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Com um enorme passado pela frente, Lula e Bolsonaro fogem de sabatina..

Josias de Souza
 

Colunista do UOL

01/05/2022 03h50

Lula ou Bolsonaro?, eis a pergunta que se insinua como inevitável nas pesquisas de opinião. Até num exame vestibular o sujeito pode optar por uma entre quatro alternativas. Na eleição presidencial, porém, a conjuntura esfrega na cara do brasileiro a pergunta única.

UOL e Folha serviram ao eleitorado uma rodada de sabatinas com pretendentes ao trono presidencial. Lula e Bolsonaro não deram as caras. A fuga é um prenúncio do que está por vir. Os líderes nas pesquisas só devem participar de debates em caso de extrema necessidade.

Há 20 anos, em março de 2002, Lula já reclamava dos debates: "O formato no qual aparecem dez candidatos respondendo por dois minutos já se mostrou ineficaz." Em 2018, Bolsonaro ecoou a mesma crítica. À frente de sua campanha, Gustavo Bebianno declarou que o capitão estava "de saco cheio desses debates inócuos, que não levam a nada. Não vale a pena comparecer." A crítica ao modelo tradicional de debates é procedente. Mas o problema não foi criado pelos meios de comunicação. Os confrontos foram engessados pela legislação eleitoral e pelo esforço das assessorias para proteger os candidatos atrás de regras draconianas que inibem o contraditório. Lula sugeria em 2002 um formato mais direto: "Por que não fazemos debates como no futebol, com disputas dois a dois?" Hoje, um tête-à-tête com Bolsonaro seria de enorme serventia. Mas a lei só autoriza o mano a mano no segundo turno.

O petista mostrava-se aberto também às sabatinas: "Podemos pensar na volta do palanque eletrônico. O cara senta diante de jornalistas e personalidades e responde a perguntas feitas por eles e pelos telespectadores.".

Agora, embora seu presidenciável faça campanha em tempo integral, o PT alega que Lula não pode participar de sabatinas porque ainda não é um candidato formal. O pretexto não faz jus às palavras daquele Lula que prevaleceu nas urnas de 2002:

"A gente precisa botar na cabeça que a eleição é uma oportunidade para estimular a consciência política do povo. As baixarias e a falta de debate destinam-se a evitar que isso aconteça.".

No fundo, Lula e Bolsonaro não implicam com o formato de debates e sabatinas. Implicam mesmo é com a perspectiva de serem questionados, pois não há modelo capaz de transformar debate em palanque.

Bolsonaro faz comícios até nos salões do Planalto. Lula atiça sua rouquidão em encontros partidários e entrevistas edulcoradas. Ambos dispõem de suas próprias mídias..

Na última terça-feira, quando concedia uma de suas entrevistas companheiras, Lula foi agraciado com inúmeras levantadas de bola e um gol contra. Um dos inquisidores quis saber:

"O senhor pretende estabelecer, com esse passo de hoje, uma proximidade maior com nós, que fazemos esse trabalho que o Allan dos Santos [blogueiro bolsonarista foragido da polícia) faz, mas do lado oposto?" Lula se absteve de responder..

O Brasil vive uma fase peculiar de sua história. Ao observar o cenário da campanha de 2022, o eleitor vê um enorme passado pela frente..

A maioria oscila entre um ex-presidente do mensalão e do petrolão e um presidente apologista da ditadura e cultor do golpe. A ausência de contraditório e o nanismo das candidaturas alternativas não ajudam a distinguir certos candidatos do candidato certo. COMUNICAR ERRO .

Doria ultrapassa Ciro em nova pesquisa

Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado neste sábado (30) mostra que João Doria (PSDB) ultrapassou Ciro Gomes (PDT) no maior colégio eleitoral do país, que é São Paulo. O tucano agora tem 5,5% das intenções de voto, ficando na terceira colocação, ante 5,4% do pré-candidato pedetista.

 

Lula, com 34,9% e Jair Bolsonaro, com 35,8%, continuam tecnicamente empatados entre os eleitores do estado de São Paulo, com uma leve vantagem para o atual presidente. Já Simone Tebet aparece com 1,9%, André Janones, 1,2%, Luiz Felipe d’Avila, 0,6% e Luciano Bivar, 0,6%.

