Bolsonaro vai à cidade natal de Lula: Garanhuns terá Marcha Para Jesus, e PT orienta militantes a ficar em casa
Por Jussara Soares — Brasília
O presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou neste sábado a Garanhuns (PE), no agreste pernambucano, preparado para encontrar mais torcida contra do que a favor. O município de cerca de 140 mil habitantes é o berço do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aplicou uma das mais duras derrotas que Bolsonaro sofreu em 2018. Ali, o atual chefe do Executivo recebeu 27,8% dos votos, contra R$ 72,2% do petista Fernando Haddad no segundo turno. A minoria bolsonarista, porém, já está se mobilizando desde a sexta-feira para ir às ruas de amarelo e entregar ao candidato à reeleição a imagem de seus sonhos: gritos de “mito” durante a Marcha para Jesus que o atraiu à terra de Lula.
Bolsonaro chegou às 13h33 de helicóptero em Garanhuns, após participar de uma motociata em Caruaru. Ele foi recebido na Associação Garanhuense de Atletismo (AGA) em uma almoço com empresários, evangélicos e médicos. Do lado de fora, apoiadores gritavam "Lula Ladrão, seu lugar é na prisão" enquanto aguardavam a saída do presidente.
No conjunto habitacional Dom Hélder Câmara, batizado de Lulão por ter sido entregue durante o governo do ex-presidente, em 2008, encontrar um eleitor de Bolsonaro exige dedicação. Mas eles existem. Na principal avenida da comunidade, na tarde desta sexta-feira, um louvor extrapolava os limites de uma pequena mercearia, onde o pastor Josenilton Silvestre, de 50 anos, lia a Bíblia e aguardava fregueses. Ele conta que o aumento do valor do Auxílio Brasil para R$ 600 refletiu nas vendas, porém, garante que é da fé e não da pecúnia que tira o estímulo para orientar fieis da Igreja Missão Evangélica Senhor dos Exércitos a votar em Bolsonaro.
— Bolsonaro faz a defesa da família, é contra o aborto, a ideologia de gênero e a liberação das drogas. De todos, é o que se aproxima do que está na Bíblia — argumenta Silvestre.
Um pequeno folheto distribuído pela cidade da tarde de sexta-feira reproduzia o teor do discurso do pastor Silvestre. O texto comparava os dois candidatos. A Lula eram associadas palavras como “aborto”, “bandido solto”, “censura”, “obras em Cuba”, enquanto a Bolsonaro, “vida”, “bandido preso”, “liberdade” e “obras no Brasil.” Nada de propostas.
Em Garanhuns, todos eleitores do presidente encontrados pela reportagem se declararam evangélicos, entre eles o filho do comerciante e também pastor, Jeffferson Silvestre, de 25 anos. Na véspera da chegada de Bolsonaro, ele adesivou o próprio carro com a imagem do presidente.
— Aqui muitos votam em Lula só pelas origens e por falta de conhecimento — afirma.
A cinco quilômetros do Lulão, o bairro Heliópolis concentra as famílias de maior poder aquisitivo, onde está a fatia mais numerosa de simpatizantes do presidente. Um deles é o ex-vereador Genaro de Almeida, nome na lista de cem convidados para almoçar com o presidente da República, antes o início da Marcha para Jesus, na Associação Garanhuense de Atletismo (AGA).
— Se Bolsonaro tiver menos de 45% na cidade, eu vou desconfiar – diz Almeida, reproduzindo os questionamentos, sem provas, feitos pelo presidente ao sistema eleitoral.
Amiga de Almeida, a missionária Norma Sonelly não mediu esforços para ver Bolsonaro em Garanhuns. Ela vive em Dallas, nos Estados Unidos, há 27 anos e veio ao Brasil apenas para o evento. Questionada sobre a rejeição do eleitorado feminino a postulante à reeleição, Norma sai em defesa:
— Não estou escolhendo o pastor para minha igreja, mas um chefe de Estado, o melhor.
