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Datafolha: Cai diferença entre Lula e Bolsonaro no 2º turno das eleições

Igor Gielow FOLHA DE SP
 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue líder das simulações de segundo turno para o pleito de outubro, mas o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) encurtou as distâncias para todos os seus adversários.

É o que mostra a nova rodada da pesquisa do Datafolha, que ouviu 2.556 pessoas em 181 cidades nesta terça (22) e quarta (23). O levantamento tem uma margem de erro de dois pontos para mais ou menos e está registrado no TSE sob o número BR-08967/2022.

A pesquisa aponta Lula à frente do incumbente em todos os cenários por uma distância semelhante no primeiro turno, de 43% (44% em 1 das 4 simulações) a 26%. Isso levaria a uma segunda rodada da eleição, no dia 30 de outubro.

No levantamento anterior do Datafolha, feito de 13 a 16 de dezembro passado, Lula vencia Bolsonaro por 59% a 30%. A diferença caiu para 55% a 34%. Dez por cento dos ouvidos não votariam em nenhum dos dois.

O presidente também encurtou a sua vantagem sobre seus outros adversários em simulações de segundo turno, ilustrando a percepção de melhora relativa em sua condição para o pleito —o que torna, segundo a fotografia atual tirada pelo Datafolha, mais difícil a hipótese de que venha a enfrentar outro nome da lista atual se não o petista.

Bolsonaro, que lançará sua pré-candidatura no domingo (27), é superado pelo ex-juiz Sergio Moro, que foi seu ministro da Justiça e deixou o governo o acusando de interferência ilegal na Polícia Federal, por 42% a 34%. Há três meses, a distância era de 48% a 30%. Não escolhem nenhum dos dois 22%.

Movimento semelhante ocorre com Ciro Gomes (PDT), mas agora perde por 11 pontos (46% a 37% para o ex-ministro). Em dezembro, eram 21 pontos. Agora, 16% dizem não votar em ninguém, ou escolher entre voto nulo ou branco.

Já a vantagem do governador paulista João Doria sobre Bolsonaro, um dos poucos trunfos que o tucano sempre apresentava em sua luta para viabilizar a candidatura, acabou. O presidente subiu de 34% para 39%, encostando em Doria, que caiu de 46% para 40%. Não votam em nenhum deles 20%.

Lula, por sua vez, segue onde estava em dezembro, em relação aos outros rivais. Bate Moro por 54% a 32% (13% de nulos), Ciro por 54% a 28% (17% de nulos) e Doria por 57% a 21% (20% de nulos).

Mas, em todas as hipóteses testadas, Lula oscilou entre dois e três pontos percentuais para baixo, indicando que o atrito da campanha parece começar a fazer efeito sobre o petista.

 

 

Bolsonaro ganha fôlego e marca 26% no 1º turno; Lula lidera com 43%, aponta Datafolha

Igor Gielow / FOLHA DE SP

 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) demonstrou ter recuperado um pouco de fôlego na corrida para o Palácio do Planalto e chegou a 26% de intenções de voto na disputa, que segue sendo liderada pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva, com 43%.

Empatados em terceiro lugar vêm ex-juiz Sergio Moro (Podemos, 8%) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT, 6%), seguidos de perto por um pelotão de adversários.

É o que indica a nova pesquisa do Datafolha sobre a eleição presidencial de outubro, feita com 2.556 eleitores em 181 cidades de todo o país, nesta terça (22) e quarta-feira (23). A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-08967/2022.

A pesquisa não é diretamente comparável à pesquisa anterior, feita de 13 a 16 de dezembro, por aplicar cenários distintos —basicamente, retirando nomes que saíram da disputa, como o do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) e do ex-ministro Aldo Rebelo (sem partido).

Foram incluídos nas simulações deste levantamento os nomes de Vera Lúcia (PSTU), André Janones (Avante) e Leonardo Péricles (UP).

Naquela rodada, Lula oscilava de 47% a 48%, e Bolsonaro, de 21% a 22%. Outros números, esses comparáveis com dezembro, mostram uma leve melhoria do cenário para o presidente, algo já apontado em análise de redes sociais.

Ele ganhou cinco pontos na intenção espontânea de voto (18% para 23%), enquanto o petista oscilou de 32% para 30%.