A pesquisa ouviu 1.820 eleitores em 78 municípios de São Paulo, por meio de entrevistas pessoais e presenciais, entre os dias 24 e 29 de abril de 2022 e foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob o número BR-07854/2022.

Doria já iniciou a pré-campanha por alguns estados brasileiros. Depois de passar pela Bahia, visitou o Distrito Federal e Pará. Inserções do PSDB no horário eleitoral nacional que começaram no dia 26 de abril também reforçam a estratégia para romper a polarização entre Lula e Bolsonaro nas eleições presidenciais. ISTOÉ

Eleição no Nordeste terá esquerda fraturada e disputa por apoio de Lula

João Pedro Pitombo / FOLHA DE SP
SALVADOR

A aliança que dará sustentação à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo Planalto não deve se repetir nas eleições estaduais no Nordeste, região que concentra a maioria dos governadores aliados e que é um dos principais redutos do petista.

provável chapa com PT, PC do B, PV, PSB, Rede e Solidariedade não deverá ser replicada em nenhum dos nove estados da região. Com isso, há chance que Lula tenha dois ou até três palanques em cada estado nordestino.

Em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, por exemplo, o embate entre candidatos de partidos da base lulista promete ser mais tenso e deve ser marcado por rusgas, atritos e acusações mútuas.

O cenário de conflito preocupa cúpula da campanha petista, que atua para que rixas paroquiais não atinjam a eleição nacional, criando problemas desnecessários para Lula.

Um dos focos de maior tensão é a Paraíba, onde o governador João Azevêdo (PSB) e o ex-governador Ricardo Coutinho (PT), rompidos desde 2019, protagonizam desavenças públicas e enfrentam uma disputa aberta pelo apoio de Lula no estado.

Azevêdo concorre à reeleição amparado por uma ampla frente de partidos de centro, enquanto Coutinho concorrerá ao Senado na chapa que será liderada por Veneziano Vital do Rêgo (MDB).

Os três eram aliados na campanha vitoriosa que elegeu Azevêdo em 2018, mas se afastaram ao longo do mandato. O PT, por sua vez, rachou no ano passado após a filiação de Coutinho: uma parcela do partido se manteve com o governador e outra parte foi para a oposição.

Em entrevista a jornalistas e youtubers nesta semana em São Paulo, Lula classificou como um "bom problema" o cenário eleitoral conturbado e com múltiplos palanques na Paraíba.

"Um técnico da seleção tem um bom problema quando tem muito jogador bom. Na Paraíba, eu estou feliz com a minha situação, porque muita gente boa quer trabalhar conosco, querendo fazer aliança. Eu não recuso voto", disse.

Além de Azevêdo e Veneziano, Lula também será apoiado pela pré-candidata ao governo Adjany Simplicio (PSOL) e mantém conversas com a vice-governadora Lígia Feliciano (PDT). Há possibilidade de um palanque quádruplo no estado.

A postura de desprendimento em relação aos palanques, contudo, não se repete na vizinha Pernambuco. Lá, a deputada federal Marília Arraes trocou o PT pelo Solidariedade e vai concorrer ao governo contra o deputado federal Danilo Cabral, que tentará manter a hegemonia de 16 anos do PSB no estado.

Mesmo com três candidaturas em seu arco de alianças —também concorrerá ao governo o advogado João Arnaldo (PSOL)—, o petista afirmou nesta sexta-feira (29) que apoiará apenas o candidato do PSB.

"Embora eu mantenha toda relação que eu tenho de respeito pela Marília, eu, sinceramente, vou trabalhar para que Danilo seja o governador do estado de Pernambuco", disse Lula em entrevista à Rádio Jornal.

Pernambuco é um colégio eleitoral crucial e simbólico para o PSB, motivo que levou Lula a priorizar Cabral e não criar arestas na aliança nacional. Ainda assim, Marília Arraes tem atrelado à sua imagem ao ex-presidente e critica o PSB por vetar a adoção de palanques múltiplos para Lula no estado.

