Debate tem Nunes na mira, troca de acusações e Boulos criticado por Tabata e Marçal
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) ficou na mira dos adversários no debate da TV Globo, nesta quinta-feira (3), a três dias do primeiro turno, em encontro marcado também por troca de acusações, mas sem a mesma agressividade que marcou parte dos programas anteriores.
Pablo Marçal (PRTB) focou tanto Nunes quanto Guilherme Boulos (PSOL) e viu os rivais tentarem isolá-lo no início do encontro.
Boulos e Tabata Amaral (PSB) fizeram dobradinha para criticar Nunes, mas a deputada também o atacou, em estratégia para tentar crescer e chegar ao segundo turno. José Luiz Datena (PSDB) apresentou críticas a Nunes e buscou se colocar como uma opção de centro e avessa a extremismos.
Diferentemente dos debates anteriores, quando abusou de provocação e ataques, Marçal adotou uma postura mais morna —estratégia para brecar o avanço de sua alta rejeição, que já atinge 53%, segundo o Datafolha. Quando dirigiu pergunta a Nunes no segundo bloco, por exemplo, o influenciador criticou a gestão da educação, sem ofensas pessoais ao prefeito.
Tabata e Boulos ressaltaram várias vezes que esse não foi o comportamento do candidato do PRTB até aqui. Marçal, porém, teve momentos de retorno ao figurino tradicional, como fez ao enveredar pela ideologia e acusar todos os rivais de serem candidatos de esquerda e ele, o único representante da direita.
Também retomou a metralhadora ao dizer que Datena e Nunes estão no fim da carreira, chamar Boulos de esquerdopata, dizer que ele flerta com o crime e lembrar o boletim de ocorrência por violência doméstica feito pela esposa do prefeito em 2011.
Nas considerações finais, Nunes chamou Marçal de "malvado", "ruim" e "covarde" por resgatar o episódio. Ele reconheceu que teve "um problema" com a esposa. "Teve lá um desentendimento... Leia o BO, não tem nada de agressão física. Tivemos uma discussão por telefone e por mensagem", defendeu-se.
Boulos atacou e travou embates diretos com Marçal, explorando a rejeição do influenciador entre o eleitorado feminino e perguntando: "Por que odeia tanto as mulheres?". O deputado também lembrou que a equipe do candidato do PRTB tem pessoas que já foram ligadas a João Doria (PSDB), a quem classificou como "uma enganação" e "um dos piores prefeitos de São Paulo".
O parlamentar reagiu à mudança de postura de Marçal, afirmando que, depois de tumultuar nos debates anteriores, agora quer posar de bonzinho e é "lobo em pele de cordeiro". Boulos afirmou ainda que o influenciador não tem moral ou ética. "Marçal acusar alguém de extremista é que nem Suzane von Richthofen acusar alguém de assassinato."
Marçal respondeu que isso é "papinho de esquerdopata maluco" e emendou com uma farpa contra o prefeito, afirmando que quem não gosta de mulher é quem foi alvo de BO por violência doméstica. Mesmo provocado por Boulos, o influenciador adotou comportamento menos agressivo do que em debates anteriores.
"O extremismo não pode governar São Paulo. São Paulo é uma cidade conservadora, eu sou cristão", disse o influenciador. Ele afirmou que o secretariado de Nunes é "praticamente todo de esquerda" e declarou que Boulos "destruiu o Hino Nacional com linguagem neutra", lembrando o caso ocorrido em um comício.
O deputado do PSOL, falsamente acusado por Marçal ao longo da campanha de ser usuário de cocaína, apresentou um exame toxicológico. Ele foi alertado pelo mediador, César Tralli, já que era proibido exibir objetos, mas não recebeu punição. O resultado negativo para cocaína foi postado nas redes do candidato, que alfinetou o influenciador perguntando se ele vai fazer exame psicotécnico. A falta de punição a Boulos gerou críticas de Marçal depois do debate.
No começo do programa, Tralli havia lido as regras dizendo que os candidatos não poderiam "deixar suas posições, nem exibir para as câmeras documentos, panfletos ou textos, nem usar tablets e celular". "O candidato que não cumprir as regras e desrespeitar os concorrentes vai receber uma advertência", afirmou, detalhando em seguida. "Na primeira advertência, perderá um minuto das considerações finais. Na segunda, perderá o direito as considerações finais. Na terceira, será excluído do debate."
