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Secretária diz que nunca foi orientada a defender uso da cloroquina

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado, nesta terça-feira (25), a médica Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, afirmou que nunca recebeu ordem do ex-ministro da pasta Eduardo Pazuello ou do presidente Jair Bolsonaro para defender o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19. Aos senadores, a médica disse ainda que o ministério nunca indicou "tratamento precoce" para covid-19, tendo apenas criado nota orientativa que estabeleceu doses seguras de medicamentos.

Sobre a defesa do uso de cloroquina - medicação sem comprovação de eficiência no tratamento da covid-19 - a médica explicou que a discussão surgiu quando o Brasil deparou com um trabalho científico produzido em Manaus, que resultou na morte de 22 pacientes. Segundo ela, a partir desse estudo, foi preciso definir parâmetros considerados seguros pelos técnicos do Ministério da Saúde para o uso do medicamento.

“Nesse momento, o Ministério da Saúde reuniu os seus técnicos para que nós pudéssemos criar um documento juridicamente perfeito para proteger a população brasileira e orientar os médicos sobre doses seguras desses medicamentos que já vinham sendo utilizados no mundo inteiro e vinham sendo utilizados pela população brasileira, às vezes, sem a orientação médica”, afirmou. Mayra defendeu que toda e qualquer pessoa, aos primeiros sinais e sintomas da covid-19, procure uma unidade de saúde para que possa ser atendida pelo médico e, de acordo com a orientação desse profissional e a vontade do paciente, “possa ou não receber medicamentos que podem mudar o curso da doença.”

Perguntada a respeito de quem foi o responsável por ordenar ao Exército que ampliasse a produção de cloroquina em função do uso elevado do medicamento no tratamento de pacientes com covid-19, Mayra respondeu que não sabe de quem partiu a determinação. “Eu não sei dizer [quem ordenou], o ministro Mandetta [Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde] deveria saber. Eu não sei informar”, disse.

OMS

O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), quis saber sobre o motivo de o Brasil não ter seguido orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação ao novo coronavírus. A médica afirmou que nenhum país do mundo é obrigado a isso. “O Brasil não é obrigado a seguir a OMS e se tivéssemos seguido teríamos falhado como a OMS falhou várias vezes”, destacou a secretária.

Mayra avaliou que a orientação da OMS que qualificou a cloroquina como "ineficaz" contra a covid-19 é “baseada em estudos que foram feitos com qualidade metodológica questionável” com uso da medicação na fase tardia da doença, quando, segundo ela, não há benefício para os pacientes. “Então, nessas situações, analisando os estudos que ela [OMS] utilizou para essa tomada de decisão, o Brasil, o próprio Conselho Federal de Medicina, deixa bem claro que os médicos têm autonomia para usar todos os recursos que não causem malefícios e que possam trazer benefícios para o enfrentamento da doença”, disse, ao defender o uso do medicamento na fase inicial da covid-19.

TCU

O relator lembrou despacho do ministro Benjamin Zymler, do Tribunal de Contas da União, que em  janeiro entendeu que não seria lícito o uso da cloroquina pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo off-label, sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em razão da Lei do SUS. Zymler ressaltou  que mesmo o uso off-label (indicação não prevista na bula). poderia ser autorizado pela Anvisa mediante solicitação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no Sus (Conitec), órgão responsável por assessorar o Ministério da Saúde na definição de  protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas.

Questionada se orientou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello a submeter o assunto à Conitec antes da publicação das notas informativas que autorizavam o uso de cloroquina pelo SUS, Mayra Pinheiro disse que não e que também não seria atribuição da secretaria que atua. “Diante de um contexto da covid, que é uma doença grave e de desfecho incerto, os processos para a gente apresentar uma medicação à Conitec ou qualquer outro tipo de tecnologia a ser incorporada, eles levam meses para que sejam apresentados estudos. E nós estamos, de novo, eu insisto, tratando de uma doença grave. O uso off-label dessas medicações a gente já tem”, justificou. Em parecer proferido em abril de 2020, o Conselho Federal de Medicina (CFM) permitiu o uso off-label dos medicamentos, em casos excepcionais.

Imunidade de rebanho

Outro tema abordado com a secretária foi sua posição a respeito da chamada imunidade de rebanho – que ocorre quando uma parcela significativa de uma população fica imune a uma doença infecciosa limitando a sua propagação. Mayra Pinheiro afirmou que a "estratégia não pode ser usada indistintamente" e que suas posições a respeito do tema foram mal compreendidas.