"A gente quer que Lula ganhe a eleição, a gente está preocupado de verdade que Lula ganhe a eleição e derrote Bolsonaro. Eles estão preocupados em manter o poder em Pernambuco. Essa é a preocupação deles", afirmou a deputada em ato político na última segunda-feira (25).

Outro foco de conflito é o Maranhão, onde o PT está fraturado entre o governador Carlos Brandão (PSB), alçado ao cargo em abril após a renúncia de Flávio Dino (PSB), e o senador Weverton Rocha (PDT).

Ambos fazem parte da base de Dino, que tenta isolar Weverton e consolidar seus apoiadores em torno de Brandão, que foi filiado ao PSDB e ao Republicanos antes de ir para o PSB.

Formalmente, os petistas vão apoiar Brandão e indicaram como candidato vice Felipe Camarão, ex-secretário estadual de Educação que até ano passado era filiado ao DEM.

Mas houve uma reação no último domingo (24), quando militantes petistas fizeram um ato de apoio a Weverton, que apesar de filiado ao PDT também tem proximidade com Lula.

"A tendência é que a direção do partido apoie Brandão, que é uma pessoa sem nenhuma afinidade com a nossa base. Mas a militância e os movimentos sociais estarão com Weverton", afirma Honorato Fernandes, presidente do PT em São Luís.

Assim como em Pernambuco, o Rio Grande do Norte também deve ser palco de conflitos entre o PT e Solidariedade. Neste caso, um embate direto.

Vice-governador entre 2015 e 2018, o empresário Fábio Dantas (Solidariedade) vai liderar a chapa de oposição à governadora Fátima Bezerra (PT), que concorre a um novo mandato em outubro.

Mas não haverá disputa em torno de Lula. Mesmo filiado a um partido da base petista, Dantas cercou-se de aliados de Jair Bolsonaro (PL), terá o ex-ministro Rogério Marinho (PL) como candidato ao Senado e afirmou querer o apoio do presidente.

"Eu quero o apoio de Bolsonaro, eu quero o apoio do centro, eu quero o apoio da esquerda que é insatisfeita com Fátima", disse Dantas, em ato de lançamento da sua pré-candidatura.

O Solidariedade também estará no campo oposto ao PT na Bahia e vai apoiar ACM Neto (União Brasil) na disputa pelo governo baiano contra Jerônimo Rodrigues (PT). Com um partido da base de Lula em seu palanque, o ex-prefeito reforça sua estratégia de se afastar do bolsonarismo.

PT e PSB também estarão em palanques opostos em Alagoas, mas na condição de coadjuvantes. Os petistas formalizaram aliança com Paulo Dantas (MDB), candidato apoiado pelo ex-governador Renan Filho, dentro da estratégia de atrair, no varejo, emedebistas em estados do Nordeste

PSB estará no palanque do senador Rodrigo Cunha (União Brasil), principal candidato de oposição. Alagoas é o único estado do Nordeste em que o PSB não tem proximidade com Lula e chegou a flertar com o bolsonarismo.

Em estados como o Piauí e Sergipe, por outro lado, ainda há possibilidade de união dos partidos da base lulista em torno de um único candidato.

No Piauí, o pré-candidato Rafael Fonteles (PT) já tem o apoio de PV, PC do B, PSB e Solidariedade, mas trabalha para trazer coalizão a Rede e o PSOL, que ainda avaliam candidatura própria.

O cenário é semelhante em Sergipe, onde o senador Rogério Carvalho tende a unir todos os partidos da base lulista em torno de sua candidatura. Ele enfrentará nas urnas o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), que tem o apoio do governador Belivaldo Chagas (PSD) e também declarou apoio a Lula.

O PSOL, mesmo com aliança nacional, vai se descolar do PT nas disputas estaduais e lançou pré-candidaturas em oito dos nove estados do Nordeste. Em estados como Bahia e Pernambuco, a postura do partido é de enfrentamento e críticas aos governos do PT e PSB.

