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Goiânia tem blitz de Bolsonaro e Caiado para alavancar candidatos na reta final

Ranier Bragon / FOLHA DE SP

 

Goiânia

A eleição para a Prefeitura de Goiânia chega à reta final com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador do estado, Ronaldo Caiado (União Brasil), intensificando o corpo a corpo para tentar alavancar seus candidatos, em uma disputa acirrada que envolve, por ora, ao menos quatro nomes competitivos.

Bolsonaro foi a um comício na capital de Goiás na quinta-feira da semana passada (24) em apoio ao nome do ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL), para quem já gravou vários vídeos dizendo ser ele, Fred, o verdadeiro e único candidato da direita na capital goiana.

Na segunda-feira (30) foi a vez da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro desembarcar na cidade para gravar apoio e participar de ato em prol do candidato.

"Queremos sim, Fred, trabalhar, queremos sim te eleger como o primeiro prefeito verdadeiro de direita. Nós estamos vendo tantos oportunistas, mas sempre falo que a verdade prevalecerá", disse Michelle no evento.

Já Caiado promoveu no domingo (30) um passeio ciclístico ao lado de seu apadrinhado, o empresário e ex-deputado federal Sandro Mabel (União Brasil). No dia seguinte, os dois estiveram juntos novamente em uma carreata na zona sul da cidade. Nesta quarta, visitaram a rua 44, famoso polo local de comércio de roupas.

Caiado e Bolsonaro tem um histórico de afagos e atritos. A atual disputa pelo voto conservador de Goiânia tem como pano de fundo também a busca de protagonismo do governador nos próximos anos, já que ele manifesta o desejo de disputar o posto de representante da direita —Bolsonaro está inelegível— na possível disputa contra Lula (PT) em 2026.

Uma derrota na capital do estado reduziria consideravelmente o capital político de Caiado.

Nos debates, na propaganda eleitoral na TV e nas redes sociais Fred Rodrigues e seus aliados regionais —o principal deles, o deputado federal Gustavo Gayer (PL)— têm direcionado a artilharia contra Mabel.

Fred tem 39 anos e tentou ser vereador em 2020, sem sucesso. Foi eleito deputado estadual dois anos depois, mas teve o mandato cassado em 2023 por irregularidades na prestação de contas da campanha anterior.

Os bolsonaristas batem repetidas vezes na tecla de que Mabel não seria um candidato genuinamente de direita e tentam colar nele a estrela vermelha do PT, já que no passado chegou a elogiar o governo Dilma Rousseff (PT).

 

No comício da semana passada, além de se referir a Caiado como "governador covarde", Bolsonaro chamou Mabel de candidato da "rosquinha" que já elogiou Dilma.

Em live nesta quarta (2), na qual pediu votos para uma série de candidatos pelo país, o ex-presidente falou do cenário de Goiânia e disse: "O Fred é nosso candidato. Vamos lá passar o trator em cima do candidato do governador".

Bolsonaro, porém, negou que tenha chamado Caiado de covarde na semana passada e disse que estava se referindo a todos os governadores que adotaram medidas restringindo a circulação na época da pandemia.

Mabel, diante dos ataques, veiculou propaganda em que afirma ter liderado a direita em Goiás para destituir Dilma, "que estava acabando com o país". "Sempre fui de direita, sempre em defesa da família e da pátria."

O empresário, que tem 65 anos, traz no sobrenome a empresa de biscoitos da família, vendida à Pepsico em 2011, que a revendeu em 2022 à Camil.

Ele foi deputado federal por quatro mandatos, de 1995 a 2015, além de ter sido assessor especial da Presidência no governo de Michel Temer (2016-2018). Com bens declarados de R$ 313 milhões, é o mais rico dos candidato nas 103 maiores cidades do Brasil (com mais de 200 mil eleitores).

Nos eventos que participou nos últimos dias, Caiado voltou a bater na tecla de que Mabel é o gestor mais preparado entre os candidatos.

Goiânia registrou no segundo turno de 2022 64% dos votos válidos para Bolsonaro e 36% para Lula.

