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Pacheco e Moro definem filiações e ampliam leque de opções da terceira via

Julia Lindner e Paulo Cappelli / O GLOBO

 

BRASÍLIA —  A um ano das eleições, dois personagens do cenário político decidiram ingressar em partidos de centro, e devem ampliar o leque de opções para a “terceira via”, que segue à procura de um candidato competitivo para disputar o Palácio do Planalto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Atualmente no DEM, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), confirmou que vai se filiar ao PSD, e o ex-ministro Sérgio Moro decidiu entrar no Podemos, conforme antecipou a colunista do GLOBO Bela Megale.

LeiaRenan e petistas articulam para que Rodrigo Pacheco seja vice de Lula em 2022

Com a mudança de sigla, além de passar a integrar a segunda maior bancada do Senado, Pacheco estará mais perto da corrida presidencial, embora ele não confirme oficialmente sua intenção de disputar o comando do Executivo federal. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, é um dos maiores entusiastas do plano.

— Pacheco torna-se um dos principais quadros do partido. Por ser jovem, ele expressa a renovação que tantos querem no Brasil, e, ao mesmo tempo, tem muita experiência. Ocupou espaço no cenário político em locais que só pessoas preparadas e com talento ocupam, como as presidências do Senado e da Comissão e Constituição e Justiça (CCJ) — elogiou Kassab.

Questionado se é possível garantir a presença do futuro correligionário na lista de adversários de Lula e Bolsonaro, Kassab diz apenas que o convite já foi feito.

— Se depender de todos nós, ele aceitará o convite que fizemos para que seja o nosso candidato em 2022. Nós entendemos que ele efetivamente poderá vencer as eleições.

A proposta de filiação ocorreu há meses, levada pelo próprio Kassab. O senador mineiro, contudo, aguardava uma definição sobre a fusão entre DEM e PSL para bater o martelo. Pacheco também optou pela cautela para não se expor cedo demais. A migração de partido era vista no meio político como a formalização de que Pacheco tentaria se cacifar para o Planalto, algo que já era tratado como certo nos bastidores. Caso não consiga se viabilizar ao páreo no nacional, o parlamentar mira o governo de Minas Gerais.

O evento de filiação de Pacheco está marcado para a próxima quarta-feira, no Memorial JK, em Brasília. A escolha do local foi simbólica. Tem por objetivo homenagear o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que, assim como o senador, era mineiro e filiado a um partido homônimo à sigla fundada por Kassab em 2011.

Antes mesmo de oficializar sua entrada no PSD Pacheco já vinha sendo encarado por Bolsonaro e aliados do presidente como um adversário. Por isso, ele restringiu suas contas em redes sociais no intuito de evitar ataques de bolsonaristas.

Neste sábado, Pacheco vai participar de um evento nacional do PSD no Rio, que contará com a presença de Kassab e do prefeito da cidade, Eduardo Paes. A partir de então, ele deve iniciar uma série de viagens pelo país em uma tentativa de se tonar mais conhecido nacionalmente.

Seus futuros correligionários acreditam que, se por um lado, o senador ainda não é um personagem reconhecido Brasil afora, por outro, isso contribui para que ele tenha um baixo índice de rejeição. Internamente, acredita-se que a viabilidade de sua candidatura vai depender do desempenho dos outros candidatos, principalmente de Bolsonaro. A avaliação é que o eventual sucesso da terceira via depende da queda de popularidade do presidente, que, segundo esses cálculos, precisa chegar a um patamar de aprovação de até 20%, considerado baixíssimo.

Terceira via não forma rede própria de mobilização no Facebook como Lula e Bolsonaro

Marlen Couto / O GLOBO

A menos de um ano das eleições, os pré-candidatos da chamada “terceira via” não são capazes de formar redes próprias de mobilização no Facebook, maior plataforma digital em operação no país. É o que revela um levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP/FGV). A análise aponta que o debate sobre possíveis presidenciáveis na rede social, por enquanto, consolida a polarização entre as candidaturas do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula.

O relatório considerou 450 mil postagens em mais de 30 mil páginas e grupos públicos do Facebook publicadas em setembro. As redes pró-Bolsonaro e pró-Lula somaram mais de 90% das interações (curtidas, comentários e compartilhamentos) registradas e reuniram 76% dos perfis que participaram do debate. Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) aparecem como atores coadjuvantes na oposição à esquerda, dominada por Lula.

Os pré-candidatos do PSDB, João Doria e Eduardo Leite, não integram nenhum dos principais conjuntos formados. Apesar disso, se deslocaram da rede principal e formaram pequenos grupos de apoio. Já o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta integra um grupo formado por organizações sociais que fazem oposição ao governo Bolsonaro e à esquerda, como Vem Pra Rua. Essa rede somou pouco mais de 3% das interações no período.