Nunes, que mais uma vez foi ultrapassado por Marçal entre os eleitores bolsonaristas, direcionou ataque mais direto ao influenciador, citando reportagens que mostraram que o autodenominado ex-coach não entregou as casas que prometeu na aldeia de Camizungo, em Angola. "Se não conseguiu fazer 300 casas, como vai colocar algo de concreto na cidade?", questionou o prefeito.
Boulos também produziu embate direto com Nunes, afirmando que o chefe de gabinete da secretaria municipal de Obras é cunhado de Marco Camacho, o Marcola, líder da facção criminosa PCC. Em resposta, o prefeito disse que o servidor é funcionário de carreira da prefeitura desde 1988.
O emedebista afirmou ainda que não há investigação ou condenação contra ele. O emedebista, no entanto, é investigado no caso que ficou conhecido como máfia das creches.
No primeiro bloco, Marçal evocou um discurso antissistema, contrastando com falas de Boulos em defesa da política. O influenciador disse que se diferencia dos rivais por não ter recursos milionários nem horário eleitoral na TV e rádio e acusou adversários de fazerem "campanha e propaganda enganosa". Ele pregou mudança de mentalidade e afirmou que a sociedade se curva aos políticos. "E a gente sempre escolhe o menos pior."
Marçal também se definiu como um "indignado com esse tipo de política", disse ser o único candidato que não deve favor para ninguém e falou ter a intenção de "servir e usar a política como filantropia" e estabelecer, se eleito, um "governo do povo", que servirá de exemplo para todo o país.
Boulos, por sua vez, ensaiou uma vacina contra o discurso antissistema do influenciador, dirigindo-se a "gente que perdeu a crença na política". "Eu te entendo, porque de fato tem gente que só usa a política para ganhar dinheiro e só aparece de quatro em quatro anos pedindo voto e fingindo que se importa com você."
O deputado afirmou enxergar a política como um instrumento para melhorar a vida das pessoas. Em aceno ao eleitorado periférico, citou ainda a vice Marta Suplicy (PT) e feitos da ex-prefeita como os CEUs e o Bilhete Único. Também ressaltou ter o apoio do presidente Lula (PT), o que disse ser um trunfo para tirar do papel projetos como o Poupatempo da Saúde.
Ao longo do debate, o psolista fez uma série de acenos ao eleitor da periferia, buscando combater suas dificuldades no segmento do eleitorado mais pobre. Ele ressaltou propostas do plano de governo para esses bairros e usou a proximidade com a gestão federal para prometer mudanças.
Em conflito por causa dos apelos por voto útil no campo da esquerda, Boulos e Tabata fizeram dobradinhas com troca de perguntas sobre propostas. O deputado deu à colega de Câmara oportunidade de falar sobre a área da saúde na gestão Nunes, que ela descreveu como "medíocre e inoperante".
Mais adiante, no entanto, a deputada confrontou Boulos por recuos em temas caros a ele e à esquerda, questionando se "vai prevalecer o Boulos dos marqueteiros ou o Boulos do PSOL".
"Lamento que você traga questões tão importantes nesse tom", retrucou ele, que aproveitou para criticar a concessão dos cemitérios. Tabata também alvejou Marçal, observando que "todo mundo está se comportando", mas pedindo que os espectadores recordem como rivais procederam nos últimos debates.
No início, Tabata teve embates com Nunes ao questioná-lo sobre problemas como filas na saúde e população em situação de rua. "É muito fácil ficar só criticando", rebateu o prefeito, exaltando seu trabalho. "Em seis anos de mandato, a gente viu pouquíssimo da sua ajuda aqui para a cidade."
A deputada evitou bater boca com ele, limitando-se a citar projetos que aprovou, como o Pé de Meia. "Ele [Nunes] não responde e ainda diz que a cidade está a oitava maravilha", alfinetou, falando em "oportunidade de mudança em São Paulo" com a eleição.
"A gente merece ou não merece mais? Porque eu acho que sim. Porque esse prefeito é pequeno demais", continuou ela, que irritou o emedebista com a afirmação. Ele a questionou sobre não ter votado em um projeto na Câmara que aumenta penas para autores de crimes como furto e roubo.
Nunes, que precisa reverter o avanço de Marçal entre os eleitores bolsonaristas, fez um aceno para esse grupo. Ele usou o debate para martelar a ideia de que faz um governo liberal na economia, com redução de impostos e responsabilidade fiscal. "Tem muita coisa para fazer? Eu sei que tem", disse, ao prometer, caso reeleito, reduzir ainda mais filas na saúde e encarar outros problemas.
