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Costa Neto recebe ‘carta branca’ de diretórios estaduais do PL para filiar Bolsonaro

Lauriberto Pompeu, O Estado de S.Paulo

17 de novembro de 2021 | 19h48

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, informou ter recebido “carta branca” dos diretórios estaduais, nesta quarta-feira, 17, para mexer em alianças regionais e facilitar a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao partido.

Um dos principais pontos de divergência entre a cúpula do PL e Bolsonaro é justamente São Paulo, o maior colégio eleitoral do País.  Foi por causa da aliança do PL com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e também pela disposição do partido em apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Estados do Nordeste que Bolsonaro decidiu adiar a filiação à sigla comandada por Costa Neto. 

O PL compõe a base aliada que dá sustentação a Doria na Assembleia Legislativa e tem cargos importantes na área de infraestrutura. Integrante do Centrão, o partido tem compromisso de apoiar o vice-governador Rodrigo Garcia, pré-candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes, mas Bolsonaro quer lançar para essa cadeira, em 2022, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.

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O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, avalia rever alianças regionais para viabilizar filiação de Bolsonaro Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em reunião realizada nesta quarta-feira, 17, com dirigentes dos diretórios estaduais e parlamentares, Costa Neto comunicou que a configuração dos palanques nos Estados sofrerá mudanças. Segundo o senador Wellington Fagundes (MT), o presidente do PL disse que o apoio ao PSDB paulista  “pode ser revisto de acordo com as condições de agora”.

Mesmo assim, ainda não há definição sobre quais arranjos estaduais serão mudados.  "O partido definiu, homologou e entregou carta branca ao presidente Valdemar para que, em nome do diretório nacional, junto com os membros do diretório, possa ver caso a caso", disse Fagundes.

Vice-líder do governo, o senador Jorginho Mello (PL-SC) também demonstrou confiança na filiação de Bolsonaro. "O partido, unanimemente, entregou uma procuração ao presidente Valdemar para que ele trate com o presidente Bolsonaro e todo mundo vai receber o presidente de braços abertos", disse Mello.

Bolsonaro está em viagem por países árabes e só retornará ao Brasil nesta quinta-feira, 18. Apesar das declarações otimistas, a entrada do presidente no PL não está certa e ainda haverá um encontro entre ele e Costa Neto. A filiação estava marcada para o dia 22, mas foi adiada após troca de mensagens entre os dois, nos últimos dias, nas quais houve até xingamentos.

Ao chegar à reunião desta quarta-feira, o ex-senador e presidente do PL no Espírito Santo, Magno Malta, aliado de Bolsonaro,  minimizou as divergências entre o partido e o presidente. “Temos que resolver problemas paroquiais. Nada além disso”, afirmou.

No Nordeste, porém, o PL também tem alianças que esbarram nos planos de Bolsonaro. No Piauí, por exemplo, o partido está aliado ao governador Wellington Dias (PT). Na Bahia, embora o PL planeje se aliar a ACM Neto (DEM) para o governo estadual, há uma ala do partido que mantém proximidade com o governador Rui Costa (PT).  

Já em Pernambuco, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), tem compromisso firmado com a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), para uma dobradinha com vistas à eleição ao governo estadual. Isso inviabiliza os planos eleitorais do ministro do Turismo, Gilson Machado, que é citado por Bolsonaro como candidato ao governo ou ao Senado no Estado.

Integrantes do PL rejeitam o ministro para a eleição majoritária e sugerem o nome dele para deputado federal.   Tanto no caso do Piauí, quanto em Pernambuco, Costa Neto emitiu comunicados oficiais na semana passada garantindo a autonomia dos diretórios. Nesta quarta-feira, Anderson, que também é presidente do PL em Pernambuco, evitou comentar os planos eleitorais do ministro do Turismo, mas disse que "o partido está muito alinhado para receber bem o presidente Bolsonaro".

Candidatos a governos estaduais do PDT de Ciro abrirão palanque para Lula... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2021/11/13/candidatos-a-governos-estaduais-do-pdt-de-ciro-abrirao-palanque-para-lula.htm?

Josias de Souza
 

Colunista do UOL

13/11/2021 03h28

O PDT do presidenciável Ciro Gomes terá candidato a governador em meia dúzia de estados. O partido montará palanque duplo em pelo menos três. Rodrigo Neves, no Rio de Janeiro; Weverton Rocha, no Maranhão; e Edvaldo Nogueira, em Sergipe, recepcionarão também o petista Lula. Presidente do PDT, Carlos Lupi disse em entrevista ao UOL que respeita a realidade política local. "Ninguém está acorrentado no processo político", ele declarou.

