Escolha de Bolsonaro por PE, PB, Ceará e RN serviu para medir temperatura de palanques
Escrito por Jéssica Welma / DIARIONORDESTE
Um dia após encerrar uma rodada de visitas a estados do Nordeste, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) confirmou a pré-candidatura ao Senado dos ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, pelo Rio Grande do Norte; e do Turismo, Gilson Machado, por Pernambuco.
Ambos os ministros cumpriram agenda festiva com o presidente por quatro estados: além de Pernambuco e Rio Grande do Norte, foram também a Paraíba e Ceará.
No Ceará, Bolsonaro tem um dos palanques mais avançados em articulação. A ida a Jati, no Cariri, reforçou o movimento: o pré-candidato ao Governo do Estado Capitão Wagner (Pros) foi o primeiro a discursar no evento, no qual aproveitou para fazer elogios ao presidente e reafirmar o apoio em 2022.
Na Paraíba, a presença de Bolsonaro fortaleceu alianças. Por lá, o pré-candidato da oposição é o radialista Nilvan Ferreira, presidente estadual do PTB. Após a visita do presidente, segundo o Jornal da Paraíba, Nilvan esteve com Bolsonaro no Estado e saiu do encontro com a indicação do presidente estadual do PL, o deputado Wellington Roberto, de que terá o apoio do presidente.
O pré-candidato na Paraíba recebeu, nesta sexta (11), apoio também de outro aliado de Bolsonaro no Estado, o deputado estadual Cabo Gilberto Silva (PSL), que está de malas prontas para o PL.
Mesmo entre nomes do Centrão, Bolsonaro tem tido dificuldade em amarrar palanques no Nordeste. No Piauí, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), anunciou no sábado (5) a chapa de oposição que vai apoiar no Estado sem fazer nenhuma menção ao nome do presidente.
A chapa que deve se opor ao grupo do atual governador Wellington Dias (PT), pré-candidato ao Senado, tem o ex-prefeito de Teresina, Silvio Mendes (PSDB) candidato ao Governo, a vice é a esposa do ministro, a deputada federal Iracema Portela (PP-PI), e o candidato ao Senado, o prefeito da cidade de Floriano, Joel Rodrigues (PP).
Em Alagoas, terra do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), o apoio do aliado no Legislativo também não é garantido. No final do passado, em entrevista à Folha de S. Paulo, Lira chegou a dizer que sua reeleição não está atrelada à de Bolsonaro.
Já na Bahia, outro ministro deve articular o palanque bolsonarista: João Roma, da Cidadania. Roma também esteve com o presidente nos estados nordestinos nos últimos dias. Ele deve disputar o Governo do Estado.
Em uma região com histórico de apoio ao PT e que acumula desgastes do presidente, seja com os governadores, seja com as gafes de Bolsonaro - como não saber que Padre Cícero é do Ceará e não de Pernambuco; a campanha pela reeleição vai precisar de reforço, para além da aposta em nomes com cargos de ministro, para firmar os palanques até agosto, quando começa a campanha oficialmente.
Ex-prefeitos e ex-deputados do Ceará se articulam para tentar vaga nas eleições de 2022
Escrito por Luana Barros, / diarionordeste
A disputa eleitoral tem mobilizado políticos cearenses, principalmente aqueles que pretendem retornar à vida pública após não se reelegerem ou encerrarem os mandatos eletivos. O principal cargo almejado são as cadeiras na Assembleia Legislativa do Ceará. Com o início da campanha agendado apenas para o segundo semestre, estes pré-candidatos já viajam pelo Ceará em busca de fortalecer e ampliar as bases eleitorais para outubro.
Ex-prefeitos que não conseguiram a reeleição em 2020 ou que encerram o mandato após oito anos à frente de prefeituras cearenses devem tentar agora uma cadeira no legislativo estadual ou em Brasília. Ex-deputados que também não conseguiram novo mandato em 2018 - alguns permanecendo como suplentes - também devem retornar às urnas.
