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Bolsonaro vê Lula e Moro se aproximarem no alcance online

André Shalders, O Estado de S.Paulo

22 de novembro de 2021 | 11h00

BRASÍLIA — Sem um partido definido e sem palanques competitivos nos principais colégios eleitorais do País, o presidente Jair Bolsonaro estará ainda mais dependente das redes sociais no ano que vem que em 2018 — uma arena na qual seus principais adversários avançaram desde a última disputa e diminuíram a diferença nos engajamentos.

Mesmo investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por divulgar notícias falsas, Bolsonaro ainda é, de longe, o político brasileiro com o maior alcance nas redes sociais. No Twitter, por exemplo, ele tem 7,14 milhões de seguidores: mais que a soma do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 2,8 milhões; do ex-juiz Sergio Moro (Podemos), que tem 3,3 milhões; e que o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 1,2 milhão.

Jair Bolsonaro
Presidente teve 732,8 milhões de interações em seus perfis no Twitter, no Instagram e no Facebook — quase 13 vezes mais que as 56,6 milhões de interações de Lula. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Bolsonaro também está a frente nas interações, que é a quantidade de comentários, compartilhamentos ou "curtidas" que os posts recebem. Neste ano, o presidente teve 458 mil interações, enquanto o petista teve 123,2 mil. Mas essa vantagem já foi maior e está diminuindo.  

A pedido do Estadão, a consultoria digital Bites compilou dados históricos sobre o desempenho do presidente e de seu principal adversário, Lula. Ao longo do ano de 2019, Bolsonaro teve 732,8 milhões de interações em seus perfis no Twitter, no Instagram e no Facebook — quase 13 vezes mais que as 56,6 milhões de interações do petista. De lá para cá, a diferença reduziu de forma expressiva: em 2021, até agora, Bolsonaro teve 3,7 vezes mais interações que Lula.

“A vantagem do presidente Bolsonaro já foi muito maior, como os números mostram. O indicativo que a gente vê aqui é uma recuperação do ex-presidente Lula em função de um entendimento melhor que a militância dele passou a ter do uso de redes sociais. Claramente, a militância de Lula e do PT está se digitalizando. Por isso, essa diminuição da diferença, especialmente no número de interações”, diz Manoel Fernandes, diretor-executivo da Bites.

A mesma comparação não é possível no caso do ex-juiz Sergio Moro — embora ele também esteja crescendo com rapidez nas redes. Recém-filiado ao partido Podemos, ele aparece como o terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Lula e de Bolsonaro,  em empate com Ciro Gomes (PDT). Além de não ser candidato em 2018, o então juiz nem sequer tinha presença online: a conta do Twitter, por exemplo, é de abril de 2019. O perfil no Instagram, onde ele soma 2,5 milhões de seguidores, é ainda mais recente: foi criado em janeiro de 2020.

Segundo o secretário nacional de comunicação do PT, o ex-deputado Jilmar Tatto, o crescimento de Lula nas redes se deve à mudança da conjuntura política, com a soltura do ex-presidente e a volta dos direitos políticos dele por decisão do STF. “Em 2019, Lula estava preso (o ex-presidente só deixou o cárcere em 8 de novembro daquele ano) e o PT estava numa situação muito fragilizada, e isso se refletia nas redes sociais (...). Nós estamos nos preparando para 2022 desde o ano passado”, disse Tatto.

O desempenho de Bolsonaro nas redes sociais foi determinante para o sucesso dele em 2018. Mas outros recursos — como o tempo de rádio e TV e os palanques estaduais — poderão voltar a ter grande peso na disputa do ano que vem, diz o cientista político Bruno Carazza. “Se tem uma lição que dá para tirar (da eleição municipal) de 2020 é que a política tradicional voltou. Os partidos que se deram bem foram justamente os partidos bem estruturados, com diretórios organizados, que tinham candidaturas competitivas. E sobretudo dinheiro. Com o aumento dos fundos Partidário e Eleitoral, você tem muito mais condições de fazer campanha, inclusive nas redes. Campanha nas redes não é de graça. Impulsionar conteúdo é caro. As redes se tornaram um palco muito importante, mas são apenas um dos componentes”, diz Carazza, que é professor do Ibmec e da Fundação Dom Cabral.

