR (Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde)", relatou Lahud no depoimento.

Apesar dos pontos em comum entre os dois casos investigados, servidores da pasta que lidam diretamente com licitações consultados pelo Estadão apontam algumas diferenças. No contrato da Global, havia uma decisão judicial que determinava a compra dos medicamentos, o que foi usado como justificativa pelos gestores da época para autorizar o pagamento antecipado. Já no caso da Covaxin, havia uma demanda emergencial para a compra, em modalidade criada por lei específica e, até o momento, não houve pagamento. 

Procurado, o ex-diretor Davidson Tolentino não se manifestou, assim como o empresário Francisco Maximiano, proprietário da Global e da Precisa. A reportagem não localizou a defesa de Alexandre Lages. Ele chegou a ser subsecretário de logística em Saúde do Governo do Distrito Federal. Acabou exonerado após apenas cinco meses, ainda em 2019. 

A defesa de Thiago Fernandes da Costa informou que quando o servidor entrou no Ministério da Saúde, os fatos narrados pelo Ministério Público Federal na ação sobre o caso da Global já haviam ocorrido. Os advogados responsáveis alegaram que ele não participou das supostas irregularidades.

Campanha de vacinação contra influenza vai até sexta-feira

Até esta segunda-feira (5), a terceira e última etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza 2021 atingiu 41,4% da cobertura vacinal, com a aplicação de 34.578.318 doses, informa o Ministério da Saúde.

A campanha começou em 9 de junho e vai até a próxima sexta-feira (9 de julho) e visa imunizar 79.744.770 brasileiros. Estados e municípios já receberam 73.067.630 de doses. Os dados podem ser encontrados no Painel Influenza 2021.

Segundo a plataforma que disponibiliza os dados da campanha, mais de 73 milhões de doses foram enviadas para estados e municípios. Na semana passada, a pasta informou que autorizou a ampliação da campanha para todas as faixas etárias a partir de 6 meses de idade.

"Campanhas de imunização são prioridade do Ministério da Saúde e resolvemos ampliar a vacinação contra a Influenza para todos os grupos. O nosso objetivo é reduzir os casos graves de gripe que também pressionam o nosso sistema de saúde", afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na nota que comunica a ampliação da campanha.

Segundo o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), 31.951.312 de pessoas foram imunizadas com dose única. Outras 1.846.803 tomaram a primeira injeção da vacina multidose e 779.203 completaram o ciclo do imunizante multidose.

São Paulo lidera o ranking de vacinados. Segundo os dados do PNI, a cidade conta com 7,9 milhões de pessoas vacinadas com dose única, 314 mil com a primeira dose e 165 mil com o ciclo completo da vacina multidose. A cobertura vacinal é de 44,9%.

A plataforma LocalizaSUS divulga, ainda, informações sobre o número de doses aplicadas em grupos prioritários. Cerca de 62,4% da população infantil (abaixo de 17 anos) foi imunizada, seguida por 59,9% da população de puérperas. Em terceiro lugar, povos indígenas, com 55,7% do total de vacinados. Gestantes foram 54,6% de imunizadas e 51,4% dos idosos brasileiros também foram vacinados. 

Como ser vacinado

O Ministério da Saúde recomenda que quem está prestes a ser vacinado contra a covid-19 tome primeiramente o imunizante contra o novo coronavírus. Feito isso, é necessário esperar por no mínimo 14 dias para se vacinar contra a gripe.

Segundo as orientações sanitárias oficiais, para receber a vacina basta comparecer a um posto de saúde portando caderneta de vacinação e documento com foto. Não ter a caderneta de vacinação em mãos não é impeditivo para tomar as vacinas ofertadas pelo Ministério da Saúde, mas é necessário ter o cadastro no SUS, que também pode ser feito durante o atendimento.

A população que ainda não estiver pré-cadastrada no PNI ou no sistema do SUS pode realizar o procedimento pelo aplicativo Conecte SUS, disponível para as plataformas iOS e Android.