Neste cenário de intensas movimentações, no entanto, a nova onda de casos de Covid-19 acabou se tornando uma preocupação dos pré-candidatos: muitos acabaram interrompendo ou diminuindo a rotina de visitas às cidades por conta dos riscos.
DISPUTA PARA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Ex-prefeito de São Gonçalo do Amarante, Cláudio Pinho (PDT) deixou o secretariado da Prefeitura de Fortaleza no final de 2021 para concorrer a deputado estadual em outubro. Com a saída da pasta de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Capital, ele aproveitou janeiro para visitar cidades cearenses.
"Saí da secretaria e estive me dedicando aos contatos que já tinha, amigos que já fazem parte do grupo político que nós integramos (...) para irmos em busca do projeto para representar esses municípios, incluindo Fortaleza, na Assembleia Legislativa", detalha.
Os principais focos são municípios da Região Metropolitana e da região Norte do Estado. Ele cita ainda o fortalecimento da chapa do PDT - que já possui a maior bancada na Assembleia - com nomes como o presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Antônio Henrique, e da ex-secretária-executiva da pasta estadual de Direitos Humanos, Lia Gomes.
PRÉ-CANDIDATURAS DA OPOSIÇÃO
Ex-prefeitos alinhados ao deputado federal Capitão Wagner - pré-candidato ao Palácio da Abolição - também pretendem tentar uma das 46 cadeiras da Assembleia Legislativa.
Com Maracanaú como "carro-chefe" da pré-campanha, o ex-prefeito do município Firmo Camurça (PSDB) irá tentar uma vaga como deputado estadual. Aliado ao atual prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PSDB), o ex-gestor municipal deve fazer dobradinha com Fernanda Pessoa (PSDB), que irá tentar o cargo de deputada federal.
"Temos como carro chefe a nossa cidade, por a gente ter nascido aqui, pela vida de trabalho, por morar em Maracanaú e também pela história de serviço prestado. Tenho 32 anos de vida pública em Maracanaú, (sendo) 16 anos de vereador, 8 como vice e 8 como prefeito", destaca.FIRMO CAMURÇAEx-prefeito de Maracanaú
Em busca de ampliar as bases, ele tem realizado ainda visitas a outros municípios, principalmente àqueles localizados nas proximidades de Maracanaú.
DE SAÍDA DO PSDB
A candidatura de Camurça, no entanto, não deve ocorrer na sigla tucana. Assim como outros aliados, Camurça afirma que deve se filiar ao União Brasil - seguindo os passos de Wagner, que também pode se candidatar pelo novo partido. Segundo ele, os arranjos para essa migração estão "na parte da definição final".
Outro que pode sair do PSDB é o ex-prefeito de Barbalha, Argemiro Sampaio. "Não saí ainda, mas já recebi convites de outros partidos. Se confirmar que o PSDB será situação na eleição, eu irei sair", explica.
O ex-gestor explica que a pré-candidatura a deputado estadual "nasce em um partido de oposição", logo não faria sentido continuar em um partido que vá para a aliança governista. Também alinhado a Capitão Wagner, ele recebeu convites do Podemos e do União Brasil.
Pré-candidato à Assembleia Legislativa, Sampaio teve 17.040 votos e perdeu a reeleição em Barbalha em 2020. Para 2022, tem focado principalmente em visitas no Cariri como forma de se fortalecer como representação da região.
CANDIDATURAS PARA A CÂMARA FEDERAL
Já a Câmara dos Deputados deve ser disputada tanto por ex-prefeitos como por ex-deputados federais que planejam voltar a ocupar uma cadeira no Congresso Nacional.
Ex-prefeito do Cedro, Nilson Diniz (PDT) confirmou a pré-candidatura a deputado federal para 2022. "Estou querendo contribuir neste momento do País, em que estamos vivendo um momento de tanta agressão a instituições públicas", afirma.
