PIB do Brasil cresce 1,2% no primeiro trimestre e zera perdas da pandemia, diz IBGE
A economia brasileira cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021 em relação ao trimestre anterior, o que representa uma desaceleração no ritmo de recuperação verificado no final de 2020, segundo dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta terça-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
"Com o resultado do primeiro trimestre, o PIB voltou ao patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia, mas ainda está 3,1% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do país, alcançado no primeiro trimestre de 2014", diz o IBGE.
Em relação ao mesmo período do ano passado, o PIB cresceu 1,0%, primeira taxa positiva nessa comparação desde o fim de 2019. Nos últimos 12 meses, ainda há retração de 3,8%.
Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam crescimento de 0,8% na comparação com o trimestre anterior e de 0,5% em relação ao mesmo período de 2020.
O PIB havia crescido 7,8% no terceiro trimestre e 3,2% no quarto, após a queda recorde de 9,2% no segundo trimestre do ano passado.
“Mesmo com a segunda onda da pandemia de Covid-19, o PIB cresceu no primeiro trimestre, já que, diferente do ano passado, não houve tantas restrições que impediram o funcionamento das atividades econômicas no país”, disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Entre os setores, indústria e agropecuária já recuperaram suas perdas desde o ano passado. Os serviços ainda não. Na ótica da demanda, o consumo das famílias e do governo não voltaram ao patamar pré-crise. Investimentos, exportações e importações já se recuperaram.
O trimestre foi marcado pelo fim dos programas de auxílio do governo, pelo agravamento da pandemia e pela volta de algumas medidas de restrição, mas com taxas de isolamento bem menores que as verificadas no início da crise sanitária.
O Brasil também foi beneficiado pelo ritmo de crescimento das duas maiores economias mundiais –Estados Unidos e China– e de um cenário externo que conta ainda com valorização de moedas emergentes e alta no preço de commodities agrícolas e minerais, o que também se refletiu no desempenho de outras economias emergentes.
Segundo o IBGE, houve taxas positivas na agropecuária (5,7%), indústria (0,7%) e serviços (0,4%). O investimento cresceu 4,6%, enquanto o consumo das famílias caiu 0,1% e o consumo do governo recuou 0,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
O governo não divulga projeções trimestrais. A previsão para o ano do Ministério da Economia é de +3,5%, abaixo da projeção de mercado da pesquisa Focus (+3,96%), que vem sendo revista para cima há seis semanas.
A mesma pesquisa mostra que os economistas consultados esperavam queda do PIB no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2020 até meados de maio. A previsão de retração chegou a 1% no início de março, quando foram adotadas novas medidas de restrição a atividades em vários estados.
Somente na segunda quinzena de maio as estimativas saíram do vermelho, até alcançar alta de 0,4%, acompanhando dados que mostraram queda menor que a esperada em índices de mobilidades e na atividade econômica e a reabertura de alguns setores.
As projeções para o ano são de um crescimento de quase 4%, valor que praticamente zera a queda registrada desde 2020 (-4,1%), embora a economia continue distante do pico alcançado no começo de 2014 e a recuperação não alcance todos os setores, o que ainda depende de avanços maiores no programa de vacinação.
RECESSÃO
Em junho do ano passado, o Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos), órgão ligado ao Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) e formado por oito economistas de diversas instituições, definiu que o Brasil entrou em recessão no primeiro trimestre de 2020, encerrando um ciclo de fraco crescimento de três anos (2017-2019).
Não há uma definição oficial sobre o que caracteriza uma recessão. Embora alguns economistas utilizem a métrica de que esse é o período marcado por dois trimestres seguidos de queda na atividade, o Codace considera uma análise mais ampla de dados. Para o comitê, o declínio na atividade econômica de forma disseminada entre diferentes setores econômicos é denominado recessão.
CÁLCULO DO PIB
Produtos, serviços, aluguéis, serviços públicos, impostos e até contrabando. Esses são alguns dos componentes do PIB (Produto Interno Bruto), calculado pelo IBGE, de acordo com padrões internacionais, com objetivo de medir a produção de bens e serviços no país em determinado período.
