O fator Ciro Gomes nas fileiras da oposição para 2026 no Ceará
Reverbera entre deputados e dirigentes partidários da oposição cearense a possibilidade do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) ser candidato a governador em 2026. Dizem que ele não descarta a candidatura, embora tenha preferências por Roberto Cláudio (PDT). Tudo para “salvar o Ceará”.
Se o fato se consolidará ou não, só a política vai revelar. Mas é verdade também que jogar o nome do Ciro em meio a essa possibilidade de candidatura já dá energia a uma oposição sem novidades nos últimos anos.
Tudo bem que Ciro Gomes não é tão novidade assim, já foi prefeito, governador, deputado, ministro e candidato a presidente – inclusive enfrentando o pior resultado nas urnas no pleito de 2022.
Ocorre que uma eventual candidatura ao Palácio do Abolição colocaria Ciro em um dos polos no Ceará, longe do discurso inviável de uma terceira via que nunca existiu no País, muito pior a nível estadual.
Ciro conta que foi engolido pela polarização nacional entre Lula e Bolsonaro, o que teria justificado o fracasso nas urnas em 2022, terminando em quarto lugar no País e perdendo em Sobral para Lula e Bolsonaro.
Agora, a eventual candidatura a governador ao lado da ala bolsonarista – o que sobrou de oposição para os ciristas – já tem surpreendentemente injetado ânimo ao grupo. Ocupando o polo de oposição, ele faria o enfrentamento direto com o governador Elmano de Freitas (PT) que disputará a reeleição.
O repórter do PontoPoder, Marcos Moreira, publicou reportagem no Diário do Nordeste, nessa semana, com relatos de oposicionistas entusiasmados com a eventual candidatura do ex-presidenciável. É um movimento concreto, com pesquisas internas e debate acalorado.
Tanto é assim que, ao ver a propagação do nome do irmão para o pleito estadual, Cid Gomes (PSB), que não é nada bobo, tratou de ir às redes sociais e defender o nome de Ciro para o embate presidencial. Ora, essa não é a pauta que está na ordem do dia.
Diante de inúmeras derrotas da oposição, inclusive partidária e em número de aliados na Capital e Interior, o fator Ciro Gomes parece ser a última e mais interessante cartada de um grupo que pouco teve o que comemorar nas últimas eleições no Ceará.
Base de Elmano em alerta: alianças e fusões desafiam o grupo governista para 2026
O aprofundamento das movimentações em Brasília traz incertezas ao tabuleiro político do Ceará. Duas articulações nacionais — a federação entre União Brasil e PP, e as especulações sobre a fusão entre PSDB e Podemos — acenderam alerta entre lideranças do grupo governista estadual, liderado pelo governador Elmano de Freitas (PT).
A pouco mais de um ano das definições eleitorais para 2026, a base aliada corre o risco de sofrer perdas, enquanto a oposição ensaia passos para uma frente com tempo de TV considerável e mais capilaridade.
Preocupação nos bastidores
Apesar de viver um momento de estabilidade administrativa e alinhamento com o governo federal, Elmano começa a assistir a um redesenho forçado nas alianças partidárias com impacto nas tratativas para sua reeleição. As decisões tomadas nas cúpulas nacionais podem reconfigurar o campo de apoio ao petista.
Diante do quadro político nebuloso, apurou esta coluna, o governador está atuando com mais intensidade na política partidária e isso deve continuar nos próximos meses. No horizonte, o gestor tem missões determinadas como segurar aliados que tenham estrutura e peso político. Mesmo assim, as tratativas nacionais podem atrapalhar os planos locais, dizem aliados do governador, nos bastidores.
O caso de PSD e Republicanos é emblemático. Constando entre as maiores siglas do País, ambos estão na base de Elmano. Entretanto, de olho em 2026, as direções nacionais das legendas podem mover o leme em sentido contrário ao atual.
A federação União Brasil-PP e o afastamento do grupo governista
O primeiro fato relevante para a leitura do cenário veio com a oficialização da federação entre União Brasil e Progressistas. Embora o União já atue como oposição ao governo estadual no Ceará, o PP ocupa espaço no governo Elmano.
