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Como a pulverização de candidaturas pode impactar para base e oposição no Ceará

Escrito por  / DIARIONORDESTE

 

O Ceará terá duas candidaturas competitivas ao Governo do Estado em outubro: Capitão Wagner (Pros) e a indicação do PDT. Ambos, ao saberem do favoritismo, correm contra o tempo para reunir o maior número de aliados possíveis.  

A principal missão dos dois lados é agregar o máximo de aliados e evitar candidaturas paralelas que possam limitar o crescimento dos dois grupos. 

O tamanho da aliança poderá ser decisivo em uma eleição que começa com cara de segundo turno. A disputa que se aproxima tem o mesmo perfil da que vimos em 2014. 

Há oito anos, o candidato Camilo Santana tinha dezoito siglas na chapa majoritária. Enquanto o principal adversário, Eunício de Oliveira, tinha a metade disso, nove legendas no arco de alianças. 

No primeiro turno, o petista obteve 47,81% dos votos válidos, enquanto o emedebista atingiu 46,41%. Com a mesma polarização, a disputa seguiu acirrada no segundo turno, dando vitória apertada ao aliado do então governador Cid Gomes. 

É claro que não dá pra apontar qual fator foi determinante para o resultado da eleição. No entanto, pode-se afirmar que, quanto maior o número de aliados, maior também serão as chances de êxito na abertura das urnas. 

Os irmãos Ferreira Gomes sabem bem disso. A receita que fez de Camilo o candidato com o maior número de aliados em 2014 é a mesma adotada no dia a dia da governabilidade. Camilo chegou a ter na ampla base da Assembleia Legislativa mais de 20 partidos com ele. 

Em um embate bastante polarizado, como se espera neste ano, qualquer liderança ou partido que agregue a uma candidatura, seja da base ou oposição, poderá ser decisivo para o resultado das urnas, inclusive com risco de “resolver” o pleito já no primeiro turno. 

UNIDADE 

É por isso que o União Brasil, maior partido do País, foi tão disputado entre Capitão Wagner e Chiquinho Feitosa, que é aliado do governador. A conquista da agremiação pela oposição equilibra a disputa e torna o duelo ainda mais competitivo

A base em torno de Camilo Santana, antes da virada do ano, fazia as contas incluindo o DEM, que viria a ser o União Brasil, além do PL, comandado pelo prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves. Duas legendas com boa musculatura parlamentar que injeta um bom dinheiro para a campanha e garante expressiva minutagem na propaganda eleitoral. 

Com quem o governo deve ficar de olho nos próximos dias é com o PP, que nacionalmente integra a base do presidente Jair Bolsonaro. Embora o deputado estadual Zezinho Albuquerque tenha reafirmado aliança local, ele tem se movimentado para ser candidato a governador. 

Caso essa candidatura seja formalizada, independentemente da posição dos pedetistas e mesmo na base de Camilo, a duplicidade de palanques poderá fragilizar a estrutura liderada pelo PDT. 

As perdas recentes para o grupo não são comprometedoras a ponto de colocar em risco a força da base, mas liga o sinal de alerta para as costuras que estão sendo feitas nos bastidores pela oposição. 

A arma do grupo governista ainda é a força dos líderes no grupo, principalmente no interior. Ciro, Cid e Camilo serão cabos eleitorais importantes para a candidatura escolhida pelo partido. 

OPOSIÇÃO 

Capitão Wagner vai precisar dialogar bastante com dirigentes do PL na instância nacional. O movimento de lançamento de candidatura própria ao Palácio da Abolição, com o nome do ex-deputado federal Raimundo Gomes de Matos, pode fracionar os votos oposicionistas e colocá-lo em desvantagem na corrida eleitoral. 

Nesse esforço de aglutinar as forças, o pré-candidato a governador, inclusive, tem feito um discurso bastante elástico em torno dos palanques nacionais. 

A estrutura partidária que dará sustentação à candidatura de Wagner poderá reunir forças que pedem votos para Bolsonaro, Moro e Lula. O esforço de união da oposição segue até o apagar das luzes.

