Bolsonaro reclama da imprensa e se irrita com pergunta sobre secretário de Comunicação
BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro voltou a reclamar da imprensa nesta quinta-feira. Em evento no fim da tarde e começo da noite realizado no Palácio do Planalto, o presidente mandou, em tom exaltado, a imprensa tomar vergonha na cara. O discurso ocorreu um dia depois da publicação de reportagem do jornal "Folha de S.Paulo" sobre o secretário especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Fabio Wajngarten. Depois, questionado sobre o caso, se irritou novamente.
Pela manhã, Bolsonaro já tinha se irritado com a imprensa ao ser perguntado sobre o assunto e afirmou que, pelo que analisou até agora, "está tudo legal" com Wajngarten e que ele irá continuar no cargo. Segundo a "Folha de S. Paulo", a empresa da qual Wajngarten tem 95% da sociedade mantém contratos com emissoras de televisão e agências de publicidade que atendem o governo. É tarefa da Secom direcionar os recursos de propaganda do Palácio do Planalto. O caso será analisado pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República em sua primeira reunião do ano, no próximo dia 28. O secretário nega ter cometido irregularidades.
— Essa imprensa que aqui está me olhando: comecem a produzir verdades, porque só a verdade pode nos libertar. À imprensa: não tomarei nenhuma medida para censurá-la, mas tomem vergonha na cara — disse Bolsonaro na solenidade no Planalto.
Depois, voltou a dizer:
— Repetindo: comecem a vender a verdade, afinal é obrigação de vocês. Não é nenhum favor não.
O discurso ocorreu durante a solenidade de passagem de comando da Operação Acolhida, responsável por receber os imigrantes venezuelanos que fogem da crise em seu país e entram no Brasil pela fronteira no estado de Roraima. Em nova fase, a operação poderá agora receber doações privadas, por meio de um site. O dinheiro será gerenciado pela Fundação Banco do Brasil.
Depois da solenidade, o presidente foi ao Palácio da Alvorada. Ao chegar, desceu do carro dizendo que os repórteres deveriam ouvir o discurso que havia feito minutos antes e por isso não falaria à imprensa:
— Eu gosto de vocês, mas os editores de vocês...
Ao ser questionado se sabia dos contratos da empresa do secretário de Comunicação, Bolsonaro reagiu:
– Tá falando da sua mãe?
O repórter respondeu:
– Não, estou falando do secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten.
Entenda: Como a lei sobre conflito de interesses afeta o secretário da Secom
Bolsonaro não respondeu mais e passou a cumprimentar apoiadores.
No discurso na solenidade no Palácio do Planalto, Bolsonaro elogiou o trabalho das Forças Armadas na operação e também durante a ditadura militar, atacou o PT e o governo da Venezuela, e criticou os protestos no Chile.
— Não dê chance a essa nova esquerda. Eles não merecem ser tratados como pessoas normais, que querem o bem do Brasil. Não podemos chegar a 2022 como chegou a Argentina no presente ano. Ou como esta caminhando um próspero país, o Chile, caminhando para o socialismo. Não podemos deixar que o Brasil chegue à situação dessa garotada — disse Bolsonaro referindo ao coral de crianças e adolescentes venezuelanos que vieram para o Brasil e se apresentaram no Planalto.
Em nota, a "Folha de S.Paulo" se posicionou sobre o caso:
“O presidente volta a atacar a Folha sem explicar os conflitos de interesse de seu assessor revelados em reportagem. Continuaremos a praticar um jornalismo técnico, crítico e apartidário em relação a seu governo, como fizemos com todas as administrações anteriores.” O GLOBO
Para salvar o Rio Guandu é necessário investir R$ 1,4 bilhão até 2042, estima planejamento
RIO — O verde intenso do Rio Guandu, que tinge todo o sistema de captação de água da Cedae, vem do forte despejo de esgoto in natura no manancial. Somente os municípios de Nova Iguaçu e Queimados, seus principais poluentes, despejam diariamente 56 milhões de litros de matéria orgânica por meio de três afluentes, os rios Poços, Ipiranga e Queimados. É como se 22 piscinas olímpicas cheias de sujeira fossem colocadas ali todos os dias.