A bipolaridade estadual submete o candidato do PDT ao Planalto a um paradoxo. Ciro trabalha com a hipótese de que a pandemia e seus efeitos econômicos derreterão as pretensões eleitorais de Bolsonaro, abrindo espaço para que outro candidato dispute o segundo turno contra Lula. "Eu vou pra cima dele", avisou Ciro em maio, referindo-se a Lula como "o maior corruptor da história brasileira."

Desde então, os comentários de Ciro em relação a Lula e ao petismo tornam-se cada vez mais ácidos. Já tachou Lula de "falso titã". Declarou que o PT tenta esconder "o pior da sua história: a corrupção do governo Lula e a incompetência do governo Dilma." Afirmou que Lula "nunca pediu perdão pelos erros". Acusou-o de fazer alianças com políticos que tramaram o impeachment de Dilma. Insinuou que Lula conspirou pela queda de sua pupila.

Ex-ministro de Lula e Dilma, Lupi absteve-se de comentar os ataques corrosivos de Ciro: "Cada um tem seu estilo de fazer campanha e de emitir suas opiniões". Deu de ombros para a desconexão entre a pregação antipetista de Ciro e a abertura de palanques estaduais do PDT para Lula. "Na campanha da televisão vai estar o 12, número do Ciro."

Para Lupi, Lula foi um "bom presidente", pois "gerou muito emprego para os pobres" e "fez uma política social muito boa". Em contrapartida, "foi também o presidente que mais fez o sistema financeiro ganhar dinheiro." Nada que impeça o PDT de se aliar a Lula num hipotético segundo turno travado entre o candidato do PT e Bolsonaro, ou opções "adjacentes", como Sergio Moro e João Doria.

Vai abaixo a íntegra da entrevista de Carlos Lupi. O trecho em que ele fala sobre o palanque duplo nos estados (começa em 23:37, prolongando-se até 27:52).

R$ 400 do Auxílio Brasil focam eleitor que dá triplo de vantagem a Lula sobre Bolsonaro

SÃO PAULO

O Auxílio Brasil perseguido pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) atingirá de modo focalizado boa parte dos eleitores que hoje não querem reeleger o presidente: os mais pobres, os nordestinos e os desempregados.

Esses três grandes grupos representam até metade dos eleitores e estão entre os que pior avaliam o governo Bolsonaro. Em relação ao presidente, eles também sinalizam quase o triplo de intenções de voto em seu maior adversário em 2022, o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Desenhado para pagar em média R$ 400 mensais a 17 milhões de famílias no ano que vem, o Auxílio Brasil com esse valor ainda depende da aprovação, no Senado, da PEC dos Precatórios, que dá calote em dívidas da União reconhecidas pela Justiça.

Mas, nos planos de Bolsonaro, o programa nesse formato já tem data para acabar: dois meses após o segundo turno de 2022.

Os R$ 400 equivalem a mais que o dobro do valor médio do extinto Bolsa Família. Mas, em 2023, o benefício deve despencar para cerca de R$ 224, valor 17,8% maior que o último pagamento médio do Bolsa Família.

O reajuste recente ficou abaixo da inflação da baixa renda (20,5% pelo INPC) desde julho de 2018, quando o benefício foi atualizado. Ao cair para R$ 224, o valor não cobrirá a inflação até o fim do ano que vem.

"O Auxílio Brasil de R$ 400 no ano eleitoral será retrátil, pois encolherá à frente. É algo inédito em se tratando de benefício que pretende substituir o Bolsa Família", afirma Marcelo Neri, diretor da FGV Social e ex-presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

"O programa foca um público no ano eleitoral que não é o do presidente. A dúvida é se os beneficiários entenderão a ‘pegadinha’ do valor, que cairá pouco depois da eleição."

Para Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, se o novo Auxílio Brasil chegar aos R$ 400 em 2022, ele deve influenciar os eleitores e pode fazer diferença.

"É provável que uma parcela importante dos eleitores releve muitos dos aspectos negativos do governo Bolsonaro em troca desse benefício", diz Paulino. "Mas o potencial de recuperação deve ser menor do que o de Lula após a crise do mensalão."