- Lauro Jardim: Campanha de Bolsonaro acende sinal de alerta no Maranhão
Vereador e candidato a deputado federal pelo PL, Thiago Paes é um dos organizadores da visita de Bolsonaro. Membro da Igreja Centro Cristão de Adoração, ele considera o evento histórico e diz que aguarda a chegada de caravanas de ônibus ao município nas próximas horas.
— Essa visita é emblemática por ser a cidade do ex-condenado. É Bolsonaro mostrando que tem força no Nordeste. Vamos colocar mais gente na rua que Lula — diz o vereador.
Petistas convictos
No extremo oposto social e ideológico da missionária está Juliana Severo, 36 anos, moradora do Lulão, fã do ex-presidente e beneficiária do Auxílio Brasil, programa do governo federal que substituiu o Bolsa Família. Para ela, contudo, só o ex-presidente entende o sofrimento do nordestino.
— Quero voltar a comer carne por R$ 13, o quilo — diz sobre sua preferência eleitoral.
Neste sábado, enquanto Bolsonaro estiver em Garanhuns, ela não vai sair da casa onde vive com a mãe, dois filhos, uma nora e um neto. Juliana reflete a rejeição do eleitorado feminino ao atual presidente e não perdoa os termos que ele já empregou para se referir a nordestinos, como “pau de arara” e “cabeça chata”.
— Ele não mede palavras. Dói. Não dá para esquecer — explica.
Mãe de cinco filhos, Zuleide Nunes, de 41 anos, recebia R$ 158,00 na época do Bolsa Família. Hoje, ganha R$ 710, somando o Auxílio Brasil e o Auxílio Gás. O incremento não foi suficiente para fazê-la decorar o novo nome do benefício.
— É o Bolsa, né? Quem criou foi o Lula. Aqui você só encontra Lula. Foi o melhor presidente — diz Zuleide.
Sem confronto
Dirigente do PT em Garanhuns e primo de Lula, Eraldo Ferreira, de 68 anos, acredita que este sábado não é o dia para mostrar a força que o ex-presidente tem na cidade. Ele conta que orientou os correligionários a não saírem de casa, para evitar conflito que possam prejudicar Lula.
-- Reunimos a militância e suspendemos as atividades. Amanhã não é dia de ninguém ir para a rua. Também orientamos a evitar roupa vermelhas, as bandeiras e qualquer coisa que possa dar origem a uma confusão. Não duvido que queiram criar algo e por isso nós não vamos para a rua – disse Ferreira.
Ferreira foi o responsável pelo mutirão que fez uma réplica da casa onde Lula nasceu em Caetés, que na época era distrito de Garanhuns. A construção de três cômodos foi visitada pelo ex-presidente em julho. O local tem um desenho de Dona Lindu, mãe do ex-presidente, itens que tentam reproduzir a residência da época. Atualmente, o imóvel virou um ponto de visitação de turistas, como o padre Leonardo Hellmann, de 74 anos. Nascido em Joinville (SC), ele vive em São Luiz (MA), onde atende a Paróquia São João Batista.
— A religião não pode ser usada na política, é preciso separar igreja e estado. O maior problema do que vivemos hoje é ódio — diz o religioso, que admite ser um admirador de Lula.
O desempregado Paulo Gomes Bezerra, de 50 anos, mora próximo à réplica da casa de Dona Lindu e guarda a chave do local para abrir pra visitantes. No Bolsa Família, recebia R$ 89. Hoje recebe R$ 600 do Auxílio Brasil, que ele se recusa a chamar pelo nome dado ao programa de distribuição de renda pelo governo Bolsonaro.
– Eu chamo só de assistência. Não me vendo, não me troco, não mudo. Sou PT, e sou Lula.
Manhã em Caruaru
No começo da manhã de sábado, 17, Bolsonaro chegou ao agreste de Pernambuco, para atividades de campanha. De helicóptero, foi a Santa Cruz do Capibaribe, encontrou apoiadores e seguiu de motociata até Caruaru.