Boulos, no segundo bloco, negou que aumentará impostos caso eleito, afastando possíveis críticas associadas à condução econômica da esquerda. "O problema da prefeitura não é falta de dinheiro. Estamos com o maior orçamento da história. O que falta é prefeitura com coragem, vontade de fazer as coisas que precisam ser feitas", disse.
O confronto entre candidatos também contou com erros e imprecisões dos candidatos. Tabata, por exemplo, exagerou ao afirmar que Nunes "foi além. Ele recebeu uma cracolândia e está entregando 72". Levantamento da própria prefeitura em 2014, na gestão de Fernando Haddad (PT) apontava a existência de 30 pontos de uso de drogas espalhados pela capital paulista.
Ainda, Datena afirmou ter havido 120 milhões de mortes por fome durante o governo de Mao Tsé-Tung na China. Algumas cifras estimadas por especialistas apontam 40 milhões de mortos, apesar de não haver estatística oficial.
Segundo pesquisa Datafolha desta quinta, Boulos (26%), Nunes (24%) e Marçal (24%) estão tecnicamente empatados na liderança da corrida. O deputado do PSOL teve oscilação positiva, o prefeito recuou em relação à semana passada e o influenciador manteve a curva ascendente.
Ministério Público apreende 650 cestas básicas que seriam distribuídas na campanha em Canindé
DIARIONORDESTE
O Ministério Público Eleitoral (MPE) apreendeu, na terça-feira (1º), 650 cestas básicas numa casa em Canindé. A ação, realizada em parceria com a Polícia Civil, aconteceu após o cumprimento de um mandado de busca e apreensão motivado por denúncias de que os alimentos seriam distribuídos durante a campanha política eleitoral.
Não foi identificado quem seria o responsável pelos volumes encontrados pelos agentes. De acordo com o MPE, a investigação agora irá apurar quem seriam os envolvidos na entrega do material, que estava armazenado em uma casa aparentemente vazia.
“O MPE, com apoio da Polícia Civil, vai aprofundar as investigações no intuito de identificar o candidato que seria o beneficiário, podendo ele responder na Justiça por crime eleitoral e por abuso de poder político e econômico”, destacou o promotor eleitoral Jairo Pequeno, da Promotoria da 33ª Zona Eleitoral.
Com a apreensão, as cestas foram recolhidas e guardadas no prédio da polícia. A medida foi tomada em caráter preventivo, para evitar que elas fossem distribuídas e fossem utilizadas para influenciar o voto de eleitores.
Como denunciar
Propagandas eleitorais irregulares ou até mesmo desvios nas campanhas na internet poderão ser denunciadas à Justiça Eleitoral pelo aplicativo Pardal 2024. Especificações das inadequações previstas em lei estão disponíveis na própria plataforma.
O Pardal só recebe denúncias relacionadas com propagandas eleitorais. Porém, há na ferramenta digital um botão que encaminha o denunciante para o Sistema de Alerta de Desinformação Eleitoral (Siade), quando a queixa envolver desinformação, e para o Ministério Público Eleitoral, se o assunto tiver relação com ilícitos eleitorais.
Denúncias sobre desinformação também podem ser feitas pelo SOS Voto, por meio do número 1491.
No Ceará, ilícitos eleitorais também podem ser denunciados ao Ministério Público estadual (MPCE), por meio do site do órgão investigativo.
Fratura na direita: entre desembarques e alfinetadas, expoentes do bolsonarismo se dividem entre Nunes e Marçal
Por Samuel Lima, Hyndara Freitas e Fernanda Freitas— São Paulo e Angra dos Reis (RJ) / O GLOBO
O desembarque bolsonarista da campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em direção a Pablo Marçal (PRTB) se acentuou na reta final da campanha, com as pesquisas mostrando que o ex-coach se mantém competitivo. Marçal aparece tecnicamente empatado na liderança com o emedebista e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), o que coloca em risco a presença de qualquer um deles no segundo turno. O prefeito, por sua vez, conta com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que alfinetou seu adversário em live na terça-feira — embora permaneça distante —, o apoio de líderes evangélicos críticos a Marçal, além do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), presença assídua em agendas de rua.
