Fortaleza foi prejudicado por erro da arbitragem em empate com o Sport
Na 5ª rodada, o Ceará sofreu um pênalti absurdo marcado a favor do Bahia. Na 1ª rodada, o próprio Sport, no mesmo estádio, também teve penalidade questionável diante do Palmeiras. E enquanto ninguém se importa, nada evolui, o esporte não caminha, os erros apenas se acumulam e impactam o planejamento e o próprio trabalho dos clubes.
A verdade é que esse tema é muito cansativo. O CEP pesa também, os lances capitais geralmente são mais distantes dos ditos "clubes gigantes", apesar de não acreditar em um favorecimento, mas talvez um rigor menos firme quanto ao árbitro de vídeo (VAR) nesses outros jogos. Em Pernambuco, por exemplo, o árbitro Matheus Delgado (SP) e o VAR Rodolpho Toski Marques (PR) passaram por oito minutos para decidir a invalidação de um gol que, por todos os ângulos, é visível que a bola passou a linha e foi legal, análise também confirmada por Paulo Cesar de Oliveira, comentarista de arbitragem da Rede Globo.
Um novo time, velhos problemas
Sobre o jogo, a conclusão inicial é de que é impossível compreender o pensamento do técnico argentino Juan Pablo Vojvoda, que chegou ao 8º jogo sem vencer na temporada. A escalação é o estopim do pensamento: não parece existir uma lógica com as informações que nós temos, sem acompanhar mais do trabalho. Só isso explica, por exemplo, a estreia de Bruninho no profissional - e o jovem mostrou muito esforço na partida.
O volante de 19 anos, que nunca havia jogado no time principal, nem no Campeonato Cearense, foi titular diante do Sport, no ambiente hostil de Pernambuco. O desempenho em si foi regular, diferente do funcionamento da equipe tricolor, que seguiu pouca ofensiva, com dificuldades para criar chances de gol.
As oportunidades foram escassas no geral, com João Ricardo participando bem e sendo o melhor no 1º tempo. Na volta do intervalo, a partida pouco fluiu, o que expõe muito também das dificuldades do próprio Sport, que é o lanterna do Brasileirão com somente 2 pontos em 18 disputados até agora na elite.
Assim, apesar de mexer novamente na escalação, o Fortaleza seguiu com os velhos problemas e não esboçou uma verdadeira evolução dentro do esquema tático 3-5-2. A arbitragem impediu o que poderia ser uma virada chave em termos de resultado, mas ainda não por rendimento, o que deixa o sinal de alerta ligado para os próximos duelos, em uma sequência que envolve Copa do Brasil (Retrô-PE), São Paulo (Série A) e Colo-Colo (Libertadores). O panorama segue muito difícil.
Orós, segundo maior açude do Ceará, volta a sangrar após 14 anos
O fato, que gera alegria e celebração, guarda ainda uma coincidência: a data em que uma das principais “caixa d’água do Estado” atingiu a capacidade máxima é quase a mesma de 2011, quando ocorreu a sangria no dia 27 de abril.
No açude, conforme imagem das redes sociais, inúmeras pessoas estavam à noite aguardando o reservatório verter. A Prefeitura, no final da tarde deste sábado (26), fez um evento especial com programação musical, feira gastronômica e artesanato às margens do Orós na espera pela sangria.
Desde o início da quadra chuvosa, em fevereiro, havia esperança de que o reservatório, localizado no Centro-Sul do Estado, a 450 km de Fortaleza, iria verter. Isso porque, já em 2024, o Orós, que tem o mesmo nome da cidade na qual está localizado, teve boa recarga e encerrou o ano com 58,72% do volume, conforme dados do Portal Hidrológico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Na quadra chuvosa de 2025, o reservatório passou a receber importantes recargas, sendo diversas vezes o açude com registro de maior aporte a cada dia.