A fatia do eleitorado conservador é disputada ainda por outro candidato de centro-direita, o empresário e senador Vanderlan Cardoso (PSD), que já disputou a prefeitura da cidade em 2020, perdendo no segundo turno para Maguito Vilela (MDB).

Sem padrinhos, o senador tem caído nas pesquisas, mas ainda está no páreo para uma vaga no segundo turno.

A única candidata de esquerda na majoritariamente conservadora Goiânia é a deputada federal Adriana Accorsi (PT), que é filha de um ex-prefeito da cidade e delegada da Polícia Civil.

Ela tem usado o nome e a imagem de Lula, mas de maneira muito mais discreta em relação ao massivo uso dos padrinhos pelas campanhas de Mabel e Fred.

No segundo pelotão de candidatos aparecem o jornalista Matheus Ribeiro (PSDB) e o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Solidariedade), radialista e pastor da Igreja Universal. Ele assumiu a função em janeiro de 2021, ainda no primeiro mês de mandato de Maguito Vilela, que morreu vítima de complicações da Covid-19.

Cruz enfrentou desgastes devido, entre outras, a crises na coleta de lixo e na área da saúde na cidade, o que levou o seu próprio partido, o Republicanos, a vetar a legenda para a sua reeleição.

O prefeito migrou então para o Solidariedade, mas até o momento tem ido mal nas pesquisas. Levantamento da Quaest divulgado no início de setembro mostrou que 53% da população rejeita sua administração.

Caiado e Bolsonaro se enfrentam ainda nas outras duas maiores cidades de Goiás, as únicas que além de Goiânia com mais de 200 mil eleitores e que, portanto, podem ter segundo turno.

Em Aparecida de Goiânia, Caiado tem como candidato Leandro Vilela (MDB). Bolsonaro, Professor Alcides (PL). Em Anápolis, Caiado caminha para sofrer uma derrota. Sua candidata, Eerizania Freitas (União Brasil) não decolou em pesquisas. O nome de Bolsonaro, Marcio Correa (PL), rivaliza com o petista Antonio Gomide.

BOLSONARO MICHELE E CAIADO

 

 

 

Irmão de Gilmar Mendes, candidato em MT, critica extremismo e se abraça a Bolsonaro

Lázaro ThorJoão Pedro Pitombo / folha de sp

 

Diamantino (MT) e Salvador

Era uma terça-feira, 9 de abril, quando Jair Bolsonaro (PL) desembarcou em Diamantino, cidade do interior de Mato Grosso. O ex-presidente participou de um ato político, comeu um pastel em uma barraca e foi recebido em um churrasco na fazenda de Reinaldo Moraes, o "Rei do Porco".

Entre uma garfada e outra, falou ao telefone com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, filho da terra e irmão do candidato a prefeito Francisco Ferreira Mendes Júnior, o Chico Mendes (União Brasil).

Acossado por investigações e com uma relação conflituosa com ministros do STF, Bolsonaro deixou de lado o bolsonarismo raiz para endossar a candidatura do irmão de Gilmar em Diamantino.

O apoio do ex-presidente e a influência política do clã Mendes deixaram Chico Mendes na condição de favorito na disputa contra Carlos Kan (Novo) —são apenas dois candidatos na cidade, que não tem representantes da esquerda na corrida pela prefeitura.

Com 22 mil habitantes, Diamantino é marcada pela onipresença do agronegócio, com uma profusão de caminhões trafegando no perímetro urbano. A Folha esteve na cidade no último sábado (28), mas em meio a suas largas avenidas não havia sinal de eventos de campanha eleitoral.

Os candidatos aproveitaram o dia para buscar votos nos distritos rurais de Bojuí e Deciolândia —cerca de 2.000 dos 16 mil eleitores de Diamantino vivem na zona rural, em povoados que chegam a ficar mais de 100 km distantes do centro da cidade.

Fundada em 1728 e elevada a vila em 1820, Diamantino é uma das cidades mais antigas de Mato Grosso e já foi o município com maior extensão territorial do estado, de onde se desmembraram outras 22 cidades.