Ele mostra quem produz, quem consome e a renda gerada a partir dessa produção. O crescimento do PIB (descontada a inflação) é usualmente chamado de crescimento econômico. O PIB trimestral é apresentado pela ótica da oferta (o que é produzido) e da demanda (como esses produtos são consumidos).
O PIB trimestral é divulgado cerca de 60 dias após o fim do período e apresenta as óticas da oferta e demanda. O resultado do 4º trimestre traz um dado preliminar do ano fechado. O PIB anual definitivo é apresentado quase 24 meses após o fim do ano (o dado definitivo de 2020 será conhecido em novembro de 2022) e traz também a ótica da renda (soma das remunerações do trabalho e capital, que mostram como cada parte se apropriou da riqueza gerada).
Brasil registra 16,5 milhões de casos e 462,7 mil mortes por covid-19
O número de pessoas infectadas com o novo coronavírus desde o início da pandemia chegou 16.545.554. Nas últimas 24 horas, foram registrados 30.434 casos de covid-19. Ontem, o painel de informações do Ministério da Saúde trazia 16.515.120 casos acumulados. O país tem ainda 1.118.132 casos ativos, em acompanhamento.
Já o total de pessoas que não resistiram à covid-19 alcançou 462.791. Entre ontem e hoje, foram confirmadas 860 mortes resultantes da pandemia. Ontem, o número de óbitos estava em 461.931.
Ainda há 3.799 falecimentos em investigação. O termo é empregado pelas autoridades de saúde para designar casos em que um paciente morre, mas a causa segue sendo apurada mesmo após a declaração do óbito.
O número de pessoas que pegaram covid-19 e se recuperaram desde o início da pandemia atingiu 14.964.631. Isso corresponde a 90,4% do total de pessoas que foram infectadas com o vírus.
Os números estão no balanço diário do Ministério da Saúde sobre a pandemia, divulgado na noite desta segunda-feira (31). A atualização é produzida a partir de informações disponibilizadas pelas secretarias estaduais de saúde.
Os números são em geral mais baixos aos domingos e segundas-feiras em razão da menor quantidade de funcionários das equipes de saúde para realizar a alimentação dos dados. Já às terças-feiras os resultados tendem a ser maiores pelo envio dos dados acumulados.
Estados
O ranking de estados com mais mortes pela covid-19 é liderado por São Paulo (111.374). Em seguida vêm Rio de Janeiro (50.584), Minas Gerais (40.497), Rio Grande do Sul (28.192) e Paraná (26.421). Já na parte de baixo da lista, com menos vidas perdidas para a pandemia, estão Roraima (1.635), Acre (1.662), Amapá (1.696), Tocantins (2.877) e Alagoas (4.751).
Vacinação
Até o momento, foram distribuídas a estados e municípios 96,9 milhões de doses de vacinas contra a covid-19. Deste total, foram aplicadas 62,9 milhões de doses, sendo 42,9 milhões da primeira dose e 20 milhões da segunda dose.
Edição: Bruna Saniele / AGÊNCIA BRASIL
Fiocruz ultrapassa Butantan como maior fornecedora de vacinas contra Covid
A Fiocruz ultrapassou o Butantan como maior fornecedora de vacinas contra a Covid-19 no Brasil com a entrega desta segunda (31). São 47,6milhões de doses disponibilizadas pela fundação, ante 47,2 milhões já enviadas pelo instituto paulista.
Ambos os laboratórios chegaram a paralisar recentemente suas linhas de produção, mas elas foram retomadas na semana passada depois que remessas de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) vieram da China —esse material ainda passará por várias etapas antes de ser enviado ao Ministério da Saúde.
O Butantan não fornece doses da Coronavac ao PNI (Programa Nacional de Imunizações) desde 14 de maio, quando transferiu 1 milhão de unidades. O governo João Doria (PSDB) atribuiu a interrupção ao atraso na liberação da matéria-prima, por um suposto entrave diplomático do governo federal.
Já a Fiocruz parou por cinco dias, afirmando que houve uma aceleração nos envases nas semanas anteriores e por isso o IFA foi consumido antes do previsto. Não teve, porém, que suspender as entregas, feitas sempre às sextas-feiras, já que possuía doses na etapa de controle de qualidade.