Esquema de compra de votos de parlamentares pelo governo em 2005, o mensalão ameaçou o mandato de Lula e foi o principal tema de seus adversários na campanha de 2006, na qual o petista se reelegeu.

Embora Bolsonaro vá além com o Auxílio Brasil, de 2005 para 2006, antes da campanha eleitoral, Lula aumentou em 32% o orçamento do Bolsa Família (para um INPC de 5%) e ampliou de 8,7 milhões para 11 milhões (+27%) o número de beneficiários.

Ao contrário de Bolsonaro, o petista não contava com a amarra do teto de gastos para conceder o aumento e tinha uma economia em expansão. O crescimento do PIB foi de 4% em 2006, 6,1% em 2007 e chegaria a 7,5% em 2010; com a inflação sob controle.

Agora, Bolsonaro pode entrar no ano eleitoral com a economia em desaquecimento e a inflação em dois dígitos, sobretudo a de alimentos.

Embora o Auxílio Brasil tenha alcance bem menor que o Auxílio Emergencial pago em 2020 —chegou a 66 milhões de pessoas e fez a aprovação de Bolsonaro disparar para 37%, ante os atuais 22%, segundo o Datafolha—, o programa terá grande penetração entre aqueles descontentes com o presidente.

Mais da metade dos eleitores (51%) vive em famílias com renda mensal inferior a dois salários mínimos (R$ 2.200), segundo estratificação do Datafolha. Entre eles, 54% pretendem votar em Lula no primeiro turno em 2022; e só 20% em Bolsonaro.

Embora o Auxílio Brasil seja dirigido a quem está na pobreza, especialistas afirmam que há grande interseção entre os que vivem de trabalhos instáveis ou temporários —e que ganham menos— e os que estarão no programa.

Outro ponto é que, assim como ocorria com o Bolsa Família, praticamente a metade dos recursos do Auxílio Brasil continuará dirigida ao Nordeste, que concentra um quarto dos eleitores do país.

É justamente nos estados nordestinos que Lula abre a maior vantagem sobre Bolsonaro: 61% a 16%, respectivamente. A liderança do petista também é grande entre os desempregados (10% dos eleitores): 55% querem votar em Lula; 19%, no presidente.

Vários trabalhos acadêmicos sobre o impacto do Bolsa Família em eleições encontraram correlação positiva a favor do candidato que oferecia o benefício.

Estudo da FGV em 2014 mostrou que cada ponto percentual de cobertura do programa em um município rendeu, em média, 0,32 ponto percentual na votação de Dilma Rousseff naquele ano.

Outro, da Universidade de Brasília sobre a vitória do PT em 2006, constatou que "os beneficiários do programa tendem a votar mais em Lula, além de avaliar o governo federal e o trabalho do presidente de uma forma mais positiva do que os não beneficiários".

No fim de julho, Bolsonaro reconheceu em entrevista à rede Nordeste de rádio a influência eleitoral que programas de assistência têm no Brasil. "Acredito que o Bolsa Família foi o grande sustentáculo por ocasião das eleições", disse, sobre vitórias petistas.

Para o cientista político Carlos Pereira, da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da FGV, embora esse tipo de benefício dê frutos eleitorais, é difícil determinar o impacto do Auxílio Brasil desta vez, sobretudo por conta do alto desemprego e da inflação. "Bolsonaro está jogando com o que pode e tem nos estratos que hoje preferem Lula", afirma.

Além de menos potente que o Auxílio Emergencial pago em 2020, cujo valor no ápice chegou a R$ 600 mensais, o Auxílio Brasil deve ter alcance limitado porque Bolsonaro terá de dividir parte do dinheiro levantado com a PEC dos Precatórios (cerca de R$ 91,6 bilhões) com emendas de parlamentares.

"É o preço que o presidente paga por não gerenciar de forma eficiente sua coalizão política. Na ausência disso, o jogo acaba se tornando predatório", afirma Pereira.

Como Bolsonaro não consegue fazer avançar no Congresso políticas de interesse geral que beneficiem o país como um todo, aumentando as chances de reeleição dos parlamentares, eles acabariam tomando o máximo de recursos para si a fim de tentar garantir sua sobrevivência política.

Para a aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira (Progresistas-AL), e o governo Bolsonaro patrocinaram a distribuição de pelo menos R$ 1,4 bilhão em emendas parlamentares nas últimas semanas.