Depois de ouvir uma gravação apresentada pelo relator da CPI na qual Mayra defende que o correto teria sido, no início da doença, manter isolados somente idosos e pessoas dos grupos de risco, deixando crianças frequentarem a escola, para que a doença evoluísse de forma natural, a médica afirmou que não se recordava de ter se manifestado sobre o assunto. Segundo Mayra, que é pediatra, a ideia era defender apenas que as crianças pudessem continuar frequentando escolas. Para ela, o que se fez ao impedir que as crianças estudassem foi uma das "maiores agressões" feitas à população.

Aplicativo

Durante depoimento à CPI, a médica disse que o aplicativo não foi hackeado, diferentemente do que afirmou Pazuello à comissão. Sobre o aplicativo que funcionava como uma espécie de calculadora para auxiliar médicos no diagnóstico e na prescrição de tratamento da covid-19, inclusive com medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença, como ivermectina e hidroxicloroquina, Mayra disse que “o que houve foi uma extração indevida de dados”. “Tiramos o aplicativo do ar para investigar o que aconteceu", esclareceu. Ainda segundo ela, a plataforma nunca foi colocada no ar, tendo sido apresentado apenas um protótipo.

Mayra explicou que a invasão teria sido feita por um jornalista que, em suas redes sociais, “começou a fazer simulações fora de qualquer contexto epidemiológico, causando prejuízos à sociedade”. “ A ordem do ministro [Eduardo Pazuello], quando nós soubemos, através da imprensa, do uso indevido, foi retirar a plataforma do ar, afastar o servidor, para que fosse feita toda a investigação necessária. E foi feito um boletim de ocorrência”, afirmou.

Ainda sobre a plataforma, a secretária confirmou que o aplicativo foi criado por técnicos da secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, pela qual ela responde. A médica disse que a ferramenta surgiu em janeiro, diante da necessidade de atendimento rápido à população, quando Manaus enfrentava um colapso na saúde por causa da falta de oxigênio na rede hospitalar.

Habeas corpus

Investigada por improbidade administrativa por conta da falta de oxigênio registrada em Manaus, no mês de janeiro, a secretária, no entanto, não é obrigada a responder aos questionamentos relacionados a esse inquérito por estar protegida por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal. A decisão do ministro Ricardo Lewandowski, permite à secretária permanecer em silêncio quando perguntada sobre fatos ocorridos entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, período em que ocorreu a crise do oxigênio hospitalar em Manaus.

Edição: Juliana Andrade / AGÊNCIA BRASIL

Projeto de lei prevê que reajuste de aluguéis seja feito pelo IPCA

Diante da crise econômica causada pela pandemia, o Senado poderá analisar um projeto de lei — o PL 1.806/2021 — que determina que o aumento nos preços de aluguéis residenciais e comerciais seja feito pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A proposta foi apresentada neste mês pelo senador Telmário Mota (Pros-RR).

 

Atualmente, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) é o indexador mais utilizado no mercado imobiliário. Mas Telmário Mota ressalta que o uso do IGP-M pode agravar a situação econômica de inquilinos de imóveis residenciais ou comerciais. No projeto, o senador aponta o desequilíbrio entre os índices do IGP-M, o mais usado, e o IPCA, indicador oficial do governo federal. Ele ressalta que, de janeiro de 2020 a janeiro de 2021, o IGP-M chegou a 25,71%. Enquanto isso, observa ele, o acumulado anual para o mesmo período do IPCA foi de 4,56%. 

 

“A diferença entre tais índices é muito grande e, durante a pandemia, os mais pobres necessitam de maior proteção social por parte do Estado, uma vez que foram os mais atingidos economicamente pela pandemia, com o desemprego e a alta dos alimentos, razões pelas quais estamos adotando o índice oficial do governo para o reajuste dos aluguéis urbanos, o IPCA.” 

 

O senador também afirma que é “praticamente inexistente” o regramento sobre o setor, pois a Lei 8.245, de 1991, deixa a critério das partes contratantes, nas locações urbanas, a livre convenção do aluguel quanto ao preço, à periodicidade e ao indexador de reajustamento, geralmente impostos pelo locador ao locatário.

 

Telmário destaca que o objetivo de seu projeto é "minimizar a ausência de regramento do reajuste das locações urbanas, para que a lacuna legal não apene os mais pobres”.