Com as 5,9 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca/Oxford disponibilizadas na última sexta (28) e mais 600 mil nesta segunda, a fundação passa a marca do Butantan. Considerando o que já foi aplicado na população, porém, a Coronavac ainda é maioria: 63%, contra 35% da AstraZeneca e 2% da Pfizer.
A Fiocruz agora garante as remessas semanais até o dia 3 de julho. O instituto paulista, por sua vez, só deve entregar seus próximos lotes daqui a cerca de 15 dias, quando for concluído o processamento do insumo recém-chegado, suficiente para 5 milhões de unidades.
"A matéria-prima, enviada pela biofarmacêutica Sinovac, parceira do Butantan, passará pelos processos de envase, rotulagem, embalagem e por um rígido controle de qualidade para que a vacina seja entregue ao PNI", diz a instituição, cuja fabricação permitiu o início da imunização contra a Covid-19 no país, em janeiro.
O instituto afirma que já cumpriu o primeiro contrato firmado com o Ministério da Saúde, de 46 milhões de doses, e agora trabalha para totalizar os 100 milhões acordados. Em dezembro, pretende começar a produção com o insumo próprio em uma nova fábrica.
Já a Fiocruz tem como meta enviar 112 milhões de doses até o fim do terceiro trimestre, incluindo as importadas, antes de iniciar a fabricação própria, de mais 110 milhões de unidades, até o fim do ano.
A fundação vem dizendo nas últimas semanas que o atraso na chegada do IFA não teve impacto no seu cronograma, mas a previsão mais recente do Ministério da Saúde mostra uma redução da quantidade do imunizante esperada para junho —de 34,2 milhões para 20,9 milhões de doses.
O secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz, disse na quarta (26) em audiência na Câmara dos Deputados que o encolhimento ocorreu devido à falta do insumo. "Quando tivemos confirmação de que não seria possível a produção, reduzimos nosso cronograma", declarou ele, segundo quem o ministério busca antecipar lotes de IFA para reverter a queda.
A Fiocruz diz aguardar essa possibilidade para informar sobre as próximas entregas. "Com a capacidade de produção que a instituição já atingiu, caso a próxima remessa chegue ainda no início de junho, será possível aumentar as entregas do mês", informou em nota.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também atribuiu o problema à dificuldade de obter matérias-primas e vacinas a "nível mundial". "Não é falta de dinheiro, é dificuldade com os insumos", disse na ocasião. "A própria iniciativa privada viu que não é simples adquirir vacinas no exterior", afirmou.
Com esse e outros ajustes, a pasta reduziu a previsão total de vacinas para junho em 16%. De 52,2 milhões de doses, o quantitativo passou para 43,8 milhões. Até esta segunda (31), foram vacinados com a primeira dose 45 milhões de brasileiros, o equivalente a 28% da população adulta.
CRONOGRAMA PREVISTO PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE EM 25.MAI*
AstraZeneca/Oxford
- Entregues até o fim de maio: 47,6 milhões**
- Junho: 20 milhões
- 3º trimestre: 36,9 milhões + 8 milhões importadas
- 4º trimestre: 110 milhões
- Total: 222,5 milhões
Coronavac
- Entregues até o fim de maio: 47,2 milhões**
- Junho: 6 milhões
- 3º trimestre: 46,8 milhões
- 4º trimestre: 30 milhões
- Total: 130 milhões
Pfizer
- Entregues até o fim de maio: 3,5 milhões
- Junho: 12 milhões
- 3º trimestre: 84,5 milhões
- 4º trimestre: 100 milhões
- Total: 200 milhões
*Há ainda doses previstas pelo consórcio Covax Faclity
**Inclui doses importadas
Guedes diz a presidente do Congresso que Bolsonaro não quer a reforma administrativa
31 de maio de 2021 | 17h03
Atualizado 31 de maio de 2021 | 19h11
BRASÍLIA - Apesar de, publicamente, estar em “campanha” pela aprovação da reforma administrativa, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que o presidente Jair Bolsonaro não quer a aprovação da proposta da reforma administrativa, que muda as regras para o funcionalismo público brasileiro, e não trabalhará por ela.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, Guedes confidenciou a contrariedade de Bolsonaro a Pacheco em encontro na semana passada, o que motivou o presidente do Senado a questionar ontem, publicamente, o comprometimento do governo com a reforma.
