Datafolha: Bolsonaro tem melhor patamar de aprovação e intenção de votos entre público do Auxílio Brasil
Eduardo Cucolo / FOLHA DE SP
O presidente Jair Bolsonaro (PL) alcançou numericamente os melhores patamares de intenção de votos e avaliação de governo entre pessoas que recebem o Auxílio Brasil ou moram com alguém que é beneficiário do programa, de acordo com a terceira rodada da pesquisa Datafolha feita após o primeiro turno das eleições.
Os novos números estão agora próximos do que foi verificado no primeiro levantamento feito após a votação.
A parcela dos entrevistados que afirmaram que irão votar no atual mandatário passou de 37% para 33% nos dois primeiros levantamentos e chegou agora a 40%. Considerando apenas votos válidos, foi de 40% para 35% e 42%, respectivamente.
Disseram que irão votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno 56% dos eleitores consultados, ante 62% na pesquisa anterior e 56% na primeira rodada. Nos votos válidos, o petista passou de 60% para 65% e 58%, respectivamente.
A margem de erro é de quatro pontos percentuais para esse público.
O levantamento, que ouviu 2.912 pessoas em 181 cidades entre terça (17) e quinta (19), foi contratado pela Folha e pela TV Globo e está registrado na Justiça Eleitoral sob o número BR-07340/2022.
Entre pessoas que não recebem o benefício, as intenções de votos praticamente não se alteraram nessas três semanas e estão agora em 46% para o petista e 47% para Bolsonaro.
Os eleitores beneficiados pelo auxílio representam 26% dos entrevistados.
Entre os eleitores de famílias que estão no programa, 53% responderam que "com certeza" votarão em Lula, ante 59% uma semana antes e 55% na primeira rodada. Para Bolsonaro, o percentual de certeza passou, respectivamente, de 36% para 32% e 37% nos três levantamentos.
Quando se consideram todos os entrevistados, beneficiados ou não pelo programa, Lula tem 49%, e Bolsonaro, 45% das intenções de voto neste momento.
Lula lidera por 57% a 37% no eleitorado que ganha até dois salários mínimos. Entre aqueles que ganham de dois a cinco mínimos, é Bolsonaro que tem uma vantagem: 52% a 43%. O atual presidente mantém a dianteira sobre o petista em todos os estratos de renda acima disso.
A pesquisa fotografa esta etapa da corrida eleitoral e não necessariamente prediz a votação que eles terão no dia 30, quando será realizado o segundo turno.
AVALIAÇÃO DO GOVERNO
Ainda de acordo com o Datafolha, 32% dos eleitores que recebem o benefício, ou moram com alguém que é beneficiário, consideram o atual governo ótimo ou bom, ante 29% na semana passada e 31% no primeiro levantamento após o primeiro turno.
São 39% os que consideram a gestão de Bolsonaro ruim ou péssima —eram 44% na última pesquisa e 41% na anterior. Já os que a classificam como regular somam 28%.
A avaliação negativa ficou pela primeira vez numericamente abaixo da marca de 40% nos levantamentos feitos desde maio nesse grupo. Em junho, chegou a 47%. A avaliação positiva começou em 19% em maio.
Entre os que não recebem o auxílio, os percentuais de avaliação oscilaram um ponto desde a última pesquisa para 40% de aprovação e 39% de reprovação.
REJEIÇÃO
A rejeição a Bolsonaro está em 53% entre os beneficiados pelo programa e em 46% entre os demais eleitores entrevistados. Rejeitam Lula 37% e 45%, respectivamente.
Entre os que recebem o Auxílio Brasil, 24% dizem confiar sempre no que o presidente diz. Antes do primeiro turno, eram 18%.
Segundo o levantamento, 50% dos beneficiários dizem nunca confiar nas falas de Bolsonaro, ante 55% na rodada anterior e 49% uma semana antes.
AUXÍLIO E FGTS
O Auxílio Brasil recebeu reajuste para R$ 600 dois meses antes da eleição e teve seu alcance ampliado às vésperas do segundo turno. Na semana passada, a Caixa iniciou a contratação do empréstimo consignado para esses beneficiários. Neste mês, o calendário de pagamentos foi antecipado para o período de 11 a 25 de outubro, antes do segundo turno.
O reajuste do valor do benefício foi uma das principais apostas de Jair Bolsonaro nesta eleição. De 19 a 30 de setembro, a renda foi paga a 20,65 milhões de famílias, 450 mil a mais do que em agosto, quando 20,2 milhões tiveram direito. Segundo o Ministério da Cidadania, o Auxílio Brasil é pago a 21,1 milhões de famílias em outubro, após a inclusão de 480 mil novos beneficiários.
No primeiro turno, contudo, a expansão do programa não conseguiu reverter a tendência de votos no PT entre os mais pobres.
O presidente lançou uma ofensiva adicional para tentar cooptar o eleitorado que ganha até dois salários mínimos ofertando um adiantamento de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) ainda não recebidos pelo trabalhador para uso em casa própria.