 

Ana Lídia Araújo, sob a supervisão de Patrícia Oliveira

Agência Senado

Fonte: Agência Senado

Eduardo Girão defende equilíbrio nos trabalhos da CPI da Pandemia

Em pronunciamento nesta terça-feira (25), o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) afirmou que a quarta-feira (26) será um dia decisivo na CPI da Pandemia. Isso porque o colegiado deve analisar diversos requerimentos de convocação de autoridades e outras pessoas para prestarem esclarecimentos sobre possíveis irregularidades no uso de dinheiro que a União destinou a estados e municípios para o enfrentamento da covid-19.

 

Segundo Girão, é fundamental que a CPI direcione as apurações nesse sentido, para evitar que a responsabilização por eventuais ilegalidades recaia unicamente sobre o governo federal e garantir o equilíbrio dos trabalhos que a população espera.

 

— A partir das operações da Polícia Federal, uma das entidades mais equilibradas, a gente gostaria de ouvir o diretor-geral da Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República, que já mostrou que existiram irregularidades na prestação de contas de hospitais de campanha e em outras compras superfaturadas, que não chegaram. Ouvir também o Consórcio Nordeste. Tudo isso vai ser votado na quarta-feira, assim como o equilíbrio na questão do tratamento precoce. Tem cientistas renomados e médicos renomados que são contra, mas tem também os que são a favor. Que a gente possa trazer para o debate, analisar as estatísticas, porque a ciência está claramente dividida, e a gente precisa ter pelo menos um aprendizado, uma lição dessa pandemia.

 

Eduardo Girão revelou ainda que, ao visitar o Mercado São Sebastião em Fortaleza, no último fim de semana, ouviu da população diversas opiniões sobre a CPI da Pandemia. Segundo o senador, predomina entre as pessoas com quem ele conversou a ideia de que os trabalhos da comissão têm fins político-eleitorais.

 

O senador ainda lamentou a polarização existente no país neste momento de pandemia e afirmou que não ajuda a superar isso a postura do presidente da República, Jair Bolsonaro, que, no último fim de semana, provocou aglomeração no Rio de Janeiro e não usou máscara, ao participar de uma manifestação de apoio ao governo.

 

Agência Senado

Fonte: Agência Senado

Lira: não estamos discutindo sair da urna eletrônica, mas o voto auditável

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a discussão na comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição 135/19, sobre o voto impresso, não é sobre o fim das urnas eletrônicas, mas, sim, sobre o voto auditável.

 

Segundo ele, se a proposta for aprovada, será feita uma amostragem em alguns equipamentos para que algum mecanismo seja incorporado à urna eletrônica e que o voto seja impresso e verificado.

As declarações foram dadas durante evento promovido pelo Banco BTG Pactual nesta terça-feira (25).

 

Lira destacou, no entanto, que há seis eleições participa da votação eletrônica e nunca teve notícias de fraude, erro ou qualquer outra coisa que desqualifique a urna. “Hoje temos uma parte da sociedade e parte do Congresso que querem auditar o voto, e temos uma Justiça Eleitoral para dirimir essas dúvidas”, disse o presidente.

 

Arthur Lira destacou que seu compromisso é dar voz aos deputados e fazer com que todos os temas sejam votados ou debatidos no Plenário, sem garantir sua aprovação.

 

CPI
Lira voltou a afirmar que não é hora para o funcionamento de uma
comissão parlamentar de inquérito para investigar as responsabilidades do governo na gestão da pandemia. Para ele, a CPI é um instrumento importante da Minoria de fiscalizar o governo, mas a investigação deveria ser feita em um momento adequado.

 

“Todas as pessoas que cometeram erros neste momento vão pagar, vão ser responsabilizadas eleitoralmente, penalmente, civilmente, mas não podemos permitir que o Ministério da Saúde perca o foco do combate à pandemia. Assistimos um debate polarizado, os senadores fazendo mais discursos do que interrogando pessoas”, criticou Lira referindo-se à CPI da Pandemia em funcionamento no Senado Federal.

 

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Natalia Doederlein

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Lira: aprovação da reforma administrativa na CCJ é um marco na agenda do País

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que a aprovação da admissibilidade da reforma administrativa (PEC 32/20) na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania nesta terça-feira (25) é um marco na agenda de reformas do País.

O texto segue para análise de comissão especial criada exclusivamente para debater o tema, e depois vai ao Plenário. O relator da comissão especial será o deputado Arthur Oliveira Maia (DEM-BA).