O texto é uma das principais “reformas estruturantes” defendidas por Guedes – que criou polêmica no início do ano passado ao comparar servidores públicos a “parasitas”. Também é acompanhada com lupa pelo mercado, que vê nas mudanças uma importante forma de reduzir o tamanho do Estado e o impacto do funcionalismo nas contas públicas.
Após o Broadcast – serviço em tempo real do Grupo Estado – publicar a conversa reservada entre Guedes e Pacheco nesta segunda-feira, os contratos baseados em juros futuros subiram, o que mostra a expectativa de piora no cenário geral pelo mercado.
A avaliação entre lideranças políticas é de que, um ano antes das eleições presidenciais, a defesa da reforma administrativa por Bolsonaro ficará “só no discurso” e que, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva crescendo nas pesquisas eleitorais, “já estamos no segundo turno” das eleições presidenciais de 2022.
Em evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta segunda-feira, 31, Pacheco disse que “há compromisso absoluto” do Legislativo com o andamento da proposta, porém demonstrou preocupação com a possibilidade de esvaziamento do texto. Pacheco reclamou especificamente do Palácio do Planalto, e deixando a Economia de fora.
“Há o compromisso do Poder Executivo com a Reforma Administrativa? Esse é um questionamento que precisamos fazer e ter clareza nessa discussão junto à Casa Civil, à Secretaria de Governo e à própria Presidência da República: Se há vontade de fazer uma reforma administrativa em um ano pré-eleitoral ou não”, afirmou. “Para que não tenhamos uma concentração de energia que será esvaziada em razão de uma iniciativa do governo para não votar. Quero crer que isso não acontecerá, mas é um diálogo que precisamos ter com o governo federal”, destacou Pacheco.
A reforma administrativa enviada pelo governo ao Congresso traz mudanças importantes para novos servidores públicos, como o fim da estabilidade para a maioria das carreiras e a criação de diferentes tipos de contrato de trabalho. O texto enfrenta grande resistência entre o funcionalismo que tem se organizado e atuado no Legislativo contra a proposta.
O projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados na semana passada e aguarda a criação de uma comissão especial na Casa para continuar a tramitação.
Entre parlamentares, porém, a visão é de que se trata de mais uma situação em que o presidente Bolsonaro faz Guedes acreditar que tem seu apoio, mas trabalha nos bastidores contra o que o ministro defende.
Foi o que ocorreu na reforma da Previdência, quando Bolsonaro autorizou aliados a votar contra pontos da proposta. Mais recentemente, o presidente também liderou um movimento para desidratar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do auxílio emergencial e retirar policiais do congelamento de salários previsto. Contra a equipe econômica, Bolsonaro também patrocinou a tentativa de retirada do Bolsa Família do teto de gastos, mas recuou diante da reação negativa do mercado.
A senadora Kátia Abreu, vice-presidente da Frente Parlamentar pela Reforma Administrativa, também disse ontem que "alguns setores do governo estão contra a reforma administrativa" e, diferentemente de Pacheco, reclamou de Guedes.
“Vejo Paulo Guedes, que deveria ser maior interessado, lutando muito pouco por essa reforma. Talvez o presidente (Jair Bolsonaro) esteja preocupado em desagradar esse setor”, afirmou a senadora, durante audiência pública da comissão da covid-19 no Senado.
Em público, Guedes continua em defesa das mudanças. Ainda ontem, em evento com investidores internacionais, o ministro disse que a reforma administrativa, assim como a tributária, deve avançar neste ano. “Vamos surpreender o mundo mais uma vez, pois o Congresso brasileiro é reformista”, disse.
Coube ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), colocar panos quentes na situação. “Acredito na reforma administrativa e acredito no apoio do governo à reforma administrativa. Foi oriunda dele. Essa versão, veiculada por alguns meios, de que o governo federal e o poder Executivo não apoiarão a reforma administrativa é um contrassenso", afirmou, no evento da CNI.
Procurado, Pacheco não comentou a conversa reservada com Guedes. O ministério da Economia não respondeu os questionamentos da reportagem sobre o assunto.
Proposta
A reforma administrativa propõe uma série de mudanças nas regras do funcionalismo público dos três Poderes, nas esferas federal, estadual e municipal. Entre outros pontos, o projeto acaba com a estabilidade de parte dos futuros servidores - ela passará a ser garantida somente para os servidores das chamadas carreiras típicas de Estado, como diplomatas e auditores da Receita Federal.
