Combate à corrupção é só fantasia no país do marketing eleitoral
A um mês do primeiro turno de 2014, a delação de um ex-diretor da Petrobras jogou Dilma Rousseff contra a parede. Orientada pelos marqueteiros, a presidente gravou uma mensagem para a TV em que prometia ser implacável contra a roubalheira na política.
“Todos sabem que tenho tolerância zero com a corrupção”, dizia Dilma, como se a Lava Jato não tivesse acabado de explodir em seu colo.
O publicitário João Santana e o PT improvisaram uma lista de cinco medidas de combate à impunidade para convencer o eleitorado de que Dilma faria uma limpeza no poder. Não se sabe se o brasileiro comprou a ideia, mas a petista venceu.
A corrupção virou ponto central do debate do país e atingiu quase todos os partidos nos quatro anos seguintes, embora os atuais presidenciáveis prefiram ignorar o tema ou só esbravejar de modo genérico.
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Lula 'só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder', diz Ciro
Gilberto Amendola, O Estado de S.Paulo
24 Julho 2018 | 19h50
Em entrevista concedida ao programa Resenha, da TV Difusora, no Maranhão, no dia 16 deste mês, o candidato do PDT à Presidência da República nas eleições 2018, Ciro Gomes, afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato, só teria chance de sair da cadeia se ele (Ciro) fosse eleito.
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Voto de cabresto
O Estado de S.Paulo
25 Julho 2018 | 03h00
O sufrágio universal, direto e secreto consagrado pela Constituição de 1988 é peça de comércio para muitos brasileiros. Seja pelas vinculações dos eleitores com a máquina pública, seja pela exploração da pobreza ou da sem-vergonhice, quando um voto pode valer um prato de comida, um pé de botina, uma dentadura ou um botijão de gás, fato é que, mais de três décadas após a redemocratização do País, a compra de votos e o voto de cabresto não romperam os grilhões que mantêm porções do território nacional na República Velha e ainda desafiam o viço de nossa democracia no século 21.
O candidato do sistema
Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo
24 Julho 2018 | 03h00
Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin estão em situações exatamente opostas na corrida pela Presidência. Bolsonaro tem sólidas intenções de voto, mas não apoios políticos e garantia de governabilidade. Alckmin é o contrário: tem sólidos apoios políticos, mas precisa revertê-los em intenções de voto.
Sob outra ótica, o capitão reformado do Exército é o outsider numa campanha marcada pela irritação e pelo desprezo pela política. Já o ex-governador de São Paulo é o candidato do “sistema”, ou do status quo, aquele que transmite segurança em meio a tantas crises e a tanta insegurança na política e na economia. Notícia boa para a campanha do tucano equivale a notícia boa nas Bolsas e no mercado de câmbio.