Busque abaixo o que você precisa!

ONDA ANTI-PT DE 2018 NÃO REVERTEU NUMA ONDA PRO PT EM 2022, A HORA É DE RACIONALIDADE

Eliane Cantanhêde / Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta / O ESTADÃO DE SP

 

Reta final de campanha, nervos à flor da pele, excitação e medo, mas o fato é que a vantagem do petista Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro vem desde 2018, atravessou todo o governo e se manteve bastante estável ao longo de toda a campanha de 2022. Bolsonaro moveu mundos e fundos, mas não conseguiu inverter as posições, nem mesmo ameaçar a liderança de Lula.

 

A dúvida na última semana é segundo turno ou não, porque dois fatores selaram o destino das eleições. O primeiro é a força indestrutível de Lula no Nordeste e entre os mais pobres e as mulheres, maiores eleitorados do País, com memória positiva dos dois mandatos de Lula. O segundo fator da desvantagem de Bolsonaro é Bolsonaro, incansável em gerar, ampliar e cristalizar uma ojeriza nacional contra ele.

 

Seus seguidores dizem que nunca houve um ataque tão sistemático contra um presidente. A realidade é que nunca houve um presidente tão obcecado em falar as coisas mais absurdas, agir de modo desmiolado, ameaçar a estabilidade nacional e corroer a imagem do Brasil no mundo. Ele não foi a vítima dos ataques, foi o autor. E atingiu um objetivo que nem o mais célebre marqueteiro do mundo conseguiria: esmaecer o antipetismo no País.

 

De nada adianta Bolsonaro consumir seus derradeiros programas de rádio e TV com o que todo mundo está careca de saber. Ninguém esqueceu o mensalão, a sanha contra a nossa Petrobras, as delações premiadas, os bilhões devolvidos aos cofres públicos e os conluios nos palácios. A questão é de prioridade.

 

Se a corrupção é devastadora sob qualquer ângulo, as maiores ameaças ao Brasil e aos brasileiros passaram a ser outras, ainda mais assustadoras: à democracia, à Justiça, aos direitos, à igualdade, à sobrevivência dos mais pobres e à própria vida.

 

É inacreditável que tantos sigam, mas é impossível que a maioria apoie quem defende tortura, milícias e armas fora de controle, crie caso com nações amigas, trate a cultura como inimiga, não tenha uma palavra para os miseráveis, negue a fome e a importância do meio ambiente, corte verbas dos programas mais essenciais para pobres e ache engraçado alguém morrendo sem ar (e assistência) na pandemia.

 

Em 2018, a onda anti-PT virou “antissistema” e liquidou candidatos experientes aos governos e ao Congresso para dar a vez a gente como Wilson Witzel e Daniel Silveira. Em 2022, não há uma onda pró-PT, mas uma lufada de racionalidade para uma união de forças que recupere o que foi destruído e princípios como democracia e humanidade, numa transição para o futuro. Com atenção máxima aos menores sinais de corrupção.

TSE identifica R$ 605 milhões em transações suspeitas de campanhas

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) identificou R$ 605 milhões em transferências suspeitas após análise da prestação de contas parcial de campanha, entregue pelos candidatos entre os dias 9 e 13 de setembro. 

Ao todo, foram detectados 59.072 casos de doações ou gastos potencialmente irregulares, informou a Justiça Eleitoral. De acordo com o TSE, os casos agora serão apurados “com o levantamento de provas materiais e de informações mais aprofundadas”. 

As suspeitas foram alcançadas por meio do cruzamento de dados de diferentes órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU), a Receita Federal, o Conselho de Controle de Atividades Econômicas (Coaf) e a Polícia Federal (PF). 

No caso dos gastos, chama a atenção dos órgãos de controle quando, por exemplo, há fornecedores com número muito pequeno de funcionários, ou com um dos sócios como beneficiário de programas de transferência de renda como o Auxílio Brasil. Levantam suspeita também os casos de empresas criadas neste ano e tendo como sócio algum filiado a partido ou parente de candidato. 

No lado das receitas, as principais suspeitas recaem sobre doações feitas por pessoas beneficiárias de programas sociais ou com renda incompatível com o valor doado. Foram identificados, por exemplo, seis doadores falecidos e 190 desempregados. 

“Ainda despertou o interesse dos analistas 10.296 situações em que um mesmo candidato recebeu numerosas contribuições feitas por diferentes empregados de uma mesma empresa”, disse o TSE. 