A família Mendes tem tradição na política local. A cidade já foi governada pelo avô e pelo pai de Gilmar. O irmão, Chico Mendes, já foi prefeito de 2001 a 2008, quando se elegeu por PSB e PPS (hoje Cidadania), e agora tenta voltar à prefeitura para um terceiro mandato.

Nos últimos anos, Diamantino se tornou um reduto de Bolsonaro, onde ele teve 62% dos votos válidos em 2022. A 182 km de Cuiabá, a cidade fica em uma região de transição entre a baixada cuiabana, com expressiva votação em Lula, e os municípios do chamado "nortão", onde Bolsonaro teve adesão ainda maior.

A visita de Bolsonaro ao município é apontada como um ponto fora da curva até por bolsonaristas de Mato Grosso. Diamantino não estava na rota do ex-presidente quando visitou o estado em abril.

A ideia inicial era ir a Sinop, onde ocorreria uma feira agropecuária, mas uma passagem pela cidade de Gilmar foi articulada pelo senador Wellington Fagundes (PL) e pela deputada Amália Barros (PL), que morreu em maio.

Até então, o grupo político de Carlos Kan se ancorava em discurso de moralidade e anticorrupção para vencer o irmão do ministro. Mas a adesão de Bolsonaro ao rival nas urnas pegou a todos de surpresa.

"A gente queria entender, mas quem tem mais força política? O cara que está lá no Supremo ou quem está iniciando? Nós somos pessoas do baixo clero fazendo campanha", afirma Claudimar Barbacovi, coordenador de campanha de Carlos Kan em Diamantino.

Ele afirma que o eleitorado bolsonarista de Diamantino ainda não compreendeu o apoio do ex-presidente a Chico Mendes, que entrou na disputa aliado ao PSD, partido do senador licenciado Carlos Fávaro, hoje ministro da Agricultura do governo Lula.

O PL de Bolsonaro indicou o empresário Antônio da Carol como candidato a vice e doou R$ 300 mil para a campanha —o valor é equivalente ao repassado pelo partido a Tião Bocalom, em Rio Branco, um dos dois prefeitos de capital do PL e candidato à reeleição.

Empresário do agronegócio e dono de um patrimônio de R$ 56,4 milhões, Chico Mendes viveu um hiato eleitoral de 16 anos, atuando nos bastidores da política local e sem disputar cargos eleitorais.

O prefeito Manoel Loureiro (MDB) não concorre à reeleição nem apoia um dos candidatos. Ele foi alvo de operação da Polícia Civil em 2023, quando foi divulgado um vídeo em que aparece recebendo dinheiro.

No ano passado, antes da operação, Chico, Gilmar e Loureiro estiveram juntos na solenidade que marcou a compra de um hospital pela prefeitura por R$ 6 milhões. Mas o agora candidato a prefeito nega ter relação de proximidade com o atual ocupante do cargo.

Chico Mendes também não conhecia Bolsonaro até o encontro em abril e diz que agora fala com o ex-presidente toda semana, por mensagens de texto. Apesar da proximidade, afirma não embarcar no discurso bolsonarista, que classifica como extremo.

"De repente, não é nem culpa do Bolsonaro. Nós cidadãos é que muitas vezes somos extremistas", afirmou Chico Mendes à Folha.

Aliados de Bolsonaro afirmam ver a aliança como um aceno do ex-presidente a Gilmar. Mas o candidato a prefeito nega influência do irmão e diz fazer questão de separar sua atuação política com as posições de Gilmar como ministro do STF.

 

"Em virtude da vida que o Gilmar leva a gente cuida muito para não transformar aquilo que é um relacionamento de irmão em um relacionamento comercial", afirmou Chico, que não é sócio do ministro em nenhum de seus negócios.

Gilmar apareceu em um vídeo da campanha eleitoral do irmão. Nele, são mostrados depoimentos dos irmãos Chico, Gilmar, Moacyr e Conceição sobre a trajetória da mãe, Nilde Alves Mendes, que morreu em 2007. O decano do STF fala sobre a perda da mãe em tom emocionado.