A narrativa de que Marçal representaria melhor os princípios da direita do que Nunes ganhou peso, nos últimos dias, com acenos de Nikolas Ferreira (PL-MG), Marco Feliciano (PL-SP) e Ricardo Salles (Novo-SP), deputados que fazem parte do núcleo mais fiel ao ex-presidente no Congresso e que contam com milhares de seguidores nas redes sociais.
Feliciano divulgou vídeo na terça-feira declarando voto no ex-coach, de quem diz ser amigo, e alegando que o candidato estaria sendo perseguido por “políticos e religiosos”. A gravação foi compartilhada pelo candidato do PRTB nas redes e em grupos de voluntários da campanha no WhatsApp.
— Eu sou aliado, mas não sou alienado. Sou livre para pensar e apoiar quem eu desejar e espero que me respeitem por isso, é a democracia — disse o deputado.
Evangélicos divididos
O discurso é oposto ao do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que desde o 7 de Setembro ataca o ex-coach quase diariamente. Responsável pelas duas manifestações bolsonaristas realizadas este ano na Avenida Paulista, Malafaia passou a dizer que o empresário seria um “farsante” e tenta manipular os evangélicos.
Além da cena de Marçal no dia do protesto, quando chegou atrasado e disse ter sido barrado no trio, pesam contra ele vídeos antigos em que associa, por exemplo, a cobrança do dízimo a um entrave para a prosperidade. Especialistas apontam que o empresário, de certa forma, afronta as grandes lideranças religiosas ao tratar a espiritualidade como “lifestyle”, e não propriamente um vínculo a uma igreja por meio da participação ativa nos cultos.
Já o apoio de Nikolas veio no final de semana, quando declarou nos seus perfis nas redes que “prefere dar uma chance para a dúvida (Marçal)”, do que “engolir esse cara (Nunes)”. O parlamentar tentou convencer seus seguidores a desistirem do prefeito dizendo que ele conciliou um “bando de vagabundos que sempre lutaram contra a gente” na coligação do MDB, formada por 12 partidos.
Marçal já havia publicado uma foto de Nikolas Ferreira “fazendo o M” com as mãos em cima do trio no 7 de Setembro, mas o deputado desautorizou posteriormente o uso da imagem e disse que o gesto havia sido descontextualizado em meio a gritos do público.
Anteriormente, Marçal já havia recebido o apoio público de bolsonaristas como o senador Cleitinho (Republicanos-MG) e os deputados federais Carla Zambelli (PL-SP), André Fernandes (PL-CE) e Zé Trovão (PL-SC).
Para Filipe Sabará, articulador político da campanha de Marçal, esse movimento tardio está ligado tanto ao distanciamento de Bolsonaro da campanha de Nunes quanto à proximidade da votação, quando os partidos já cumpriram os acordos de financiamento, espaço de propaganda e outros recursos com seus filiados e não oferecem mais tanto risco de represálias aos aliados.
Um exemplo do distanciamento de Bolsonaro com Nunes ocorreu na terça-feira, quando o ex-presidente rodou pelo interior do estado, em municípios como São José dos Campos, Tatuapé e Guaratinguetá, mas não dedicou espaço na agenda para aparecer ao lado de Nunes na capital paulista antes de rumar para o Rio. Na terça-feira, tampouco mencionou apoio ao emedebista na primeira de suas lives de véspera de eleição.
Na quarta-feira, ao ser questionado sobre um eventual empenho na candidatura de Nunes nesta reta final, Bolsonaro desconversou:
— Deixa para depois — disse, em agenda em Angra dos Reis, na Costa Verde.
Na curta passagem por São Paulo, Bolsonaro chegou a receber pedido direto do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para que participasse com mais afinco da campanha a fim de evitar um crescimento de Marçal. Os dois se encontraram para um café durante escala de do ex-presidente no Aeroporto de Guarulhos.
Na transmissão ao vivo de terça-feira, as únicas menções de Bolsonaro à eleição de São Paulo foram para defender o voto na vereadora Sonaira Fernandes (PL) e quando alfinetou a proposta de Marçal de oferecer vídeos de apoio a candidatos em troca de doações de R$ 5 mil para a campanha, abandonada depois que rivais anunciaram a intenção de judicializar o caso. Em tom de ironia, o ex-presidente disse que não cobra nada para fazer o mesmo.
Bronca nos bastidores
Conforme informou a colunista Malu Gaspar, Bolsonaro distribuiu broncas entre aliados nos bastidores, alertando que apoiar Marçal é correr o risco de dar a prefeitura a Guilherme Boulos. O psolista aparece em vantagem contra o ex-coach nas prévias de segundo turno divulgadas pelos principais institutos de pesquisa.