Outros bilhões de reais ainda a serem definidos após a aprovação da PEC devem irrigar mais emendas e podem turbinar o fundo eleitoral no ano que vem.

Pereira avalia, porém, que será difícil para Bolsonaro eliminar o "recall" de Lula entre os eleitores mais pobres, que sentiram a vida melhorar nos anos em que o petista governou o país.

Outro problema para Bolsonaro, segundo Vinícius Botelho, ex-secretário nos ministérios de Desenvolvimento Social e da Cidadania (2016-2020), é que alcance menor do Auxílio Brasil, mesmo com os R$ 400 em 2022, não apaga a percepção de piora de vida que 66 milhões de brasileiros tiveram a partir do fim do Auxílio Emergencial de R$ 600 —seguido pelo aumento da inflação.

Botelho considera que o governo poderia ter desenhado melhor o programa para o ano que vem, alcançando mais famílias. "Será um valor até muito alto para um número reduzido de pessoas", afirma.

Isso ocorreu porque Bolsonaro elevou o teto de renda permitido para ingresso no programa a um patamar que não repõe a perda inflacionária dos últimos anos e ignora critério internacional de pobreza usado por organismos como a ONU —o que limitou o público.

Na avaliação de Naercio Menezes, diretor do Centro Brasileiro de Pesquisa Aplicada à Primeira Infância e professor do Insper, apesar de não ter expandido de forma significativa os beneficiários, o Auxílio Brasil difere pouco do Bolsa Família, mas traz mudanças positivas para as famílias com filhos pequenos.

Ele destaca o Benefício Primeira Infância (R$ 130), para famílias com crianças até três anos (por integrante); e o Auxílio Criança Cidadã (R$ 200 para período parcial ou R$ 300 no integral), para pagamento de mensalidades em creches privadas.

"A mudança de nome para Auxílio Brasil é claramente estratégia eleitoral, mas o novo benefício não piorou o Bolsa Família", afirma.

Geléia tucana - Por Merval Pereira / O GLOBO

PSDB e PT, que disputaram a liderança política do país durante 20 anos, até 2014, podem voltar a ser decisivos na eleição de 2022, em situações paradoxais muito próprias da geléia geral partidária brasileira.

Uma chapa com Lula para presidente e Geraldo Alckmin para vice deixou de ser “impensável” para ser “possível”, o que pode influir decisivamente no resultado final. O ex-presidente Lula, aproximando-se de Alckmin, dá passos largos em direção ao centro, mesmo que seja apenas um gesto político, que dificilmente se transformará em mudança de seu programa de governo.

O PT deve continuar sendo estatizante e controlador de áreas estratégicas, como a informação e comunicação, a cultura, a  educação. Assim como o governo Bolsonaro de início deixou a área econômica com o “Posto Ipiranga” liberalizante e acabou controlando o setor com intervenções estatais e visão estatizante.

Mas a hoje possível, mas não provável, ida de Alckmin para um partido aliado do PT, a formar uma chapa presidencial, teria inicialmente o condão de mexer com a briga interna do PSDB, que caminha para uma prévia fratricida. O partido teria em São Paulo, sua principal base política, uma cunha importante com os adeptos de Alckmin querendo derrotar o governador, que consideram um traidor.

Doria, porém, poderia eleger seu candidato ao Palácio Bandeirantes, o vice-governador Rodrigo Garcia, fortalecendo sua campanha presidencial caso vença as prévias. O PSDB, no entanto, está estraçalhado pelas brigas internas. A bancada tucana na Câmara tem sido uma aliada não declarada do governo Bolsonaro, e a partir de quando se declarou “oposição”, por esses estranhamentos da política brasileira, passou a votar ainda mais alinhada ao governo.

Antes, quando fazia parte formal da base do governo na Câmara, o  apoio era de cerca de 75% aos projetos do governo, hoje, passou a cerca de 85%. Na votação da PEC dos Precatórios,  com toda a polêmica gerada na oposição, o apoio da bancada tucana foi de 65%. Essa lealdade deve-se principalmente à atuação do deputado federal mineiro Aécio Neves, que mantém sua influência no partido. A partir de Minas Gerais, uma das mais importantes seções da legenda, Aécio comando uma oposição ao governador João Doria e apoia o governador gaúcho Eduardo Leite nas prévias presidenciais.