O aumento do volume do reservatório e a possibilidade sangria do mesmo, há inúmeras semanas, tem movimentado a região e aumentando a atração de visitantes ao local. Na área, o público que agrega moradores locais e pessoas de outras cidades, pode ver o gigante espelho d’água cheio de novo.
O Orós tem capacidade de armazenar 1,9 bilhão de metros cúbicos (m³) de água. Até 2002, ele foi o maior reservatório do Estado, perdendo o posto com a construção do Castanhão, que tem capacidade de acumular 6,7 bilhões m³ de água. Agora, com a sangria que alimenta o Rio Jaguaribe, esse acréscimo de água ajuda também a recarregar o maior reservatório do Estado.
Histórico do volume
No histórico recente do Orós, após ter vertido em 2011, o reservatório passou a ter o volume reduzido de forma gradual ano a ano. No ciclo de seca que afetou o estado entre 2012 e 2018 (e em alguns lugares até 2020), o Orós chegou a ficar, em 2020, com apenas 4,73% do volume. Depois disso, teve início um ciclo de recuperação.
O volume do Orós é medido tanto pelo Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), que administra o açude, quanto pela Cogerh. A forma de monitorar a sangria tem distinção de um órgão para o outro.
Plano de uso do Orós
O Açude do Orós integra a Bacia do Alto Jaguaribe e tem múltiplos usos, dentre eles, a perenização do Rio Jaguaribe, a irrigação do Médio e Baixo Jaguaribe e a piscicultura.
Em março, quando houve a reunião de avaliação da Operação de 2024, o Comitê de Bacia indicou que o Orós terminou a operação de 2024 com saldo positivo, pois foi operada uma vazão de 4.442 litros por segundo, enquanto o alocado havia sido de 4.500 litros por segundo.
Nesse mesmo encontro, representantes da Cogerh junto com integrantes dos Comitês de Bacias do Vale do Jaguaribe e Banabuiú (que agrupa instituições públicas, sociedade civil e usuários da água) definiram como as águas do Orós serão usadas. A vazão média definida foi de 1,5 m³/s.





Abandono de fábrica de vacina expõe falha de gestão da Fiocruz
Por Editorial / O GLOBO
É lamentável constatar que o terreno onde seria construída a maior e mais moderna fábrica de vacinas e medicamentos da América Latina, prometida há 16 anos pelo governo do então (e hoje) presidente Luiz Inácio Lula da Silva, serve como pasto para gado. Do anunciado Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, existem apenas as fundações dos mais de 40 prédios. O complexo não tem data para ser concluído e já consumiu cerca de R$ 1,2 bilhão.
De acordo com relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU), que investiga o caso, a maior parte dos recursos foi empregada na compra de equipamentos. Como mostrou reportagem do GLOBO, quando a obra estava em fase de terraplenagem, em 2014, a Bio-Manguinhos, responsável pela produção de vacinas da Fiocruz, importou 27 máquinas de grande porte, além de quatro linhas de envase para a etapa final de produção das vacinas. Custaram R$ 813 milhões, segundo números atualizados pelo TCU.
Desde 2018, os equipamentos estão encaixotados num galpão na Baixada Fluminense, em área controlada pelo tráfico. Estão inoperantes, mas geram despesa. Nos últimos três anos, a Fiocruz autorizou pagamentos de R$ 14,3 milhões para aluguel do espaço. A garantia dos fabricantes já expirou, segundo o TCU. Não se sabe em que condições estão as máquinas.
A compra antecipada foi justificada como precondição técnica para o desenvolvimento do projeto executivo da obra, uma vez que haveria risco de incompatibilidade física, “comprometendo a instalação e a operação do complexo”. O TCU não engoliu a justificativa e multou três funcionários em R$ 50 mil. A punição é acertada, mas não repara os erros.