Após oito meses da sua chegada ao Congresso, a proposta de reforma administrativa foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, na última terça-feira, 25, por 39 votos favoráveis e 26 contrários. Entre parlamentares, porém, a visão é a de que se trata de mais uma daquelas situações em que o presidente Bolsonaro faz Guedes acreditar que tem seu apoio, mas trabalha nos bastidores contra o que Guedes defende.
Na votação, o texto sofreu três mudanças. O relator, Darci de Matos (PSD-SC), excluiu alguns conceitos sobre princípios da administração pública, como subsidiariedade; barrou a extinção de autarquias por decreto e liberou ocupantes de cargos típicos do Estado a terem outras atividades remuneradas.
Essa foi a primeira fase de um longo caminho que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Executivo ainda terá de percorrer antes de se tornar lei. O texto segue agora para uma comissão especial, ainda a ser criada, que terá o prazo de 40 sessões para a análise. O presidente desse colegiado deve ser o deputado Fernando Monteiro (PP-PE) e o relator, Arthur Maia (DEM-BA).
Depois, precisa ser aprovada em dois turnos pelo plenário da Casa, antes de ir ao Senado. Como se trata de uma alteração na Constituição, o texto precisa do voto favorável de, pelo menos, três quintos dos parlamentares de cada Casa, isto é, 308 dos 513 deputados e 49 dos 81 senadores, em dois turnos de votação. / Colaboraram Idiana Tomazelli e Célia Froufe
Filhos de Bolsonaro ampliam influência e reforçam protagonismo em ações do governo
Jussara Soares, Eliane Oliveira e Geralda Doca / O GLOBO
BRASÍLIA — No gabinete instalado no terceiro andar do Palácio do Planalto, em viagens e eventos, os três filhos políticos de Jair Bolsonaro, diante de olhares dos interlocutores, preferem chamar o pai de presidente. O gesto, que sugere uma separação entre a vida pública e a rotina familiar, se resume a uma mera formalidade. Na prática, o senador Flávio (sem partido), o vereador do Rio Carlos (Republicanos) e o deputado federal Eduardo (PSL-SP) se valem do DNA para influenciar na tomada de decisões em assuntos sensíveis — e vêm expandindo o alcance da atuação.
Flávio, principal articulador político da família, já tinha as digitais em nomeações no Judiciário e em ministérios como Saúde e Cidadania, e agora ampliou a influência para a área econômica, até pouco tempo atrás blindada por Paulo Guedes. O presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, foi promovido com o aval do senador, que também atuou na recente troca no comando da Previ. Carlos, por sua vez, retomou o protagonismo na comunicação, enquanto Eduardo voltou a ser ouvido com frequência nas discussões do governo sobre 5G e, após uma derrota com a saída de Ernesto Araújo do Itamaraty, teve um papel decisivo para que o assessor da Presidência Filipe Martins não fosse demitido após o episódio em que fez um gesto associado a supremacistas brancos durante uma audiência no Senado.
Presença em comitiva
Na última semana, documentos enviados pelo Palácio do Planalto à CPI da Covid-19 confirmaram a participação de Flávio e Carlos em pelo menos cinco reuniões que discutiram o enfrentamento à pandemia do coronavírus. A comissão no Senado investiga a existência de um “gabinete paralelo” que possa ter definido as ações durante a crise sanitária.
Uma viagem prevista para a próxima semana reitera como as decisões de governo passam pela família. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, parte para os Estados Unidos no próximo sábado para uma série de visitas com o objetivo de discutir a segurança da tecnologia 5G, área de especial interesse da militância bolsonarista. Flávio e Eduardo foram convidados para a comitiva — no caso do senador, mais um avanço sobre temas nos quais não costumava ter participação frequente. O papel de Eduardo no debate foi retomado, e integrantes do governo avaliam que deve ter um peso importante, ainda que o parlamentar, formalmente, não esteja ligado à área — assim como não tem atribuição oficial na política externa, mas já foi chamado de “chanceler paralelo” e acompanhou o pai na semana passada em visita ao Equador.