No momento, conforme disse a esta Coluna o vice-presidente estadual da Legenda, Zezinho Albuquerque, o partido segue com Elmano. Para 2026, entretanto, a ida da federação para a oposição é praticamente certa.
Fusão PSDB-Podemos: risco de nova baixa na aliança governista
Outro ponto de tensão vem das negociações em torno da fusão entre PSDB e Podemos. O Podemos, que tem representação no governo estadual, pode ser tragado pela lógica nacional, onde o PSDB tende a caminhar com a oposição. Caso a nova legenda seja comandada pelos tucanos, o risco de uma nova debandada é real.
Lideranças do Podemos no Ceará aguardam definições sobre o comando da nova sigla para avaliar os próximos passos.
O efeito dominó das articulações nacionais no Ceará
A formação de federações e fusões partidárias deve continuar até o início de 2026. Outras siglas médias estão em busca de alianças para garantir sobrevivência eleitoral. Isso poderá afetar ainda mais o equilíbrio de forças no Ceará.
O redesenho nacional tende a impor novas acomodações aos líderes locais. Nesta posição se encaixam Republicanos e PSD, que ganham papel central nesse xadrez.
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IARIONORDESTE
Governo Lula não sabe como ressarcir aposentados, mas fará de qualquer jeito pois a eleição vem aí
Por Carlos Andreazza / O ESTADÃO DE SP
Ante o roubo bilionário aos nossos mais velhos, o mantra governista é: Lula ordenou que nenhum aposentado seja prejudicado. Disse o advogado-geral da União: “O que não podemos, neste momento, é sermos omissos. E não seremos.” Um incauto que ouvisse Messias poderia de repente imaginar que este governo teve início em 25.
Teve início em 23, ano em que o volume de descontos quase dobrou. Era de pouco mais de R$ 700 milhões em 22. Chegaria a R$ 2,8 bilhões em 24. Chegaria a 25 o governo sem a mais mínima ideia de como ressarcir os roubados; de quantos serão eles e os bilhões a serem restituídos. A natureza da fraude, operada sob a falta de controle do INSS, expressa a impossibilidade de distinguir as vítimas. Lula pagará de qualquer maneira, porque a eleição vem aí.
Simone Tebet já nos informou que “o dinheiro que irá ressarcir” não virá somente “da apreensão de bens, porque pode ser insuficiente”. Pagaremos a conta todos, inclusive os rapinados.
Lula deixou a ordem, pela restituição a todos os surrupiados, e foi celebrar Putin. O presidente, enérgico com o INSS, tirou Lupi e manteve Lupi no Ministério da Previdência Social, e então viajou à Rússia para reverenciar o autocrata; o rigoroso democrata Lula, também um dos salvadores da democracia brasileira.
Para falar de rigor: o novo ministro da Previdência Social era o secretário-executivo da pasta; e estava na reunião formal em que o governo foi informado da roubalheira. Antes, deputado, fora coautor de muamba em medida provisória que adiaria a eficácia de mecanismos de controle sobre a concessão de descontos.
Toda essa sacanagem desnudada – e o governo a manter inalterado o feudo da Previdência Social. Governo que, ciente das fraudes desde (pelo menos) junho de 23, só tomaria providências em março de 24. Providências cujos efeitos se medirão no fato de os dinheiros descontados terem mais que dobrado em 24.
Ainda Messias: “Preferimos atuar, em caráter excepcional, para compensar cada vítima que foi lesada por esse escândalo criminoso.” Seria o caso de lhe perguntar como fundamentará o pedido por crédito extraordinário. Ou alguém acredita que Orçamento que nem sequer prevê o Pé de Meia poderá ser remanejado para ressarcir as vítimas?
Será necessário fabricar a bufunfa, para cujo pedido formal o cronista propõe, por base, algo de franqueza rigorosa assim: Também responsáveis os senhores parlamentares pela ladroagem, venho por meio desta pedir novamente ao Congresso bilhões suplementares para cobrir o buraco derivado do roubo aos aposentados, golpe decorrente de termos sido, com generosidade, omissos e incompetentes.
Apostando que o tempo fará a indignação se acomodar, e de modo a propagandear que cobriremos o rombo legado pela cobertura a este roubo, apregoamos a intenção de cobrar a nossas fraternas associações sindicais que devolvam a grana larapiada.
