Previsões para o presente - ANDRÉ CARVALHAL
“Ah o futuro...” Quem nunca pensou? E eu me pergunto que desejo é esse de sempre querermos planejar, saber ou adivinhar o que vem por aí. Desde que somos crianças nos perguntam: “O que você quer ser quando crescer?”. Mas já reparou que parece que é como se nunca chegássemos lá?! Estamos sempre (querendo e) querendo ser mais alguma coisa.
Seja na vida pessoal ou em questões profissionais, tenho sentido cada vez mais que o futuro é algo que está sempre a dois passos de nós. Sempre. Quando chegamos perto, ele anda mais dois passos e nunca chegamos lá. Ao mesmo tempo, somos e vivemos hoje o futuro que sonhamos e construímos um dia. Ou o que não sonhamos - ou não construímos - um dia.
Mas então o que é o futuro? “O futuro das nossas vidas”, “O futuro da nossa espécie”, “O futuro do trabalho, dos negócios”, “O futuro das relações”... Por todos os lados há pessoas tentando prever ou querendo respostas. Para mim, o futuro é um eterno presente. Um presente que se estende. São as nossas ações e movimentos que criam os futuros presentes.
A verdade sobre o futuro, é que não existe uma verdade sobre o futuro. Apesar de sonhos, desejos e projeções, ele é redefinido a todo momento e será criado por nós agora. Não importa quando seja esse agora. Pode ser hoje. Agora enquanto escrevo. Agora enquanto você está lendo. Agora enquanto você não está lendo.
Ah entendi. Então não preciso me preocupar com o futuro? É isso que estou querendo dizer? Não mesmo. Precisamos nos preocupar com o futuro. E muito. Sabe como? Prestando atenção no nosso presente. Nos nossos desejos, sonhos e ações. Precisamos estar cientes de que a vida que estamos levando hoje será responsável por criar – ou não – o nosso futuro. Sim. O nosso futuro. Coletivo. Porque não tem como pensar em futuro, se pensarmos somente de forma individual.
Faz um tempo que ouvimos que o nosso futuro está em jogo. Trabalhando com propaganda e moda durante muito tempo, eu me empenhei muito em tentar prever desejos, adivinhar o futuro, antecipar o futuro. Talvez tenha funcionado por um tempo. Ou não. Só sei que depois de tentar interferir tanto no futuro, comecei a sentir vontade de, escrever. Salvar o futuro. Pois compreendi o quanto estava colocando em risco a minha vida e a das próximas - e atuais - gerações.
Trabalhando com sustentabilidade já há um tempo, tenho vivido como é complexo o assunto. Tudo em nossa vida está totalmente entrelaçado e se quisermos pensar na continuidade da nossa espécie, precisamos entender que as questões e crises ambientais que nos cercam - e que estão de forma mais flagrantes relacionadas a ideia de sustentabilidade - na verdade são um reflexo de diversas outras questões e crises que fazem parte da nossa vida.
A “sustentabilidade”, da forma como vem sendo mais vendida (literalmente) pelo mercado, não será suficiente para reverter todos os danos que causamos no planeta até hoje. Digo isso pois percebo que muitas vezes ela reduz a solução de algo tão complexo, a uma coisa ou outra – geralmente mais um produto. O “consumo consciente” tem sido vendido como uma alternativa para o futuro. Mas será?
O consumo consciente, é apenas a parte visível de uma série de mudanças que precisam acontecer. Para que o consumo seja consciente, é preciso haver produção consciente, mercado consciente, pessoas conscientes - informadas, educadas. É preciso haver equilíbrio na distribuição de renda. É preciso haver consciência social e coletiva. É preciso haver noção de humanidade e principalmente de que todos as pessoas são parte da natureza. Viemos dela e dependemos dela para sobreviver.