 

Lira afirmou que a tramitação da proposta será feita de forma cuidadosa e responsável, e que o texto final estará maduro para ser votado no Plenário da Câmara.

 

Ele reafirmou que os direitos adquiridos dos atuais servidores serão respeitados e que o objetivo é modernizar o serviço público brasileiro. “Nenhuma violação será perpetrada contra qualquer categoria, esse não é e nunca foi o objetivo da reforma. O que se busca é modernizar as relações trabalhistas do Estado brasileiro em um mundo em permanente evolução”, disse o presidente, por meio de suas redes sociais.

 

“Alguns marcos são pétreos: serão respeitados todos os direitos e garantias dos atuais servidores, e eventuais mudanças serão válidas apenas e tão somente para os servidores admitidos após a reforma”, destacou Lira.

 

Reportagem - Luiz Gustavo Xavier
Edição - Natalia Doederlein

Fonte: Agência Câmara de Notícias

CPI deve convocar governador do Rio para explicar 'molecagem' de passeio de moto de Bolsonaro, diz Renan

A CPI da Covid deve convocar o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), para explicar o apoio que ele deu ao passeio de Jair Bolsonaro (sem partido) com motociclistas no domingo (23).

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) confirmou a informação à coluna e disse que o assunto será debatido na quarta (26), quando os senadores da comissão vão se reunir para aprovar requerimentos de novas convocações.

"O governador precisa explicar essa molecagem", diz Renan. "É preciso dar um basta a isso", afirma ele, referindo-se a afrontas a regras sanitárias para conter a disseminação do novo coronavírus, como o uso de máscaras e o isolamento social.

O governo de Cláudio Castro mobilizou mil policiais militares para garantir a segurança do passeio de Bolsonaro, que gerou aglomerações e desrespeitou várias leis e regras e até princípios constitucionais.

As forças de segurança do Rio de Janeiro nada fizeram diante do descumprimento das leis.

O presidente não usou máscaras, o que é exigido por uma lei estadual, com multa que varia de R$ 111,15 a R$ 1.111,59 caso a pessoa seja reincidente.

Usou um capacete fora das regras do Inmetro para circular de motocicleta.

Vários motociclistas esconderam as placas de seus veículos.

Houve manifestação de militares da ativa, como o general Eduardo Pazuello, que chegou a subir no carro de som com Bolsonaro –o que é vetado pelo regulamento disciplinar do Exército.

Por fim, manifestantes pediram intervenção militar, o que é inconstitucional.

A CPI deve votar também a reconvocação do general Pazuello e do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga . FOLHA DE SP

A vez da Eletrobras? FOLHA DE SP

Não sem incluir dispositivos que pioram o texto, a Câmara dos Deputados aprovou a medida provisória que autoriza o governo a privatizar a Eletrobras. A MP segue para o Senado, que tem a oportunidade de aperfeiçoar sua redação.

Aprovado com placar de 313 votos a 167, o diploma garante recursos para a continuidade de patronagem política em estados menos desenvolvidos. Ao interferir na organização do setor, pode trazer efeitos indesejáveis, como o aumento da conta de luz.

A proposta original do governo já fora montada para aplacar resistências políticas, sobretudo das bancadas do Norte e do Nordeste, ao prever R$ 8,75 bilhões em dez anos para essas regiões, direcionados à revitalização da bacia do São Francisco e dos reservatórios de Furnas e à redução dos custos de geração na Amazônia Legal.

Tais aportes podem se justificar, apesar do risco de má gestão que sempre acompanha intervenções desse tipo. Entretanto a Câmara foi além e acrescentou outras exigências que interferem na regulação e podem se mostrar ineficientes e custosas para o consumidor.

Uma das mais esdrúxulas é a exigência de contratação de 6.000 MW de energia termelétrica, com usinas a gás natural a serem construídas no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste. Como não há infraestrutura, será preciso construí-la, e o custo irá para a conta de luz. Abandona-se o critério de eficiência para a localização de usinas —em prol de interesse político.

Apesar de tudo, o saldo ainda é positivo. A proposta permite ao governo seguir com a operação de aumento de capital da Eletrobras. Haverá emissão de novas ações, mas a União não buscará manter sua participação na empresa, que cairá de 58,7% para cerca de 45%.

O processo deve render ao menos R$ 50 bilhões, dos quais metade irá para os cofres públicos e metade para reduzir a tarifa de energia. A União também reterá uma classe especial de ações, permitindo veto em temas estratégicos, e nenhum grupo poderá deter mais de 10% do capital da hoje estatal.