Leia mais:Terceira via não forma rede própria de mobilização no Facebook como Lula e Bolsonaro

Extrema direita no Brasil já não precisa de Bolsonaro para se mobilizar, revela pesquisa

Marcelo Godoy, O Estado de S.Paulo

18 de outubro de 2021 | 05h00

Os atos e manifestações do bolsonarismo não precisam mais da presença de Jair Bolsonaro para acontecer. Dezoito meses de mobilização das ruas deixaram como herança uma extrema direita rapidamente mobilizada em torno de pautas que vão do combate às medidas de isolamento social à defesa do voto impresso e à guerra contra instituições.

É o que mostra pesquisa inédita coordenada pela antropóloga Isabela KalilDemocracia Sitiada e Extremismo no Brasil: 18 meses de manifestações bolsonaristas, do Núcleo de Etnografia Urbana e Audiovisual da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (NEU-FESPSP). Ao todo foram mapeadas 45 manifestações entre março de 2020 e setembro deste ano, em que o bolsonarismo atuou por meio do que os pesquisadores classificaram como “extremismo estratégico”.

Manifestação
Manifestação em São Paulo pró-Bolsonaro; pesquisa analisou 45 atos no Brasil e nos Estados Unidos. Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 7/9/2021

Mas o que seria esse extremismo e por que essa história não acaba com a declaração à nação feita por Bolsonaro para recuar dos ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na manifestação de 7 de Setembro? Para Kalil, apesar de ser impossível saber se o presidente continuará a participar desses eventos após o recuo, é certo que os atos não precisam mais de Bolsonaro para ocorrer. “Há vários exemplos na pesquisa. Bolsonaro pode moderar o tom e mudar a performance sem que os atos sejam desmobilizados.”

Como exemplo, a antropóloga citou as ações recentes de caminhoneiros e grupos como o 300 do Brasil. “Nas manifestações, sua base cobra mais radicalismo e diz: ‘eu autorizo o que for necessário’. Mas institucionalmente não aconteceu nada.” Ao não poder entregar o radicalismo esperado pelos extremistas, Bolsonaro “entrega a performance”. É assim, segundo ela, que se explica o desfile de carros de combate da Marinha em Brasília, no dia da votação da PEC do voto impresso, rejeitada pelo Congresso.

Para o cientista político José Álvaro Moisés, a história das manifestações é marcada pelo crescimento do que chamou de “expressões mais radicais do bolsonarismo”. O professor da USP alerta, no entanto, que os fracassos do governo desativaram a força do bolsonarismo radical para se impor ao País. “A declaração à nação de Bolsonaro foi um recuo tático. É preciso ainda entender seu impacto sobre o movimento.”

A resposta para isso tem relação com as táticas e a estratégia do movimento até as eleições de 2022. Moisés acredita que Bolsonaro deve adotar a visão escatológica, da luta final contra o petismo e o comunismo, como forma de mobilizar sua base, ainda mais do que o discurso antissistema que alimentou o extremismo estratégico nos 18 meses de atos de rua.

A pesquisa do NEU-FESPSP mostra que a formação desse extremismo é indissociável da covid-19. De acordo com ela, a pandemia se transformou em uma oportunidade para mobilizar os apoiadores do presidente. A maioria dos atos em 2020 trazia como pauta a defesa do tratamento precoce e o ataque a governadores e prefeitos que defendiam medidas de isolamento social, como o fechamento do comércio.

A pesquisa também detectou uma mudança da retórica bolsonarista. Antes da pandemia, os alvos prioritários eram os políticos e partidos tradicionais. Depois, passaram a ser instituições, como o Congresso e o STF. O deslocamento das pautas dos protestos é acompanhado pelo aumento do radicalismo, incluindo “atos de insurgência”. Um exemplo foi a tentativa de invasão do Congresso, em 13 de junho de 2020, quando o grupo 300 do Brasil subiu na cúpula do prédio após ter seu acampamento desmontado em Brasília.

Os pesquisadores identificaram ainda a presença cada vez maior de símbolos militares e de novos tipos de protestos, como os encontros de motociclistas – as motociatas –, que predominaram nos atos em 2021. Onze delas contaram com a participação presidencial – Bolsonaro esteve presente em 25 dos 45 eventos estudados.

Leia mais:Extrema direita no Brasil já não precisa de Bolsonaro para se mobilizar, revela pesquisa

Salvaram-se todos no debate dos pré-candidatos do PSDB

OS 3 CANDIDATOS A PRESIDENCIA PELO PSDB

 

Aparentemente, vai ser menos complicado do que se supunha garantir a unidade dos tucanos após as prévias para escolher o candidato do partido à Presidência da República. O que parecia estar caminhando para um confronto aberto sobre as regras da disputa, com o governador paulista João Doria se insurgindo contra possíveis manobras que lhe tirem o favoritismo dentro do PSDB, acabou refluindo, pelo menos neste primeiro momento, para um debate civilizado em que o partido mostrou que ainda tem fôlego para discutir os grandes temas nacionais sem grande divisões.