Dos 53 deputados mineiros, 37 votaram com o governo na PEC dos Precatórios. Com isso, Doria tem marcado uma posição mais oposicionista ao governo federal, além de ter a chancela da vacina Coronavac para pavimentar seu caminho à vitória nas prévias e posterior candidatura presidencial. Mas Eduardo Leite tem apoio de seções importantes, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, os três maiores colégios eleitorais depois de São Paulo no partido.

Se derrotar Doria, Leite se tornará o fato novo mais importante das eleições, juntamente com o ex-juiz Sérgio Moro. Se o governador paulista vencer, terá pela frente um partido dividido que dificilmente terá espaço para a reconciliação, com parte dele aderindo à candidatura de Bolsonaro. O eleitorado tucano que abandonou Alckmin em 2018, deixando-o com menos de 5% dos votos, pode ajudar Lula em 2022, decepcionado com o governo Bolsonaro. Ainda mais com Alckmin como vice.

Especialmente em São Paulo, onde os tucanos sempre saem à frente com largas vantagens que não parecem esperar o governador Doria, caso ganhe as prévias. Já o governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite perderia um apoio importante do próprio Alckmin se vencer as prévias. Alckmin é o favorito para o governo de São Paulo e pode esperar por uma vitória de Leite para decidir para onde ir, ou mesmo ficar no PSDB caso a derrota de Doria o enfraqueça dentro de seu próprio território. Mas mesmo que tenha que deixar o partido que ajudou a fundar, mas não aceitar ir para a órbita de Lula, o ex-governador Alckmin poderá apoiar Leite, trazendo boa parte dos tucanos paulistas

PSDB foca em Bolsonaro, esquece Lula e quer a centro-direita contra PT

Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo

14 de novembro de 2021 | 03h00

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, aproveitou o debate dos candidatos às prévias do partido, no Estadão, para dizer a mais pura, e melancólica, verdade: “Todos os partidos perderam controle na relação direta com as suas bancadas”. Tradução: o bolsonarismo produziu, ou aprofundou, um estouro da boiada no Congresso.

Os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), candidatos às prévias tucanas, faziam malabarismo para se descolar do fato de que 22 dos 31 deputados federais tucanos votaram a favor da PEC dos Precatórios, ou “PEC da Reeleição” (do presidente Jair Bolsonaro, óbvio).

Debate prévias PSDB
Hoje, o PT lidera e o PSDB disputa uma terceira via congestionada. Foto: Felipe Rau/Estadão

ACM Neto, presidente do DEM e futuro secretário-geral do União Brasil (DEM-PSL), poderia dizer: “Viram? Não fui só eu”. Exemplo da perda de controle das bancadas, ele não conseguiu manter os votos democratas no deputado Baleia Rossi para a presidência da Câmara. 

Quando ACM e Rodrigo Maia, padrinho da candidatura de Baleia, abriram os olhos, era tarde demais. A maioria da bancada já tinha se bandeado para Arthur Lira, candidato de Bolsonaro. Foi assim nas demais bancadas e deu no que deu: a Câmara de Lira está a serviço de Bolsonaro, além de cuidar bem de seus próprios interesses e emendas e mal dos interesses nacionais.

No debate de Doria, Leite e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio – o único com passagem por Brasília e Congresso –, Bolsonaro virou batata quente, que Doria e Leite empurravam um para o outro. O sujo falando do mal lavado, porque ambos o apoiaram no segundo turno de 2018.

Suave na forma, ácido no conteúdo, Virgílio provocou: “Não deixe que lhe preguem na face a fama de bolsonarista. Isso não é justo nem digno de você”. Dirigia-se a Leite, mas poderia ser para Doria, que carrega o fardo do “Bolsodoria”. 

Os dois viraram críticos do presidente, sobretudo Doria, mas ele ouviu quem entende de comunicação: os craques na “política de esgoto” são Bolsonaro e o gabinete do ódio. Quando entra na deles, Doria sai perdendo.

No debate, os tucanos se esqueceram de Lula, líder inconteste das pesquisas. O PSDB digladiou com PT em todas as eleições, até 2018, e agora aposta no confronto com Bolsonaro para ocupar a centro-direita e voltar à tradição do segundo turno entre PT e PSDB.

Hoje, o PT lidera, o PSDB disputa uma terceira via congestionada, Sérgio Moro é interrogação e Bolsonaro trocou Moro por Valdemar Costa Neto, condenado e preso no mensalão. A eleição está como o diabo e os jornalistas gostam. 

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