Chico Mendes também diz não falar sobre decisões judiciais com Bolsonaro: "A gente fala de tudo, menos de um assunto jurídico. Ele tem uma timidez característica e sequer menciona o assunto. Nós evitamos, até para que eu não seja uma ponte que possa ligar ele ao ministro Gilmar."

O STF deve se debruçar sobre ações que envolvem Bolsonaro na corte, incluindo os inquéritos que o indiciaram nos casos da falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19 e o das joias, que apura o possível desvio de presentes dados por autoridades estrangeiras ao então presidente.

Bolsonaro também é investigado no inquérito dos ataques de 8 de janeiro, no qual é apontado como líder de uma organização criminosa que planejou um golpe de Estado para se manter no poder.

bolsonaro e chico mendes

Domínio de Marçal nas redes preocupa rivais em SP com o fim do horário eleitoral na TV

Por  e — São Paulo / O GLOBO

 

Com a permanência do empate triplo registrado na última pesquisa Quaest para a prefeitura de São Paulo, cresceu a preocupação nas campanhas com as 72 horas que antecedem a votação, após o fim do horário eleitoral no rádio e na TV. O temor da equipe de Ricardo Nunes (MDB) é com a vantagem de Pablo Marçal (PRTB) nas redes sociais. Tanto o prefeito quanto Guilherme Boulos (PSOL) traçam estratégias para a reta final, nas ruas e na internet, e contam com bom desempenho no debate promovido pela TV Globo, na quinta-feira.

 

Nesta campanha, de acordo com levantamento da consultoria Bites revelado pelo colunista Lauro Jardim, Nunes ficou na quarta posição em interações nos seus posts nas redes sociais (1 milhão) e em novos seguidores (38 mil).

 

Professor de Direito Eleitoral da Fundação Getulio Vargas (FGV), Fernando Neisser esclarece que a legislação veda propaganda nas redes sociais 48 horas antes da eleição e que a própria Meta, dona do Facebook e do Instagram, deve bloquear esse tipo de pagamento a partir das 8h da sexta-feira. Isso significa que, a partir desse horário, toda a propaganda digital passa a ser orgânica, beneficiando quem se mostra mais competitivo no meio digital sem rodar anúncios. Boulos e Nunes, que contam com mais dinheiro para investir em tráfego pago, ficam atrás de Marçal em termos de engajamento.

 

Nunes, por exemplo, gastou R$ 4,4 milhões em anúncios somente no mês de setembro, enquanto a despesa de Boulos chega a R$ 3,7 milhões. Marçal, que conta com milhões de seguidores nas redes sociais e uma legião de perfis de terceiros reproduzindo os seus conteúdos, investiu R$ 465 mil no mesmo período, segundo a Meta.

 

No dia da votação, os candidatos estão proibidos de veicular qualquer tipo de material nas plataformas, sob pena de cometerem crime eleitoral. Os conteúdos divulgados anteriormente, no entanto, podem permanecer ativos, o que possibilita que as pessoas, na prática, continuem sendo impactadas pela propaganda de acordo com a distribuição dos conteúdos mediada pelas plataformas.

 

Distribuição no zap

Na terça-feira, em conversa por vídeo, Marçal convocou apoiadores a espalharem materiais do candidato em grupos fechados de Whatsapp e redes similares para tentar virar votos. O ex-coach prometeu enviar uma lista de respostas prontas para os temas mais críticos a seu respeito. Segundo a Quaest divulgada na segunda Marçal tem 52% de rejeição, atrás apenas de José Luiz Datena (PSDB), com 68%.

 

Marçal aposta em um “voto envergonhado” que não seria captado pelas pesquisas.

 

— De tanto que bateram em mim, as pessoas não estão querendo nem na pesquisa falar (que votariam nele)— disse Marçal.

 

O ex-coach ainda deve lançar mão de sua mulher, Ana Carolina, na campanha, para tentar reverter a rejeição no eleitorado feminino. Na segunda, no debate promovido pelo jornal “Folha de S. Paulo”, Marçal disse que “mulher não vota em mulher” por ser “inteligente”, ao tentar argumentar que o público feminino leva em conta outros aspectos ao decidir o voto.