Em todas as simulações de segundo turno, o presidente avançou. Na disputa com Lula estreitou em oito pontos a margem de vantagem do petista, que ficou em 21 pontos (55% a 34%). E sua rejeição caiu cinco pontos, embora se mantenha em altos 55%.

O Datafolha especulou quatro cenários, com mudanças apenas no andar abaixo dos quatro primeiros colocados. Os resultados foram semelhantes para eles, tomando por base a hipótese 1: Lula tem 43%, Bolsonaro, 26%, Moro, 8% e Ciro, 6%.

Neste desenho, eles são seguidos pelo governador paulista, João Doria (PSDB) e pelo deputado Janones, ambos com 2%, empatados tecnicamente com o pelotão do 1%: Simone Tebet (MDB), Vera Lúcia e Felipe D'Ávila (Novo). Péricles não pontuou. Brancos e nulos somam 8% e não souberam responder, 2%.

O cenário, portanto, consolida por ora a polarização entre Lula e Bolsonaro, exatamente o que os estrategistas de ambos os lados desejavam desde o ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal abriu o caminho para a candidatura do petista ao restituir seus direitos políticos em meio à anulação de condenações impostas pela Operação Lava Jato de Moro a ele.

Alguns fatores concorrem para o cenário não tão adverso quanto antes a Bolsonaro agora. O mais evidente, o avanço da campanha. Há o eventual efeito do programa de transferência de renda Auxílio Brasil e a discreta melhoria do cenário macroeconômico na esteira da guerra da Ucrânia.

Por outro lado, e influenciado pelo conflito, há a nova pressão inflacionária sobre alimentos e combustíveis, um processo que ainda não está precificado e está diretamente ligado à continuidade da guerra de Vladimir Putin —e o que ocorrerá com as sanções impostas à Rússia a depender de como ela acabar, se acabar.

Bolsonaro, influenciado pela percepção do desastre de marketing que comandava, amainou suas falas negacionistas sobre a Covid-19 e contra vacinas.

O arrefecimento da onda da variante ômicron também levou à liberação progressiva das restrições nas cidades, o que gera um fator de bem-estar que pode, à imagem reversa do que ocorre com as más notícias, favorecer o governante de plantão.

Lula, por sua vez, será cada vez mais vidraça, após um 2021 em que praticamente só colheu boas notícias. Seu cartucho mais vistoso, a adesão do ex-tucano Geraldo Alckmin ao PSB para tornar-se o vice em sua chapa, tem efeito eleitoral incerto.

O embate entre o atual ocupante do Planalto e aquele que por lá ficou de 2003 a 2010 por ora segue linhas semelhantes às diferenças históricas de perfil de eleitorado, algo que teve uma inflexão no pleito de 2014 e mudou totalmente em 2018, quando o misto de antipolítica e antipetismo levou Bolsonaro ao poder.

Lula se mantém soberano no Nordeste, com 55% das intenções de voto e 3 das 4 simulações (semelhantes 54% no cenário 4). Moram na região, na amostra do Datafolha, 26% dos brasileiros. É um patamar algo menor do que o registrado em pesquisas anteriores, contudo, não comparáveis de forma direta. Lidera entre os menos escolarizados (55%) e jovens (51%).

Seu principal ativo é entre os mais pobres. Neste grupo, que soma 53% dos ouvidos, ele tem 51% de intenções de voto.

Como referência apenas, ele tinha 40 pontos de vantagem no segmento sobre Bolsonaro em dezembro e agora registra 32. Apenas levantamentos subsequentes indicarão se isso é uma tendência associada ao Auxílio Brasil.

O presidente segue por ora com o seu eleitor padrão. Ele tem 38% e 39%, batendo Lula (27% e 26%), entre quem ganha de 5 a 10 salários mínimos e entre os de renda acima de 10 mínimos, respectivamente. Esses dois grupos somam 9% da população. Como é usual, seus melhores desempenhos regionais são no Sul (33%) e no Norte/Centro-Oeste (30%), embora perca de Lula.

Em relação aos levantamentos mais recentes, Bolsonaro parece ter recuperado espaço entre evangélicos, grupo de apoio vital em 2018 e que está no centro do mais recente escândalo do governo, com o favorecimento a pastores no Ministério da Educação.

Nesta pesquisa, o presidente empatou com Lula no grupo, com vantagem numérica (37% a 34%).