Em 2021, sem verba para tocar o projeto, a Fiocruz habilitou um consórcio para concluí-lo por um modelo em que o governo paga uma espécie de aluguel pela construção sob medida (built to suit, ou BTS). Mas a obra não andou. Segundo o TCU, não houve execução contratual devido às dificuldades do consórcio para captar recursos privados e financiar a operação. Agora se discute se o projeto passará ao Orçamento federal. Estima-se que, para concluir a fábrica, sejam necessários ao menos quatro anos e mais de R$ 5,4 bilhões, ou 4,5 vezes o que já foi gasto. Depois de mais de uma década, tudo ainda é incerteza.
O episódio expõe mais uma vez a incúria no uso do dinheiro público e erros de gestão. A Fiocruz é uma instituição científica de excelência, mas falhou na execução do empreendimento, que nem saiu dos alicerces. A despeito do alto custo, o governo federal deveria se esforçar para concluir a fábrica. Não só porque já gastou, mas também por se tratar de projeto estratégico que traria mais autonomia.
Na pandemia, viu-se quanto o Brasil ainda é dependente do exterior para produzir vacinas. Hoje, do jeito como está, o projeto só tem utilidade para o gado.
O terreno da fábrica de vacinas, na Zona Oeste do Rio, só tem as fundações — Foto: GabrIel de Paiva/ Agência O Globo/09/04/2025
Impunidade na veia
Por Merval Pereira ; O GLOBO
Os últimos dias foram pródigos em momentos que reviveram na nossa memória cívica fatos que destacam não apenas nossas dores recentes como nossas vitórias efêmeras contra a corrupção política que nos assola há anos, e voltou a ser tema central com a descoberta do desvio de dinheiro do INSS dos aposentados. A moribunda operação Lava-Jato, em seu talvez último lance, pegou o ex-presidente Collor de Mello, que conseguira escapar por mais de 30 anos das acusações criminais depois de ter sofrido impeachment- foi absolvido pelo STF, mas condenado politicamente.
Agora, apanhado novamente em crimes de corrupção, não escapou. O impressionante neste caso é a reincidência no erro. Collor, que fez questão de aparecer sorrindo na foto de sua audiência de custódia em Alagoas, sofreu punição política, foi destituído do governo, escapou da punição criminal e continuou fazendo as mesmas coisas até ser apanhado novamente. É exemplar de como a impunidade estimula a repetição dos crimes. Impressionante como políticos como Collor não conseguem se conter, continuam roubando sem medo de ser preso, de arriscar o que tinha recuperado. Perdeu os direitos políticos, voltou a ser eleito Senador, para repetir os mesmos crimes de corrupção.
O país teve nos anos recentes dois ex-presidentes presos, antes de Collor, por processos da Operação Lava-Jato: Lula e Michel Temer, ambos acusados de corrupção. Bolsonaro caminha para ser o quarto, barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de se candidatar por oito anos, está para ser julgado pelos crimes que cometeu pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o mesmo Supremo que liberou Lula de suas condenações em duas instâncias, numa mudança de jurisprudência surpreendente para o mesmo tribunal que durante vários anos recusou-se a dar-lhe habeas corpus e apoiou todas as condenações a que foi submetido.
O Brasil, também graças ao Supremo, regrediu no combate à corrupção pela desconstrução da Operação Lava-Jato, com incoerências que vão se acumulando no cotidiano. Assim como fez agora no julgamento de Collor, inocentando-o alegando que as acusações foram baseadas apenas em delações sem comprovação, o ministro Gilmar Mendes considerou que todas as delações da Operação Lava-Jato foram feitas com base em prisões alongadas e tortura psicológica. As provas que corroboravam as denúncias foram anuladas por suspeita de manipulação, como as anotações e registros do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
Ao mesmo tempo, quando surgiram as denúncias de que Moro e os procuradores trocavam informações durante os processos, elas foram aceitas sem titubear por Gilmar e outros ministros, mesmo que tenham sido obtidas ilegalmente através de um hacker, e nunca tenham sido validadas tecnicamente. Como não podiam ser usadas como provas, o resultado da invasão de privacidade dos procuradores e do juiz foram citadas à larga pelos vários ministros que se basearam nelas para mudar votos, mas juram que não. Fumaram, mas não tragaram. O então ministro Lewandowisk chegou a dizer em um pronunciamento que estava citando as mensagens roubadas porque todos sabiam que eram verdadeiras.