Ainda os ciclos eleitorais

Em sete eleições federais realizadas desde a volta da democracia, de 1982 a 2014, captadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a pobreza cai em todos os anos eleitorais e sobe em todos os anos pós-eleitorais, com exceção de 2007. A queda média de pobreza em ano eleitoral foi 12,82% e o aumento no ano pós eleitoral foi de 14,92%. Essa é uma das conclusões de estudos levados a cabo pelo economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas do Rio, especialista em distribuição de renda. Neri foi presidente do IPEA e ministro de Assuntos Estratégicos do governo Dilma.

Ele diz que se retirarmos o ano de 1986 da amostra, que corresponde ao ano do Plano Cruzado, onde o ciclo eleitoral foi mais marcado, a queda de pobreza foi de 8,34% em ano eleitoral seguido de aumento médio de 8,2% em anos subsequentes. A literatura sobre ciclos eleitorais, como tratamos na quinta-feira, descreve o comportamento de políticos que embelezam seus sucessos em anos de eleição, de forma a influenciar os resultados do pleito, e no ano seguinte apresentam ajustes na economia, gerando o resultado oposto.

Os instrumentos usados eleitoralmente no Brasil são diversos, desde flutuação macroeconômica promovida por políticas fiscais ou planos de estabilização sintonizados com o calendário das urnas, passando pelo controle seletivo de preços públicos administrados como eletricidade e gasolina, chegando a mudanças nas transferências públicas como benefícios sociais e previdenciários.  

De oito eleições federais de 1978 a 2013 analisadas, nos anos eleitorais houve oito aumentos reais na renda mediana, enquanto nos anos imediatamente após as eleições foram sete reduções. Observando o período entre 1981 e 2013, nos anos de eleição, o crescimento real médio da renda mediana foi de 11,33% enquanto, nos anos seguintes àqueles em que ocorreram os pleitos, a queda líquida foi de -7,3%. Resultados qualitativamente semelhantes foram encontrados nas estatísticas relacionadas com a pobreza.

Os estudos coordenados por Marcelo Neri na FGV-Rio mostram que, de 1992 a 2006, os aumentos de renda foram maiores nos anos de eleição, caracterizando o ciclo  eleitoral. Naqueles anos, em média, a renda oriunda de programas sociais teve o maior aumento (22,57%), seguido dos benefícios da previdência social (10,51%) e da renda do trabalho em geral (3,16%). Nos anúncios recentes os R$ 400 mínimos por Família do Auxílio Brasil praticamente dobra o benefício médio do antigo Programa Bolsa Família. Entretanto, este benefício deixa de vigorar em janeiro de 2023, logo depois das eleições. Ou seja, funciona como um piso temporariamente retrátil em termos nominais.

Quando janeiro de 2023 chegar, diz Neri, a inflação já terá reduzido este valor. Além disso, os R$ 400, embora eficazes em termos de marketing político, não levam em conta o tamanho nem o grau de pobreza de cada família. O princípio de que quanto mais pobres e maiores as famílias maiores são as necessidades de recursos envolvidas é perdido. “No bojo da crise de 1999, gestamos e depois parimos o Bolsa Escola federal; em meio às agruras da crise de 2003, nasceu o Bolsa Família. Na atual crise desaprendemos lições básicas e voltamos ao tempo de distribuição de cestas básicas em período eleitoral”, lamenta o economista.

Em termos de multiplicadores de gastos públicos, segundo Marcelo Neri, cada real gasto com Bolsa Família dispara um multiplicador 3 vezes maior que o dos gastos previdenciários com anúncio de antecipação de 13º benefício; 5 vezes maior que os do FGTS - usado de novo em 2022 como ferramenta anticíclica; 1,68 mais que o abono salarial do PIS-Pasep. Para Marcelo Neri, uma lição é que se olharmos primeiro para os mais pobres, buscando protege-los, freando os aumentos da desigualdade, preservamos também o movimento da economia como um todo.

As medidas adicionais anunciadas pelo governo federal como consignação de empréstimos de beneficiários do Auxílio Brasil e do BPC, aumento da parcela consignável das pensões e aposentadorias inovam no oportunismo eleitoral. A eleição de 2022, a décima realizada desde a histórica eleição direta para governadores em 1982, parece inovar em resgatar práticas antigas marcadas de oportunismo eleitoral.