Caberá agora ao Ministério Público Eleitoral (MPE) investigar esses casos suspeitos. Uma nova rodada de cruzamento de dados ocorrerá após a prestação de contas final do primeiro turno, que deve ser entregue por todos os candidatos até 2 de novembro. 

Edição: Lílian Beraldo / AGÊNCIA BRASIL

Datafolha: Castro vai a 36% e abre vantagem sobre Freixo (26%) no Rio

Italo Nogueira / FOLHAS DE SP
RIO DE JANEIRO

O governador Cláudio Castro (PL) apareceu pela primeira vez na liderança isolada das intenções de voto para o Governo do Rio de Janeiro, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (22), a dez dias do primeiro turno da eleição.

O candidato à reeleição marcou 36%, contra 26% do seu principal rival, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB). Trata-se da primeira vez que os dois não estão em empate técnico num levantamento do instituto.

Castro cresceu cinco pontos percentuais em relação à última pesquisa, realizada na semana passada. Freixo, por sua vez, oscilou um ponto para baixo em comparação com o levantamento anterior —a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

A sondagem, contratada pela Folha e pela TV Globo, foi realizada de terça-feira (20) a quinta-feira (22) e entrevistou 1.526 eleitores no estado. A pesquisa está registrada no TSE sob o número RJ-07687/2022.

O atual governador tem conseguido manter uma tendência de alta em suas intenções de voto desde o início da campanha. O movimento é alinhado à melhoria da avaliação de sua gestão, que atingiu aprovação de 32% neste levantamento, ante 28% na sondagem anterior.

Com o maior tempo de TV entre os candidatos, a evolução indica sucesso na estratégia de defender projetos de sua gestão. Castro tem se desvinculado do ex-governador Wilson Witzel, de quem era vice até substituí-lo devido a uma ação de impeachment, e dito que está à frente do estado há apenas dois anos.

Freixo, por sua vez, ainda não conseguiu se aproveitar da liderança do ex-presidente Lula (PT) no estado para melhorar de forma significativa seu desempenho nas pesquisas do Datafolha.

Castro também ampliou sua vantagem sobre o candidato do PSB num eventual segundo turno entre os dois. A diferença, que era de dois pontos percentuais, agora é de oito. O governador oscilou de 43%, na semana passada, para 46%, enquanto Freixo recuou de 41% para 38%.

Na simulação de primeiro turno, os dois líderes seguem distantes do ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT), que registrou 8%. Apoiado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), ele também não conseguiu melhorar o desempenho após 35 dias de campanha eleitoral. Neves está em empate técnico com o ex-governador Wilson Witzel (PMB), Cyro Garcia (PSTU), Eduardo Serra (PCB) e Juliete (UP), todos com 2%.

Paulo Ganime (Novo) e Luiz Eugênio (PCO) registraram 1% das intenções de voto.

Witzel registrou a candidatura, mas está inelegível devido à punição imposta no processo de impeachment que o afastou definitivamente do cargo em abril de 2021. Ele tenta reverter o impedimento na Justiça.

Declararam voto branco ou nulo 12% dos entrevistados, e 9% afirmaram estar indecisos.

Na pesquisa espontânea, em que não é apresentado nenhum cenário ao eleitor, Castro foi citado por 25% dos entrevistados, e Freixo, por 16%. Neves foi mencionado por 3%, e disseram "atual governador", 2%.

As taxas de rejeição se mantiveram estáveis. Quase metade dos entrevistados (49%) declarou que não votaria de jeito nenhum em Witzel. Freixo tem rejeição de 27%, e Castro, 21%. Depois, aparecem Juliete e Garcia (14% cada um), Serra e Ganime (10% cada um), Luiz Eugênio e Neves (9% cada um).

Witzel é o candidato mais conhecido dos eleitores, ao lado de Freixo (81%), seguido de Castro (80%), Neves (52%), Garcia (51%), Serra (32%), Ganime (23%), Juliete (15%) e Luiz Eugênio (10%).

Datafolha: Lula vai a 47%, abre 14 pontos sobre Bolsonaro e amplia chance de vencer no 1º turno

Igor Gielow / FOLHA DE SP
SÃO PAULO

Faltando dez dias para o primeiro turno das eleições presidenciais, Luiz Inácio Lula da Silva tem uma dianteira de 14 pontos sobre Jair Bolsonaro (PL), que busca permanecer no Palácio do Planalto. Cresceu assim a possibilidade de o petista vencer no primeiro turno.