De resto, a pesquisa traz um cenário desolador neste momento para a chamada terceira via, que ainda aposta em uma aglutinação contra a dupla na ponta mais à frente. Articuladores de algumas dessas candidaturas afirmam, contudo, acreditar que o cenário só começará a se definir no meio do ano e quando começar a campanha na TV, em agosto. Até lá, dizem, será uma travessia de deserto.

Moro, após surgir como novidade na disputa no fim de 2021, vê as dificuldades políticas que enfrenta se traduzirem em números. Seus 8% estão abaixo do patamar de dois dígitos que seus apoiadores previam já para o começo deste ano.

Ciro, por sua vez, sofre com um desempenho que se insinua inferior ao da eleição de 2018 (12,47% no terceiro lugar). Com a via mais natural à esquerda ocupada por Lula, ele vem murchando paulatinamente por não atrair o centro e a centro-direita.

Igualmente em dificuldades está o tucano Doria, que como governador destacou como principal antípoda nacional de Bolsonaro. No cenário 3 do Datafolha, ele inclusive perde numericamente para o novato Janones, que tem 3% ante 2% do paulista.

O deputado do Avante-MG surge até na pesquisa espontânea (1%), empatado com Ciro e Moro (2% cada), o que talvez reflita o fato de que ele está em inserções gratuitas na TV aberta nesta semana.

Não estão em situação melhor outros nomes ventilados pela terceira via. A senadora Simone Tebet (MDB) não passa de 1% nas três simulações com seu nome. Doria trabalha para que ela seja sua vice, numa chapa com apoio do gigante União Brasil (fusão de DEM e PSL).

Já Eduardo Leite, o governador tucano do Rio Grande do Sul que pode se lançar pelo PSD, também faz feio, somando 1% na simulação em que seu nome entra no lugar do de Doria —o Datafolha não simula cenários com dois nomes de um mesmo partido.

 

 

 

Presidenciáveis da 3ª via enfrentam partidos rachados e marasmo

Joelmir Tavares / FOLHA DE SP
 
OS PRESIDENCIAVEIS DA 3ª VIA
SÃO PAULO

Pré-candidatos da centro-direita na corrida presidencial que tentam salvar a chamada terceira via com um enxugamento do quadro de nomes colocados terão antes que lidar com divisões internas nos próprios partidos, que dificultam a coesão em torno de um projeto alternativo.

Os cinco nomes hoje colocados encaram, em diferentes graus e características, cisões em suas legendas, mais um empecilho na busca de uma candidatura que faça frente aos atuais líderes das pesquisas, o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Articuladores admitem em conversas reservadas ser crescente o desafio de romper o favoritismo de Lula e Bolsonaro, que confere ares de segundo turno à eleição. O marasmo nas pesquisas reflete um cenário estável, com outros postulantes incapazes até aqui de apontarem alguma reviravolta.

 

Expressões como desespero, pessimismo e desânimo já são ditas nos bastidores, embora em público o discurso continue sendo o de que a aglutinação do segmento é a solução para conquistar até outubro a parcela da população "avessa aos extremos" e que isso será só uma questão de tempo.

As negociações em torno da migração de Eduardo Leite do PSDB para o PSD, que agitaram o grupo nos últimos dias, são vistas como uma espécie de cartada final. O destino do governador do Rio Grande do Sul, derrotado nas prévias tucanas por João Doria (SP), ainda é uma incógnita.

alentada crise no PSDB, sigla sem sinais de pacificação interna diante da série de problemas que envolve Doria, é o sinal mais evidente dos obstáculos domésticos de cada presidenciável rumo a uma unificação, o que implica estar disposto a abrir mão da candidatura.

Prestes a deixar o Palácio dos Bandeirantes, o tucano usará todas as armas que puder para manter a campanha e fazê-la deslanchar, avaliam tanto aliados quanto rivais, que ressaltam sua obstinação.

A movimentação que dribla as prévias realizadas em novembro é sintoma da insatisfação de alas da sigla com o paulista. O adversário interno Aécio Neves (MG) é um dos que operam pela saída dele do páreo, reforçada pelos baixos índices de intenção de voto e altos de rejeição.

Os prognósticos para uma eventual ida de Leite para o PSD tampouco soam animadores em termos de coesão interna. A agremiação presidida pelo ex-ministro Gilberto Kassab abriga de bolsonaristas a lulistas, que priorizam suas próprias bases e nem cogitam confrontá-las.