Andreazza escreve às segundas e sextas. Também apresenta, de segunda a sexta, o programa multiplataforma Estadão Analisa. É apresentador e colunista da Rádio BandNews FM. Foi colunista do jornal O Globo e âncora da rádio CBN.
Disputa no Ceará estremece fusão entre PSDB e Podemos e especula Ciro e Tasso no mesmo partido
Embora tenha motivações claras no plano nacional — somar forças para superar a cláusula de barreira e manter relevância partidária —, a fusão também reacendeu alianças antigas e disputas latentes no cenário estadual.
O movimento mais emblemático foi o convite feito pelo ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) a Ciro Gomes (PDT) para que ele se filie ao novo partido oriundo da fusão. O próprio Ciro revelou o convite durante um encontro com parlamentares da oposição, na Assembleia Legislativa, na última terça-feira (6).
O gesto de Tasso reacende uma aliança histórica e traz à tona especulações sobre um possível retorno de Ciro à disputa pelo Governo do Estado — possibilidade que ele mesmo não descartou na conversa com deputados estaduais.
Nos bastidores, o movimento é interpretado como incerto e visto como uma tentativa de agitar o cenário político local, já tumultuado com o anúncio da federação entre União Brasil e PP, que também terá reflexos no Ceará.
Disputa pelo comando: oposição ou base aliada?
Se, em Brasília, o tom é de conciliação entre os dois partidos, no Ceará o clima esquentou e gerou desconforto. O epicentro da tensão é a disputa pelo controle da nova sigla.
De um lado, o grupo ligado a Tasso afirma que o comando local será dos tucanos e que o partido adotará uma postura de oposição. De outro, o Podemos, atualmente alinhado ao governo Elmano e com representação na base aliada, defende manter essa condição e reivindica a liderança da legenda no Estado.
A divergência ganhou um novo capítulo com a possibilidade de Eduardo Bismarck — deputado federal ainda filiado ao PDT, mas próximo ao grupo do Podemos — assumir o comando da sigla no Ceará. A tese defendida por interlocutores do Podemos é a de que, nos estados onde apenas uma das legendas tenha representação na Câmara dos Deputados, o comando local caberia a ela.
Neste caso, o partido de Renata Abreu sairia na frente. A interpretação, no entanto, é contestada nos bastidores tucanos, que veem a nova sigla como uma força de oposição liderada por Tasso e seus aliados, incluindo, possivelmente, Ciro Gomes.
Tensão e pausa estratégica
Diante das indefinições nacionais e do aumento da temperatura local, lideranças estaduais articulam uma espécie de “pausa estratégica”. A ideia é aguardar o desfecho da fusão e as diretrizes que serão anunciadas pela Executiva nacional das legendas até o mês de junho. Até lá, as conversas devem seguir nos bastidores, com articulações silenciosas.
O movimento que envolve Ciro Gomes e Tasso Jereissati é mais do que uma disputa por comando partidário: é a possibilidade de reconfiguração de forças no Ceará para a eleição de 2026.
MDB se afasta de Lula ao buscar aliança com Republicanos após federação União-PP
O anúncio da federação entre União Brasil e PP levou o MDB a buscar uma aliança nacional com o Republicanos que, se concretizada, pode afastar o partido do apoio formal à reeleição do presidente Lula (PT) —hoje já improvável, segundo emedebistas.
A federação exige que os partidos atuem juntos em todos os estados e nacionalmente, como se fossem uma só agremiação, por quatro anos.
O instrumento surgiu em 2021 como uma forma de sobrevivência das pequenas legendas, mas tem mexido também no tabuleiro dos grande partidos.
A federação União-PP, chamada União Progressista, terá a maior bancada da Câmara, com 109 deputados federais, e do Senado, com 14 senadores (empatado com PSD e PL). Também terá a maior parcela dos fundos partidário e eleitoral e o maior tempo de propaganda eleitoral na TV e rádio.
Os demais partidos de centro-direita e direita avaliam que a estrutura da federação União-PP dará ao grupo a condição de pleitear as vagas de candidatos ao Senado ou vice-governador em cada estado, com a oferta de tempo de TV.
