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Marina diz ver Lula como corrupto e não se arrepende de apoio ao impeachment de Dilma Leia mais:

RIO - A candidata da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, participou nesta terça-feira de sabatina organizada pelo GLOBOValor Econômico e revista ÉpocaMarina abriu uma série de entrevistas com os principais candidatos na disputa pelo Palácio do Planalto, segundo as pesquisas de intenções de voto. Durante o encontro, com duração de duas horas, Marina justificou sua queda nas pesquisas e seu baixo desempenho entre o eleitorado feminino por conta do pouco tempo de TV (21s) que possui. Ao responder questão sobre a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marina foi taxativa e disse considerá-lo 'corrupto'. Sobre o ataque a Jair Bolsonaro (PSL), a ex-senadora vê falha na política de segurança do candidato que lidera as pesquisas. "A proposta do Bolsonaro não foi desmoralizada por um discurso, mas por um ato".

 

Nesta quarta e quinta-feira, os encontros serão com os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), respectivamente. As entrevistas têm início previsto para as 10h, na sede da Redação Integrada, na Cidade Nova, com transmissão ao vivo no site na página do Facebook do GLOBO, além de cobertura em tempo real com análises e observações de bastidores pelo Twitter.

LULA E BOLSONARO

Na primeira hora da entrevista, Marina comentou as denúncias de corrupção envolvendo o PT e o ex-presidente Lula.

- Ele está sendo punido por graves crimes de corrupção. Sim (eu considero que ele é corrupto) - disse a candidata, que foi ministra do Meio Ambiente no primeiro mandato do petista, acrescentando que não gosta de ficar tripudiando sobre quem já foi punido.

Ela diz que não se arrepende de ter apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Sobre o ataque sofrido por Bolsonaro em Juiz de Fora, Marina afirmou que a agressão "desmoralizou a visão de segurança" do capitão da reserva, que defende o porte de arma de fogo para a população.

- Do ponto de vista espiritual, não posso julgar a fé de ninguém. Do ponto de vista político, discordo da política de segurança. A proposta do Bolsonaro não foi desmoralizada não por um discurso, mas por um ato - disse Marina para emendar:

Sabatina com a candidata da Rede à Presidência, Marina Silva - Márcia Foletto / Agência O Globo

- Graças a Deus aquela pessoa não estava com uma arma de fogo. Bolsonaro estava com vários policiais armados, seguranças pessoais, e isso não o protegeu de uma faca de uma pessoa que se aproximou dele e fez um ato inaceitável. Se não funcionou para ele, vai funcionar para você, dona de casa, sozinha, que não sabe atirar?

'EU SOU A ÚNICA'

‘Ele está sendo punido por graves crimes de corrupção. Sim (eu considero que ele é corrupto)’

- MARINA SILVACandidata à Presidência pela Rede ao falar sobre situação de Lula, em sabatina no GLOBO

Para atenuar a crítica ao PT, porém, ela voltou a dizer que defende o fim do foro privilegiado para que outros políticos com mandato possam ser punidos mais rapidamente em casos de corrupção.

A ex-senadora voltou a dizer que tem condições de governar, apesar da sua diminuta estrutura partidária, porque poderá fazer concessões em relação ao seu programa de governo, adequando suas propostas a outras correntes políticas que forem derrotadas. 

Marina excetuou, contudo, os compromissos com o combate à corrupção e os compromissos ambientais.

- Eu sou a única que tem capacidade de unir o país, porque vou acabar com a reeleição e não tenho preconceito com legado do PT e do PSDB - disse.

Apesar da disposição em adequar seu programa de governo, caso venha a ser eleita, para formar alianças para governar, Marina voltou a dizer que não apostará em um modelo energético atual, com aumento da geração de energia térmica. Sua prioridade seria a geração de energia limpa.

‘Talvez seja o que ainda não chegou até as mulheres. Quando dialogo com elas sinto acolhimento enorme’

- MARINA SILVACandidata à Presidência pela Rede ao falar sobre baixo desempenho entre o eleitorado feminino, em sabatina no GLOBO

A sabatina é conduzida pelos colunistas do GLOBO Miriam Leitão, Merval Pereira, Lauro Jardim, Ancelmo Gois e Bernardo Mello Franco, e pela diretora de redação da revista Época, Daniela Pinheiro.

'RETRATO DO MOMENTO'

No início do encontro, a candidata da Rede minimizou sua queda de cinco pontos percentuais na pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira. Ela caiu de 16% para 11% em relação a levantamento de 22 de agosto.

DATAFOLHABolsonaro tem 24%, Ciro 13%, Marina 11%, Alckmin 10% e Haddad 9%

Marina Silva (Rede) é sabatinada no Jornal O Globo - Márcia Foletto / Agência O Globo

- Pesquisa é retrato do momento. Eu continuo fazendo meu trabalho. Quando as pesquisas eram favoráveis eu dizia a mesma coisa - disse Marina.

Com apenas 21 segundos de propaganda no rádio e na TV, a candidata da Rede deu uma estocada no presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, que tem quase metade do tempo total no horário eleitoral. O tucano garantiu esse espaço após fechar aliança com partidos do centrão, que possuem investigados na Lava-Jato.

- A questão do tempo de TV tem peso, sim. Algumas candidaturas têm tempo enorme. Não fazer alianças é escolha, tem a ver com coerência. Quero ganhar ganhando. Dizer que tem tolerância zero com corrupção e ter pelo menos 500 anos de Lava-Jato em cima do palanque... - disse Marina.

