Ciro contra-ataca no Ceará e candidato do PDT terá apoio de Tasso
Depois em enfrentar baixas no Ceará, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) contra-atacou em seu berço eleitoral e garantiu os apoios do PSB e do PSDB para a candidatura do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) ao governo do estado.
O movimento acontece uma semana depois da ofensiva do candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em direção ao senador cearense Tasso Jereissati (PSDB), que era cotado para ser candidato a vice-presidente na chapa liderada por Simone Tebet (MDB).
O contato com Tasso aconteceu no mesmo dia em que o petista referendou a candidatura do deputado estadual Elmano de Freitas (PT) ao Governo do Ceará, selando o rompimento de uma aliança de 16 anos entre PT e PDT no estado.
Em palanques separados, Roberto Cláudio (PDT) e Elmano de Freitas (PT) vão enfrentar o deputado federal Capitão Wagner (União Brasil), favorito na disputa pelo governo cearense que tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Também concorrem ao governo cearense Adelita Monteiro (PSOL), Serley Leal (UP), Zé Batista (PSTU) e Chico Malta (PCB).
Tasso anunciou o apoio do PSDB a Roberto Cláudio na manhã desta segunda-feira (1º). Em uma postagem em uma rede social, disse que decidiu se unir ao ex-prefeito de Fortaleza por sua competência, experiência administrativa e compromisso com ideais como a redução das desigualdades.
"Nesse grave momento da política brasileira, em que o extremismo põe em risco a própria estabilidade democrática, é preciso ponderação e equilíbrio para assegurarmos as conquistas obtidas e avançar ainda mais. Nesse sentido, Roberto Cláudio é o nome que reúne tais qualidades para governar o nosso estado."
Roberto Cláudio agradeceu o apoio de do tucano: "O senador Tasso é umas das mais importantes e respeitadas lideranças políticas de nosso País e aqui, em nosso estado, iniciou um ciclo de profundas transformações que foram capazes de mudar a cultura política do Ceará."
A eleição deste ano vai marcar a aposentadoria política de Tasso, que não vai concorrer a um novo mandato ao Senado e, por isso, não deve concorrer com o ex-governador Camilo Santana (PT), com quem também tem relação cordial.
A adesão do PSDB a Roberto Cláudio traz junto o Cidadania, partido federado aos tucanos. Também formalizaram apoio ao pedetista o PSD e o PSB —este último está nacionalmente alinhado a Lula e também era cortejado pelos petistas.
As novas alianças reequilibram o jogo político no Ceará após as baixas sofridas pelo PDT após o rompimento com o PT.
A principal delas é a governadora Izolda Cela, que se desfiliou do PDT após ter sido preterida na disputa interna do partido para concorrer à reeleição. Ela ainda não se posicionou publicamente sobre a eleição, mas tirou fotos com Camilo Santana e Elmano de Freitas após o rompimento.
Prefeitos de ao menos seis cidades cearenses filiados ao PDT anunciaram apoio a Elmano, mas o partido ainda mantém uma base robusta de prefeituras, incluindo a capital Fortaleza e Sobral, berço político dos Ferreira Gomes.
Agora, o principal desafio de Roberto Cláudio será trazer para o dia a dia de sua campanha o senador Cid Gomes (PDT), irmão de Ciro, que é conhecido por sua capacidade de articulação política.
Com boa relação com petistas e pedetistas, Cid submergiu após o acirramento do imbróglio que resultou no rompimento dos dois partidos.
Na convenção que confirmou a nome de Elmano de Freitas como candidato ao governo e sua candidatura ao Senado neste sábado (30), o ex-governador Camilo Santana fez referência a Cid, a quem chamou de amigo.
"Ninguém vai me separar dele, jamais. Ninguém me separa da minha amizade e gratidão a esse cearense que tanto fez pelo Ceará", afirmou.
O ato em Fortaleza teve participação de Lula, que também destacou a lealdade de Cid e evitou fazer críticas a Ciro Gomes.
"A gente tem que ser leal a quem foi leal com a gente, tem que ser companheiro de quem foi companheiro da gente. A gente não precisa falar mal de quem fala mal de nós. A gente tem que falar bem porque é muito mais proveitoso."
O petista também elogiou Izolda Cela e disse que a governadora "sofreu um impeachment sem ser impeachment" ao ser preterida pelo PDT: "Ela só queria dar sequência e acho que não tem ninguém com a competência educadora da companheira Izolda. Minha solidariedade à companheira Izolda."
Sem conseguir atrair PSB e PSDB, Elmano de Freitas trouxe para o seu palanque o Solidariedade, partido que está no palanque nacional de Lula, mas havia anunciado apoio a Capitão Wagner no estado. O arco de alianças do petista que ainda inclui MDB, PP, PV e PC do B.
A aproximação dentre PDT e PSDB, por sua vez, não ficou restrita ao Ceará. Neste fim de semana, o PDT anunciou apoio à candidatura do ex-deputado Marcus Pestana (PSDB) ao governo de Minas Gerais.