Edição: Pedro Ivo de Oliveira / Agência brasil

Governo prorroga auxílio emergencial por mais três meses

O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta terça-feira (5) o decreto que prorroga por três meses o pagamento do auxílio emergencial à população de baixa renda afetada pela pandemia da covid-19. Com isso, o benefício, que terminaria agora em julho, será estendido até outubro. De acordo com a Secretaria-Geral da Presidência da República, o ato será publicado na edição de amanhã (6) do Diário Oficial da União (DOU).

Também foi editada uma medida provisória (MP) que abre crédito extraordinário para custear o pagamento complementar do auxílio. No mês passado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, informou que o custo mensal do programa, que paga um benefício médio de R$ 250 por família, é de R$ 9 bilhões.

O auxílio emergencial foi criado em abril do ano passado pelo governo federal para atender pessoas vulneráveis afetadas pela pandemia da covid-19. Ele foi pago em cinco parcelas de R$ 600 ou R$ 1,2 mil para mães chefes de família monoparental e, depois, estendido até 31 de dezembro de 2020 em até quatro parcelas de R$ 300 ou R$ 600 cada.

Neste ano, a nova rodada de pagamentos prevê parcelas de R$ 150 a R$ 375, dependendo do perfil. As famílias, em geral, recebem R$ 250; a família monoparental, chefiada por uma mulher, recebe R$ 375; e pessoas que moram sozinhas recebem R$ 150.

Regras

Pelas regras estabelecidas, o auxílio será pago às famílias com renda mensal total de até três salários mínimos, desde que a renda por pessoa seja inferior a meio salário mínimo. É necessário que o beneficiário já tenha sido considerado elegível até o mês de dezembro de 2020, pois não há nova fase de inscrições. Para quem recebe o Bolsa Família, continua valendo a regra do valor mais vantajoso, seja a parcela paga no programa social, seja a do auxílio emergencial.

Edição: Fernando Fraga / AGÊNCIA BRASIL

No DF, Queiroga aplica vacina em Tarcísio de Freitas e André Mendonça

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, recebeu, hoje (5), a primeira dose da vacina contra a covid-19. Freitas, que completou 46 anos de idade em junho, foi imunizado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que é médico. O ministro vacinou também outras pessoas que aguardavam na fila, entre elas o ministro da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, 48 anos, que, segundo a assessoria, recebeu sua primeira dose.

Os ministros estiveram, nesta manhã, na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Guará, região administrativa do Distrito Federal a cerca de 13 quilômetros da Esplanada dos Ministérios. Segundo a assessoria do Ministério da Infraestrutura, a imunização de Freitas e Mendonça por Queiroga foi previamente acertada, após o agendamento das vacinas, a fim de estimular a população a se vacinar.

O ministro da Infraestrutura comentou o fato em sua conta pessoal no Twitter, compartilhando o momento em que recebe a vacina.

“Chegou a minha vez, pelo Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. Vacinado pelo doutor Marcelo Queiroga, na UBS número 1, do Guará”, escreveu Freitas.

Desde a última quinta-feira (1), o governo do Distrito Federal vem vacinando pessoas acima de 46 anos, além de pessoas com outras doenças e grupos prioritários, mas já no sábado (3), a secretaria de Saúde abriu o agendamento para começar a imunizar as pessoas de 44 anos de idade ou mais, a partir da próxima quarta-feira (7).

Também nas redes sociais, o Ministério da Saúde informou que, até esta manhã, já foram distribuídas 143,2 milhões de doses das vacinas contra a covid-19 para os 26 estados e para o Distrito Federal. Destas, 105,3 milhões de doses já foram aplicadas, de acordo com a pasta.

Ao menos 77,63 milhões de pessoas receberam ao menos uma dose do imunizante, e 27,64 milhões receberam duas doses.