Além do convite para a viagem, também partiu do ministro da Comunicações um afago a outro filho: em um evento no Piauí, defendeu a assiduidade de Carlos Bolsonaro no Palácio do Planalto, após senadores da CPI da Covid cogitarem convocá-lo a depor.
— Eles fazem isso porque sabem que Carlos Bolsonaro foi responsável pela eleição de Jair Bolsonaro. Apareça, Carluxo. Não fique no Rio. Fique do lado do seu pai, em Brasília — disse Faria.
A declaração ocorreu justamente após os rumos da narrativa do governo terem voltado às mãos de Carlos. O Zero Dois indicou o coronel da Polícia Militar André Costa como novo secretário especial de Comunicação. O órgão está no guarda-chuva da pasta de Faria, mas, após a mudança, passou a seguir orientações diretamente do gabinete presidencial. Carlos, apelidado de “vereador federal”, também comanda as redes sociais do pai e é responsável por orientar os integrantes do chamado “gabinete do ódio”, que atua justamente na internet e mobiliza a militância digital.
No caso de Flávio, a participação em indicações tornou-se mais evidente. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por exemplo, é amigo do sogro do senador. O secretário especial de Esportes, Marcelo Magalhães, é padrinho de casamento do Zero Um — ao assumir a pasta da Cidadania, em fevereiro, João Roma, segundo interlocutores, foi avisado de que esta área era de indicação de Flávio. Aliados do senador dizem que ele recebe diversas pessoas no gabinete para pedidos de apoio, como nomeações em tribunais — no ano passado, Kassio Nunes Marques teve o aval do filho mais velho do presidente para conquistar a vaga na Supremo Tribunal Federal (STF).
No Banco do Brasil, as definições sobre o restante da cúpula também passaram por sua revisão, como a manutenção de Carlos Motta na vice-presidência de Negócios de Varejo e a escolha de Renato Naegele, funcionário aposentado do banco que trabalhava no gabinete do senador Wellington Fagundes (PL-MT), como vice-presidente de Agronegócio. O vice-presidente de Governo, Antônio Barreto, foi outro a receber as bênçãos de Flávio — o executivo já assessorou o ministro Onyx Lorenzoni, hoje na Secretaria-Geral da Presidência.
“República repartida”
O protagonismo dos filhos no governo Bolsonaro é criticado por especialistas por misturar a atuação pública com interesses privados.
— Com esse poder, com essa força e com essa quantidade de áreas de interferência, é como se eles (os filhos) tivessem repartido a República. Isso é o patrimonialismo e está abrindo algo que corrói as instituições e a democracia — afirma a historiadora Heloísa Starling, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O cientista político Guilherme Casarões, professor da Fundação Getulio Vargas, acrescenta que a dupla função traz conflitos também porque Flávio, Eduardo e Carlos são parlamentares:
— Há um problema fundamental, que é a questão impessoalidade da administração pública, quando se começa a fazer política pública influenciado por interesses e aconselhamento dos filhos, que assumem um papel duplo, já que são também membros do Legislativo.
Poder paralelo
Flávio Bolsonaro
Considerado o mais articulado do clã, o senador tem as digitais em indicações para o Judiciário e em nomeações em ministérios, como Saúde, Cidadania, Turismo. Mais recentemente, expandiu a influência para o Banco do Brasil. Também assumiu as negociações para conseguir um novo partido para o presidente e deverá ser um dos coordenadores da campanha de reeleição. Na CPI da Covid, foi escalado para fazer o contraponto ao senador relator Renan Calheiros (MDB-AL).
Carlos Bolsonaro
Chamado de “meu marqueteiro” pelo próprio pai e de “vereador federal” na internet, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) controla as redes sociais do presidente, traça a estratégia para a militância digital e dá as cartas da comunicação do governo. É um dos principais conselheiros de Bolsonaro e mantém pessoas de confiança no Planalto. Zero Dois também é uma espécie de inspetor do Planalto que checa a fidelidade ao pai e aponta possíveis traições de auxiliares e aliados. Durante a pandemia, participou de reuniões paralelas sobre o enfrentamento à crise sanitária.
No Amazonas, Bolsonaro é aclamado pelo povo em feira livre (veja o vídeo)
A visita de Jair Bolsonaro ao Amazonas continua rendendo vídeos e imagens que demonstram o forte apoio popular recebido pelo presidente da República.