Publicamente, a cobrança é mais delicada porque o cenário eleitoral é considerado incerto. A mais recente pesquisa Quaest, divulgada na noite da segunda-feira, preocupou aliados do prefeito porque não mostrou o crescimento que vinha sendo esperado para a reta final, ao mesmo tempo em que apontou para uma estabilização das intenções de voto em Marçal.
Segundo interlocutores, Nunes já havia desistido semanas atrás de ter a companhia do ex-presidente em agendas ou na gravação de programas para o horário eleitoral. O papel de atrair Bolsonaro ficou a cargo de Tarcísio, que não conseguiu convencer o ex-titular do Palácio do Planalto a entrar de cabeça na eleição paulistana.
Já em relação ao afago de bolsonaristas a Marçal, fontes ligadas a partidos mais à direita da coligação avaliam que isso é motivado por cobranças diretas dos eleitores nas redes sociais, e que impacta sobretudo aqueles políticos que têm uma maior atuação no meio digital e maior apelo por engajamento — um trunfo que Marçal tem e Nunes, não.
Com o apoio explícito vindo à tona, Malafaia rebateu o deputado mineiro, dizendo que o político de primeiro mandato “nem tirou as fraldas da política” e estaria desrespeitando Bolsonaro.
Salles, por sua vez, escancarou a preferência por Marçal ao organizar um jantar na sua casa na terça para apresentá-lo a cerca de 130 empresários, segundo ele. O evento fechado também teve a presença do deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP) e de pessoas próximas ao governo Tarcísio de Freitas, como o empresário Nelson Santini, irmão do assessor especial do governo Vicente Santini, e Antonio Julio Junqueira de Queiroz, ex-secretário estadual de Agricultura.
Rifado pelo PL da disputa por duas vezes, Salles acabou liberado pelo presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, quando já não tinha mais condições de concorrer a prefeito por conta dos prazos da Justiça Eleitoral. Ele se filiou ao Novo, que tem como candidata em São Paulo a economista Marina Helena.
Durante ato na Paulista, o deputado foi flagrado com um boné do “M”, símbolo de campanha de Marçal, no bolso. Ele relatou depois ao GLOBO que o candidato teria cedido pessoalmente o objeto e, em tom de brincadeira, não quis revelar para quem iria o seu voto no dia 6 de outubro. Sinalizou, no entanto, que o Novo escolheria Marçal em vez de Nunes em um eventual embate entre os dois no segundo turno.
Debates da TV Globo em 26 capitais testam táticas de candidatos na reta final da campanha; veja como será
Por Caio Sartori e Roberta de Souza— Rio de Janeiro / O GLOBO
Momento crucial da campanha eleitoral, o debate da TV Globo, que será realizado nesta quinta-feira, a partir das 22h (de Brasília), vai testar as estratégias dos principais candidatos à prefeitura das 26 capitais a três dias da votação. No Rio, líder nas pesquisas com folga, o prefeito Eduardo Paes (PSD) se preparou para adotar um tom propositivo e apontar o que considera o avanço da cidade nos últimos quatro anos, enquanto Alexandre Ramagem (PL) vai manter o foco na segurança e Tarcísio Motta (PSOL) pretende apelar ao eleitor de esquerda contra o “voto útil” no candidato à reeleição.
Participam do encontro, na sede da emissora, os candidatos com representação no Congresso Nacional de no mínimo cinco parlamentares ou que tenham registrado ao menos 6% de intenção de voto na última pesquisa Quaest. Além dos três principais, estarão lá Marcelo Queiroz (PP) e Rodrigo Amorim (União).
Em São Paulo, o debate terá Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB). Com um empate triplo nas pesquisas entre Nunes, Boulos e Marçal, as principais campanhas consideram o debate como um momento decisivo, com candidatos cancelando compromissos e se engajando em treinamentos antecipados para o confronto.
Tática carioca
Divididos em quatro blocos, os eventos terão transmissão da Globo, da GloboNews e do g1. No Rio, Paes encara o debate como um resumo do que foi a campanha. Quer elencar feitos da gestão, fazer promessas e recordar o cenário em que a cidade se encontrava quando ele retomou o comando da prefeitura, em 2021. Nessa linha, vai martelar a ideia de que hoje “o Rio avança”, um dos slogans da candidatura, e de que há muito mais a ser feito.