Estados

No campo da política tradicional, as dificuldades do presidente ficaram evidentes no dia 14, quando o Partido Liberal adiou por tempo indeterminado a filiação de Bolsonaro, prevista inicialmente para esta segunda (22). Ao longo da semana, porém, o presidente da sigla, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, conversou com dirigentes estaduais e conseguiu o compromisso de que as convenções partidárias não resultarão no apoio a outros presidenciáveis além de Bolsonaro. Assim, embora ainda sem data certa, a filiação ao PL é provável. 

Na quinta-feira (17), após uma reunião de Valdemar com os chefes regionais do PL em Brasília, o partido publicou nota na qual dizia estar “pronto e alinhado” para receber Bolsonaro, “em todos os Estados”. “O presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, tem carta branca para decidir sobre a sucessão presidencial e a filiação do presidente Jair Bolsonaro”, dizia o texto.

Segundo o Estadão apurou com pessoas presentes à reunião, as principais resistências estavam nos diretórios de Alagoas, Piauí, Bahia e São Paulo — neste último, o partido tinha fechado o compromisso de apoiar o candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes, o atual vice-governador do Estado, Rodrigo Garcia.

Nos outros três Estados, o problema era a ligação dos atuais dirigentes do PL a governadores anti-bolsonaristas. Na Bahia, o partido integra a base do governador Rui Costa (PT); no Piauí, o partido é comandado pelo deputado estadual Fábio Xavier, atual secretário de Cidades do governo de Wellington Dias (PT). Em Alagoas, o partido é comandado pelo ex-deputado Maurício Quintella Lessa, hoje titular da secretaria de Infraestrutura no governo de Renan Filho (MDB). Assim como o pai, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), o governador faz oposição a Bolsonaro.

Lula diz que esquerda deve pensar no que ‘deixou de fazer’ para evitar eleição de Bolsonaro

Redação, O Estado de S.Paulo

20 de novembro de 2021 | 13h40

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 76 anos, disse que a esquerda deve pensar no que “deixou de fazer” para evitar a eleição de Jair Bolsonaro e o avanço da direita ao redor do globo nos últimos anos. No evento “Construir Futuro”, do partido progressista espanhol Podemos, em Madri, Lula também falou que cogita ser candidato à presidência nas Eleições de 2022, mas que deve tomar essa decisão entre fevereiro e março.

“O que nós (esquerda) deixamos de fazer?”, questionou Lula sobre as eleições de Donald Trump, nos Estados Unidos, e Bolsonaro, no Brasil. “Precisamos pensar para termos certeza de que vale a pena lutar. A única luta que perdemos é a que deixamos de lutar.”

Lula declarou que a “negação da política faz a extrema-direita crescer”, por isso, disse que não é hora da esquerda - principalmente dos mais jovens - desanimar: “O político perfeito está dentro de vocês.”

“Temos de estar atentos ao discurso da direita. Por que essa gente voltou a convencer uma parcela da sociedade?”, disse. Para ele, é preciso analisar a fala dos opositores para entender quais “mentiras” levaram os conservadores ao poder.

Além disso, o ex-presidente destacou que a esquerda deve transformar a luta contra a desigualdade e pelo meio ambiente, suas bandeiras. “Temos que colocar a questão ambiental na ordem do dia”, destacou.

Ao final do discurso que durou cerca de meia hora, Lula falou que considera concorrer à presidência nas Eleições de 2022. Porém, disse que só vai tomar essa decisão entre fevereiro e março do próximo ano. “Quem nasce pra luta não toma mais conta de si”, justificou.

“Não posso fazer menos do que já fiz”, acrescentou. O ex-presidente avalia que o cenário do País de hoje, está pior do que em 2003, quando assumiu a presidência pela primeira vez, mas disse estar convencido de que “é possível recuperar o Brasil”. “Essa viagem que fiz pela Europa foi uma tentativa de provar ao povo brasileiro que o mundo gosta do Brasil”, explicou. “Não é o Lula que é importante, é o Brasil que é necessário.”

PSDB escolhe nas prévias quem deve perder a eleição

Por Bernardo Mello Franco / O GLOBO

 

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O PSDB escolhe no domingo o seu candidato à Presidência. Pelo que sugerem as pesquisas, o vencedor deve conquistar o direito de perder a eleição de 2022. Fora da bolha tucana, João Doria e Eduardo Leite exibem desempenho de nanicos. Oscilam entre 2% e 4% das intenções de voto.