 

A campanha de Nunes vai tentar compensar o fraco desempenho nas redes, com agendas de rua e eventos segmentados com o empresariado, mercado financeiro e lideranças religiosas, por exemplo. E o foco da campanha nesta reta final está no debate da TV Globo. O emedebista se preocupa com a estabilidade que Marçal adquiriu nas pesquisas.

 

Nas agendas de rua, o emedebista foi aconselhado a concentrar seus esforços na Zona Leste, região onde tem a gestão bem avaliada e ainda teria espaço para crescer. Outra estratégia é dar destaque às mulheres para tentar surfar na rejeição deste grupo a Marçal. A estratégia já começou, com vídeos nas redes sociais e na TV destacando falas negativas do ex-coach sobre o público feminino.

 

O prefeito contará, na reta final, com a ajuda de candidatos a vereadores — são 600 na coligação — para espalhar as ações de rua pela cidade. O maior ativo de Nunes, no entanto, é o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O aliado deve estar com o prefeito durante toda a semana, no sábado e também no domingo, na hora da votação e na apuração dos resultados.

 

Esperança final

A campanha de Boulos, por sua vez, aposta em uma caminhada na Avenida Paulista, no sábado, com o presidente Lula e Marta Suplicy (PT), vice na chapa. Além disso, o psolista deve reeditar uma série de agendas nos extremos da capital paulista, como Paraisópolis e Perus.

 

Tanto a caminhada com Lula como a ida às periferias refletem a esperança de Boulos de avançar sobre o voto do eleitorado lulista, o que o candidato não conseguiu ao longo da campanha — tem 48% de preferência entre os que votaram no presidente em 2022.

 

O PT decidiu levar os militantes e apoiadores para terminais de ônibus ou ruas principais dos centros de bairro, que são zonas de comércio mais movimentadas no fim de tarde, a partir das 17 horas, quando o trabalhador está voltando para casa.

 

O número de militantes nas ruas também será ampliado. Os diretórios petistas regionais de maior força estão em Cidade Tiradentes, Guaianases e Itaim Paulista, na zona Leste, Parelheiros, Grajaú e M’boi Mirim, na zona sul, Brasilândia e Perus, na zona norte. O embate na TV Globo, amanhã, também é um ponto de atenção. A ideia é que Boulos mantenha a linha de apresentar projetos e evite tensões com Marçal.

 

Prefeito e vice de Baturité conseguem liminar na Justiça suspendendo a inelegibilidade

Escrito por Igor Cavalcante / DIARIONORDESTE

 

O ministro André Mendonça, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), concedeu, nesta terça-feira (1º), efeito suspensivo à decisão que condenou à inelegibilidade por oito anos o prefeito de Baturité, Herberlh Mota (Republicanos), e do seu vice, Irmão Carlinhos (PSB). A decisão ainda beneficia o deputado federal Eduardo Bismarck (PDT) e o suplente de deputado estadual Audic Mota (MDB), condenados ao mesmo período de inelegibilidade. A dupla de parlamentares também foi punida com a cassação dos diplomas.

O caso se arrasta desde as eleições de 2022, quando o grupo foi acusado de abuso do poder político e de autoridade naquele pleito. Conforme a acusação do Ministério Público Eleitoral (MPE), o prefeito teria usado as redes sociais da Prefeitura para exaltar a imagem dos dois parlamentares, desequilibrando a disputa.

Os políticos conseguiram decisão favorável no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE). A Corte estadual julgou improcedentes as denúncias. Contudo, a decisão foi reformada no TSE, que determinou as inelegibilidades e as cassações dos diplomas dos deputados. Eles recorreram da decisão por meio de embargos de declaração, solicitando efeito suspensivo.

André Mendonça decidiu conceder efeito suspensivo à decisão colegiada em caráter excepcional, considerando o “risco de dano irreparável” aos políticos, especialmente porque o prefeito e o vice disputam a reeleição na Cidade. Na prática, a decisão suspende os efeitos da condenação do TSE até que os embargos de declaração sejam julgados pelo colegiado.