Diniz afirmou que iniciou, ainda no final de 2021, algumas viagens a cidades cearenses, mas "por conta da pandemia, nesse mês de janeiro recuamos". O recuo ocorreu devido aos riscos de realizar reuniões em meio ao aumento de casos de Covid-19, completa.
Também da base governista no Ceará, o ex-deputado federal e ex-senador Inácio Arruda (PCdoB) pediu exoneração do cargo de secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Governo do Estado para colocar o nome à disposição do partido.
"Eu não tenho nenhuma pretensão pessoal, mas o nosso partido PCdoB sabe que a estruturação e a existência dos partidos estão vinculados a sua representação na Câmara Federal. Então, o nosso esforço será de retomar uma vaga de deputado federal", afirmou Arruda na última reunião de secretariado que participou, em dezembro.
SUPLENTES EM BUSCA DE MANDATO
Alguns pré-candidatos não conseguiram a reeleição em 2018, mas estão na suplência da Câmara dos Deputados nessa legislatura e chegaram a assumir o cargo mais de uma vez.
Para 2022, eles pretendem tentar novamente conquistar um mandato eletivo na Câmara dos Deputados. Entre os nomes que já confirmaram a pré-candidatura estão Aníbal Gomes (DEM) e Ronaldo Martins (Republicanos), que atualmente está como vereador de Fortaleza.
Outros que devem estar nas urnas são Odorico Monteiro (PSB) e Gorete Pereira (PL) - que assumiu mais de uma vez o cargo por conta de licença da deputada Luizianne Lins (PT), cenário que será bem distinto em 2022, quando os partidos não poderão mais coligar para a disputa proporcional.
DISPUTA PELO PALÁCIO DA ABOLIÇÃO
Ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT) também tem se movimentado para a disputa em 2022. Após passar um ano em São Paulo para pós-graduação, o ex-gestor voltou ao Ceará e tem realizado visitas em muitos municípios, buscando ampliar as bases eleitorais - atualmente, concentradas na Capital.
Roberto Cláudio é um dos quatro pré-candidatos do PDT à sucessão do governador Camilo Santana (PT). Junto com ele, concorrem a vaga como cabeça de chapa na disputa a vice-governadora Izolda Cela, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, e o deputado federal Mauro Filho.
Ciro defende aliança com Paes e diz que Lula 'está destruindo os partidos' de esquerda
Italo Nogueira / FOLHA DE SP
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou neste domingo (7) ter paciência para transformar a aliança regional firmada com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), num acordo nacional.
PDT e PSD fecharam uma aliança no estado cuja cabeça de chapa ainda será definida. A sigla de Paes, comandada pelo ex-ministro Gilberto Kassab, mantém publicamente a intenção de lançar um candidato à Presidência.
Ciro afirmou que a aliança no Rio de Janeiro independe de um acordo nacional, mas declarou ter paciência para manter as conversas.
"Sob o ponto de vista nacional, paciência, paciência, paciência. Hoje ele tem uma delicadeza que eu respeito muito. Ele pertence a um partido que tem [pré-]candidato", disse o ex-ministro, após participar da reunião do secretariado comandado por Paes.
O pedetista afirmou que a forma de construção de sua candidatura difere da do ex-presidente Lula, a quem acusou de prejudicar os partidos de esquerda.
"Não sou como o Lula. Lula está destruindo os partidos, o PSOL, PC do B, PSB porque para o Lula tem que ficar o PT sozinho. O único partido progressista que resiste a isso é o PDT", disse ele.
"Derrotar Bolsonaro é uma questão gravíssima, urgente e imediata. O Lula está tentando que seja só essa, quando não é só essa. Mais grave do que essa é o que pretendemos colocar no lugar da terra arrasada que vai ficar. O Lula tem despolitizado o debate de uma forma muito perigosa."
O PSD tem como pré-candidato o presidente do Senado, Rogério Pacheco. As dúvidas do senador em abraçar a campanha iniciaram uma discussão sobre a troca do postulante da sigla. Há articulações para atrair o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ou o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung para o partido e assumir o posto.