O pré-candidato Sergio Moro (Podemos), que entusiasmou setores políticos com sua entrada formal na política, em novembro, agora vê membros do partido reavaliando a aposta. A impressão de que ele bateu no teto e dificilmente será o nome de consenso se ampliou nos últimos dias.

Estagnado nas sondagens, sem ultrapassar a barreira dos 10%, o ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro é alvo de contestação de parlamentares da legenda por causa da divisão dos valores do fundo eleitoral. O temor é que seja drenado dinheiro demais para alguém sem chances reais de vitória.

O líder do Podemos na Câmara dos Deputados, Igor Timo (MG), tem dito que seria um equívoco focar os gastos em um projeto presidencial e deixar descobertas as candidaturas ao Legislativo, enfraquecendo a legenda.

A briga pela repartição da verba é motivo de queixa, de forma geral, em partidos que lançaram nomes pouco competitivos para o Planalto. Pré-candidatos a governos estaduais também reivindicam uma fatia do fundo, além de rechaçarem a associação a chapas problemáticas.

A situação de Moro se degringolou com os danos da crise com o MBL (Movimento Brasil Livre). O grupo se afastou do partido após o escândalo das falas sexistas do deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei (que deixou a sigla após o vazamento), mas disse manter apoio ao ex-juiz.

O ex-magistrado foi aconselhado a romper de vez com o MBL para tentar se descolar dos ruídos, mas reiterou que a relação "continua firme e forte" e rebateu a afirmação de Doria de que a atitude de Arthur, até então aliado de Moro, "fragilizou evidentemente" a candidatura e o partido.

Procurados, PSDB, PSD e Podemos não se manifestaram.

No MDB, a pré-candidatura de Simone Tebet sofre sinais de boicote de líderes alinhados a Lula —casos do senador Renan Calheiros (AL) e do ex-senador Eunício Oliveira (CE). O partido também tem simpatizantes de Bolsonaro, sobretudo no Sul, como o deputado federal Osmar Terra (RS).

A legenda, em nota à Folha, minimiza as divergências e diz que a escolha de Tebet se deu de forma democrática, por unanimidade, em reunião da comissão executiva nacional. "O que une o partido é o ponto de equilíbrio, e a Simone é porta-voz disso", afirma a assessoria de imprensa.

O comunicado diz ainda que Renan e Eunício, dois dos principais cabos eleitorais de Lula na sigla, "são forças importantes. Todas elas respeitam Simone, e vice-versa". O MDB também afirma que o nome da pré-candidata "será homologado pela convenção nacional".

Os esforços por um polo alternativo envolvem também a União Brasil, resultado da fusão de DEM e PSL, o que já na raiz embute algum tipo de fragmentação. O partido tem propagado, sem citar nomes, que terá candidato próprio à Presidência e dialoga com PSDB e MDB para um arranjo comum.

Inicialmente alijado da mesa de negociações, Moro foi convidado a se unir ao grupo. O mesmo ocorreu, como revelou a Folha, com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que rechaça o rótulo de terceira via e refuta se aliar a rivais como Moro e Doria, embora busque palanques com União Brasil e PSD.

Para o deputado federal Junior Bozzella (União-SP), as "divisões [no partido] estão superadas" graças ao presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), "que tem liderado bem esse processo de aglutinação das correntes em torno da proposta dele, de ter candidato e sentar nessa mesa de discussão".

Bivar, que também é deputado federal, tende a ser a opção de concorrente apresentada para a negociação, embora uma candidatura dele seja tratada com ceticismo pelos demais articuladores.

Segundo Bozzella, é preciso "ter um nome para ser colocado e ir depurando". "Eu só enxergo hoje o Bivar. Ele está habilitado. O que a gente tem é uma necessidade de união para que a terceira não se torne a quarta, quinta ou sexta via", completa.

No Novo, Luiz Felipe d'Avila assumiu a pré-candidatura após a desistência de João Amoêdo em meio ao racha entre bolsonaristas e antibolsonaristas na legenda. O empresário, que concorreu ao Planalto em 2018, virou um duro crítico do presidente e entrou em choque com parlamentares.

Os atritos em torno da oposição a Bolsonaro "foram superdimensionados", contemporiza o presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro, que classifica o partido hoje como "coeso e pacificado" em torno da candidatura de d'Avila, cientista político que já pertenceu ao PSDB.