Ao responder por que caiu entre as mulheres no Datafolha, a candidata da Rede afirmou que, talvez, suas propostas ainda não tenham chegado ao conhecimento do eleitorado feminino, como educação de qualidade e de tempo integral, e acesso de todas as crianças à escola.

- Talvez seja o que ainda não chegou até as mulheres. Quando dialogo com elas sinto acolhimento enorme. Cada vez mais elas precisam saber que estou comprometida com educação de qualidade, que todas as crianças devem estar na escola, que temos que ter educação em tempo integral.

A candidata da Rede também aproveitou perguntas sobre cotas raciais e polarização política para fazer acenos a mulheres e minorias. Marina também se colocou como uma vítima da violência, "que começa com as palavras", citando atos de "difamação e calúnia" contra si na campanha à Presidência em 2014.

‘Não fazer alianças é escolha, tem a ver com coerência. Quero ganhar ganhando. Dizer que tem tolerância zero com corrupção e ter pelo menos 500 anos de Lava-Jato em cima do palanque...’

- MARINA SILVACandidata à Presidência pela Rede ao falar sobre como pretende governar caso seja eleita, em sabatina no GLOBO

- Agora a violência vem de fato, com o assassinato da Marielle (Franco, vereadora do Rio), os tiros contra a caravana do Lula e esse ato contra o Bolsonaro. Se a gente priorizar a cultura do embate, e não do debate, isso vai se aprofundar. Político não pode fazer qualquer discurso para ganhar voto. Eu faço o discurso que é certo como professora, como mãe.

CIRO E O SPC

A candidata da Rede pôs em dúvida a proposta de seu adversário do PDT, Ciro Gomes, de tirar 63 milhões de endividados do Sistema de Proteção ao Crédito (SPC):

- Tenho que zelar pelas minhas propostas. Não vou fazer nenhum tipo de promessa para depois os outros pagarem. Cada candidato sabe sua estratégia.

Seguindo a estratégia de se apresentar como a candidata da conciliação, Marina disse querer ser presidente "para unir o Brasil”.

Depois de ser criticada na eleição passada por ter Neca Setubal, acionista do Itaú, na sua equipe, Marina defendeu o fim do “monopólio de quatro ou cinco bancos que tomam conta de todo o sistema financeiro”. A medida seria necessária, segundo ela, para baixar a taxa de juros por meio de maior oferta de crédito.

FÓRMULA PARA SINDICATOS

Num gesto em direção às centrais sindicais, Marina afirmou que é preciso criar um mecanismo de financiamento dos sindicatos. Ela disse, no entanto, que isso não pode ser por uma contribuição obrigatória, interrompida após a reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer.

A recriação de um mecanismo de financiamento para as centrais sindicais é uma demanda permanente dos sindicatos junto ao governo Temer e os principais candidatos à Presidência, apesar do poder eleitoral dessas grandes organizações sindicais estar moderado nesta campanha.

- Vou levar a ideia de que se criem mecanismos para contribuições sindicais; que sejam feitas de forma melhor, não será mais com a obrigatoriedade da contribuição - disse.

A candidata voltou a dizer que não ficou sumida por quatro anos antes das eleições e brincou que está afastada apenas do noticiário da "Lava-Jato", arrancando risos dos participantes da sabatina.

Ela também reconheceu a dificuldade para acertar as contas do governo, mas não propôs um grande corte de gastos e nem disse em quanto tempo é possível zerar o déficit nominal, que ultrapassa R$ 130 bilhões.

'POSTO IPIRANGA' E LEGADO DE LULA

Marina voltou a cutucar Jair Bolsonaro ao ser perguntada sobre a estratégia do adversário, pouco usual, de anunciar um futuro ministério antes mesmo do primeiro turno da eleição. Em sua resposta, a candidata da Rede lembrou o apelido de "posto Ipiranga" dado pelo próprio Bolsonaro ao economista Paulo Guedes, principal consultor da campanha do PSL na área.

- Isso acontece com pessoas que são muito inseguras em relação às suas propostas e à sua popularidade. E precisam terceirizar isso para alguém. Eu não tenho "posto Ipiranga". Trabalho com equipe, pessoas que têm opinião própria mas são capazes de se juntar e fazer um plano de governo.

Com o espólio eleitoral de Lula ainda em aberto, Marina voltou a diminuir o tom das críticas ao PT no fim da sabatina e disse que o ex-presidente deixou um "legado benigno" através do Bolsa Família. Mas também fez questionamentos a Fernando Haddad, que deve ser oficializado candidato pelo PT nesta terça-feira no lugar de Lula. Na avaliação de Marina, Haddad vinha sendo "blindado" e agora terá que explicar falhas dos governos petistas.

- A população com certeza está mais reflexiva. Lula transferiu votos para Dilma (em 2010) e olha o que aconteceu: o Brasil do pleno emprego passou a ter 13 milhões de desempregados. Haddad terá que explicar o que aconteceu.

Marina foi enfática na desconstrução da imagem de "fragilidade", termo usado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, atribuída a ela por lideranças políticas. Ao lembrar a frase de FH, Marina lembrou sua trajetória pessoal, com dificuldades financeiras e doenças graves na juventude.

- Tive cinco malárias, três hepatites, uma leishmaniose, ajudei a criar meus irmãos numa floresta com meu pai. Isso é ser frágil? - iniciou Marina, antes de levar a discussão para a articulação política.

- A maior fragilidade que o brasileiro precisa combater hoje é a de caráter. Hoje quem é forte? Alckmin com o centrão? Temer, Dilma? A fortaleza que o Brasil precisa é de princípios.




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