Segundo a engenheira ambiental Daiana Gineleti, um plano elaborado pelo Comitê do Guandu (do qual faz parte, ao lado de outros representantes da sociedade civil e do poder público) estima que é necessário um investimento de R$ 1,4 bilhão só para o saneamento da região, o que exigiria obras até 2042.
Para resolver o problema da falta de saneamento em Nova Iguaçu e Queimados, o poder público teria que investir R$ 776 milhões. Não há, no momento, qualquer obra prevista.
— Historicamente, os municípios no entorno da Bacia do Guandu cresceram sem planejamento. O despejo irregular de esgoto é um dos resultados dessa expansão. É claro que isso se reflete também no gasto que a Cedae tem para tratar a água — explica a engenheira ambiental.
PIB da China tem crescimento mais baixo em 29 anos
No ano passado, a economia da China cresceu no seu ritmo mais lento desde 1990, enquanto a taxa de natalidade do país caiu ao nível mais baixo da história, destacando os desafios domésticos que Pequim enfrenta apesar de uma trégua em sua guerra comercial com os Estados Unidos.
O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 6,1% em 2019, dentro as expectativas de analistas, mas também revelando uma economia sob a pressão de gastos fracos dos consumidores, desemprego crescente e problemas no sistema bancário.
O crescimento entre outubro e dezembro chegou a 6%, abaixo do que alguns economistas esperavam.
O Escritório Nacional de Estatística da China disse na manhã de sexta-feira (17) que a economia chinesa "manteve o impulso geral" durante um período difícil, mas alertou para os riscos de "problemas estruturais, sistemáticos e cíclicos dentro de casa".
A taxa de natalidade da China caiu para um recorde negativo de 1,05% em 2019, um sinal ameaçador para um país que deverá enfrentar uma escassez de trabalhadores jovens e capacitados para impulsionar seu crescimento nas próximas duas décadas.
Os números do PIB, um dos indicadores mais observados sobre a saúde econômica, vêm dois dias depois de a China e os EUA assinarem o primeiro passo de um acordo comercial, colocando em espera uma guerra comercial de quase dois anos, ao passo em que foram mantidas tarifas equivalentes a centenas de bilhões de dólares sobre produtos chineses importados.
A pausa na disputa foi recebida com otimismo cauteloso por especialistas, que veem sinais positivos de uma leve recuperação no setor manufatureiro e de maior acesso ao capital no sistema bancário.
Mas economistas alertaram que ainda existem muitos indicadores sombrios em toda a economia, incluindo sinais de inquietação no setor bancário.
“Isto parece animador. Pensamos que os mercados têm razão em descansar um pouco, e acreditamos que a situação econômica e financeira está mostrando alguma melhora no curto prazo ”, escreveu Ting Lu, economista especializado em China da empresa japonesa Nomura International, antes de os dados serem divulgados.
“No entanto, recomendamos cautela pois as pressões para baixo ainda são relativamente fortes, os riscos financeiros seguem acumulando e o espaço para manobras de afrouxamento monetário de Pequim pode acabar sendo menor do que os mercados esperam.”
Os números do PIB da China são observados de perto, mas especialistas vêm há muito questionando sua precisão.
Com aval de Maia e Ciro, DEM e PDT firmam alianças e miram hegemonia do PT no Nordeste
Conhecidos por estarem em lados opostos do espectro ideológico, PDT e DEM selaram alianças para as eleições municipais em pelo menos três capitais no Nordeste, região que é o principal reduto eleitoral do PT no país.
A articulação é comandada pelos diretórios nacionais dos partidos e possui o aval do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), presidenciável derrotado na eleição de 2018.
A estratégia de apoio mútuo tem como objetivo forçar um redesenho da divisão de forças políticas da região a partir das capitais e grandes cidades. As parcerias não ficarão restritas ao Nordeste, mas é onde houve mais avanços até o momento.
“É uma parceria que pode dar frutos. A eleição municipal será uma boa preliminar para sabermos qual será o ambiente para 2022”, afirma o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. Ele confirma a estratégia de ganhar terreno na região onde o PT comanda os governos da Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte: “Estamos cutucando a onça [o PT]”.
