Mercado vê superávit primário no governo central em 2022 pela primeira vez, mostra Prisma
O mercado financeiro melhorou a projeção para o resultado primário do governo em 2022 e passou a ver um saldo positivo nas contas federais neste ano pela primeira vez, mostrou relatório Prisma Fiscal divulgado nesta quarta-feira (10) pelo Ministério da Economia, indicando também uma melhora na previsão para a dívida bruta.
De acordo com o documento, que capta projeções de agentes de mercado para as contas públicas, a expectativa para o resultado primário do governo central ficou em superávit de R$ 4,6 bilhões, ante rombo de R$ 20 bilhões projetado em julho, no que poderia ser o primeiro resultado no azul em nove anos.
A previsão positiva, após 19 meses consecutivos de estimativas de rombo, se aproxima de análise interna do governo, que já aponta para um superávit de R$ 6 bilhões neste ano, com impulso adicional do pagamento de superdividendos por estatais. A meta fiscal para 2022 é de déficit de R$ 170,5 bilhões.
As estimativas do mercado para o resultado primário refletem uma elevação na projeção da receita líquida do governo, de R$ 1,775 trilhão para R$ 1,818 trilhão. Houve um aumento menos intenso nas expectativas para a despesa total, passando de R$ 1,793 trilhão no relatório anterior para R$ 1,804 trilhão na pesquisa deste mês.
Com a melhora nos dados, os analistas consultados pela pasta reduziram a previsão para a dívida bruta do governo geral em 2022 para 79% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 79,5% na pesquisa de julho.
Adriano Machado/Reuters | ||
Notas de 200 reais |
O governo vem registrando recordes de arrecadação, sob impulso da retomada da atividade econômica, alta da inflação e elevação das cotações de commodities no mercado internacional.
A revisão positiva das projeções ocorre mesmo diante da estratégia do governo de converter esses ganhos de receitas em cortes de tributos e ampliação de benefícios sociais neste ano eleitoral.
Nos últimos meses, foram liberados cortes de PIS/Cofins de combustíveis, redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e cortes de tarifas de importação, além de repasses a caminhoneiros, taxistas e beneficiários do Auxílio Brasil.
2023 NO VERMELHO
Para 2023, as projeções de mercado indicam um retorno ao déficit primário, com rombo de R$ 30 bilhões no governo central, mesmo patamar da estimativa trazida pelo relatório anterior.
A estimativa é que a dívida bruta fique em 82,30% do PIB no ano, ante 82,50% previstos no mês passado.
No relatório deste mês, o Ministério da Economia anunciou a inclusão de novos indicadores ao levantamento. Agora, a consulta a analistas de mercado traz também previsões para variação do PIB, índice de desemprego e INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
O mercado espera, por exemplo, que o INPC, usado para a correção do salário mínimo e uma série de despesas do governo, encerrará 2022 em 7,6%, passando a 5,4% em 2023.
(Reuters)