O candidato à reeleição também vai reforçar que o Rio já experimentou nomes como Marcelo Crivella, na prefeitura, e Wilson Witzel, na esfera estadual. A ideia é passar ao eleitor a mensagem de que não é hora de testar algo tão diferente outra vez.
Paes manterá, ainda, a associação de Ramagem ao governador Cláudio Castro (PL) quando o candidato do PL abordar o tema da segurança. O embate entre prefeito e governador foi um dos marcos da campanha carioca.
Ramagem tem mesmo a segurança como principal arma. A avaliação é de que a pauta foi o que o moldou durante o processo eleitoral, e de que o momento é de explorar a audiência do encontro final para reforçá-la. Ao colocar a segurança no seio da campanha municipal, esfera federativa em que o poder de atuação é limitado, Ramagem acabou fazendo Paes passar boa parte do horário eleitoral gratuito abordando o tema.
Já o terceiro colocado nas pesquisas, Tarcísio Motta, quer usar o debate na TV para dialogar com o eleitorado progressista. Durante a campanha, o psolista ficou estacionado e não conseguiu atrair a esquerda carioca, hoje majoritariamente com Paes.
Como o próprio campo político fez um movimento nos últimos dias para desidratar a candidatura de Tarcísio e a favor do “voto útil” em Paes no primeiro turno, o deputado federal tem como objetivo tentar reverter esse apelo, dizendo ser o momento de votar de forma ideológica. O postulante do PSOL se coloca como “o único candidato comprometido a combater a extrema direita” no Rio.
Formato do encontro
No estúdio da TV Globo, os candidatos vão ficar posicionados lado a lado e não haverá plateia. O primeiro e o terceiro dos quatro blocos têm temas livres. Sorteado anteriormente, o postulante escolhe para quem direciona a pergunta entre os que ainda não tiverem respondido naquele bloco.
Todos fazem uma pergunta e respondem a outra.
O segundo e o quarto blocos são com temas determinados, mas a dinâmica de perguntas e respostas é mantida. Reservam-se sempre 40 segundos para as perguntas, um minuto e 15 segundos para a réplica e um minuto para a tréplica. Ao fim dos quatro blocos, cada candidato faz em dois minutos as considerações finais.
Rali mostra aliados de Bolsonaro à frente em pesquisas de 13 capitais; nomes de Lula lideram no Rio e no Recife
Por Luis Felipe Azevedo— Rio de Janeiro / O GLOBO
O agregador de pesquisas Rali, iniciativa do GLOBO em parceria com o Instituto Locomotiva, mostra que, a menos de uma semana para o 1º turno, no próximo domingo, candidatos aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lideram a média das pesquisas de intenção de voto calculada pelo agregador em 13 capitais, enquanto nomes ligados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparecem à frente em duas cidades (Rio e Recife). Em outras 13, o líder não é coligado nem ao PT nem ao PL. Confira os dados do agregador.
O Rali apresenta o panorama das intenções de voto divulgadas por seis empresas e institutos de pesquisa com relevância nacional. São considerados levantamentos do Datafolha, Quaest, Atlas, Ipec, Ideia e Ipespe. Na maioria das capitais, os resultados refletem médias de pesquisas Quaest e Atlas.
A metodologia do agregador considera o tamanho da amostra, o quão recente é um resultado, o histórico de atuação dos institutos e sua cobertura nos diferentes estados nas últimas três eleições.
No caso do PT, seus candidatos aparecem numericamente atrás dos líderes, mas bem posicionados e competitivos para ir a um eventual segundo turno, em Fortaleza, Teresina, Goiânia e Porto Alegre. O mesmo ocorre em São Paulo, com Guilherme Boulos (PSOL), nome apoiado por Lula na corrida municipal. Já os candidatos do PL também se destacam em Belo Horizonte e Cuiabá, embora não apareçam à frente.
Como mostrou O GLOBO, em meio às dificuldades de aliados nas disputas das capitais, Lula decidiu ignorar os apelos de candidatos petistas pelo país e fará apenas mais uma agenda de campanha antes do primeiro turno da eleição municipal deste ano. No sábado, Lula participará de uma caminhada com o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos. Com o presidente abdicando do pleito em outros locais, postulantes do partido e nomes apoiados pelo PT enfrentam dificuldades nas capitais e veem aliados debandarem para o lado adversário.