Novos olhares da política

Foi-se o tempo em que a vitória do ex-presidente Lula nas eleições de outubro era dada como certa, e provavelmente no primeiro turno. Pesquisas recentes, feitas por diversos métodos e institutos, alertam para uma tendência de crescimento do presidente Bolsonaro, que em algumas delas já se aproxima de um empate técnico que os bolsonaristas acreditam que em julho estará superado a seu favor.

Erros na campanha petistas já estão sendo detectados, como a mudança do marqueteiro, e o isolamento dentro do partido de Franklin Martins, que não se sabe se continuará na coordenação da comunicação. Mas não é só isso. Existem queixas sobre a abordagem do PT nas coligações partidárias, tanto que a federação de esquerda não é integrada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), apesar da indicação de Geraldo Alckmim para vice na chapa petista.  

Também o partido Rede Sustentabilidade, que decidiu oficialmente apoiar a candidatura de Lula, não teve a adesão do grupo de sua principal líder, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Não que Marina não admita apoiar Lula, muito menos que, como Lula alega, tenha mágoa com o PT, mas seu grupo acha que não se deve dar apoio incondicional a ninguém antes que um programa específico seja negociado. Não deixaram de notar, por exemplo, que a palavra “sustentabilidade” não foi usada por Lula em nenhum momento de seu discurso na solenidade de oficialização do apoio.

Existe a questão mais ampla, de princípios, e a pontual, de visões e projetos. Nessa visão, os candidatos têm que dizer com que estão se comprometendo, afirmar que será um novo acordo político, sem resquícios do que temos hoje com o Centrão, que não seja uma coalizão em cima dos interesses dos grupos que assaltam o país, agora institucionalizado pelo orçamento secreto.  Também seria preciso que a maneira de fazer campanha não apele mais para ataques pessoais, como Marina se queixa de ter sido feito em 2014. Não por questões pessoais, mas de visão do que seja política. Não vale tudo para se manter no poder.

Marina chama essa nova maneira de ver as coisas de “presidencialismo de proposição”. Nas questões específicas, os especialistas alertam que a competência ambiental do Brasil em termos de ideias, propostas, capacidade técnica, não está dentro dos partidos políticos, e por isso o meio-ambiente, que é a questão central no mundo, foi o tema da eleição do democrata Joe Biden nos Estados Unidos, e da reeleição do centrista Macron, na França, não está posta até agora nas campanhas presidenciais aqui no Brasil.

Nossa força ambiental difusa está à disposição de quem quiser realmente tratar do assunto de maneira técnica: na academia, nas empresas sustentáveis, nos movimentos sociais, nos movimentos indígenas. No próprio poder público, que resiste em órgãos como o Ibama, o Inpe, a Anvisa, e muitos outros. Pegar essa competência que está difusa na sociedade e transformar em políticas públicas através do diálogo, muitas vezes até mesmo com idéias divergentes, seria o papel dos líderes. Seria preciso que a visão de um novo ciclo de desenvolvimento sustentável fosse negociado com Lula e o PT para que a união entre Rede e PT fosse, mais que uma jogada política, uma visão de como seria o país no futuro.

Quando Marina era ministra do Meio Ambiente, no governo Lula, por exemplo, houve o caso da hidrelétrica de Belo Monte, que ela não licenciou, apenas encaminhou para estudos. Quando saiu, Belo Monte foi licenciada, e hoje é um grande trauma ecológico no país. No governo Dilma, tentaram algo semelhante, mas com impacto incomparavelmente maior, no caso do Complexo do Tapajós. A questão da Amazônia, um tema de dimensões internacionais, seria preciso, na visão de ambientalistas, ser enfrentada com um conjunto de ações estruturantes, não apenas medidas de comando e controle.

Aquela realidade do passado, em que foi possível enfrentar bandidos madeireiros, hoje está atravessada pelo crime organizado, que vem se expandindo na região devido à falta de fiscalização e leniência das autoridades federais. A infraestrutura para um desenvolvimento sustentável não admite hidrelétrica no Rio Tapajós, por exemplo, ou fazer rodovias de qualquer jeito,  ou continuar assinando medida provisória para regularizar áreas griladas a cada quatro anos. As mudanças climáticas já estão acontecendo agora, em São Paulo, Rio de Janeiro, em todos os estados, demonstrando que o país está mais vulnerável, alertam.