Bolsonaro desfez ilusão do PT de que Lula poderia prevalecer já no 1º turno... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2022/03/17/bolsonaro-desfez-ilusao-do-pt-de-que-lula-poderia-prevalecer-ja-no-1-turno.

Josias de Souza
 

Colunista do UOL

17/03/2022 09h23

Bolsonaro e seus operadores do centrão vivem situação parecida com a de um time de futebol que perde de 4 a zero e marca dois gols num adversário mais forte. Ciro Nogueira, líder do centrão e chefe da Casa Civil, exagerou ao prever que Bolsonaro vencerá a eleição no primeiro turno. Mas a animação do ministro, exibida em entrevista a Pedro Bial, não é despropositada. As pesquisas mais recentes sinalizam que Bolsonaro tornou-se um adversário mais duro de roer do que supunham Lula e seus aliados.

Desfez-se a ilusão de que Lula poderia prevalecer no primeiro turno. Num instante em que a deterioração da economia encurta os horizontes do brasileiro, Bolsonaro torna-se mais competitivo. Deve-se o paradoxo à ausência de recato com que o candidato à reeleição utiliza a máquina governamental e seus cofres. Antigo crítico do Bolsa Família, que chamava de "cabresto" eleitoral do PT, Bolsonaro saboreia uma expressiva queda da rejeição ao seu governo entre os beneficiários do auxílio Brasil de R$ 400.

Como antídoto contra a inflação desenfreada, o presidente joga a culpa pelo aumento dos combustíveis no colo de Joaquim Silva e Luna, o general que ele próprio nomeou para presidir a Petrobras. E atropela Paulo Guedes com um populismo que já inclui vale gás, perdão de dívidas dos estudantes no Fies, reajuste para professores, redução do IPI de fogões, geladeiras e afins, antecipação do 13º dos aposentados e liberação do FGTS. A generosidade eleitoral terá um custo. Mas Bolsonaro crê que a conta só será apresentada depois da eleição. A alternativa seria perder de goleada. Hoje, a derrota ainda está à espreita. Entretanto, o candidato à reeleição continua vivo em campo. Parece disposto a vender caro uma eventual derrota.

O recado que o governador Ratinho Júnior mandou a Lula em visita ao Paraná

Por Bela Megale / O GLOBO

 

O governador Ratinho Júnior (PSD) deu ordens expressas para que a segurança fornecida pelo Estado em torno das agendas de Lula no Paraná fosse reforçada. Por meio de um interlocutor, Ratinho Jr. também enviou um recado ao petista. Mandou dizer que não é seu inimigo nem adversário. Lula está no Paraná desde sexta-feira, onde participou da filiação do ex-senador e ex-governador Roberto Requião, em Curitiba. Esses foi o primeiro retorno de Lula ao Estado desde que foi solto, em novembro de 2019.   

Roberto Requião é o pré-candidato apoiado por Lula ao governo do Paraná. No evento de sexta, o ex-presidente fez elogios ao novo colega de partido e o comparou ao ex-governador de São Paulo Mario Covas, do PSDB. Lula disse que não se incomodava quando o tucano falava mal do PT e que tinha o mesmo sentimento sobre as manifestações de Requião, que por 40 anos foi do MDB. Afirmou que, nos dois casos, as críticas eram construtivas e pediu que o ex-senador seguisse com a mesma postura, agora como membro do PT.  

Neste sábado, o ex-presidente visitou um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em Londrina, num ato que reuniu cerca de 10 mil pessoas. A ordem de Ratinho Júnior na cidade foi a mesma, fornecer o máximo de segurança para que visita do petista não tivesse intercorrências. Um grande aparato da Polícia Militar foi mobilizado no trajeto até o assentamento do MST. O governador concorrerá à reeleição, provavelmente com o apoio de Bolsonaro.

Lula ataca Bolsonaro e Moro na volta a Curitiba e diz não crer em Paraná 'conservador'

Katna Baran / folha de sp
 
lula no paraná REQUIÃO
CURITIBA

Dois anos e quatro meses depois de deixar a carceragem da PF em Curitiba, onde permaneceu preso por 580 dias após condenação na Lava Jato, o ex-presidente Lula voltou à capital do Paraná, nesta sexta-feira (18), e participou do evento de filiação ao PT do ex-governador e ex-senador Roberto Requião.