Edição: Maria Claudia / AGÊNCIA BRASIL

Governo destina R$ 2,1 bi via orçamento secreto para Saúde

Lorenna Rodrigues e Breno Pires, O Estado de S.Paulo

 

BRASÍLIA - Em meio a denúncias de corrupção na compra de vacinas, o governo Jair Bolsonaro voltou a disponibilizar recursos via orçamento secreto e autorizou o repasse de R$ 2,1 bilhões em emendas do relator-geral do Orçamento para fundos municipais de saúde. A transferência das verbas está prevista em 28 portarias assinadas na semana passada, entre 28 e 30 de junho, pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

 

A modalidade de emendas de sigla RP9 foi criada pelo governo para beneficiar redutos eleitorais em troca de apoio político, como revelou série de reportagem do Estadão. Um relatório da equipe técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) divulgado no dia 25 pelo jornal avaliou que o uso das emendas de relator fere a Constituição. Essas verbas são executadas sem a identificação dos parlamentares que pedem o direcionamento dos recursos. O instrumento permite ao Executivo concentrar entre apoiadores a escolha do destino de bilhões de reais.

 

Bolsonaro e Queiroga
Presidente Jair Bolsonaro conversa com o ministro Marcelo Queiroga durante cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: Dida Sampaio/Estadão - 29/06/2021

Ao aprovar as contas de 2020 do governo Jair Bolsonaro, o plenário do TCU recomendou, no último dia 30, quando as últimas portarias eram enviadas pela Saúde para publicação no Diário Oficial, que o governo ampliasse a publicidade das informações sobre as demandas parlamentares por repasses dos bilhões de emendas de relator. O ministro do TCU Benjamin Zymler disse que “claramente” essas emendas se contrapõem aos princípios orçamentários de transparência e universalidade.

Levantamento do Estadão/Broadcast mostra que a liberação de emendas de relator na Saúde é a maior do tipo no Orçamento de 2021. O dinheiro corresponde a 26% dos R$ 7,8 bilhões destinados à pasta da Saúde nessa modalidade. A reportagem apurou no Congresso e no governo que a destinação do dinheiro foi feita para agradar a base em um momento em que o Planalto enfrenta uma enxurrada de denúncias e tenta manter seus apoios no Legislativo “alinhados”.

Os principais beneficiados com verbas de relator nessa primeira leva da pasta da Saúde foram os fundos municipais de saúde de São Gonçalo-RJ (com R$ 53 milhões), Duque de Caxias (R$ 25 milhões) e Curitiba (R$ 24 milhões). Em maio, o Estadão revelou que o governo federal criou um orçamento paralelo para beneficiar deputados e senadores aliados e distribuiu a verba extra por meio de ofícios de parlamentares, muitos ainda em sigilo.

No total, o Orçamento deste ano prevê R$ 17,2 bilhões de emendas de relator, priorizando além da saúde o Desenvolvimento Regional, chefiado por Rogério Marinho, um dos principais executores de verbas do orçamento secreto.

Na manhã da última sexta-feira a reportagem questionou a assessoria da Saúde se a pasta definiu a lista de municípios beneficiados ou se a iniciativa partiu do relator-geral do orçamento, o senador Márcio Bittar (MDB-AC). Também perguntou sobre os critérios adotados para a seleção. Até a conclusão desta edição, o ministério não retornou o contato. Bittar também foi procurado e não respondeu aos questionamentos. Por sua vez, a Secretaria de Governo da Presidência da República informou que “não tem ingerência sobre a distribuição de recursos, e não dá aval sobre dotações dos órgãos ministeriais”.

Portarias

Os repasses de verbas estão descritos nas portarias assinadas por Marcelo Queiroga que habilitaram a transferência de recursos do Fundo Nacional da Saúde (FNS) para fundos municipais. Pelo processo orçamentário, essa é uma das últimas etapas antes de o dinheiro ser efetivamente depositado nesses fundos, que depende agora apenas de autorização de pagamento pela própria pasta.