Os dois partidos têm pré-candidatos ao governo fluminense: o ex-prefeito Rodrigo Neves (PDT) e o ex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz (PSD). Os dois participaram do encontro neste domingo.
Ciro afirmou que o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), pré-candidato ao governo com apoio do PT, "entrou no jogo do Lula".
"Não é um jogo sério para o Rio de Janeiro. É um jogo de carreirismo particularista que não tem nada a ver com a sorte do Rio. Lula lançou a Márcia Tiburi candidata a governadora no Rio de Janeiro. Apoiou Sérgio Cabral a vida inteira. O Freixo não tem nenhuma opinião sobre isso? Eu tenho", disse Ciro.
Eduardo Paes não falou após a reunião de seu secretariado. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, afirmou que Lula está com "certo salto alto" na discussão sobre alianças políticas no estado.
Rodrigo Neves afirmou que aliança busca unir "as duas melhores escolas de gestão do Rio de Janeiro". O discurso tem como objetivo ressaltar a falta de experiência de Freixo em cargos do Executivo.
"[Vamos unir a] Tradição do PDT em Niterói de boas administrações, antes do meu governo e depois, e a boa escola de gestão do prefeito Eduardo Paes. Essa unidade é importante para ganhar a eleição e para fazer o diálogo para reconstruir o Rio. Nossos adversários não têm o que mostrar ou histórico de boa gestão. Freixo nem experiência tem."
O presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou que ainda há articulação para incluir novos partidos na aliança para ampliar a presença da chapa na Baixada Fluminense.
Em Juazeiro, Moro se diz decepcionado com Bolsonaro, nega perseguição a Lula e critica Camilo
Escrito por Igor Cavalcante / DIARIONORDESTE
Pela primeira vez no Ceará como pré-candidato à Presidência da República, o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (Podemos) falou sobre seus principais adversários nacionais. Ele diz ter se decepcionado com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e nega ter perseguido o ex-presidente Lula (PT) quando era juiz. O político ainda criticou a conduta do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), durante o motim da Polícia Militar.
Ele desembarcou, na manhã deste domingo (6), em Juazeiro do Norte, no Cariri. O ex-juiz, que também passará por Fortaleza, busca aproximação com o eleitorado cearense. No Estado, ele lançará ainda uma carta de compromisso com os evangélicos, tentando atrair essa fatia dos eleitores que foi decisiva em 2018.
Moro exaltou a “proximidade com os cearenses" ao relembrar as duas crises na segurança pública do Estado em que atuou quando era ministro. “Na primeira, provocada pelo crime organizado, o Ministério veio socorrer o Estado. Debelamos a crise, tiramos lideranças criminosas para presídios federais, tanto que não ocorreram mais essas crises”, disse.
MOTIM DA PM
Em seguida, ao citar o motim da Polícia Militar do Ceará (PMCE), ele criticou a conduta do governador Camilo Santana (PT). “Foi uma greve ilegal, havia uma reclamação, mas a greve não podia ocorrer. Viemos atender a população para que o Governo do Estado pudesse negociar, o que acho que não foi bem feito, porque gerou um desapontamento das forças policiais, o que refletiu nos índices de criminalidade em 2020 e 2021”, disse.
Moro chegou a Juazeiro do Norte por volta de 11 horas e foi recepcionado por eleitores no aeroporto. Quem também esperou o ex-ministro no local foi o prefeito da Cidade – e correligionário – Glêdson Bezerra (Podemos). O mandatário presenteou o visitante com um busto da imagem de Padre Cícero. O senador Eduardo Girão (Podemos) também compõe a comitiva.
Em seguida, o ex-juiz seguiu para a Colina do Horto, onde fica a Estátua de Padre Cícero, tradicional ponto turístico e religioso do Cariri. O local também virou parada – quase – obrigatória de políticos que visitam a região e buscam a aproximação com o eleitorado devoto do “Padim”.