Durante 20 anos, PSDB e PT polarizaram a política brasileira. Os tucanos venceram duas corridas presidenciais e chegaram ao segundo turno em outras quatro. Na oposição ao petismo, caminharam para a direita e apostaram na retórica moralista. Esse discurso foi pelos ares quando Aécio Neves pediu R$ 2 milhões ao dono da JBS.

O declínio do PSDB se agravou com a ascensão de Jair Bolsonaro. O capitão roubou a bandeira do antipetismo e a preferência da elite econômica. Traído pelo próprio partido, Geraldo Alckmin recebeu míseros 4% dos votos em 2018. Ao fim da campanha, precisou pedir emprego no programa do Ronnie Von.

Massacrado nas urnas, o PSDB perdeu o rumo e a identidade. Sua bancada federal virou um apêndice do Centrão. Vota com o governo em troca de cargos e emendas. Doria e Leite, que surfaram a onda bolsonarista, agora dizem fazer oposição. Mas não conseguem explicar por que demoraram tanto a notar os defeitos do presidente.

As prévias serão lembradas por momentos pitorescos. Em outubro, Doria causou constrangimento ao perguntar, no interior da Paraíba, se alguém na plateia já tinha viajado para Dubai. Nesta semana, um vereador conhecido como Cabelinho divulgou vídeo em que ensina a fraudar a eleição interna.

Os tucanos dizem que a disputa marca uma evolução da sigla, que costumava escolher candidatos em restaurantes estrelados dos Jardins. No entanto o processo virou uma guerra fratricida, em que os favoritos trocam acusações de oportunismo e uso da máquina.

O vencedor das prévias não terá vida fácil. A começar pela concorrência de Moro, nova aposta de empresários e banqueiros desiludidos com o PSDB. Se Doria for o escolhido, seu ex-padrinho Alckmin deve liderar uma revoada do ninho tucano. No caso de Leite, o risco é ganhar e não levar. Para derrotar o rival paulista, o gaúcho se associou aos correligionários mineiros. E Aécio já avisou que o “patriotismo” pode convencê-los a apoiar um presidenciável de outra legenda.

Sergio Moro atinge 11% em primeira pesquisa de intenção de voto após filiação

Ex-ministro da Justiça do governo BolsonaroSergio Moro aparece com 11% das intenções de voto em pesquisa feita pela Ponteio Política. É o primeiro levantamento feito após o ex-juiz ter se filiado ao Podemos.

Moro fica com o terceiro lugar das intenções de voto, atrás de Lula (37%) e Jair Bolsonaro (24%), deixando Ciro Gomes (8%) para trás. Foram entrevistadas mil pessoas em todo o País, entre os dias 16 e 18 de novembro.

Com margem de erro de 3 pontos percentuais, o levantamento indica que há espaço para que uma candidatura fora dos extremos – a chamada terceira via – pode chegar ao segundo turno. ISTOÉ

Bolsonaro precisa de um partido forte

Em 2018, Bolsonaro saiu de um partido nanico, o PSL, e o transformou na segunda bancada da Câmara. Mas hoje, com tanta crítica contra ele e tanta coisa para se defender, precisa de um partido forte, que seja enraizado em todo o país, com coligações para sustentar sua candidatura. E essa é a dificuldade. Assim como ele não tem qualquer lógica em suas articulações políticas, os partidos que o apoiam também não têm, muitas vezes dependem de acordos regionais. O PL do Nordeste, por exemplo, quer apoiar Lula, e em algum outro estado pode haver uma situação regional específica. Mas o PL analisou bem a situação e acredito que vá se acertar com Bolsonaro. O maior problema é São Paulo. Caso João Doria perca a prévia do PSDB, aí então Valdemar Costa Neto fica livre para apoiar outro candidato, como deseja Bolsonaro. De qualquer maneira, vai ser um acerto malfeito, desarrumado e vai dar brecha ao partido de abandoná-lo se, por volta de março ou abril, Bolsonaro não aparecer com chances de vitória. Da mesma maneira que aconteceu em 2018, quando as candidaturas de Alckmin e Marina foram abandonadas. Na prática, ele não tem nenhuma segurança de que será apoiado.

 

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