Pela compilação dos dados, a reportagem constatou que foram contemplados um total de 2.904 municípios dos 26 estados e do Distrito Federal. A liberação dos recursos ocorre após a sanção do Orçamento, em 22 de abril deste ano, e da publicação da portaria que definiu os procedimentos para a liberação das emendas, em 25 de maio. A edição desses atos era necessária para destravar o uso da verba.

A destinação das verbas para os fundos municipais se deu após o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, afirmarem à CPI da Covid, no dia 25, que Bolsonaro sabia de denúncias de corrupção na pasta. Segundo o deputado, ao ser informado de irregularidades nas negociações para a compra da vacina Covaxin, Bolsonaro disse se tratar de um “rolo” do líder do governo Ricardo Barros (Progressistas-PR).

No dia 28, primeiro dia útil após o depoimento do parlamentar na CPI, foram assinadas 23 portarias destinando um total de R$ 1,85 bilhão, publicadas no Diário Oficial da União do dia seguinte. Em 30 de junho, outras cinco portarias foram assinadas para liberar R$ 191 milhões. O dinheiro contemplará cerca de quatro mil propostas na área de atenção à saúde básica.

Até o novo lote de liberações, o governo só tinha empenhado R$ 64,9 milhões de emendas de relator, uma pequena fração do total autorizado para o ano até agora (R$ 16,8 bilhões). Durante o mês de junho deste ano, até o dia 18, o governo empenhou R$ 8,9 milhões, sendo a maior parte (R$ 8,6 milhões) para o Ministério da Educação. Em maio, o volume empenhado em emendas de relator-geral chegou R$ 56 milhões.

STF

Supremo Tribunal Federal analisa os aspectos constitucionais da emenda de relator-geral. Os partidos Novo e PSOL pediram a suspensão dos pagamentos previstos no orçamento de 2021. A Procuradoria-Geral da República também conduz investigação preliminar sobre suspeitas de superfaturamento nas compras de máquinas pelo Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados. / COLABORARAM ANDRÉ SHALDERS e DANIEL WETERMAN

O Brasil é inteiramente rasgado pela corrupção; sem ela, ele não anda

Luiz Felipe Pondé

Escritor e ensaísta, autor de “Dez Mandamentos” e “Marketing Existencial”. É doutor em filosofia pela USP. / FOLHA DE SP

 

Concupiscência significa uma atração irresistível pelo vício. Termo comumente usado por Santo Agostinho (354-430) para se referir à nossa natureza humana. Contrato de concupiscência, nesse sentido, seria o contrato social mediado pelas variadas formas de vícios que compõem o tecido humano e suas instituições.

A corrupção, diretamente ligada à concupiscência, habita a estrutura profunda da realidade. Está em toda parte, mas em algumas ela faz maior estrago porque as instituições são mais frágeis, e, portanto, a corrupção salta aos olhos.

Onde houver dinheiro, poder e sexo, a corrupção estará. Você conhece algum lugar em que esse tripé, que move o mundo, não esteja contemplado do cotidiano comum às profundezas institucionais?

A instituição que melhor entende do assunto é a Igreja Católica: 2.000 anos no mercado. Toda e qualquer instituição, religiosa ou não, navega por águas tempestuosas quando se trata do caráter humano.

Ministério da Saúde é sabidamente um dos maiores “clusters” —aglomerados— de corrupção em Brasília. Lida com o essencial: vida e morte. Importação de medicamentos, tecnologia, enfim, a peste só poderia ser uma imensa janela de oportunidades. A rede de corrupção, portanto,se pôs a funcionar. E todo mundo sabe disso. E por que ninguém faz nada? Simples: a corrupção faz parte do jogo, em maior ou menor grau.

Estamos diante de uma gramática do poder: aqui a virtude é que atrapalha. Quando vivemos num contrato de vícios, a economia moral é da mesma natureza.

A natureza humana tende à corrupção e, portanto, como diz o filósofo e historiador do pensamento conservador anglo-americano Russel Kirk, no seu magnífico “The Conservative Mind”, traduzido no Brasil pela É Realizações (“A Mentalidade Conservadora”), o problema é moral, antes de político.