No fim do trajeto, discursou em um trio elétrico. Sem citar o ex-presidente Lula, candidato do PT ao Palácio do Planalto, afirmou que é preciso se “preocupar com aqueles que querem roubar nossa liberdade.” Para antagonizar com o PT, comparou Auxílio Brasil com o Bolsa Família, programa de transferência de renda dos governos de Lula e Dilma Rousseff:
–Nós socorremos os mais humildes e gastamos em 2020 o equivalente a 15 anos de Bolsa Família. E por falar em Bolsa Família, atendemos aos mais necessitados. Lá atrás o Bolsa Família começava pagando R$ 80 por mês para a família e se a família achasse emprego, perdia o Bolsa Família. No nosso governo acabamos com o Bolsa Família e criamos o Auxilio Brasil e o valor passou a ser de mínimo R$ 600. E você pode achar emprego que você não vai perder o Auxílio Brasil. (Colaborou Jeniffer Goularte, de Brasília)
Bolsonaro discursa na chegada a Londres e volta a repetir que ganha no primeiro turno
Por Pablo Uchoa - Especial Para O Globo — Londres
O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um "minicomício" assim que chegou a Londres, na manhã deste domingo. Da sacada da residência do embaixador brasileiro, o candidato à reeleição discursou para apoiadores e voltou repetir que ganhará a eleição no primeiro turno. Bolsonaro está atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas Datafolha e Ipec.
— Esse é o sentimento da grande maioria do povo brasileiro. Em qualquer lugar que eu vá, para quem conhece aqui… ontem eu estive no interior de Pernambuco e a aceitação é simplesmente excepcional. Não tem como a gente não ganhar no primeiro turno — disse Bolsonaro.
Em seguida, sua claque grita repetidamente: "Primeiro turno, primeiro turno, primeiro turno".
De acordo com a última pesquisa Datafolha, publicada na quinta-feira, Lula segue na liderança e está 12 pontos à frente de Bolsonaro. O levantamento aponta que o petista tem 45% das intenções de voto, contra 33% do atual chefe do Executivo.
Já a última pesquisa Ipec (ex-Ibope), divulgada na última segunda-feira, mostra que Lula está com 46% das intenções de voto e o presidente Jair Bolsonaro (PL) com 31%.
Bolsonaro chegou a Londres acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, do deputado federal Eduardo Bolsonaro, e do pastor Silas Malafaia.
'Minicomício'
O presidente abriu sua fala manifestando "pesar e profundo respeito pela família da rainha e também pelo povo do Reino Unido". E acrescentou que este é o motivo principal de sua visita. Depois, afirmou que a presença de um grupo de apoiadores "representa o que acontece no Brasil".
— O momento que temos pela frente, teremos de decidir o futuro da nossa nação. Sabemos o quem é o outro lado e o que eles querem implantar no nosso Brasil. A nossa bandeira sempre será das cores que temos aqui: verde e amarela — disse.
Bolsonaro também tratou sua chegada à Presidência como "uma missão de Deus". O chefe do Executivo ainda acenou para grupos de apoiadores fieis, como os evangélicos e o agronegócio.
— O nosso Brasil é uma potência no agronegócio e também já marcha para ser uma potência na geração de energia — afirmou. — Com todo respeito aos demais países do mundo: o Brasil é a Terra Prometida. O Brasil é um pedaço do Paraíso. E nós devemos nos orgulhar de termos nascido lá. Pode ter certeza, se essa for a vontade de Deus, continuaremos — acrescentou.
Em Pernambuco, Bolsonaro discursa contra Bolsa Família e exalta Auxílio Brasil
Por Izael Pereira e Lavínia Kaucz / O ESTADÃO
BRASÍLIA - O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) voltou a exaltar o Auxílio Brasil em contraponto ao Bolsa Família neste sábado, 17. Em discurso a apoiadores em Caruaru (PE), Bolsonaro disse que o seu governo gastou em 2020 “o equivalente a 15 anos do Bolsa Família”.