A estabilidade com oscilação positiva para o petista no cenários de uma semana para , aferida pela mais recente pesquisa do Datafolha, vai acirrar a queda de braço entre as duas campanhas líderes de uma corrida cuja decisão na primeira rodada pode ocorrer no olho mecânico.

Segundo o Datafolha, Lula tem 47% dos votos totais, oscilando positivamente dois pontos ante os 45% da semana passada. Bolsonaro se manteve em 33%, Ciro Gomes (PDT) oscilou de 8% para 7%, e Simone Tebet (MDB) segue com 5%, empatada com o pedetista. Soraya Thronicke (União Brasil) oscilou de 2% para 1%.

A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos neste levantamento, feito de terça (20) a esta quinta (22). O instituto ouviu 6.754 pessoas em 343 cidades, e a pesquisa encomendada pela Folha e pela TV Globo está registrada sob o número BR-04180/2022 no Tribunal Superior Eleitoral.

A boa notícia para Lula é que, com a oscilação, ele voltou à casa dos 50% de votos válidos, limiar para uma vitória no primeiro turno. Esse critério, adotado pelo TSE para a contagem da eleição, exclui os brancos e nulos: quem tiver 50% mais um voto está eleito diretamente. Semana passada, estava em 48%.

O petista deverá dobrar esforços para evitar alta abstenção e buscar voto útil dos eleitores dos terceiros colocados, Ciro e Tebet, e Bolsonaro buscará tentar investir contra a imagem do ex-presidente para levar a disputa final para o dia 30 de outubro.

O último ciclo da campanha antes do primeiro turno terá como destaque os debates na TV no sábado (24), no SBT, e na quinta (29), na Globo. Com efeito, Lula já avisou que não irá ao primeiro, para reduzir a chance de acidentes.

Mas o petista já esteve em posição mais confortável na contagem dos válidos com até 54% em maio. E a abstenção, fator central para definir o universo de votos válidos, não é aferível de antemão. Assim, Lula fez nesta semana acenos a idosos, grupo mais propenso a se abster pela não obrigatoriedade do voto acima dos 70 anos.

Não houve efeito imediato. No grupo de eleitores acima de 60 anos (20% da amostra), ele oscilou dois pontos para baixo, mantendo vantagem de 47% sobre 40% do presidente.

Lula apostou também numa simbólica fotografia em que reuniu oito ex-candidatos a presidente em seu apoio. Mas não houve uma movimentação significativa em estratos mais instruídos ou de maior renda, teoricamente mais expostos ao noticiário político da frente em seu favor.

A força do petista segue residindo nos mais pobres. Entre aqueles que ganham até 2 salários mínimos, 51% dos ouvidos pelo Datafolha, ele foi de 52% para 57%, em comparação com na rodada anterior, apurada de 13 a 15 deste mês.

Já Bolsonaro oscilou de 27% para 24% no segmento, confirmando a pior notícia que sua campanha colheu, ao lado de sua alta taxa de rejeição.

O presidente usou um arsenal de medidas populistas na economia, que foram do mais amplo reajuste do Auxílio Brasil para os mais carentes a agrados pontuais a caminhoneiros e taxistas, passando pela sequência de redução nos preços administrados de combustíveis.

Por outro lado, a fome e a inflação ainda alta dos alimentos têm impedido que a melhoria econômica seja percebida entre mais pobres.

O presidente melhorou seu desempenho, por outro lado, na faixa de 2 a 5 mínimos (34% da amostra), justamente a classe média baixa mais sensível à questão dos preços de gás e gasolina. Saiu de um empate numericamente inferior para Lula (39% a 40%) para uma vantagem de 43% a 36%.

Do ponto de vista de imagem, o foco agora deverá ser a tentativa de desgastar Lula, já que os artifícios bolsonaristas parecem ter chegado ao limite da utilidade devido à manutenção da rejeição alta. Sua demonstração no 7 de Setembro não resultou em ganho fixo, e a busca por uma melhoria de imagem nas viagens internacionais que fez fracassou, como o vexame passado na ida ao funeral de Elizabeth 2ª, por exemplo.

