TSE identifica R$ 605 milhões em transações suspeitas de campanhas
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) identificou R$ 605 milhões em transferências suspeitas após análise da prestação de contas parcial de campanha, entregue pelos candidatos entre os dias 9 e 13 de setembro.
Ao todo, foram detectados 59.072 casos de doações ou gastos potencialmente irregulares, informou a Justiça Eleitoral. De acordo com o TSE, os casos agora serão apurados “com o levantamento de provas materiais e de informações mais aprofundadas”.
As suspeitas foram alcançadas por meio do cruzamento de dados de diferentes órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU), a Receita Federal, o Conselho de Controle de Atividades Econômicas (Coaf) e a Polícia Federal (PF).
No caso dos gastos, chama a atenção dos órgãos de controle quando, por exemplo, há fornecedores com número muito pequeno de funcionários, ou com um dos sócios como beneficiário de programas de transferência de renda como o Auxílio Brasil. Levantam suspeita também os casos de empresas criadas neste ano e tendo como sócio algum filiado a partido ou parente de candidato.
No lado das receitas, as principais suspeitas recaem sobre doações feitas por pessoas beneficiárias de programas sociais ou com renda incompatível com o valor doado. Foram identificados, por exemplo, seis doadores falecidos e 190 desempregados.
“Ainda despertou o interesse dos analistas 10.296 situações em que um mesmo candidato recebeu numerosas contribuições feitas por diferentes empregados de uma mesma empresa”, disse o TSE.
Caberá agora ao Ministério Público Eleitoral (MPE) investigar esses casos suspeitos. Uma nova rodada de cruzamento de dados ocorrerá após a prestação de contas final do primeiro turno, que deve ser entregue por todos os candidatos até 2 de novembro.
Edição: Lílian Beraldo / AGÊNCIA BRASIL
Datafolha: Castro vai a 36% e abre vantagem sobre Freixo (26%) no Rio
O governador Cláudio Castro (PL) apareceu pela primeira vez na liderança isolada das intenções de voto para o Governo do Rio de Janeiro, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (22), a dez dias do primeiro turno da eleição.
O candidato à reeleição marcou 36%, contra 26% do seu principal rival, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB). Trata-se da primeira vez que os dois não estão em empate técnico num levantamento do instituto.
Castro cresceu cinco pontos percentuais em relação à última pesquisa, realizada na semana passada. Freixo, por sua vez, oscilou um ponto para baixo em comparação com o levantamento anterior —a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
A sondagem, contratada pela Folha e pela TV Globo, foi realizada de terça-feira (20) a quinta-feira (22) e entrevistou 1.526 eleitores no estado. A pesquisa está registrada no TSE sob o número RJ-07687/2022.
O atual governador tem conseguido manter uma tendência de alta em suas intenções de voto desde o início da campanha. O movimento é alinhado à melhoria da avaliação de sua gestão, que atingiu aprovação de 32% neste levantamento, ante 28% na sondagem anterior.
Com o maior tempo de TV entre os candidatos, a evolução indica sucesso na estratégia de defender projetos de sua gestão. Castro tem se desvinculado do ex-governador Wilson Witzel, de quem era vice até substituí-lo devido a uma ação de impeachment, e dito que está à frente do estado há apenas dois anos.
Freixo, por sua vez, ainda não conseguiu se aproveitar da liderança do ex-presidente Lula (PT) no estado para melhorar de forma significativa seu desempenho nas pesquisas do Datafolha.
Castro também ampliou sua vantagem sobre o candidato do PSB num eventual segundo turno entre os dois. A diferença, que era de dois pontos percentuais, agora é de oito. O governador oscilou de 43%, na semana passada, para 46%, enquanto Freixo recuou de 41% para 38%.
Na simulação de primeiro turno, os dois líderes seguem distantes do ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT), que registrou 8%. Apoiado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), ele também não conseguiu melhorar o desempenho após 35 dias de campanha eleitoral. Neves está em empate técnico com o ex-governador Wilson Witzel (PMB), Cyro Garcia (PSTU), Eduardo Serra (PCB) e Juliete (UP), todos com 2%.
Paulo Ganime (Novo) e Luiz Eugênio (PCO) registraram 1% das intenções de voto.
Witzel registrou a candidatura, mas está inelegível devido à punição imposta no processo de impeachment que o afastou definitivamente do cargo em abril de 2021. Ele tenta reverter o impedimento na Justiça.
Declararam voto branco ou nulo 12% dos entrevistados, e 9% afirmaram estar indecisos.
Na pesquisa espontânea, em que não é apresentado nenhum cenário ao eleitor, Castro foi citado por 25% dos entrevistados, e Freixo, por 16%. Neves foi mencionado por 3%, e disseram "atual governador", 2%.