Mas nos falta muita noção disso. Noção crítica. Desde muito cedo nos levam a ver (e usar) a natureza como algo que está ao nosso dispor. Raramente nos levam a pensar nos impactos das nossas ações e consumo. Muito pelo contrário. Muito do que está posto é para nos afastar da nossa essência, da nossa natureza e crescemos com a ideia de que precisamos de “muitas coisas” para nos colocar e manter no mundo. Mas será que precisamos disso tudo mesmo?
A natureza já dá sinais de esgotamento. E de que vai muto bem se pararmos com nossas atividades – veja o que aconteceu durante os fechamentos durante a pandemia. O ar ficou mais puro, as águas mais cristalinas e animais voltaram a seus habitats naturais. Isso tudo só comprova que precisamos rever os nossos hábitos e formas de fazer. O consumo consciente é um processo de corresponsabilidade no qual pessoas e empresas precisam se comprometer com mudanças.
Isso tudo sem contar que, além dos buracos da camada de ozônio, temos cada vez mais notícias de buracos internos. Os nossos. Funcionando dentro da lógica que nos habituamos desde cedo – de trabalho, vida pessoal, relacionamentos... – muitas pessoas não tiveram suas carências materiais e imateriais atendidas, e seguiram contribuindo – às vezes sem se dar conta, às vezes sem alternativa – com a destruição do planeta. Isso tem causado muito mal-estar e desconexão em muita gente. Mesmo em quem não está nem aí para o planeta.
A “sustentabilidade” e a manutenção do nosso presente, não está somente relacionada à utilização e gestão de recursos naturais. Tem a ver com a forma com que, primeiro, lidamos com a gente. Começa no real autoconhecimento. No entendimento de quem somos, das nossas necessidades, motivações, dos nossos papeis, direitos e deveres. Depois se espalha coletivamente - pois somos pessoas coletivas. Ações individuais podem ser o começo de muitas transformações, mas a noção de que de forma individual não salvaremos o futuro é urgente.
É preciso pensar também em pautas coletivas e sociais. Pensar em diversidade, inclusão. Pensar na forma como nos relacionamos com outras pessoas, com a natureza e também com a tecnologia. Pensar no que acreditamos. Nas ideias e falas corriqueiras que reproduzimos. Pensar no que temos feito pela nossa saúde e a do planeta. Pensar em quais candidaturas apoiamos e como nos relacionamos com elas – se cobramos, acompanhamos... Pensar em quais estruturais e imagens reforçamos ou ajudamos a descontruir. Em quais projetos e pessoas precisamos incentivar.
Pois é claro, não adianta só pensar, é preciso agir.
A partir desta semana, vou estar quinzenalmente por aqui propondo reflexões acerca de assuntos importantes que nos rodeiam e que contribuem - ou comprometem - o nosso futuro. A intenção nem sempre será trazer respostas fáceis ou prontas. Mas sim estimular a reflexão e o surgimento de novas perguntas, para libertar, equilibrar, conquistar, desenhar, plantar, regenerar, mudar e salvar o futuro. Tudo isso de forma bem leve, prática e propositiva. Vamos? O GLOBO
Aliado de Aras diz à Justiça que apuração contra procurador-geral é 'descabida' e barra andamento
Aguirre Talento / O GLOBO
BRASÍLIA - Em meio à guerra interna na Procuradoria-Geral da República (PGR) envolvendo um pedido de investigação contra o procurador-geral Augusto Aras, o vice-procurador-geral da República Humberto Jacques de Medeiros afirmou à Justiça Federal que a tentativa de apuração disciplinar contra Aras é "descabida" e que rejeitou o prosseguimento do caso.
Leia:Pedido de investigação contra Aras cria conflito no Conselho do MPF
Humberto Jacques, que é aliado de Aras, havia sido intimado pela 4ª Vara Federal do DF para apresentar esclarecimentos sobre um despacho secreto que paralisou pedido de apuração disciplinar contra Aras, protocolado no Conselho Superior do Ministério Público Federal por um grupo de três senadores que acusou o procurador-geral de se omitir na fiscalização dos atos do presidente Jair Bolsonaro. O caso foi revelado pelo GLOBO no último dia 4.