Todos os processos, e não apenas os de Lula, provenientes da Vara de Curitiba, foram anulados por motivos variados baseados na decisão original, em vez de terem retornado às suas instâncias de origem para serem retomados por outros juízes. Nas poucas vezes em que isso aconteceu, os processos foram arquivados por prescrição. O caso de Collor escapou porque não foi julgado em Curitiba, e a empreiteira era a UTC, não a Odebrecht, embora as delações que lhe deram origem tenham sido do mesmo naipe de outras, que foram desconsideradas.
O asilo político da ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, também condenada em seu país por acusações de corrupção das empreiteiras do mesmo esquema brasileiro, que se espalhou por vários países da América Latina, foi mais um exemplo de que o fantasma da Lava-Jato não nos abandonará tão cedo.
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Gestão paraestatal volta a crescer no governo Lula
Por Editorial / o globo
O Conselho de Administração das empresas de capital aberto é uma garantia para os acionistas. Fiscaliza as decisões dos gestores responsáveis pelo dia a dia das corporações e contribui com a visão estratégica dos conselheiros, com o objetivo de aumentar a lucratividade e perpetuar o negócio. No Brasil, contudo, tem sido frequente a distorção desses princípios nas empresas em que o Estado detém participação acionária e o direito de indicar integrantes do Conselho. Embora não sejam formalmente empresas estatais, nem controladas pelo governo, suas atividades acabam por adquirir uma natureza paraestatal, influenciada pela política. Isso quando a motivação da indicação não é exclusivamente pecuniária (conselheiros são muito bem remunerados), prejudicando ao mesmo tempo a estratégia corporativa, a geração de riqueza e, em consequência, a economia brasileira.
Há, de acordo com levantamento do GLOBO, 63 companhias privadas ou de economia mista espalhadas por 20 setores em que o governo pode indicar nomes aos Conselhos de Administração ou Fiscal. Sob o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as escolhas têm obedecido à lógica de aumentar os ganhos de integrantes do primeiro e segundo escalões, alinhar a empresa às políticas do governo e distribuir favores. Nenhum desses critérios resulta na escolha de profissionais reconhecidos, com pensamento estratégico.
Em 2023, o coronel da Aeronáutica Geraldo Corrêa de Lyra Junior tornou-se conselheiro da companhia de energia Copel. No currículo, a informação mais saliente era ter sido piloto do avião presidencial nos governos de Lula e de Dilma Rousseff. Para a metalúrgica Tupi, o PT indicou os ministros Carlos Lupi (Previdência), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Vinícius de Carvalho (Controladoria-Geral da União). Não é do conhecimento público a competência técnica dos três nesse segmento da economia. Nem o governo tenta esconder que a motivação é elevar os ganhos do primeiro escalão. A remuneração anual mais modesta no conselho da Tupi em 2023 foi de R$ 546 mil, segundo reportagem do GLOBO. Para os beneficiados, é um dinheiro que só depende da permanência no governo. Para a empresa, é uma oportunidade desperdiçada.
A motivação pecuniária nem é a pior. O governo também indica nomes para Conselhos com a intenção de influir na gestão das empresas. Não faz sentido acreditar que seus representantes são os mais indicados para pensar estrategicamente sobre o futuro de algumas das empresas mais relevantes do Brasil, como JBS, Vale, Bradesco, Itaú, Natura, Gerdau, Embraer, Vibra ou Renner. A cada quatro anos, os ventos que sopram de Brasília podem mudar de rumo — e as empresas e a economia arcam com as consequências.