Conforme o ministro ressaltou na decisão, até esta segunda-feira, não há qualquer previsão sobre o julgamento do mérito dos embargos de declaração. 

Indeferimento

Nesta segunda-feira, o registro de candidatura à reeleição do prefeito Herberlh Mota e do seu vice, Irmão Carlinhos, foi impugnado pelo TRE-CE. A Corte foi unânime em negar provimento ao recurso da coligação em processo de inelegibilidade por abuso de poder político e autoridade.

Mesmo com a determinação, a dupla segue sub judice e ainda pode seguir em campanha e ser votada nas urnas em 6 de outubro, devido a julgamento pendente de embargos de declaração no processo que originou a contestação sobre a chapa.

Sem Lula na campanha, petistas sofrem nas capitais e veem debandada de aliados

Por  e  / O GLOBO

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ignorar os apelos de candidatos petistas pelo país e fará apenas mais uma agenda de campanha antes do primeiro turno da eleição municipal deste ano. No sábado, Lula participará de uma caminhada com o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos. Com o presidente abdicando do pleito em outros locais, postulantes do partido e nomes apoiados pelo PT enfrentam dificuldades nas capitais e veem aliados debandarem para o lado adversário.

 

Em Belo Horizonte, Belém, Aracaju, João Pessoa e Salvador, nomes do PT ou aliados vêm enfrentando dificuldades, diante de um quadro já complicado para a legenda, que não administra nenhuma capital. Por conta disso, alas do partido já estão desembarcando das campanhas e buscam acordos informais com outros nomes, tentando especialmente conter a ascensão de candidatos vinculados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

Belo Horizonte, terceiro maior colégio eleitoral do país, é uma das cidades onde a possibilidade de vitória está distante. Rogério Correia (PT), segundo a Quaest divulgada anteontem, tem apenas 5% das intenções de voto, o que tem insuflado um movimento a favor do voto útil no prefeito Fuad Noman (PSD), com 20%. A corrida é liderada por Mauro Tramonte (Republicanos), que aparece com 27%, enquanto o bolsonarista Bruno Engler (PL) marca 21%, tecnicamente empatado com Fuad.

 

Fogo amigo em BH

Uma parcela de petistas e aliados teme um segundo turno entre Tramonte e Engler e atua para desidratar a campanha de Correia. Dirigentes do PV e da Rede, que estão formalmente na coligação do PT, anunciaram publicamente apoio a Fuad. Além disso, o deputado petista Reginaldo Lopes vem dialogando com o presidente interino do PSD em Minas Gerais, o deputado estadual Cássio Soares.

 

Correia minimiza os movimentos e diz que ser o candidato de Lula vai impulsionar sua candidatura na cidade. Ele chegou a fazer um convite para o presidente participar de um comício.

 

— A gente sabia da dificuldade, mas há a expectativa. Ele se comprometeu a vir para Belo Horizonte, mas, independentemente disso, estamos com material de campanha e vídeos com Lula e ministros — afirmou Correia.

 

Do outro lado, o presidente estadual do PSD comemora as defecções:

— Estamos recebendo muito bem esses apoios, que têm acontecido de forma natural.

A costura faz parte de um movimento mais amplo: há uma articulação para que PT e PSD estejam juntos na eleição ao governo de Minas Gerais, em 2026. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é apontado como possível candidato.

 

Em João Pessoa, a ação é ainda mais incisiva. O presidente do PT na Paraíba, Jackson Macedo, já se manifestou a favor de uma aliança com o prefeito Cícero Lucena (PP), que tenta a reeleição. Na semana passada, criticou o candidato petista à prefeitura da cidade, Luciano Cartaxo, por se juntar com outros adversários do mandatário para cobrar a presença de tropas federais na capital e criticar o modo como Lucena lida com a segurança pública. O prefeito tem 53% das intenções de voto, segundo a Quaest divulgada há duas semanas, o que pode garantir a vitória no primeiro turno. Cartaxo, que foi procurado e não se manifestou, aparece com 18%.