A médio prazo, o governo poderá vender suas ações remanescentes, em parte ou no todo, capturando a esperada valorização da empresa no mercado. Ao final, o ganho com a privatização pode facilmente superar R$ 100 bilhões.

Mesmo com balanço ainda favorável no mérito, o Senado deveria retirar do texto os dispositivos resultantes de demandas paroquiais, que interferem na organização do setor elétrico e impõem custos desnecessários ao consumidor. É preciso, sobretudo, conferir celeridade ao exame da MP, que perderá sua validade em 22 de junho.

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Ninguém governa: esta é a verdade dita por Pazuello

Rolf Kuntz, O Estado de S.Paulo

23 de maio de 2021 | 03h00


Não há governo, ninguém manda, ninguém é responsável por erros e omissões cometidos no Palácio do Planalto e no seu entorno desde o surgimento da pandemia. Ninguém falhou, na chamada administração federal, quando o Ministério da Saúde mandou cloroquina em vez de oxigênio a Manaus, enquanto doentes morriam sufocados. De uma ou de outra forma, essas mensagens – com um terrível toque de verdade – foram passadas pelo ex-ministro Eduardo Pazuello em declarações à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Catorze mentiras foram ditas pelo depoente, segundo balanço do relator da CPI, senador Renan Calheiros. O desfile de falsidades foi evidente, como em outros depoimentos, mas convém levar em conta a verdade sinistra embutida nesse falatório.

Governo existe formalmente, assim como formalmente há um presidente da República. O candidato Jair Bolsonaro foi eleito para o cargo, tomou posse legalmente e ocupa o gabinete principal do Palácio do Planalto. Mas – e isto o diferencia de outros ocupantes do posto – nunca assumiu seriamente as funções e responsabilidades da Presidência. Aparentemente, jamais entendeu as suas atribuições.

Além de manter os interesses pessoais e familiares no topo das prioridades, sempre confundiu presidir com mandar, ordenar, impor sua vontade. Mandou e desmandou no Banco do Brasil, interferindo até em sua propaganda, e na Petrobrás, dando palpite na formação de preços e demitindo seu presidente para agradar a caminhoneiros. Não há como pensar no desastre humanitário da pandemia sem lembrar, de novo, o uso desastroso do verbo mandar. A cena, gravada em vídeo, foi revista nos últimos dias.

“Já mandei cancelar”, disse Bolsonaro em 21 de outubro do ano passado, referindo-se a um documento de intenção de compra da vacina Coronavac pelo Ministério da Saúde. “O presidente sou eu. Não abro mão da minha autoridade”, acrescentou.

O ex-ministro Pazuello afirmou várias vezes, no depoimento, nunca haver recebido ordem do presidente da República. Ou sua memória é péssima, ou ele mentiu, ou desconhece o sentido do verbo mandar. Ou, enfim, estaria acusando o presidente de mentir naquela declaração pública, registrada pelos meios de comunicação e transmitida para todo o País? Esta última hipótese é improvável. O obediente Pazuello dificilmente atribuiria a seu chefe uma ação de valor duvidoso.

Os fatos acessíveis ao senso comum são conhecidos. O presidente mandou, ele obedeceu e o protocolo de intenções foi cancelado. A Coronavac, chamada de “vachina” pelo chefe de Pazuello, permaneceu amaldiçoada por Bolsonaro e seu séquito ainda por muito tempo, até se tornar, por necessidade, o primeiro e principal imunizante usado no País contra o coronavírus. Mas Bolsonaro nunca se rendeu inteiramente a esses fatos nem se tornou defensor de orientações baseadas no melhor conhecimento disponível.

No mundo bolsonariano, onde a cloroquina é remédio contra a covid, onde as frases gravadas nunca foram ditas e as ordens anunciadas nunca foram transmitidas, a noção de governo continua estranha ao presidente da República. Até as ações anticrise, deflagradas como reação ao primeiro impacto da pandemia, foram efêmeras.

Se houve algo parecido com ação governamental, naquele momento, a impressão logo se esfumou. Num país sem orçamento durante mais de três meses, com auxílio emergencial suspenso e sem sinalização de rumo econômico, qualquer reação da economia, no primeiro trimestre, deve ser atribuída, em primeiro lugar, ao impulso de sobrevivência de trabalhadores e de empresas. A política monetária ainda frouxa deve ter ajudado. Apesar da inflação já preocupante, o Banco Central (BC) preferiu o caminho da “normalização parcial” dos juros básicos.