EM BUSCA DOS ELEITORES
Desde o fim da semana passada, Moro está no Ceará. Ele já teve encontros com o senador Eduardo Girão, seu principal aliado no Ceará. A intenção de Moro é atrair mais aliados da região, que historicamente é alinhada a nomes como do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e do ex-presidente Lula (PT).
Moro disse que irá rebater durante a campanha a acusação de que agiu politicamente ao condenar o ex-presidente Lula. “A Lava Jato não foi só a prisão de Lula, ele foi só mais um entre diretores, gerentes e políticos inescrupulosos que foram presos”, afirmou.
O ex-juiz disse ainda considerar que o Supremo Tribunal Federal (STF) cometeu “o grande erro do judiciário brasileiro” ao anular as sentenças contra o ex-presidente proferidas por ele. “Lula é, hoje, o símbolo da impunidade do Brasil”, disse.
EX-ALIADOS
Sobre o ex-aliado e atual presidente, Moro disse não se arrepender de ter assumido o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
“A palavra é decepcionado, desapontado, mas arrependido, não. Era um presidente que dizia ser contra a corrupção, que faria reformas, faria outras alianças, mas não fez nada disso. O Brasil está estagnado, há pessoas sofrendo, passando fome, além dele ter desmantelado o combate à corrupção”, concluiu.
O ex-ministro também foi questionado sobre o motivo de não aceitar debates com o também pré-candidato Ciro Gomes. "Os reais adversários são Lula e Bolsonaro, queremos romper essa polarização", concluiu.
PADRE CÍCERO
A visita do ex-juiz ao Ceará ocorre também em um novo momento de desgaste de seu antigo aliado com a região. Na semana passada, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, o atual presidente chamou assessores de “pau de arara", expressão pejorativa para se referir aos nordestinos.
O presidente também confundiu a cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará, com algum município pernambucano. "Falaram que eu revoguei o luto de Padre Cícero. Lá do Pernambuco, é isso mesmo? Que cidade que fica lá?", perguntou.
“Cheio de pau de arara aqui e não sabem em que cidade fica Padre Cícero?”, acrescentou o presidente. Ao ser informado de que a estátua fica em Juazeiro do Norte, ele concluiu. "Parabéns aí. Ceará, desculpa aí, Ceará", disse.
TURBULÊNCIA
Por outro lado, o próprio Moro enfrenta um momento de turbulência em sua pré-campanha. Ele é acusado de suposta sonegação de impostos sobre os pagamentos que recebeu da consultoria Alvarez & Marsal, responsável pela administração judicial de empresas condenadas pela Lava Jato.
Moro rebateu que tenha recebido dinheiro de forma ilegal. “Já prestei todos os esclarecimentos sobre isso, mostrei os documentos, a regularidade de minha relação com a empresa privada. Jamais recebi dinheiro de empresa investigada”, disse.
AGENDA NO CEARÁ
Ao longo dos próximos dias, a previsão de aliados é de que Moro tenha uma agenda recheada de conversas com políticos e empresários cearenses, passando por municípios como Crato, Barbalha, Limoeiro do Norte, Morada Nova e Fortaleza.
Na Capital, o ex-juiz lança, na próxima terça-feira (8), o livro “Contra o Sistema da Corrupção”, no qual ele relata a experiência vivida na Lava Jato.
Em Fortaleza, Moro também planeja lançar uma carta-compromisso com os evangélicos. No texto, o ex-ministro deve criticar as políticas de “ideologia de gênero” e se posicionar de forma contrária a flexibilizações na legislação sobre o aborto. A mensagem também deve ter um cunho de valorização da política e de combater a corrupção.
Ciro: 'Derrotar Bolsonaro é urgente, mas mais grave é o que pretendemos colocar no lugar'
06 de fevereiro de 2022 | 14h59
RIO — Ao comentar a formalização da aliança entre o PSD e o PDT para as eleições estaduais no Rio, fechada na última quarta-feira, 2, o pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “despolitizar” o debate eleitoral e de “destruir” partidos aliados, como PSOL e PSB, na formação de palanques regionais para as eleições gerais de outubro. O pré-candidato, que veio ao Rio se encontrar com o prefeito Eduardo Paes (PSD), disse que gostaria de ter o apoio do partido no plano nacional, mas esperará por uma decisão.