Tudo poderia ser diferente — e já foi. No governo Michel Temer, o BNDES passou a indicar como conselheiros profissionais independentes, com reconhecido conhecimento na área de atuação da empresa, sem ligação com o governo. Não durou muito. Assim que o PT voltou ao poder, o banco voltou a indicar nomes alinhados com o partido. O mesmo comportamento se repete em fundos de pensão, suscetíveis aos desmandos do governo. Não é com o modelo de capitalismo paraestatal que o Brasil terá empresas de excelência internacional, capazes de contribuir da melhor forma para o crescimento da economia.
A roubalheira contra o andar de baixo
Por Elio Gaspari / o globo
As últimas grandes roubalheiras nacionais, o “mensalão” e o “petrolão”, gravitavam em torno do dinheiro da Viúva e, de certa forma, ocorriam no andar de cima. Já a fraude da rede varejista Americanas poupava a Viúva, mas era coisa de maganos. Desta vez, graças à Controladoria-Geral da União e à Polícia Federal, descobriu-se que quadrilhas aninhadas em 11 entidades estavam roubando os aposentados do INSS.
Todo mês, tungavam coisa de R$ 50 de milhões de aposentados, gente que recebe, na média, R$ 4 mil. As quadrilhas conseguiram do INSS os dados pessoais das vítimas e fraudaram autorizações para os descontos.
A roubalheira contra os aposentados do andar de baixo envolveu um ervanário que vai a R$ 6,3 bilhões, mas só o prosseguimento das investigações chegará ao montante exato da tunga. Uma auditoria feita pelo TCU nas contas de um só ano já estimou o desvio em R$ 1,55 bilhão.
Uma pesquisa feita pela CGU junto de 1.300 aposentados mostrou que 97% não haviam autorizado os descontos. Mais: 70% de 29 entidades investigadas haviam sido credenciadas pelo INSS sem apresentar a devida documentação.
Num primeiro lance, na quarta-feira, 700 policiais federais e 60 servidores do INSS cumpriram 211 mandados de busca e apreensão em 13 estados e Brasília, prenderam três pessoas e sequestraram mais de R$ 1 bilhão em bens e dinheiro, inclusive uma Ferrari e um Porsche. Fala-se até num Rolls Royce. Para felicidade geral, o diretor da PF, Andrei Passos Rodrigues, anunciou que a operação da semana passada é apenas “uma investigação que está no seu começo”.
A reação (tardia) do governo foi puramente marqueteira, arruinada pelo desassombro do ministro da Previdência, doutor Carlos Lupi. Naquela manhã, ele garantiu, durante uma entrevista coletiva: “A indicação do doutor Stefanutto é da minha inteira responsabilidade”. Alessandro Stefanutto, presidente do INSS, foi demitido horas depois.
Lula e Lupi são adultos e sabem o que estão fazendo. Há anos tratam do INSS com a opção preferencial pela empulhação. Lupi prometeu zerar a fila da Previdência até o final de 2023 e hoje ela já passou dos dois milhões de vítimas.
A coletiva dos ministros destinava-se a mostrar que haviam sido desbaratadas quadrilhas cevadas pelo governo anterior. Pelas cifras e pelas datas, a história parece ser outra.
Durante o governo de Jair Bolsonaro, a tunga passou de R$ 604 milhões para R$ 706,2 milhões. Com Lula 3.0 ela pulou de R$ 1,3 bilhão para R$ 2,6 bilhão. A repórter Maria Cristina Fernandes mostrou que em agosto de 2023 já haviam chegado à Câmara dos Deputados denúncias de descontos indevidos, e o deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-PB) alertou o Tribunal de Contas da União. Portanto, em agosto de 2023 o governo soube que os aposentados estavam sendo roubados.
Entre 2023 e abril de 2025, o INSS e o Ministério da Previdência fizeram coisa nenhuma. Suspenderam os repasses para logo depois retomá-los. A Dataprev recomendou que se usasse a biometria para registrar a autorização dos descontos. Não foi ouvida.