As taxas de rejeição se mantiveram estáveis. Quase metade dos entrevistados (49%) declarou que não votaria de jeito nenhum em Witzel. Freixo tem rejeição de 27%, e Castro, 21%. Depois, aparecem Juliete e Garcia (14% cada um), Serra e Ganime (10% cada um), Luiz Eugênio e Neves (9% cada um).
Witzel é o candidato mais conhecido dos eleitores, ao lado de Freixo (81%), seguido de Castro (80%), Neves (52%), Garcia (51%), Serra (32%), Ganime (23%), Juliete (15%) e Luiz Eugênio (10%).
Datafolha: Lula vai a 47%, abre 14 pontos sobre Bolsonaro e amplia chance de vencer no 1º turno
Faltando dez dias para o primeiro turno das eleições presidenciais, Luiz Inácio Lula da Silva tem uma dianteira de 14 pontos sobre Jair Bolsonaro (PL), que busca permanecer no Palácio do Planalto. Cresceu assim a possibilidade de o petista vencer no primeiro turno.
A estabilidade com oscilação positiva para o petista no cenários de uma semana para cá, aferida pela mais recente pesquisa do Datafolha, vai acirrar a queda de braço entre as duas campanhas líderes de uma corrida cuja decisão na primeira rodada pode ocorrer no olho mecânico.
Segundo o Datafolha, Lula tem 47% dos votos totais, oscilando positivamente dois pontos ante os 45% da semana passada. Bolsonaro se manteve em 33%, Ciro Gomes (PDT) oscilou de 8% para 7%, e Simone Tebet (MDB) segue com 5%, empatada com o pedetista. Soraya Thronicke (União Brasil) oscilou de 2% para 1%.
A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos neste levantamento, feito de terça (20) a esta quinta (22). O instituto ouviu 6.754 pessoas em 343 cidades, e a pesquisa encomendada pela Folha e pela TV Globo está registrada sob o número BR-04180/2022 no Tribunal Superior Eleitoral.
A boa notícia para Lula é que, com a oscilação, ele voltou à casa dos 50% de votos válidos, limiar para uma vitória no primeiro turno. Esse critério, adotado pelo TSE para a contagem da eleição, exclui os brancos e nulos: quem tiver 50% mais um voto está eleito diretamente. Semana passada, estava em 48%.
O petista deverá dobrar esforços para evitar alta abstenção e buscar voto útil dos eleitores dos terceiros colocados, Ciro e Tebet, e Bolsonaro buscará tentar investir contra a imagem do ex-presidente para levar a disputa final para o dia 30 de outubro.
O último ciclo da campanha antes do primeiro turno terá como destaque os debates na TV no sábado (24), no SBT, e na quinta (29), na Globo. Com efeito, Lula já avisou que não irá ao primeiro, para reduzir a chance de acidentes.
Mas o petista já esteve em posição mais confortável na contagem dos válidos com até 54% em maio. E a abstenção, fator central para definir o universo de votos válidos, não é aferível de antemão. Assim, Lula fez nesta semana acenos a idosos, grupo mais propenso a se abster pela não obrigatoriedade do voto acima dos 70 anos.
Não houve efeito imediato. No grupo de eleitores acima de 60 anos (20% da amostra), ele oscilou dois pontos para baixo, mantendo vantagem de 47% sobre 40% do presidente.
Lula apostou também numa simbólica fotografia em que reuniu oito ex-candidatos a presidente em seu apoio. Mas não houve uma movimentação significativa em estratos mais instruídos ou de maior renda, teoricamente mais expostos ao noticiário político da frente em seu favor.
A força do petista segue residindo nos mais pobres. Entre aqueles que ganham até 2 salários mínimos, 51% dos ouvidos pelo Datafolha, ele foi de 52% para 57%, em comparação com na rodada anterior, apurada de 13 a 15 deste mês.
Já Bolsonaro oscilou de 27% para 24% no segmento, confirmando a pior notícia que sua campanha colheu, ao lado de sua alta taxa de rejeição.
O presidente usou um arsenal de medidas populistas na economia, que foram do mais amplo reajuste do Auxílio Brasil para os mais carentes a agrados pontuais a caminhoneiros e taxistas, passando pela sequência de redução nos preços administrados de combustíveis.
Por outro lado, a fome e a inflação ainda alta dos alimentos têm impedido que a melhoria econômica seja percebida entre mais pobres.
O presidente melhorou seu desempenho, por outro lado, na faixa de 2 a 5 mínimos (34% da amostra), justamente a classe média baixa mais sensível à questão dos preços de gás e gasolina. Saiu de um empate numericamente inferior para Lula (39% a 40%) para uma vantagem de 43% a 36%.