Em uma tradicional feira livre, no município de São Gabriel da Cachoeira, Bolsonaro foi recebido com os gritos de “mito” e abraçado pelos trabalhadores.
Tudo de maneira espontânea, demonstrando de forma inequívoca o reconhecimento da população de todos os esforços do presidente nessa luta difícil e delicada contra o sistema.
Veja o vídeo:
Em tempos de "censura", precisamos da ajuda do nosso leitor. JC ONLINE
Brasil chega a 44,8 milhões de vacinados contra covid, 21,17% da população ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2021/05/28/vacinacao-covid-19-coronavirus-28-de-maio.
Colaboração para o UOL, em São Paulo 28/05/2021 20h06Atualizada em 28/05/2021 22h55 Nesta sexta-feira (28), o Brasil chegou à marca de 44,8 milhões de vacinados contra a covid-19. No total, 44.827.770 pessoas receberam pelo menos uma dose de vacina contra a doença, o que representa 21,17% da população do país. O levantamento é do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, com base nos dados fornecidos pelas secretarias estaduais de saúde.
A primeira dose de imunizante foi aplicada em 891.763 brasileiros entre ontem e hoje. No mesmo período, outros 319.669 receberam a dose de reforço.
Até o momento, 21.954.622 pessoas receberam as duas doses de vacina, conforme a recomendação dos laboratórios responsáveis pela produção da CoronaVac, Oxford/AstraZeneca e Pfizer/BioNTech. O número corresponde a 10,37% da população nacional.
Proporcionalmente, o estado que mais aplicou a primeira dose de vacina em seus habitantes continua sendo o Mato Grosso do Sul, com 27,83% da população local. O Rio Grande do Sul permanece à frente entre os estados que, em termos percentuais, mais aplicaram a segunda dose: 12,93% de seus habitantes.
Embaixador chinês mostra agradecimento da Fiocruz por liberação de IFA O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, divulgou hoje uma carta que recebeu da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), agradecendo a ele pela liberação de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) para a produção da vacina da AstraZeneca no Brasil. A mensagem é assinada pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade.
Nela, a dirigente agradece o empenho do embaixador para a vinda de insumos do país asiático ao Brasil. No texto, Nísia aproveita para reforçar os "laços de cooperação científica entre a Fiocruz e instituições chinesas". "De acordo com a carta que a Fiocruz me endereçou, o IFA produzido no laboratório chinês WuXi Biologics, que vem recebendo desde fevereiro de 2021, garantirá a entrega de 100,4 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Fiocruz ao Programa Nacional de Imunizacões do Brasil", o embaixador comentou, ao postar a carta em seu perfil no Twitter..
Governo recebe 5,9 milhões de doses da vacina de Oxford neste sábado
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) disponibilizará mais 5,9 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca produzidas por ela ao Ministério da Saúde neste sábado (29). O quantitativo começará a ser distribuído aos estados hoje. O envio deve ocorrer pelos próximos dias.
As doses serão entregues ao centro de distribuição do Ministério, na cidade de Guarulhos (SP). O estado do Rio de Janeiro receberá diretamente seu lote, uma vez que a sede da unidade de fabricação da Fiocruz fica na capital fluminense.
Com essas 5,9 milhões, serão 46 milhões de doses de vacinas entregues pelo consórcio. A previsão é que até o início de julho a Fundação Oswaldo Cruz entregue mais 16 milhões de doses, totalizando 62 milhões.
O Plano Nacional de Operacionalização da Imunização Contra a Covid-19 foi atualizado, conforme anúncio do Ministério da Saúde de sexta-feira. Com o fim da imunização das pessoas com comorbidade e pessoas com deficiência, os será a vez dos profissionais da saúde receberem as vacinas. AGÊNCIA BRASIL
Fiocruz entrega hoje mais 5,9 milhões de vacinas ao PNI
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entrega hoje (28) mais 5,9 milhões de doses de vacina contra a covid-19 ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). Outras 600 mil estão previstas para serem repassadas na segunda-feira (31).