Aras está em minoria no Conselho Superior da PGR. Por isso, seus aliados têm adotado a estratégia de impedir a discussão no conselho de temas que possam resultar em derrotas. O conselho não tem atribuição para julgar a conduta funcional do procurador-geral da República, mas pode analisar eventuais crimes comuns por parte de Aras. Por isso, havia um receio que o julgamento do caso gerasse uma abertura de investigação por crime comum contra Aras ou o desgaste de críticas à sua atuação.
O vice-presidente do conselho, o subprocurador-geral da República José Bonifácio Borges de Andrada, havia determinado o prosseguimento do pedido de apuração contra Aras, com o sorteio de um relator para o caso.
Os funcionários do conselho, entretanto, em vez de realizarem o sorteio, enviaram o processo diretamente para Humberto Jacques, que reverteu a decisão de José Bonifácio e negou o prosseguimento do caso. O ato de Jacques foi por meio de um despacho sigiloso, apesar de o caso ser público. Por isso, José Bonifácio ingressou com um mandado de segurança na Justiça Federal pedindo a divulgação do teor do despacho e sua anulação, sob argumento de que Humberto Jacques não era competente para atuar no processo.
Em sua resposta à Justiça, Humberto Jacques afirmou que o Conselho Superior não teria competência para discutir o assunto e criticou o pedido feito pelos senadores diretamente para o vice-presidente do conselho.
"Mostrando-se manifestamente descabida a pretensão responsabilizatória administrativa contra o Procurador-Geral da República perante o Conselho Superior do Ministério Público e perante o Conselho Nacional do Ministério Público, a reiteração da pretensão, veiculada por nova manifestação direcionada à autoridade sem atribuição para recebimento da peça, configurou-se como indevida e absolutamente preclusa", escreveu.
Humberto Jacques negou que tivesse proferido um despacho secreto e disse que enviou o teor do documento ao gabinete de José Bonifácio. Esse despacho, enviado à Justiça Federal, negou o andamento do processo contra Aras e determinou seu envio ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), onde o mesmo pedido feito pelos senadores já havia sido arquivado.
Jacques escreveu que seu despacho foi classificado como "reservado" porque é o procedimento padrão em processos disciplinares. Esse processo, entretanto, estava público.
O vice-procurador-geral também pediu à Justiça Federal que decrete sigilo sobre o processo. Após a resposta, caberá agora à 4ª Vara da Justiça Federal do DF decidir se acolhe o pedido para anular o despacho do vice-procurador-geral da República, que barrou o processo contra Aras.
Brevíssimas considerações sobre urnas eletrônicas de 2ª geração para eleições
Houve, indiscutivelmente, um avanço na adoção do PL da urna eletrônica de primeira geração sobre o sistema de voto em papel com nome dos candidatos impressos.
Quando presidi o Partido Libertador em São Paulo, para apurar as eleições para vereadores — à época, apenas 45 —, tive de nomear membros para cada junta apuradora na contagem de votos (eleição, creio, de 1963), apuração que demorou três dias com contagens e recontagens. Havia, à evidência, fiscais de cada um dos 13 partidos então existentes.
Graças às urnas eletrônicas de primeira geração, que ainda mantemos, o sistema melhorou exponencialmente, com apurações rápidas em relação aos votos impressos ou rabiscados em papel.
Realizei pelo Conselho Superior de Direito da Fecomercio-SP, e com apoio da Academia Internacional de Direito e Economia, então presidida pelo saudoso jurista Ney Prado, alguns anos atrás, congresso sobre o sistema eleitoral, encerrado com brilhante palestra do ministro Dias Toffoli. Na palestra do ex-deputado federal José Eduardo Faria Lima, ele expôs como poderiam ser essas urnas fraudadas e invadidas por hackers.