O que se vê, no entanto, nas campanhas, é um bater de cabeças diante da situação terrível que está imposta, com Bolsonaro crescendo, ainda mais que ele agora resolveu escancarar a postura antidemocrática utilizando os militares. Não apenas na campanha do PT, mas também entre os partidos da terceira via. Uma parte dos problemas que estamos vivendo é fruto de erros cometidos pelo campo da social-democracia, que passou anos se dividindo entre petistas e tucanos, e permitiu o surgimento da extrema-direita que estava hibernando. Uma coalizão a favor da democracia só seria viável se  erros como reeleição, mensalão, petrolão fossem reconhecidos, e o legado dos acertos de ambos os lados fosse usado na construção de uma nova forma de coalizão. Talvez a necessidade promova essa mudança.

Terceira via agoniza, União Brasil, PSD e Podemos vão liberar geral, cada um por si

Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo

01 de maio de 2022 | 05h00

A terceira via agoniza, com o União Brasil fora, o PSDB se autodestruindo, o MDB revirando suas velhas agonias e o Cidadania impotente, enquanto a "opção única” vai deslizando do improvável para o patético e nem se sabe mais se haverá anúncio de qualquer coisa em 18 de maio, à espera de um milagre. Desfecho melancólico.

Com fundo eleitoral gigante, tempo de TV para dar e vender e ramificação pelo País, o União Brasil conseguiu engabelar os parceiros de terceira via, matou a candidatura Sérgio Moro e inventou a de Luciano Bivar. A turma esquece rápido. Quem é Bivar? É o que deu a sigla PSL para Jair Bolsonaro em 2018.

A jogada do União Brasil, fusão artificial de PSL e DEM, que abortou lamentavelmente um belo voo, é liberar geral – especialmente pró-Bolsonaro. Esse movimento se repete com o Podemos, de onde Bivar arrancou Moro para jogar no vazio, e com o PSD, que foi parar em Irajá. Seu líder Gilberto Kassab tende para Lula, mas ele e o resto vão com quem for ganhar.

Luciano Bivar
Luciano Bivar é o presidente do União Brasil, partido com o maior fundo eleitoral. Foto: Dida Sampaio/Estadão - 17/11/2020

Com União Brasil, PSD e Podemos prontos para lavar as mãos, a polarização entre Bolsonaro e Lula entra numa nova fase: a pescaria feroz dos peixes graúdos, jogando a rede para o eleitorado órfão. Inclusive de PSDB, MDB e Cidadania.

A desenxabida terceira via afunila para João Doria Simone Tebet. Na última reunião, o União Brasil já nem mandou representante e os três tucanos eram todos contra Doria. A favor do que? Sabe-se lá. E o MDB finge estar com Simone, enquanto negocia no Nordeste com Lula e está doido para pular no barco de Bolsonaro no Sul.

Ciro Gomes, do PDT, mantém firme e forte a terceira posição das pesquisas, mas sem chegar a dois dígitos, e voltou a ser o de sempre, trocando palavrões e ameaçando com tapas e socos quem grita contra, algo tão natural em campanhas.

Enquanto isso, Bolsonaro faz duas horas de homenagens no Planalto para um ex-policial que sofreu dezenas de sanções disciplinares, ironizou máscaras na pandemia, é casado com uma beneficiária do auxílio emergencial, ameaça STF, ministros e a democracia. O presidente tenta, assim, disfarçar inflação, desemprego e queda de renda. Se não colar, resta o Plano B: desacreditar o sistema eleitoral.

Do outro lado, Lula tem problemas no PT, mas faz política. Consolidou o apoio do PSB e da Rede, amplia o de setores de MDB, PSD e União Brasil e ganhou um troféu e tanto para a campanha: o relatório do Comitê de Direitos Humanos da ONU contra Moro e Lava Jato e a favor dele, que tira munição de Bolsonaro e ataca com a comparação entre os dois governos. Viúvas da falecida terceira via, o que sobra é isso.

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