Além disso, a aliança entre duas grandes siglas facilitará a montagem das chapas para deputado federal e estadual, ao reunir muitos candidatos com votos, o que facilita a eleição devido ao atual sistema proporcional, que leva em conta na distribuição das vagas a votação de todos os candidatos da legenda ou da federação.
Para reagir a essa nova força eleitoral, MDB e Republicanos intensificaram conversas sobre se unirem em uma federação também. O Republicanos chegou a discutir a ideia de integrar o grupo de União Brasil e PP, mas desistiu porque seria minoritário na composição.
Outra conversa do Republicanos é com o partido que resultará da fusão entre PSDB e Podemos. Essas negociações, no entanto, ainda precisam aguardar a concretização dessa união para começarem de fato.
No MDB, a ideia da federação começou a ser debatida no mês passado, num encontro entre o presidente do partido, Baleia Rossi (MDB), e o do Republicanos, Marcos Pereira, mas ganhou adeptos entre diversas alas do emedebismo após o anúncio da União Progressista.
"A consolidação dessa federação faz com que as pessoas deixem de lado as filigranas do processo e entendam como necessária uma federação", diz o deputado José Priante (MDB-PA), primo do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).
Para o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), o partido precisa buscar alianças para se manter como um ator importante na política. "Quem não se federar vai ficar numa divisão inferior, e o MDB é partido de série A, não pode admitir disputar outra série", afirma.
Ele é cotado para disputar o Governo de Alagoas em 2026, e seu pai, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), deve concorrer à reeleição. Ambos enfrentarão o grupo do ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL), que terá o suporte da nova federação para se candidatar ao Senado contra os emedebistas.
No estado, o MDB dos Calheiros firmou uma parceria com o PSD de Gilberto Kassab. Na quarta-feira (7), Kassab disse não haver acertos ou expectativa de federação, mas que o partido está "aberto a conversas".
Baleia e Marcos Pereira voltaram a se reunir nesta terça-feira (6) para discutir com mais profundidade a federação e os possíveis problemas regionais. Também houve um jantar na quarta, organizado por Priante, com representantes dos dois partidos, como Baleia e o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos).
Entre as dificuldades está, por exemplo, o Espírito Santo, onde Ricardo Ferraço (MDB) deve assumir o governo e disputar a reeleição com a renúncia do governador Renato Casagrande (PSB) para concorrer ao Senado. O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), é um potencial candidato ao governo contra ele.
Outro estado com dificuldades é a Bahia, onde o MDB está na vice do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e o Republicanos faz parte do grupo do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil). Ainda há problemas em Pernambuco, com o próprio MDB dividido sobre quem apoiará na eleição para governador em 2026, Roraima e Paraíba.
Lideranças dos dois partidos, no entanto, entendem que é possível conversar nos próximos meses para superar esses conflitos regionais e que a prioridade é fortalecer os partidos nacionalmente.
Se unidos, MDB e Republicanos teriam 15 senadores, a maior bancada da Casa, além de 88 deputados e cinco governadores.
A possível aliança com o partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afasta mais o MDB da possibilidade de apoiar a reeleição de Lula.
Tarcísio é cotado como sucessor de Jair Bolsonaro (PL), caso o ex-presidente continue inelegível, mas ele tem a opção também de mudar de legenda e concorrer pelo PL.
Entre dirigentes do MDB, a possibilidade de apoio formal ao petista já é praticamente descartada, a não ser que ocorra uma reviravolta que torne Lula amplamente favorito para a eleição de 2026. A sigla comanda hoje três ministérios: Transportes, Cidades e Planejamento.
Um dirigente nacional diz que mais de 90% da bancada federal não concorda com esse apoio, por acreditar que perderá votos se tirar uma foto com o petista e postar nas redes sociais. Apenas a ala nordestina e parte do Norte ainda cogitariam a coligação.
Emedebistas dizem que Helder, cotado para assumir como vice de Lula no lugar de Geraldo Alckmin (PSB), já estaria convencido de que a coligação com o petista é improvável e estaria concentrando suas forças na eleição para o Senado.
Parlamentares do entorno do governador do Pará afirmam, entretanto, que não há decisão nesse sentido e que é preciso esperar a definição das variáveis de 2026 —entre outras, as condições em que Lula chegará na disputa e qual será o candidato de Bolsonaro, caso seja mantida a sua inelegibilidade.