Alguns ex-presidentes do Tribunal Superior Eleitoral entendem não proceder a crítica do ex-deputado, muito embora tenha sido compartilhada pelo saudoso ex-governador de Sergipe João Alves, que assegurava haver vulnerabilidade.
De qualquer forma, tal sistema, que ministros da Suprema Corte, em palestras fora do país, procuraram demonstrar não só sua eficiência, mas também sua segurança, segundo levantamento da presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, só é adotado no Butão, em Bangladesh e no Brasil, denominados de os "3 Bs das urnas eletrônicas".
Na Alemanha e na Índia, foi tal urna considerada "inconstitucional", por falta de transparência e controle.
Não tomo, nesta discussão, que ganhou em emocionalidade o que perdeu em racionalidade, partido entre os digladiantes que falam de oposição entre o "voto impresso" e o "voto eletrônico", com notável imprecisão terminológica e notável capacidade de confundir o leitor não avisado. Pretendo, todavia, apenas colocar questões, pois muitas vezes as simples questões respondem mais do que as respostas a questões mal formuladas.
Se tão poucos países adotaram o sistema brasileiro e se houve uma evolução na produção dessas urnas, com um sistema maior de segurança, porque não adotá-lo?
Não estou falando das urnas mais avançadas de terceira geração, que a Argentina adotou, mas simples urnas eletrônicas de segunda geração, em que o eleitor vota, como no sistema atual, mas recebe após digitado seu voto, como no sistema atual, o nome do candidato em que votou, como por uma máquina calculadora recebe, quem usou cartão de crédito, um pequeno comprovante do valor de seu pagamento, via eletrônica.
À evidência, se adotado o sistema ficaria mais seguro, pois estaríamos avançando de urnas eletrônicas de primeira geração para segunda geração e poderíamos, um dia, até chegar à evolução do sistema argentino, já com urnas eletrônicas de terceira geração.
O importante é mostrar que o que se pretende é aperfeiçoar o sistema atual, dando-lhe maior segurança. Seria, pois, um avanço, e não um retrocesso.
Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifeo, Unimeo, do CIEE-SP, das escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), superior de Guerra (ESG) e da magistratura do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, professor honorário das Universidades Austral (ARG), San Martin de Porres (PER) e Vasili Goldis (ROM), doutor honoris causa das Universidades de Craiova (ROM) e da PUC-PR e RS, e catedrático da Universidade do Minho (POR); presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio (SP); ex-presidente da Academia Paulista de Letras e do Iasp (Instituto dos Advogados de São Paulo).
Revista Consultor Jurídico, 12 de julho de 2021, 14h02
INSS vai atender na agência quem não consegue usar 135 e aplicativo
O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) iniciará na próxima quinta-feira (15) o agendamento para o atendimento nas agências da Previdência de segurados que precisam de serviços que não podem ser realizados a distância, pelo telefone 135 ou pelo aplicativo Meu INSS.
O serviço, chamado atendimento especializado, é voltado para o público que não estava conseguindo atendimento presencial devido à pandemia de Covid-19, que levou o órgão a restringir o acesso aos postos para a execução de tarefas específicas, como o cumprimento de exigência (entrega de documentos) e perícias médicas.
Um dos serviços listados como disponíveis nas agências é, justamente, a “impossibilidade de informação ou de conclusão da solicitação pelos canais remotos”.
Para agendar o serviço, o cidadão deve ligar para o telefone 135. O atendente analisará a solicitação do usuário e, se a situação se enquadrar nos casos listados na Portaria 908, publicada nesta segunda-feira (12) no Diário Oficial da União, o agendamento será realizado.
Esse agendamento também poderá ser feito diretamente nas agências, para uma data próxima, nos casos em que o cidadão não tenha condições de fazer o pedido pelo telefone 135.