 

No caso de Aracaju, a falta de apoio de uma parte do PT à candidata do partido se deve a uma antiga disputa local por influência entre dois integrantes da legenda no estado. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, é rival do senador Rogério Carvalho, que lançou sua mulher, Candisse Carvalho, como candidata do PT na cidade. Também houve resistência de PV e PCdoB, partidos da federação com o PT, a endossar o nome de Candisse, que tem 8% das intenções de voto, de acordo com a Quaest, resultado que a deixa distante do segundo turno no momento. Procurada, ela não comentou.

 

Cenário parecido acontece em Belém, onde o PT ocupa a vaga de vice do prefeito e candidato à reeleição, Edmilson Rodrigues (PSOL). Igor Normando (MDB) e Éder Mauro (PL) estão à frente na disputa. Ausente na campanha em Belém, o senador Beto Faro (PT-PA) disse que tem atuado em outras cidades:

 

— Estou fazendo campanha nos municípios do interior, três ou quatro todo dia. No segundo turno, venho a Belém.

 

Para Faro, que é líder do PT no Senado, o importante na disputa é não “permitir a eleição de um cara do Bolsonaro”, em referência a Éder Mauro. A candidatura do MDB foi construída pelo governador Helder Barbalho (MDB), e por seu irmão, o ministro das Cidades Jader Filho. Faro é aliado do governador e foi eleito senador em 2022 na mesma chapa em que Helder foi reeleito para comandar o estado. Edmilson declarou que o PT “participa ativamente” de sua campanha à reeleição.

 

Já em Salvador, onde as pesquisas apontam vitória do prefeito Bruno Reis (União Brasil) no primeiro turno, a campanha de Geraldo Júnior (MDB) não tem contado com o empenho de Lula e do ministro Rui Costa (Casa Civil), ex-governador do estado. Costa tem se dedicado mais ao interior, mas há a expectativa de que esteja em uma carreata no sábado.

 

A falta de fôlego eleitoral torna a margem do PT mais estreita. O partido saiu das urnas em 2020 sem conquistar nenhuma capital, resultado que o partido tenta evitar em 2024. As maiores esperanças de vitória estão em Teresina, com Fábio Novo, e Fortaleza, com Evandro Leitão.

 

Governistas enxergam a ausência de Lula também como uma forma de se desvencilhar de eventuais derrotas — antes de a campanha começar, aliados previam uma participação mais intensa. Bolsonaro, por sua vez, tem percorrido o país e já visitou seus candidatos em capitais cujos adversários ainda aguardam uma ida de Lula.

 

Em Fortaleza, o presidente chegou a ir à convenção que escolheu Leitão como nome do PT, mas a presença mais constante na campanha ficou a cargo do ministro Camilo Santana (Educação). Para minimizar a ausência, Leitão esteve em Brasília para gravar uma nova leva de material junto com Lula, no Palácio da Alvorada.

 

— Na convenção, fizemos o convite para ele retornar no primeiro turno — disse o coordenador da campanha de Leitão, Guilherme Sampaio. Em Natal, Natália Bonavides (PT) também conversou com o partido para conseguir uma data com Lula. Situação semelhante ocorreu em Vitória, onde o candidato do PT é João Coser.

 

Ministros no interior

Para compensar a ausência de Lula, ministros do Palácio do Planalto têm reforçado agendas em cidades do interior na reta final da campanha. Dois deles estão de férias — Paulo Pimenta (Secom) e Marcio Macêdo . Rui Costa e Alexandre Padilha, de Relações Institucionais, seguem com expediente no Planalto, mas cumprirão uma extensa agenda em cidades onde pretendem eleger aliados.

 

Rui Costa foi a Porto Seguro e Eunápolis na sexta-feira à noite e teve uma caminhada no sábado em Feira de Santana. Ainda no fim de semana, foi a Jabaquara, Alagoinhas e Campo Formoso.

 

Sem Lula em atos de campanha no ABC Paulista, região considerada um bastião petista, Padilha foi no sábado às cidades de Diadema, Santo André e Mauá, além de Guarulhos, segundo maior município do estado de São Paulo. Todas são consideradas prioritárias para o PT. Em Diadema e Mauá o partido busca reeleição nas duas maiores cidades comandadas pela legenda em São Paulo

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