A ação do BC foi excepcional na paisagem brasiliense. No Executivo, a equipe econômica permaneceu perdida durante a maior parte dos primeiros cinco meses, enquanto o presidente atendia às demandas do Centrão e os ministros “políticos” cobravam gastos. Nessa bagunça, criou-se, como denunciou o Estadão, um orçamento paralelo, destinado à liberação de recursos para os parlamentares de boa vontade. Apesar das dificuldades econômicas e das limitações fiscais, o presidente manteve seu jogo eleitoreiro, alheio à função de governar.

Desde o começo do mandato, ficou clara a incompatibilidade de Bolsonaro com as atribuições presidenciais. O País ainda se recuperava, lentamente, da recessão de 2015-2016, mas o novo presidente cuidou prioritariamente de facilitar o acesso à posse e ao porte de armas. O primeiro ano de mandato encerrou-se com desempenho econômico inferior ao de 2018, mas ninguém, no Executivo, pareceu muito incomodado com isso. Os meses finais de 2019 e os primeiros de 2020, antes da covid-19, foram economicamente desastrosos. Com a pandemia, alguma ação seria inevitável, mas a reação seria efêmera. Nada parecido com um governo duraria muito tempo, sob o comando de Bolsonaro. Qualquer dúvida sobre isso deve ter sido eliminada pelo depoimento de Pazuello, fidelíssimo pelo menos a esse fato.

JORNALISTA

O impacto político da CPI da Pandemia até o momento

A CPI da Pandemia encerrou sua segunda semana de depoimentos ouvindo dois ex-ministros de Jair Bolsonaro, Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Eduardo Pazuello (Saúde), e reafirmando-se como uma comissão parlamentar de inquérito de grande visibilidade e alto potencial de desgaste para o presidente.

Cada depoente teve suas especificidades, mas as sessões da CPI até o momento revelam alguns elementos gerais e estratégias comuns, segundo cientistas políticos ouvidos pela DW Brasil. Entre eles, tentativas de transferir responsabilidades para gestores estaduais ou subordinados, discursos carregados de ideologia e negação da realidade e visão pouco pragmática para resolver os problemas da pandemia.

A atuação de senadores independentes e de oposição, por sua vez, tem constrangido o governo, com reflexos na popularidade do presidente, e deu à CPI o controle da agenda pública. Para tentar reagir, aliados do Palácio do Planalto avançam com pautas ideológicas na Câmara para mobilizar sua base fiel e desacreditam o trabalho da comissão como um “circo de políticos”. ISTOÉ

Romeu Aldigueri comemora alta nas exportações no Ceará

Deputado Romeu AldigueriDeputado Romeu AldigueriFoto: Edson Júnio Pio

 
O deputado Romeu Aldigueri (PDT), parabenizou, durante o primeiro expediente da sessão plenária presencial e remota da Assembleia Legislativa, desta quinta-feira (20/05), a trabalho desenvolvido pelo governador Camilo Santana durante a pandemia.

O parlamentar ressaltou que mesmo com as dificuldades, as exportações cresceram 11% no mês de abril, tendo melhor resultado desde 2019. Já a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, empresa subsidiária do Complexo do Pecém, encerrou dezembro de 2020 em alta. “Tivemos movimentações interessantes, mas, enquanto uns trabalham, outros atrapalham e se ocupam em espalhar notícias falsas. Posturas lamentáveis principalmente quando vem de políticos”, apontou.

Romeu Aldigueri destacou ainda a operação da Polícia Federal contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, para investigar crimes, dentre eles, corrupção e contrabando de exportação de madeira ilegal. O deputado frisou que por ordem do ministro, Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, foi afastado do cargo.

“Esse ministro foi o responsável pelo recorde de desmatamento na Amazonia. Lamentável. Agora ele não tem a quem recorrer e a polícia já cumpre ordens de quebra de sigilo bancário, buscas e apreensões”, disse.

Em aparte, o deputado Ferreira Aragão (PDT), lamentou a morte do vereador de Sobral, Itamar Ribeiro. “Me solidarizo com a família e com o povo sobralense”, afirmou.

O deputado Salmito (PDT) parabenizou o pronunciamento do parlamentar e destacou a competência do governador Camilo Santana. “Sempre ouvindo os especialistas, o governador tem lutado pelo povo”, pontuou.

GM/LF

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