Do ponto de vista de imagem, o foco agora deverá ser a tentativa de desgastar Lula, já que os artifícios bolsonaristas parecem ter chegado ao limite da utilidade devido à manutenção da rejeição alta. Sua demonstração no 7 de Setembro não resultou em ganho fixo, e a busca por uma melhoria de imagem nas viagens internacionais que fez fracassou, como o vexame passado na ida ao funeral de Elizabeth 2ª, por exemplo.
No corte religioso, que viu na semana passada Lula recuperar-se entre os evangélicos, apesar da grande vantagem de Bolsonaro, a situação é de estabilidade. No grupo politicamente articulado, que soma 25% do eleitorado pesquisado, o presidente tem 50% e o petista, 32%.
Nos demais segmentos, a aferição do Datafolha traz um filme conhecido desta campanha até aqui. Lula teve seu maior crescimento da rodada anterior para esta entre os mais pobres, no Sul (14% do eleitorado) e entre os mais jovens (14% da amostra).
Mais importante, oscilou um ponto para baixo, mas segue líder na região mais populosa, o Sudeste (43% dos ouvidos), batendo Bolsonaro por estreitos 41% a 36%. O presidente, por sua vez, viu uma melhoria de dois pontos na região.
Sua entrada no eleitorado feminino permanece com entrave vital à sua pretensão eleitoral, devido ao seu longo histórico de colocações machistas. Entre elas, que são 52% da amostra, preferem Lula 49%, enquanto 29% dizem votar no presidente.
Ciro e Tebet seguem amargando a terceira colocação mais distante. O pedetista, em particular, tem se revoltado publicamente contra a ofensiva petista para lhe tirar apoio. Ele não chegou a desidratar decisivamente, mas oscilou um ponto para baixo. O voto na dupla por ora é um dos principais fatores para a eventual necessidade de um segundo turno.
Não chegaram aos 1% na pesquisa Felipe D'Ávila (Novo), Vera (PSTU), Sofia Manzano (PCB), Leo Péricles (UP), Constituinte Eymael (PDC) e Padre Kelmon (PTB).
Datafolha: Zema cai, e diferença para Kalil recua de 28 para 20 pontos em Minas
A dez dias do primeiro turno, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), segue na liderança na disputa no estado, mas sua vantagem sobre Alexandre Kalil (PSD) recuou em relação à semana passada.
Pesquisa Datafolha realizada de terça (20) a quinta-feira (22) mostra Zema com 48%, ante 28% de Kalil.
Na sondagem anterior, o placar estava em 53% a 25%. A vantagem do candidato à reeleição chegou a 30 pontos há três semanas e agora está em 20. Na terceira posição se mantém o senador Carlos Viana (PL), que tinha 5% e agora tem 4%. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Nesta rodada, marcaram 1% Vanessa Portugal (PSTU), Renata Regina (PCB) e Cabo Tristão (PMB).
Brancos e nulos somam 8%. A cifra de indecisos, importante indicador sobre as chances de reviravolta às portas da votação, está em 9%. Dizem que ainda podem mudar de voto 30% dos entrevistados.
Apesar da rodada favorável, Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte e apoiado pelo ex-presidente Lula (PT), segue com dificuldade para reduzir sua taxa de rejeição. Ele sempre tem aparecido à frente nesse item da pesquisa: agora, 31% do eleitorado não votaria nele de jeito nenhum, contra 22% de Zema.
Os resultados indicam também que o eleitor está montando uma "chapa própria" para a eleição, desvinculando a disputa estadual da nacional. Zema, que é crítico do PT e se projetou na política na onda bolsonarista de 2018, também tem apoio entre eleitores de Lula. Nesse segmento do eleitorado mineiro, 30% afirmam que votarão no atual governador, ante 47% de Kalil.
Formalmente, o governador apoia o presidenciável de seu partido, Felipe d'Avila. Nesta semana, Zema, em entrevista à Folha, criticou tanto o PT quanto Jair Bolsonaro (PL), mas afirmou que diz ao atual presidente da República que "continua apoiando e admirando parte do governo" dele.
O Datafolha também fez uma simulação de segundo turno entre os dois principais candidatos mineiros. Nela, Zema vence Kalil por 55% a 36%. Na semana passada, o governador tinha 60% ante 33% do rival.
O instituto pesquisou ainda a avaliação do eleitorado sobre o governo Zema. Disseram que o trabalho dele é ótimo ou bom 48% dos entrevistados, ante 16% que consideram a gestão ruim ou péssima. A avaliação positiva recuou em relação às últimas pesquisas —era de 56% na semana passada.
O Datafolha ouviu 1.512 eleitores em 81 municípios mineiros. A pesquisa, contratada pela Folha e pela TV Globo, está registrada na Justiça Eleitoral sob o número MG-08517/2022.