Em discurso, o petista atacou os principais oponentes na corrida eleitoral, Jair Bolsonaro e Sergio Moro, e disse não acreditar em um Paraná "conservador".

"O Paraná será aquilo que a gente tiver a disposição de conversar e convencer o povo, já tive vitórias memoráveis aqui. Possivelmente precisamos, quem sabe, modelar o nosso discurso para que a gente possa convencer a maioria desse povo", afirmou.

O ex-presidente também criticou a criação por Arthur Lira (PP-AL) de uma comissão na Câmara Federal para discutir o modelo de semipresidencialismo para o país. "Só pode ser medo da nossa volta", disse Lula, que também chamou o orçamento secreto do Congresso de "maior vergonha que o Brasil já teve".

 

A maior parte do discurso do petista foi dedicado a propostas de governo opostas à atual gestão de Bolsonaro, a quem chamou de "psicopata", citando principalmente a alta nos preços de produtos básicos, como alimentos e combustíveis. "Esse país tem que ser construído porque o destruíram moralmente".

O ex-presidente também cutucou Moro, que, enquanto juiz, o condenou em processos da Lava Jato. "Tenho orgulho de estar falando da terra de onde Moro achou que era rei, mentindo para a sociedade brasileira e para a imprensa. Eles pensavam que eu estava destruído [...], mas eu não podia dar o prazer para essa canalhada".

A filiação de Requião contou com nomes de peso do PT, como o governador Wellington Dias (PI), o senador Jacques Wagner (BA), e a deputada federal e presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PR).

O evento começou por volta de 18 horas e só foi finalizado às 22h30, com discursos de vários dos presentes.

Requião falou por mais de meia hora, exaltando ações de seus dois mandatos como governador do Paraná e criticando seu principal oponente na disputa de 2022 pelo Executivo, o atual governador Ratinho Jr (PSD).

Ele prometeu retomar o que chamou de gestão "para os pobres", com o retorno de diversos programas sociais.

Ele também cutucou membros do MDB, partido do qual fez parte por 40 anos, mas deixou em agosto do ano passado, após perder a presidência estadual da legenda.

Hoje, a aglomeração está alinhada pela reeleição de Ratinho. "A causa nacional e a causa paranaense assim exigem, impõe que tomemos um lado", disse.

O ato de filiação lotou uma plateia de cerca de 4 mil pessoas em um centro de eventos da capital. Do lado de fora, antes do início oficial do evento, um grupo de apoiadores de Bolsonaro se manifestou contra Lula em um carro de som.

Membros de ambos os grupos chegaram a arremessar objetos uns contra os outros, mas a confusão foi controlada pela Polícia Militar, que reforçou a segurança no entorno do espaço.

Em grupos de WhatsApp, coordenadores de grupos de direita pediram que seus membros manifestassem com respeito às ordens das forças de segurança.

O diretório do PT do Paraná também preparou um esquema especial de segurança para a visita do ex-presidente. Para entrar no evento, houve revista com detector de metais.

Requião já cumpriu três mandatos de governador e agora disputará novamente o cargo, desta vez pelo PT.

Enquanto candidato, ele terá o desafio de enfrentar a tentativa de reeleição de Ratinho, que tem sido bem cotado nas sondagens. O PT nunca assumiu o Executivo do Paraná, estado conhecido pelo perfil conservador.

Apesar de alguns momentos de atritos com o partido - principalmente quando ocuparam espaços opostos no período eleitoral no Paraná - Requião sempre foi próximo ao PT.

"Haverá divergência, tropeços, dificuldades, mas fundamentalmente estaremos de acordo com as táticas empregadas. O nosso objetivo único é um só: escorraçar a canalhada que se instalou no Paraná e no Brasil", disse em discurso.

Mais cedo, Lula se reuniu com membros da vigília que o acompanhou durante os 580 dias em que ele ficou preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. Ele descreveu o encontro como um dos "mais emocionantes da vida".

No sábado (19), o ex-presidente segue para Londrina, norte do estado, em uma visita organizada pelo MST ao assentamento Eli Vive, em Lerroville, um dos oito distritos rurais do município, a cerca de 57 km da área urbana.

Criado há 13 anos, o assentamento tem 7.500 hectares de extensão e abriga 501 famílias, com cerca de 3.000 moradores.

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