“O Brasil está vivendo um plebiscito, em que a força dominante, na proporção de 70% a 80%, é contra (o presidente Jair) Bolsonaro. E o Lula está tentando que a questão seja só essa, quando a questão não é só essa. Derrotar o Bolsonaro é uma questão gravíssima, urgente, imediata, mas mais grave do que ela é o que pretendemos colocar no lugar da terra arrasada que vai ficar. Nesse sentido, o Lula tem despolitizado o debate de forma muito perigosa”, afirmou Ciro, após participar de reunião do secretariado da Prefeitura do Rio, na manhã deste domingo, 6.
Segundo o pré-candidato do PDT, o PT errou porque, ao longo de quatro mandatos, não mudou instituições nem ofereceu uma estratégia para fazer o País voltar ao crescimento econômico e ao desenvolvimento.
A aliança entre PDT e PSD no palanque fluminense foi tramada por Paes e pelo presidente nacional do PDT, o ex-ministro Carlos Lupi. A aliança se dá em torno dos nomes do ex-prefeito de Niterói (RJ) Rodrigo Neves (PDT) e do ex-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz (PSD). A definição de quem encabeçará a candidatura a governador ficará para depois.
Ciro acusou Lula de “destruir” partidos aliados na formação dos palanques regionais ao ser questionado sobre como ficará a divisão do palanque no Rio entre a sua candidatura e a do PSD, já que o presidente do partido, Gilberto Kassab, tem repetido publicamente que terá candidato próprio a presidente – por enquanto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é o mais cotado para sair candidato. Paes deixou a reunião de seu secretariado sem falar com a imprensa, ao lado de Ciro.
“No Rio, fizemos um entendimento que é local, não tem a ver com a questão nacional, ainda”, afirmou Ciro, que minimizou o fato de Paes, de quem se disse amigo, não ter acompanhado a entrevista ao seu lado. “Hoje, ele (Paes) tem uma delicadeza que eu respeito muito. Ele pertence a um partido que tem candidato (a presidente). Não sou como Lula, que está destruindo os partidos, o PSOL, o PCdoB, o PSB, porque, para o Lula, tem que ficar o PT sozinho. O único partido progressista que resiste a esse assédio é o PDT, já desde antes, com o Brizola. Mas eu, não. Eu respeito muito e quero que o PSD tenha o tempo dele. Gostaria muito de ter esse apoio, mas respeito o tempo deles”, afirmou Ciro.
Na quarta-feira, Paes ignorou o plano nacional, ao comentar a aliança regional com o PDT nas redes sociais. “Os desafios do Rio são muito grandes. Felipe (Santa Cruz) e Rodrigo (Neves) representam um projeto consistente e maduro para fazer nosso Estado voltar a dar certo. Lembrem-se do ex-juiz em 2018. Não temos mais como errar”, escreveu Paes no Twitter, numa referência a eleição de Wilson Witzel (PSC) em 2018.
Sobre as articulações no plano nacional, Ciro disse também que é preciso “paciência, paciência e paciência”. Segundo o pré-candidato, as articulações são conduzidas por Lupi. Ao lado de Ciro neste domingo, 6, o presidente do PDT afirmou que, no momento, “todo mundo conversa com todo mundo” e garantiu que Ciro será candidato em outubro. A definição de apoios dependerá do desempenho nas pesquisas de intenção de voto. Março, prazo final para as filiações a partidos políticos dos candidatos, e julho, prazo para a formalização das coligações partidárias, são datas importante, disse Ciro.
O pré-candidato do PDT e o ex-prefeito Neves aproveitaram também para criticar o pré-candidato do PSB ao governo fluminense, o deputado federal Marcelo Freixo, que terá o apoio do PT. Para Ciro, Freixo se rendeu ao “jogo de Lula”.