Segundo portaria da diretoria de benefícios do órgão, o atendimento especializado estará disponível para os seguintes serviços:
- Impossibilidade de informação ou de conclusão da solicitação pelos canais remotos
- Apresentar contestação de NTEP (nexo técnico epidemiológico)
- Atendimento solicitado por portadores de necessidades especiais: maiores de 80 anos de idade, deficiência auditiva ou visual
- Órgão mantenedor inválido impossibilitando a solicitação de serviços
- Requerimento concluído sem atendimento ao solicitado, relacionado a falha operacional não vinculada à análise do direito
- Consulta à consignação administrativa
- Ciência do cidadão referente à necessidade de inscrição no CadÚnico
- Solicitar Retificação de CAT
- Parcelamento ou impugnação à cobrança administrativa / MOB PRESENCIAL
- Pensão Especial Vitalícia da pessoa portadora da Síndrome da Talidomida
- Pensão Mensal Vitalícia do Seringueiro e seus Dependentes;
- Pensão Especial das Vítimas de Hemodiálise de Caruaru
Nova onda de ataques atinge ao menos nove ônibus na cidade de SP
Uma nova onda de ataques atingiu, na manhã desta segunda-feira (12), ônibus do sistema de transporte coletivo da cidade de São Paulo.
De acordo com a SPTrans (companhia que administra o sistema de ônibus), os atos de vandalismo foram registrados entre as 5h15 e 8h20 e afetaram diretamente nove veículos.
A depredação prejudicou a operação de 62 linhas do sistema distribuídas pelas regiões sul e leste da cidade. A motivação dos ataques ainda é desconhecida, e os casos serão investigados pela Polícia Civil.
Segundo a SPTrans, o primeiro ataque ocorreu contra um ônibus de prefixo 73.880, da linha 675k-10, na Ponte do Socorro, por volta das 5h15. Um grupo abordou o veículo, exigiu a saída dos passageiros e cortou a correia do motor deixando o coletivo atravessado na pista.
Uma pessoa que desceu do veículo acabou sendo atropelada por um segundo ônibus na via, no sentido centro, de acordo com a SPTrans. A vítima, cujo nome e idade não foram divulgados, foi encaminhada pelo Corpo de Bombeiros ao Pronto-Socorro de Campo Limpo (zona sul). Não foi possível saber o estado de saúde da pessoa atropelada.
Ainda no local, os vândalos tentaram atear fogo no coletivo. “Entretanto, os operadores debelaram as chamas com os extintores de incêndio dos veículos”, informou a SPTrans.
Por volta das 5h40, outro coletivo de prefixo 52.129, que opera na linha 5142/10, foi depredado na avenida Sapopemba. O veículo teve a sua correia de motor cortada e os pneus rasgados também por um grupo de vândalos sendo deixado “estacionado de forma atravessada obstruindo o viário no sentido centro”.
O terceiro ataque registrado nesta manhã aconteceu na avenida Mateo Bei. No local, três coletivos foram depredados por indivíduos não identificados e foram recolhidos e levados à garagem.
Por volta das 6h20, outro ônibus teve o vidro traseiro quebrado na rua Geraldo Vieira de Castro, em Itaquera, e também foi recolhido à garagem.
No quinto ataque, registrado na avenida São Miguel, na altura do número 9.600, por volta das 7h15, um grupo de vândalos abordou o operador do veículo, esvaziou dois pneus do coletivo e também estacionou o coletivo de forma atravessada para obstruir o tráfego de veículos pelo local.
A chave do ônibus também foi suprimida, e as linhas de ônibus que circulam pela região foram desviadas até por volta das 9h05, quando o veículo foi removido e deixou de atrapalhar o tráfego.
O sexto ataque ocorreu na rua Doutor Luiz Ayres, nas proximidades do acesso à avenida Águia de Haia, em ambos os sentidos, por volta das 8h20. O ônibus atacado teve os pneus furados, a correia partida, a chave retirada e foi deixado atravessado na via pelos vândalos.