Casos como esses podem ser encontrados em grandes empresas que emplacam um branding politicamente correto, mas molham a mão de quem for necessário para agilizar negócios do bem.

Em se tratando dos três Poderes da República, você pode fazer carreira pregando o combate à desigualdade social e estar envolvido em todo tipo de corrupção, como vimos na recente história de partidos à esquerda no Brasil. Bolsonaro está corrompendo as polícias com uma política de acesso à casa própria, na nossa cara.

Você pode ver figuras do Legislativo pedindo a cabeça do Poder Executivo federal —com razão— pela morte de milhares de brasileiros pela Covid-19, que, todos suspeitam, estão historicamente envolvidos com trilhas de corrupção em grande escala, em seus domínios de poder. A ideia de que o Judiciário esteja à parte dessa contaminação é para iniciantes ou para medrosos que morrem de medo do poder da toga.

O Estado brasileiro é inteiramente rasgado pela corrupção. Sem ela, ele não anda. O problema vai dos fiscais ao rei, claro, com honrosas exceções, que, provavelmente, não terão grande sucesso na carreira, como policiais pobres.

A corrupção pode funcionar no nível da microfísica do poder, alimentada pela vaidade que busca a relevância pública, aprovação em concursos, promoções profissionais, indicação para cargos de confiança —denominação irônica, não? Neste caso, a expressão “uma mão lava a outra” é conceito e não ditado popular. Se não envolver dinheiro, envolve poder ou sexo.

Ninguém pode denunciar de modo radical esse nível da corrupção porque, se o fizer, perde amigos, trabalho, futuro e o casamento —ficará pobre facilmente.

Você pode fazer carreira combatendo institucionalmente a corrupção em busca de sucesso, dinheiro, poder e sexo, e quando estes elementos estão presentes, a corrupção pode vir pelas mãos da beleza, da doçura e da amizade. Pessoas bem-educadas não perdem a compostura diante dos vícios alheios porque elas têm os seus próprios.

A vida é frágil, bruta e breve, logo, aberta a qualquer esquema que a torne mais forte, suave e longa. Quando a cidade é corrupta, melhor se abrigar da tempestade de água e areia que a devasta, e viver à distância do poder, disse Platão na “República”.

STF vai analisar alcance de ingerência estadual em região metropolitana

O Supremo Tribunal Federal tem em mãos para julgamento três ações que contestam a constitucionalidade de trechos da Lei Complementar Estadual 50/2019 de Alagoas, que reorganizou administrativamente a Região Metropolitana de Maceió e, assim, aumentou o peso da ingerência do governo estadual sobre questões municipais.

Gestão do serviço municipal de água e esgoto vai render ao governo estadual de Alagoas cerca de R$ 2 bilhões
Reprodução/Portal EcoDebate

A norma prevê expressamente que o exercício das funções públicas de interesse comum será compartilhado pelos municípios e pelo estado, observando-se os critérios de parceria definidos pela na Assembleia Metropolitana, órgão deliberativo do Sistema Gestor Metropolitano.

A mesma lei, no entanto, alterou os critérios de composição e participação do órgão, conferindo a presidência ao governador. Ao fim, as autoridades estaduais, juntas, têm peso de 55% dos votos. Além disso, outros 5% são de representantes da sociedade civil escolhidos pelo governo estadual.

O critério foi semelhante na definição da composição do Conselho de Desenvolvimento Metropolitano, instância executiva do Sistema Gestor. Tanto governador, sozinho, como os os prefeitos dos 13 municípios integrantes da região metropolitana, juntos, têm voto com peso 40. Os outros 20 ficam com três representantes da Assembleia Legislativa de Alagoas.

Uma das consequências é que o prefeito de Maceió, cuja população representa 76,1% de toda a região metropolitana, tem 13% do peso dos votos nos órgãos que vão definir a gestão local, enquanto autoridades estaduais permanecem com 60%.