No corte religioso, que viu na semana passada Lula recuperar-se entre os evangélicos, apesar da grande vantagem de Bolsonaro, a situação é de estabilidade. No grupo politicamente articulado, que soma 25% do eleitorado pesquisado, o presidente tem 50% e o petista, 32%.

Nos demais segmentos, a aferição do Datafolha traz um filme conhecido desta campanha até aqui. Lula teve seu maior crescimento da rodada anterior para esta entre os mais pobres, no Sul (14% do eleitorado) e entre os mais jovens (14% da amostra).

Mais importante, oscilou um ponto para baixo, mas segue líder na região mais populosa, o Sudeste (43% dos ouvidos), batendo Bolsonaro por estreitos 41% a 36%. O presidente, por sua vez, viu uma melhoria de dois pontos na região.

Sua entrada no eleitorado feminino permanece com entrave vital à sua pretensão eleitoral, devido ao seu longo histórico de colocações machistas. Entre elas, que são 52% da amostra, preferem Lula 49%, enquanto 29% dizem votar no presidente.

Ciro e Tebet seguem amargando a terceira colocação mais distante. O pedetista, em particular, tem se revoltado publicamente contra a ofensiva petista para lhe tirar apoio. Ele não chegou a desidratar decisivamente, mas oscilou um ponto para baixo. O voto na dupla por ora é um dos principais fatores para a eventual necessidade de um segundo turno.

Não chegaram aos 1% na pesquisa Felipe D'Ávila (Novo), Vera (PSTU), Sofia Manzano (PCB), Leo Péricles (UP), Constituinte Eymael (PDC) e Padre Kelmon (PTB).

Datafolha: Zema cai, e diferença para Kalil recua de 28 para 20 pontos em Minas

Felipe Bächtold / FOLHA DE SP
SÃO PAULO

A dez dias do primeiro turno, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), segue na liderança na disputa no estado, mas sua vantagem sobre Alexandre Kalil (PSD) recuou em relação à semana passada.

Pesquisa Datafolha realizada de terça (20) a quinta-feira (22) mostra Zema com 48%, ante 28% de Kalil.

Na sondagem anterior, o placar estava em 53% a 25%. A vantagem do candidato à reeleição chegou a 30 pontos há três semanas e agora está em 20. Na terceira posição se mantém o senador Carlos Viana (PL), que tinha 5% e agora tem 4%. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Nesta rodada, marcaram 1% Vanessa Portugal (PSTU), Renata Regina (PCB) e Cabo Tristão (PMB).

Brancos e nulos somam 8%. A cifra de indecisos, importante indicador sobre as chances de reviravolta às portas da votação, está em 9%. Dizem que ainda podem mudar de voto 30% dos entrevistados.

Apesar da rodada favorável, Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte e apoiado pelo ex-presidente Lula (PT), segue com dificuldade para reduzir sua taxa de rejeição. Ele sempre tem aparecido à frente nesse item da pesquisa: agora, 31% do eleitorado não votaria nele de jeito nenhum, contra 22% de Zema.

Os resultados indicam também que o eleitor está montando uma "chapa própria" para a eleição, desvinculando a disputa estadual da nacional. Zema, que é crítico do PT e se projetou na política na onda bolsonarista de 2018, também tem apoio entre eleitores de Lula. Nesse segmento do eleitorado mineiro, 30% afirmam que votarão no atual governador, ante 47% de Kalil.

Formalmente, o governador apoia o presidenciável de seu partido, Felipe d'Avila. Nesta semana, Zema, em entrevista à Folha, criticou tanto o PT quanto Jair Bolsonaro (PL), mas afirmou que diz ao atual presidente da República que "continua apoiando e admirando parte do governo" dele.

O Datafolha também fez uma simulação de segundo turno entre os dois principais candidatos mineiros. Nela, Zema vence Kalil por 55% a 36%. Na semana passada, o governador tinha 60% ante 33% do rival.

O instituto pesquisou ainda a avaliação do eleitorado sobre o governo Zema. Disseram que o trabalho dele é ótimo ou bom 48% dos entrevistados, ante 16% que consideram a gestão ruim ou péssima. A avaliação positiva recuou em relação às últimas pesquisas —era de 56% na semana passada.

O Datafolha ouviu 1.512 eleitores em 81 municípios mineiros. A pesquisa, contratada pela Folha e pela TV Globo, está registrada na Justiça Eleitoral sob o número MG-08517/2022.

Compartilhar Conteúdo

444