Também no mesmo local, outro ônibus teve os pneus furados, a chave retirada e foi deixado atravessado na via para atrapalhar o trânsito. Os dois veículos foram removidos, e o tráfego foi normalizado por volta das 9h40.
A SPTrans disse, por nota, que repudia qualquer ato de vandalismo e que acionou a Polícia Militar e a sua equipe de fiscalização para os locais onde as depredações ocorreram.
Os prejuízos aos veículos depredados estão sendo contabilizados pelas empresas, que também vão registrar boletins de ocorrência nas delegacias que atuam nas regiões onde os ataques aconteceram.
INVESTIGAÇÕES SOBRE OS ATAQUES
O Sindimotoristas (entidade que representa os motoristas e trabalhadores do transporte rodoviário e urbano de São Paulo) disse, por meio de sua assessoria de imprensa, desconhecer a autoria das depredações. "O que sabemos, até o presente momento, é que a polícia está investigando tais ações, inclusive, já intimou algumas pessoas baseadas em imagens que foram disponibilizadas".
Nailton Francisco de Souza, diretor do Sindimotoristas, também diz que fake news na internet vem atribuindo à entidade o comando dos ataques. “Não temos qualquer ligação com atos de vandalismo. As nossas manifestações são sempre feitas de forma ordeira e civilizada”, afirma.
O Sindimotoristas representa cerca de 30 mil trabalhadores, entre motoristas, cobradores e os profissionais responsáveis pela manutenção dos veículos.
Souza atribui o suposto elo do sindicato aos ataques como uma forma de minar a campanha salarial da categoria, que está em estado de greve desde o último dia 6 deste mês. “Nós já registramos um boletim de ocorrência contra essa mentira imputada ao sindicato e aguardamos o resultado das investigações”.
O diretor diz acreditar que os suspeitos envolvidos nas depredações aos veículos possam ser ex-trabalhadores do setor, “mas isso só a polícia poderá dizer”.
Souza afirmou ainda que imagens dos terminais de ônibus e dos veículos atacados estão sob posse da Polícia Civil, que abriu um inquérito para investigar quem tem encabeçado os atos de vandalismo na cidade.
“Temos a informação de que 26 pessoas foram identificadas e estão sendo procuradas pela polícia para prestarem depoimentos”, afirma Souza.
A Folha aguarda uma manifestação da Secretaria de Segurança Pública da gestão Doria (PSDB) sobre as investigações relacionadas aos ataques contra os coletivos da capital.
ATAQUES CONTRA COLETIVOS
A onda de ataques contra ônibus do sistema de transporte coletivo está na mira da Polícia Civil desde junho, quando uma série de depredações passaram a ser registradas.
Em 14 de junho, ônibus que circulavam na região central da capital tiveram os pneus furados por um grupo ainda não identificado. Naquela ocasião, o ataque afetou ao menos 30 linhas que acessam o Terminal Parque Dom Pedro II.
Em 28 de junho, outros ataques bloquearam a circulação dos coletivos nos terminais de Pinheiros, na zona oeste, e em São Mateus, na zona leste, afetando ao menos 47 linhas.
Os motoristas afetados fizeram um ato e cobraram das autoridades uma investigação ampla para identificar e punir os responsáveis pelo vandalismo.
Datafolha: Reprovação aos ministros do STF volta a subir e atinge 33%
A reprovação à atuação do ministros do Supremo Tribunal Federal voltou a crescer, de acordo com a mais recente pesquisa do Datafolha.
Segundo levantamento do instituto, consideram o desempenho dos ministros do tribunal ruim ou péssimo 33% dos entrevistados, ante 24% que avaliam a atuação deles como boa ou ótima. Para 36%, a avaliação é regular, e outros 7% não souberam responder.
Na pesquisa anterior em que esse tema foi abordado, em agosto de 2020, a reprovação era de 29%, ante 27% que consideravam o trabalho dos magistrados ótimo ou bom.