Lei Complementar reorganizou a região metropolitana de Maceió
Secom Maceio

Foi assim que, desde a entrada em vigor da lei, a Assembleia Metropolitana e o Conselho de Desenvolvimento Metropolitano já discutiram e aprovaram um plano regional de saneamento básico, pelo qual o valor pago a título de outorga pela concessão dos serviços públicos de abastecimento de água e esgoto passa a ser utilizado pelo estado, inclusive com convênio de cooperação assinado.

Posteriormente, houve convocação de concorrência para concessão desses serviços, cujo valor mínimo de outorga era de R$ 15,1 milhões. A empresa BRK Ambiental venceu com lance no valor aproximado de R$ 2 bilhões.

Esse valor será pago ao governo estadual e poderá ser utilizado conforme programação orçamentária do estado — e não exclusivamente para ações de saneamento básico — graças a nova alteração da resolução que definia a matéria no âmbito da região metropolitana.

É nesse contexto que tramitam três ações no Supremo Tribunal Federal. São duas ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) e uma arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF). O relator dos processos é o ministro Luiz Edson Fachin.

Ministro Luiz Edson Fachin é o relator das duas ADIs e da ADPF sobre o tema
Carlos Moura/SCO/STF

As ações
ADI 6.573 foi ajuizada pelo PT e questiona a constitucionalidade da inclusão do serviço público de saneamento básico e abastecimento de água como serviços de interesse comum, além dos critérios de composição da Assembleia Metropolitana, ocasionando concentração de poder nas mãos do Estado de Alagoas.

O relator deferiu a inclusão da Federação Nacional dos Urbanitóarios (FNU) e da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (ABCON) como amici curiae (amigos da corte).

O caso já tem parecer favorável da Procuradoria-Geral da República pela inconstitucionalidade da composição da assembleia. Nesse documento, a PGR incluiu como nota de rodapé a inconstitucionalidade também o artigo que incluiu representantes da Assembleia Legislativa no Conselho de Desenvolvimento Metropolitano.

Foi esse ponto que levou ao ajuizamento da ADI 6.911 pelo Partido Progressista. Nesse caso, o ministro Luiz Edson Fachin aplicou o rito abreviado do artigo 12 da Lei 9.868/1999 e pediu manifestação das partes. Assim, não vai haver análise do pedido liminar, e o caso será levado diretamente ao Plenário do Supremo.

Por fim, tramita a ADPF 863, ajuizada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), na qual pede a suspensão das resoluções aprovadas tanto pelo comitê gestor como pela assembleia que conferem ao estado toda arrecadação por serviços de saneamento básico que, por disposição constitucional, deveriam ficar com os municípios integrantes da região metropolitana.

Nesse processo, o ministro Luiz Edson Fachin analisou a liminar com urgência, por perigo de perecimento do direito. Com a assinatura do contrato de concessão, a empresa vencedora da concorrência repassou imediatamente 30% do valor da outorga ao estado de Alagoas. Os outros 70% (cerca de R$ 1,4 bilhão) seriam repassados nesta quinta-feira (1/7). O pedido foi negado pelo relator.

ADI 6.573 - Clique aqui para ler a inicial
ADI 6.911 - Clique aqui para ler a inicial

ADPF 863 - Clique aqui para ler a inicial

 é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.

Revista Consultor Jurídico, 4 de julho de 2021, 8h34

Covid-19: Brasil tem 1.857 óbitos e 65 mil infectados em 24 horas

O Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira (2) que a covid-19 provocou 1.857 óbitos entre ontem e hoje. Com isso, o número de vidas perdidas para a doença alcançou 521.952.

A quantidade de casos de covid-19 desde o início da pandemia chegou a 18.687.469. Entre ontem e hoje, as autoridades de saúde registraram 65.165 novos casos de covid-19. 

O número de pessoas recuperadas é de 16.989.351 pessoas, o que equivale a 90,9% do número total de infectados.