O presidente repetiu em seu discurso que o “PT só pensa em ajudar as pessoas na época da eleição” e que o partido votou contra o Auxílio Brasil de R$ 600 no Congresso. Apesar de vir repetindo em seus comícios de campanha que os petistas votaram contra o Auxílio Brasil, a afirmação não é verdadeira. Os parlamentares do PT tentaram barrar a chamada “PEC dos Precatórios”, que permite adiar o pagamento de dívidas reconhecidas pela Justiça, e não contra o benefício, que foi criado por meio de Medida Provisória.
Criado pelo governo petista, o benefício do Bolsa Família foi substituído pelo Auxílio Brasil no final do ano passado. As duas campanhas, do presidente Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), têm prometido manter o valor de R$ 600,00 do Auxílio em 2023. A ideia do PT, no entanto, é que o benefício seja um Novo Bolsa Família.
Bolsonaro participou de motociata por cidades de Pernambuco, Estado onde tem apenas 22% das intenções de voto, segundo pesquisa Ipec de 6 de setembro. A preferência do eleitorado pernambucano, segundo o levantamento, é do ex-presidente Lula, que lidera com 62% das intenções de voto.
Durante o discurso, o presidente voltou a criticar o fechamento dos estabelecimentos durante a pandemia da covid-19. “Repito, eu não fechei nenhuma casa de comércio no Brasil, não fechei nenhuma escola.”
Em aceno ao Nordeste, Bolsonaro disse que a região “será grande potência em energia” e que seu governo começou a instalação de cataventos na costa do Nordeste. “Geraremos energia equivalente a 50 Itaipus.”
Bolsonaro também citou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), setor aliado de Lula com força no Nordeste. Ele disse que seu governo transformou “antes integrantes da máfia do MST em cidadãos” e que “deu títulos da reforma agrária para mais de 400 mil assentados”. Destacou ainda que a maior parte dos títulos foram dados a mulheres - parcela do eleitorado que tem forte rejeição à sua candidatura.
Pauta de costumes
O presidente voltou a defender a pauta de costumes. “Nós defendemos a família de verdade. Não teremos legalização de drogas e do aborto e não admitimos ideologia de gênero aqui no Brasil”, disse.
Em aceno a evangélicos, Bolsonaro disse que “o Estado é laico, mas o presidente da República, seus ministros e candidatos são cristãos”. Também afirmou, em referência velada ao Supremo Tribunal Federal (STF), alvo frequente de suas críticas, que é preciso se preocupar com “aqueles que querem tirar liberdade no Brasil”.
Bolsonaro exaltou ainda a melhora na economia no seu governo e disse que o Brasil está com “combustível lá embaixo, desemprego lá embaixo, o PIB lá em cima”. A melhora nos indicadores econômicos foi puxada pela retomada das atividades no cenário pós-pandemia. Já a queda nos preços dos combustíveis é resultado da diminuição da cotação do barril de petróleo no mercado internacional e da redução de impostos forçada pelo governo em ano de eleições.
Em crítica ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder das intenções de voto no Nordeste, Bolsonaro disse que “falta escolhermos pessoas adequadas para compormos nosso parlamento, a presidência da República, para sairmos da situação de 3° mundo” e que “não queremos a volta dos escândalos que tínhamos no passado”.
De Caruaru, o atual chefe do Executivo segue para Garanhuns (PE), cidade natal de Lula, para participar da “Marcha para Jesus”. Depois, segue para Recife, onde embarca para a Inglaterra, para participar do funeral da Rainha Elizabeth II, na segunda-feira, 19.
Zema faz mistério sobre apoio no segundo turno, mas descarta Lula
Editado por Fábio Zanini / FOLHA DE SP
Apesar dos apelos de bolsonaristas para que anuncie apoio à reeleição do presidente, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), deve manter a neutralidade no primeiro turno, pisando apenas no palanque do candidato oficial de seu partido, Felipe D´Avila.