A diferença de quatro pontos percentuais na reprovação entre as duas pesquisas é o limite máximo da margem de erro, portanto uma situação improvável de estabilidade na prática.
Na quarta (7) e quinta-feira (8) da semana passada, o Datafolha ouviu presencialmente 2.074 pessoas em 146 municípios de todo o país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
Alguns fatores podem ter pesado nas taxas atuais de avaliação. Em março, o Supremo decidiu rever processos envolvendo o mais importante réu da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tinha condenação por corrupção confirmada em três graus do Judiciário.
O ministro Edson Fachin anulou as sentenças contra Lula nos casos do tríplex e do sítio de Atibaia, ao argumentar que a Vara Federal de Curitiba não tinha a devida atribuição sobre esses processos.
Na sequência, o ex-juiz Sergio Moro foi considerado, pela Segunda Turma da corte, suspeito em sua atuação relacionada ao ex-presidente.
Essas duas medidas foram posteriormente ratificadas pelo plenário do tribunal. Com isso, Lula recuperou seus direitos políticos e poderá disputar a eleição presidencial do próximo ano.
Além dos questionamentos sobre suas decisões, o Supremo se mantém sob críticas constantes de aliados do presidente Jair Bolsonaro, que veem a corte como obstáculo para o governo.
Bolsonaro inclusive chegou a participar de atos, em 2020, nos quais seus apoiadores pediam o fechamento do tribunal e do Congresso.
Nas últimas semanas, o presidente xingou em discursos o ministro Luís Roberto Barroso, que também é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O presidente do STF, Luiz Fux, divulgou nota na quarta-feira afirmando que a liberdade de expressão "deve conviver com o respeito às instituições e à honra de seus integrantes, como decorrência imediata da harmonia e da independência entre os Poderes".
Outro magistrado frequentemente alvo de bolsonaristas é Alexandre de Moraes, que expediu decisões que miravam pessoas próximas do presidente, como no chamado inquérito dos atos antidemocráticos.
Esta não foi a pior avaliação dos ministros aferida em pesquisas do instituto, porém. Em dezembro de 2019, a taxa de ruim/péssimo era ainda superior, com 39%.
Naquela época, havia recém acontecido um dos principais julgamentos da corte na década, no qual foi barrada a possibilidade de prisão de réus condenados em segunda instância que ainda têm recursos pendentes nos tribunais superiores.
Posteriormente, em maio de 2020, o Datafolha apontou uma melhora significativa na avaliação da população sobre o trabalho dos ministros do STF.
As taxas de bom/ótimo superaram na ocasião as de ruim/péssimo —30% a 26%.
Naquela época, o Supremo teve papel importante na crise do coronavírus ao decidir pela autonomia de estados e municípios para ordenar medidas de restrição à circulação da população e ao funcionamento do comércio. Bolsonaristas reclamam até hoje desse julgamento.
Na pesquisa deste mês, os piores índices de avaliação do Supremo estão entre apoiadores do presidente Bolsonaro.
A avaliação negativa dos ministros do STF sobe para 49% quando considerados apenas entrevistados que pretendem votar em Bolsonaro no pleito de 2022.
A rejeição à atuação dos ministros do Supremo também é alta entre homens (37%), entrevistados com escolaridade de nível superior (41%) e aqueles que não pretendem se vacinar contra a Covid (46%).
No recorte regional, há mais reprovação à corte no Sul —região conhecida por ser mais simpática ao bolsonarismo— do que no Nordeste: 37% a 30%.
Já a avaliação positiva do Supremo vai a 27% quando considerados apenas entrevistados com escolaridade de nível fundamental e a 28% entre assalariados sem registro.
Quando considerados somente entrevistados que dizem ter o PT como partido de preferência, a taxa de ótimo/bom dos ministros vai a 31%.
FOLHA DE SP