"Na questão de clima interno, o Novo é o que mais está engrenado e alinhado para ir para a arena. Todos querem que o Felipe cresça nas pesquisas e possa ajudar a aglutinar [a terceira via]", diz Ribeiro. "Nosso desafio é torná-lo mais conhecido e mostrar que ele é o mais qualificado."

"Todos os que estão falando em união têm que estar dispostos a abrir mão lá na frente. Confesso que já fui mais otimista, mas acho que a decisão tem que ser tomada mais à frente, porque ainda falta muito tempo. Sempre existem os fatores imponderáveis. Seria prematuro resolver agora", afirma.

O dirigente admite, entretanto, que "o campo está muito congestionado" e o cenário das pesquisas "não mudou" nos últimos seis meses. Diz que é porque o eleitor "ainda não está 100% dedicado à escolha dos candidatos".

A situação foi classificada pelo cientista político Alberto Carlos Almeida, em uma rede social, como "eleição entediante na opinião pública". Autor de livros como "A Cabeça do Eleitor" e "O Voto do Brasileiro", ele observou estabilidade nas pesquisas desde o segundo semestre de 2021.

"Na média, há uma variação muito pequena. Isso acontece por conta de um ineditismo: temos um presidente em busca da reeleição que pauta a mídia e um ex-presidente que nunca saiu dela. Sem falar que são dois líderes com muita envergadura junto à opinião pública e à militância", diz.

Para o analista, "a polarização está muito consolidada" porque os demais postulantes "não empolgam" e se limitam ao buscarem o voto de eleitores que avaliam o governo Bolsonaro como ruim ou péssimo, camada que "já está com Lula", identificado como a força de oposição.

"Quando a terceira via ataca Lula, aí é que não vai mesmo conseguir capturar esse voto. A principal dificuldade dela é alcançar uma imagem tão oposicionista quanto a de Lula e do PT. E isso é agravado pelo fato de que todos, em alguma medida, estiveram junto de Bolsonaro", diz Almeida.

 

 

O que o evento de filiação do União Brasil indica sobre a estratégia de Capitão Wagner em 2022

Escrito por  / DIARIONORDESTE

Cercado por uma multidão de aliados, o deputado federal e pré-candidato Capitão Wagner (UB) fez uma demonstração de força da oposição nesta terça-feira (22), na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), ao filiar novos integrantes ao União Brasil.

Em pré-campanhapeloGoverno do Ceará desde o final das eleições de 2020, Wagner agora tenta reagrupar aliados, atrair opositores e reforçar o apoio em bases eleitorais estratégicas, como os evangélicos.

Por enquanto, o político ainda evita falar sobre quem deve ocupar a vaga de vice na chapa. O deputado alega que o arco de alianças que irá apoiar a sua pré-candidatura ao Governo do Ceará ainda está sendo fechado e, apenas depois disso, o martelo sobre quem será o vice deve ser batido.

"A gente vai ter que concluir o arco de alianças partidário, precisamos trazer partidos com mais tempo de TV, com mais estrutura de candidatos para fortalecer ainda mais a candidatura majoritária, mas já temos algumas opções. Mas ainda não é momento de apontar porque o arco de aliança ainda não foi concluído"
CAPITÃO WAGNER (UB)
Deputado federal e pré-candidato ao Governo do Ceará

Por enquanto, cinco partidos já confirmaram apoio a Wagner para a disputa majoritária: Podemos, Pros, Avante, PSC e PTB. Além deles, existem conversas avançadas com o PL e com o MDB, acrescenta o parlamentar. Partidos da base governista, como PSD e PP, também têm participado dos diálogos. 

Mesmo sem ter ainda um nome fechado, o candidato a vice deve ser alguém ligado ao Interior cearense. "Procuramos o perfil de alguém que represente o interior do Estado, (...) que conheça essas áreas, que seja do setor produtivo. Pode ser um homem, pode ser uma mulher. Não há um fechamento de qualquer nome, o que importa é que temos opções e que preenchem esse perfil", detalha. 

FOCO EM UNIR OPOSIÇÃO

Formalizado pela Justiça Eleitoral no final desta terça-feira (22), o peso do União Brasil em relação à força partidária nacional tem contribuído para Wagner unir nomes da oposição que atuavam em partidos pulverizados.

