ANÁLISE: Alianças não são para quem quer, só para quem pode
Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo
01 Agosto 2018 | 05h00
Na convenção que o lançou ao governo de São Paulo, o ex-prefeito João Doria deu uma resposta que pode parecer atrevida, mas é simplesmente verdadeira, às críticas contra a aliança do também tucano Geraldo Alckmin com o Centrão: “Quem advoga contra alianças é quem não conseguiu fazer”.
Marina Silva (Rede) pode até não vestir a carapuça, já que ela enfrenta dificuldades com seu próprio partido e tem sido seletiva nas suas conversas com outras siglas, como o PDT de Ciro Gomes. Mas a provocação de Doria, em estilo machadiano, atinge em cheio o próprio Ciro.
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Um retrato dos partidos
O Estado de S.Paulo
01 Agosto 2018 | 03h00
O Partido dos Trabalhadores (PT) diz ter 2,19 milhões de filiados, mas conseguiu arrecadar até agora apenas R$ 440,8 mil de cerca de 4,6 mil doadores por meio do sistema virtual de doações para a campanha eleitoral à Presidência - a chamada “vaquinha online” -, mostra levantamento recente do Estado. Esses números expõem a dificuldade que mesmo partidos muito bem estruturados e com uma militância numerosa e aguerrida, como o PT, estão enfrentando para convencer seus eleitores a financiar sua campanha - reflexo não só da falta de uma cultura de envolvimento dos cidadãos com os partidos que dizem representá-los, mas também da incapacidade da maioria das legendas de sustentar uma atuação política sólida e ideologicamente coerente.
Ciro assume aos poucos papel de franco-atirador
Refogado pelo centrão e cozinhado em banho-maria pelo PT, Ciro Gomes vai assumindo na sucessão de 2018 o papel de franco-atirador. Já toma distância até do “grande brasileiro” Lula. Num cenário em que o eleitorado olha para a política e só enxerga alvos, a encarnação do ‘contra-tudo-isso-que-está-aí’ pode render votos. Mas Ciro precisaria parar de atirar contra o próprio pé.
Ciro fala duas vezes antes de pensar. Produz polêmicas em escala industrial. Não se deu conta de que, na política, o problema começa com as explicações. Na penúltima derrapagem, o candidato do PDT disse, diante das câmeras, que Lula “só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder”. E manifestou o desejo de “botar juiz e o Ministério Público para voltar pra a caixinha.”
Ciro discorda da estratégia do PT de levar candidatura de Lula às últimas consequências
Marcelo Osakabe, O Estado de S.Paulo
27 Julho 2018 | 17h58
O pré- candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, disse nesta sexta-feira discordar da estratégia do PT de manter, mesmo que sub judice, a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva até as últimas consequências. Para o ex-governador, a tática "não respeita o momento grave" que o País está passando.
"Penso que a estratégia do PT não respeita o momento grave que a população brasileira está passando. Se for correto o senso comum que a lei da ficha limpa vai prevalecer, o que está se promovendo é um grande teatro para comover o povo brasileiro e lá na véspera da eleição, o Lula eleger outro presidente por procuração", disse. "E o Brasil aguenta outro presidente por procuração?"
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Sísifo e o Centrão
*FERNANDO GABEIRA, O Estado de S.Paulo
27 Julho 2018 | 03h00
Algumas coisas que deveriam estar juntas correm em dimensões ainda diferentes no Brasil, realidades paralelas: o aumento do índice de mortalidade infantil, como sintoma de decadência, e a campanha eleitoral no Brasil. O desencontro da vida real com a política se deve também ao momento em que campanha significa muito arranjo entre partidos, composições, definições de tempo de TV, escolha de vices. É como se o jogo ainda estivesse sendo discutido no vestiário, antes que saia para o campo aberto, diante da plateia.