Em evento segundo turno, Zema ainda faz mistério sobre apoiar abertamente ou não Jair Bolsonaro (PL), mas desde já descarta estar ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Temos inviabilidade de caminhar com o PT, o que não significa necessariamente apoio a Jair Bolsonaro. O PT é responsável pelo que estamos tentando corrigir há quatro anos. E é o responsável por um volume de mentiras que eu nunca vi na campanha do [Alexandre] Kalil", diz Mateus Simões (Novo), candidato a vice na chapa.
Segundo ele, a perspectiva de vitória de Zema em primeiro turno é real. Caso isso aconteça, acrescenta Simões, o governador deve naturalmente se tornar uma figura política mais presente no cenário nacional.
"Para nós seria muito bom, sobretudo porque validaria de forma muito firme nosso projeto e tornaria o governador um interlocutor nacional mais presente", afirma.
De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada no último dia 15, Zema tem 53% das intenções de voto, contra 25% de Kalil, do PSD.
Outro objetivo é construir uma base sólida na Assembleia Legislativa, para tentar superar um dos principais entraves para o Executivo nos últimos quatro anos.
Nos cálculos da campanha, serão cerca de 35 parlamentares eleitos pelos partidos da coligação de Zema, mais 10 de legendas que devem se somar à base, num universo de 77 parlamentares.
Essa situação mais confortável, diz Simões, permitirá a Zema intensificar sua agenda de liberalização da economia e desburocratização. Os temas prioritários do segundo mandato são geração de empregos e investimentos.
O BRASIL TOTALITÁRIO
J.R. Guzzo / O ESTADÃO
As classes que mandam no Brasil estão preocupadíssimas com os perigos que a democracia estaria correndo e com a necessidade de medidas extremas para se salvar as “instituições”, a Constituição e o “estado de direito”. Soltam a polícia em cima de um grupo de empresários que, segundo o STF, poderiam estar querendo dar um golpe de Estado pelo WhatsApp. Um dos seus ministros chefia há mais de três anos um inquérito perpétuo, ilegal e sem freios contra o que declara “atos antidemocráticos” – ou aquilo que lhe desagrada.
Bombardeiam os cidadãos com bloqueios de contas, quebras de sigilo, assédio policial, operações de busca e apreensão, penas de prisão, prisões sem pena, censura nas redes sociais, “desmonetização”. Tudo isso, asseguram os atuais vigilantes da democracia, para salvar o Brasil do “autoritarismo”, do “populismo”, do “direitismo” e de outras doenças fatais.
É esquisito, nessas condições, que um dos candidatos à Presidência da República nas próximas eleições seja claramente autorizado, e incentivado pelos marechais de campo do “campo democrático”, a buscar a implantação de um regime totalitário no Brasil. É isso, ou algo o mais próximo possível disso, que o ex-presidente Lula diz que quer fazer se ganhar a eleição – e não poderia haver demonstração mais clara do que ele está planejando para o País do que sua postura pública na campanha eleitoral, suas exigências e suas promessas de governo.
Um fato, mais talvez que qualquer outro, tira qualquer dúvida sobre o assunto: Lula exigiu, e foi prontamente atendido pelo TSE, o braço eleitoral do STF, que fosse proibida a divulgação das imagens das maciças manifestações populares em favor do seu adversário no dia 7 de setembro. Não havia ali nenhuma ofensa pessoal a ele. Não era, obviamente, uma “fake news”, dessas que assombram o STF, a suprema esquerda e as “agências de checagem”.
Era, pura e simplesmente, a imagem da realidade. Lula proibiu sua exibição para os eleitores brasileiros. É essa a estima que tem pela liberdade de informação.
É difícil, quando se deixam de lado a hipocrisia e a trapaça mental, identificar um exemplo concreto de totalitarismo tão potente quanto esse – impedir que o povo veja com os seus próprios olhos o que acontece na rua. É coisa de ditador. Era assim que se fazia na ditadura comunista da antiga Rússia: as imagens proibidas pelos chefões eram raspadas, à força, de fotos e filmes.
A eliminação do 7 de Setembro, na verdade, é puro Lula – combina, com perfeição, com a sua promessa de criar o “controle social da mídia”, nome de fantasia para a censura. É uma amostra do Brasil que ele quer.