O ex-governador Lúcio Alcântara disse que irá se filiar ao União Brasil mesmo sem a intenção de concorrer a nenhum cargo eletivo. "Me filio para que fique bem evidente o meu apoio e a minha solidariedade ao Capitão Wagner, que emerge como grande liderança do Ceará", ressaltou.

Leia mais:O que o evento de filiação do União Brasil indica sobre a estratégia de Capitão Wagner em 2022

O poder da maioria silenciosa

O Estado de S.Paulo

21 de março de 2022 | 03h00

As discussões políticas nas redes sociais, muito agressivas, transmitem a impressão de que a sociedade brasileira estaria cindida ao meio e o debate público, interditado pela intolerância. Na realidade, não é bem assim, como revelou uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, publicada há poucos dias pelo jornal Valor.

Em que pese o fato de um em cada três brasileiros (31%) dizer que cerra fileiras com os extremos do espectro político (13% à extrema-esquerda e 18% à extrema-direita), 36% dos eleitores não se identificam com qualquer campo político e outros 22% se declaram de centro. Segundo a pesquisa, esse grupo mais radical, embora minoritário, é o que mais se engaja nas redes sociais e o que mais se “informa” por meio delas, ávidos que são por conteúdos que confirmam suas crenças, ainda que não encontrem respaldo na verdade dos fatos. Em outras palavras: a maioria da população (58%) não dá a mínima para as virulentas discussões online e está mais ocupada em tocar o dia a dia e sonhar com um governo que trabalhe, apenas isso, provendo emprego, saúde, segurança e educação – ou ao menos um governo que não atrapalhe a vida dos cidadãos.

Essa é a principal conclusão que se pode tirar da pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva a pedido da organização não governamental Despolarize. Entre os dias 26 e 30 de novembro do ano passado, o instituto ouviu 1.315 pessoas – homens e mulheres com mais de 16 anos – em 142 municípios de todos os Estados e do Distrito Federal.

Não se sabe ainda quem serão os candidatos à Presidência da República em 2022. Os nomes que ora circulam ainda precisam ser confirmados pelos partidos políticos no prazo definido pela lei eleitoral. Contudo, é seguro afirmar que quem quiser governar o Brasil a partir de 1.º de janeiro de 2023 terá de dialogar, necessariamente, com aqueles 58% da população que esperam propostas muito concretas para solucionar problemas que afligem milhões de brasileiros, principalmente os de natureza econômica. Para esse enorme contingente de eleitores, que não parecem ser prisioneiros da ideologia dos extremos, a escolha eleitoral deverá ser mais pragmática do que ideológica. Ou seja, a maioria dos brasileiros está menos aflita com “guerra cultural”, “ascensão do fascismo”, “ameaça comunista” ou outra bobagem do gênero do que com a ameaça de desemprego e o preço dos alimentos nas gôndolas do supermercado.

Apenas para os grupos mais radicais, que se dizem infensos ao diálogo e à mudança de opinião, pouco importa se os candidatos de sua predileção apresentarão ou não propostas responsáveis para tratar das renitentes mazelas do País. Dos eleitores ouvidos pelo Instituto Locomotiva, 25% se disseram “altamente intolerantes”, o que significa que não admitem nem por hipótese rever suas convicções e, menos ainda, considerar outro candidato à Presidência da República que não o que representa a personificação de suas estreitas visões de mundo.

A pesquisa confirmou a percepção geral de que os brasileiros estão divididos politicamente, fato que não chega a surpreender em um país democrático, de dimensões continentais e com mais de 212 milhões de habitantes. Do total de eleitores ouvidos pelo Instituto Locomotiva, 89% veem a sociedade “muito dividida”. Apenas 11% acreditam que o País não está politicamente fragmentado. No entanto, só 23% acreditam que os brasileiros estão divididos entre dois polos políticos; 39% veem a divisão em vários polos; e 27% dos entrevistados acreditam que os brasileiros estão divididos em dois polos maiores e outros grupos menores agregados.

A sete meses da eleição, as certezas de hoje envolvendo o pleito valem tanto quanto uma nota de três reais. Sejam quais forem os candidatos que disputarão o Palácio do Planalto, resta evidente que há uma maioria silenciosa, longe das diatribes das redes sociais, com quem eles deverão dialogar. E essa parcela dos eleitores, que detêm o poder de definir o futuro próximo do País, provavelmente não se deixará convencer por gritaria ideológica, e sim por propostas concretas para estimular o desenvolvimento econômico e humano.

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