 

Os três pré-candidatos - o próprio Doria, o governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgilio - defenderam os pontos partidários básicos, como o equilíbrio fiscal e as privatizações, divergiram em pouca coisa, como quanto à reeleição, que também é uma marca do partido. Embora o próprio Fernando Henrique Cardoso já tenha admitido que foi um erro a implantação do sistema de reeleição.

Arthur Virgilio foi o mais ortodoxo dos tucanos, defendeu a reeleição naquele momento, em que era preciso consolidar o Plano Real, e também hoje, quando lembra que será preciso muito tempo para resgatar o país da crise em que vive desde o caos econômico implantado pelo governo Dilma, o último do PT. O governador do Rio Grande do Sul já anunciou que é contra a reeleição e considera que esse desapego facilita acordos políticos com outros partidos na hora de ter que montar um governo de coalizão. E pode ajudá-lo também nas negociações internas do próprio PSDB, pois não será empecilho a projetos de outros políticos do partido.

A seu favor tem a realidade de que abriu mão de se candidatar à reeleição ao governo do Rio Grande do Sul, que seria o passo mais natural na sua bem sucedida carreira política, de vereador a prefeito e governador do estado. Aliás, este parece ser o ponto nevrálgico de suas preocupações, a experiência administrativa e política. Basta que algum de seus oponentes sugira que é inexperiente para que Eduardo Leite se preocupe, tentando desfazer essa imagem.

No final, não houve mortos nem feridos, e o partido saiu fortalecido em suas linhas mestras. O que os dirigentes presentes consideram o maior ganho das prévias. Para Doria, que continua sendo o favorito, o primeiro debate não parece ter limitado sua ambição. Já Eduardo Leite segue perseguindo o governador de São Paulo com mais chances de ganhar hoje do que tinha quando começou a campanha. Ambos aproveitaram a oportunidade para fazerem mea-culpa do apoio que deram a Bolsonaro na eleição de 2018. Virgilio foi o mais cáustico a esse respeito, mas como Doria e Leite é que estão na disputa, esse não será um calcanhar de Aquiles para nenhum dos dois nas prévias. Pode ser, porém, na campanha presidencial.

MERVAL PEREIRA / O GLOBO

Faltando exatamente um ano para o eleitor ir às urnas nas disputas majoritárias de 2022, a corrida presidencial já teve início. O jogo de alianças, conchavos, promessas (vagas e falsas, em muitos casos) e apresentações de candidato está em campo. De forma

Não haverá showmícios nas eleições de 2022. Não será desta vez que assistiremos à batalha entre representantes da MPB que apoiam o PT e sertanejos que cerram fileiras em torno de Jair Bolsonaro.

O Supremo Tribunal Federal registrou maioria de 8 dos 10 ministros para manter tais eventos proibidos, como determina legislação de 2006. Para a maioria dos magistrados, o veto à participação de artistas em comícios eleitorais não viola a liberdade de expressão, hipótese em que a norma poderia ser declarada inconstitucional.

Para complicar as coisas, sete ministros votaram para permitir que músicos se apresentem a um público pagante com a finalidade de arrecadar fundos de campanha.

Se a norma for aplicada da forma que o STF definiu, seu efeito mais notável será que os cidadãos mais ricos, isto é, as pessoas com renda suficiente para fazer doações eleitorais, poderão desfrutar de um show com seus artistas preferidos, mas os mais pobres, não.

No plano eleitoral, temos uma receita para a confusão. Uma apresentação destinada a angariar recursos, mas aberta também ao público não pagante é um evento de arrecadação ou um showmício? Não há como saber, o que significa que cada juiz eleitoral determinará o que lhe vier à cabeça.

A razão alegada para a proibição dos showmícios é manter uma certa paridade de armas entre os candidatos. Trata-se de ideia fadada ao fracasso, mas que ao menos segue alguma lógica. Quando o STF mantém o showmício vetado, mas libera eventos de arrecadação, aniquila essa lógica.

A ciência política já escrutinou as razões pelas quais o eleitor vota num postulante —e o apoio de artistas não figura entre as relevantes. Isso significa que os músicos são muito mais úteis para ajudar a arrecadar fundos do que votos. A paridade de armas é mais afetada pelo que foi liberado do que pelo que permaneceu vetado.

Esse é mais um exemplo dos problemas gerados por uma legislação eleitoral excessivamente detalhista e paternalista, que serve mais para estimular a judicialização dos pleitos, com todas as incertezas que isso acarreta, do que para promover uma ilusória justiça na disputa entre os candidatos.

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