Outros 3.571 óbitos ainda estão em investigação. O termo designa mortes com suspeitas de que podem ter sido causadas por covid-19, mas com origem ainda sob análise por equipes de saúde.

Até hoje havia 1.176.166 casos em acompanhamento. O nome é dado para pessoas cuja condição de saúde é observada por equipes de saúde e que ainda podem evoluir para diferentes quadros, inclusive graves.

A atualização diária do Ministério da Saúde foi divulgada no início da noite desta quinta-feira. O balanço é elaborado a partir de informações levantadas por secretarias estaduais e municipais de saúde.

Estados

O balanço diário do Ministério da Saúde também traz os dados por estado. No alto do ranking de mortes por covid-19 estão São Paulo (128.921), Rio de Janeiro (55.876), Minas Gerais (46.654), Rio Grande do Sul (31.595) e Paraná (31.128). Na ponta de baixo estão Acre (1.742), Roraima (1.750), Amapá (1.842), Tocantins (3.237) e Alagoas (5.379).

Vacinação

Dados da pasta mostram que 103.968.337 doses de vacina contra covid-19 foram aplicadas em todo o país. Destas, 76.787.799 foram primeira dose e 27.180.538 foram segunda dose. Ao todo, foram distribuídas 140.215.506 doses para os 26 estados e para o Distrito Federal.

Edição: Aline Leal / AGÊNCIA BRASIL

Brasil cria 280,6 mil postos de trabalho formal em maio

O número de trabalhadores contratados com carteira assinada em maio deste ano foi maior que o total de demitidos do mercado formal de trabalho. Segundo o Ministério da Economia, houve, no período, 1.548.715 admissões e 1.268.049 desligamentos.

Os dados constam do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), cuja atualização mensal o ministério divulgou hoje (1º), em Brasília.

Com o saldo mensal de 280.666 postos de trabalho durante o mês de maio, o estoque nacional de empregos formais (total de vínculos celetistas ativos) chegou a 40.596.340, com uma variação positiva de 0,7% em comparação aos 40.315.674 registrados em abril, após o ajuste divulgado hoje (em março, eram 40.199.922).

Entre os setores de atividade econômica que registraram melhores resultados quanto ao nível de emprego estão o de serviços (110.956 postos de trabalho abertos principalmente em atividades ligadas às áreas de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas); comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (60.480 postos), indústria geral (44.146 postos); agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (42.526 postos) e construção (22.611 postos).

Saldo positivo

As cinco regiões brasileiras apresentaram saldo positivo. No Sudeste, o mês de maio terminou com um saldo de 161.767 postos. O Nordeste, com 37.266 vagas, seguido pelas regiões Sul (36.929); Centro-Oeste (26.926 postos) e Norte (17.800 postos).

Considerado o período de janeiro a maio, houve 7.971.258 admissões e 6.737.886 desligamentos, o que representa um saldo total de 1.233.372 empregos formais para os cinco primeiros meses do ano. Em abril, este saldo era de 957.889 postos de trabalho formal.

As estatísticas completas do Novo Caged estão disponíveis na página do Ministério da Economia na internet. Os dados também podem ser consultados no Painel de Informações do Novo Caged.

Ao comentar os números, o ministro da Economia, Paulo Guedes afirmou que se trata de uma "excelente notícia". "A economia brasileira continua surpreendendo. [Mais de] 280 mil novos empregos criados em maio, completando, nos primeiros cinco meses do ano, 1,2 milhão de novos empregos. Importante também registrar que todas as regiões, todos os setores e todos os estados registraram a criação de novos empregos. Ou seja, é um processo bastante abrangente. É a economia brasileira se levantando. E o mais importante: setores que estavam muito fragilizados, como serviços, [estão] sendo destaques deste mês [de maio]”.

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Matéria alterada às 13h08 para corrigir informação no último parágrafo. A declaração do ministro Paulo Guedes sobre o desempenho do setor de serviços diz respeito ao mês de maio, e não de abril, como estava no texto.

Edição: Kleber Sampaio / AGÊNCIA BRASIL

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