De acordo com a instituição científica, maio se tornará o mês com o maior número de doses entregues desde o início da produção, com 21 milhões de doses entregues no total. As vacinas estão sendo distribuídas aos estados e municípios do país para aplicação conforme os critérios estabelecidos no PNI, que é gerido pelo Ministério da Saúde.
O imunizante foi desenvolvido em uma parceria entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica inglesa AstraZeneca. Ainda no ano passado, elas firmaram com a instituição científica brasileira um acordo para transferência de tecnologia. A fabricação em larga escala no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz (Bio-Manguinhos) teve início em março deste ano.
De acordo com a Fiocruz, parte das vacinas que serão entregues no próximo mês estão em processamento final. Outra parte já está sendo submetida aos diferentes estágios de controle de qualidade. "Estão garantidas mais aproximadamente 18,5 milhões de doses, que sustentarão entregas semanais até 3 de julho", informou a instituição em nota.
Com os últimos dois repasses de maio, a Fiocruz irá totalizar 47,6 milhões de doses entregues desde o início do ano. Esse volume inclui 4 milhões que foram importadas prontas da Índia e que começaram a chegar ao Brasil em janeiro, antes da instituição científica brasileira iniciar sua produção.
Insumo
Por enquanto, o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), insumo mais importante para a produção da vacina, ainda está sendo importado. No fim de abril, a Anvisa deu aval para que a Fiocruz também possa fabricar o insumo. Assim, a expectativa é de que, em breve, a produção esteja 100% nacionalizada.
Na semana passada, a falta do IFA chegou a provocar a paralisação da fabricação das vacinas. Os trabalhos, que estavam suspensos no dia 20 de maio, foram retomados na terça-feira (25), após desembarcar no Brasil um novo carregamento do insumo proveniente da China.
Para dar sequência à produção, a Fiocruz tenta acelerar o recebimento das novas levas do IFA. "Com a capacidade de produção que a instituição já atingiu, caso a próxima remessa chegue ainda no início de junho, será possível aumentar as entregas do mês", informou.
Edição: Fernando Fraga / AGÊNCIA BRASIL
Brasil registra 16,4 milhões de casos e 459 mil mortes por covid-19
O número de casos de covid-19 subiu para 16.391.930 no país. Nas últimas 24 horas, foram registrados 49.768 diagnósticos positivos da doença. Ontem, o painel de informações do Ministério da Saúde trazia 16.342.162 casos acumulados. O país tem ainda 1.121.619 casos ativos, em acompanhamento.
Já o total de vidas perdidas para a covid-19 foi para 459.045. Entre ontem e hoje, foram confirmadas 2.371 mortes em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Ontem, o número de mortes estava em 456.674.
Ainda há 3.760 falecimentos em investigação. O termo é empregado pelas autoridades de saúde para designar casos em que um paciente morre, mas a causa segue sendo apurada mesmo após a declaração do óbito.
O número de pessoas que pegaram covid-19 mas se recuperaram desde o início da pandemia totalizou 14.811.266. Isso corresponde a 90,4% do total de pessoas que foram infectadas com o vírus.
Os números estão no balanço diário do Ministério da Saúde sobre a pandemia, divulgado na noite desta sexta-feira (28). A atualização é produzida a partir das informações disponibilizadas pelas secretarias estaduais de saúde.
Hoje o Ministério da Saúde também publicou novo boletim epidemiológico da covid-19 em que mostra um crescimento leve dos casos e uma estabilidade das mortes pela doença.
Estados
A lista de estados com mais mortes pela covid-19 é liderada por São Paulo (110.553). Em seguida vêm Rio de Janeiro (50.374), Minas Gerais (40.026), Rio Grande do Sul (27.990) e Paraná (26.168). Já na parte de baixo da lista, com menos vidas perdidas para a pandemia, estão Roraima (1.612), Acre (1.655), Amapá (1.685), Tocantins (2.839) e Alagoas (4.697).
Vacinação
Até o momento, foram distribuídas a estados e municípios 96,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19. Deste total, foram aplicadas 61,8 milhões de doses, sendo 42 milhões da primeira dose e 19,7 milhões da segunda dose. Hoje o Ministério da Saúde anunciou o início da vacinação de trabalhadores da educação e a entrada no cronograma de pessoas abaixo de 60 anos.
Edição: Bruna Saniele / AGÊNCIA BRASIL