Já formam firmadas alianças entre PDT e DEM em Fortaleza, Salvador e São Luís. Há a expectativa de que as parcerias possam se estender para outras capitais da região como João Pessoa, Aracaju e Natal.
Nestas três últimas, o PDT iniciou uma ofensiva para atrair para seus quadros dois prefeitos que vão disputar a reeleição e um governador.
O acordo mais próximo de ser concretizado é em Aracaju, onde o prefeito Evaldo Nogueira deixou o
PC do B após 39 anos e já está apalavrado com o PDT para disputar a reeleição.
A mudança deve alterar o cenário eleitoral da capital sergipana de forma profunda. O PT, que apoiava Nogueira, rompeu com o prefeito e lançou a pré-candidatura do ex-deputado federal Márcio Macêdo.
Ao mesmo tempo, Nogueira se aproximou de partidos como PSC e DEM —neste último, foi buscar o vereador que nomeou como líder do governo na Câmara Municipal ainda no ano passado.
A segunda cartada dos pedetistas será atrair para seus quadros o governador da Paraíba João Azevêdo, que rompeu com o seu padrinho político, o ex-governador Ricardo Coutinho, e pediu desfiliação do PSB em dezembro.
O DEM, que fez parte da chapa que ajudou a eleger Azevêdo, reiterou o seu apoio ao governador e afastou-se do grupo de Coutinho. Este último vive um período turbulento após ter sido preso e denunciado por suspeitas de corrupção no âmbito da operação Calvário, da Polícia Federal.
Com a filiação de Azevêdo, a tendência é que PDT e DEM estejam no mesmo palanque na disputa pela Prefeitura de João Pessoa, criando uma terceira via entre o PSB de Coutinho e o PV do atual prefeito Luciano Cartaxo.
O PDT ainda mira a filiação do prefeito de Natal, Álvaro Dias (MDB), que disputará a reeleição com o apoio do DEM. Ele assumiu o município em 2018 após a renúncia do então prefeito Carlos Eduardo (PDT), que deixou o cargo para concorrer ao governo do Rio Grande do Norte, mas foi derrotado.
Em Salvador, Fortaleza e São Luís, o cenário das alianças já é mais claro. Na capital cearense, o DEM já ocupa a vice do prefeito Roberto Cláudio (PDT), que encerra seu segundo mandato, e vai reeditar a dobradinha com os pedetistas com as bênçãos de Ciro Gomes.
São pré-candidatos pelo PDT o secretário municipal Samuel Dias, o deputado estadual José Sarto e a vice-governadora Izolda Cela.
Na capital baiana, o prefeito ACM Neto já lançou a pré-candidatura do vice-prefeito Bruno Reis (DEM) para sua sucessão com o apoio de 12 partidos.
O PDT vai lançar o secretário municipal da Saúde, Leonardo Prates, que é próximo a ACM Neto e acaba de se desfiliar do DEM. As conversas caminham para que ele seja o candidato a vice-prefeito na chapa de Reis.
Em São Luís, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) também tentará fazer o seu sucessor. O candidato ainda não foi definido, mas já é certo que o partido sairá em aliança com o DEM. A ideia é criar uma candidatura única mais ao centro, que enfrentaria o provável candidato do PC do B do governador Flávio Dino e o candidato da oposição.
Em Maceió e Teresina, o cenário ainda é nebuloso, mas a conjuntura pode levar os dois partidos ao mesmo palanque. Nos dois casos, as legendas são aliadas dos prefeitos do PSDB que estão no fim do segundo mandato, mas não têm um sucessor considerado natural.
Das nove capitais nordestinas, Recife é única em que entre PDT e DEM não têm nenhuma chance de estar no mesmo palanque.
Varejo registra em 2019 o melhor resultado em cinco anos
As vendas no Varejo cresceram 2,9% em 2019 em comparação a 2018, se descontada a inflação. É o que mostra o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). É o melhor resultado apurado desde 2014, quando o aumento das vendas chegou a 4,2%.
As maiores altas nas vendas, descontada a inflação, foram verificadas nas regiões Norte (6,3%), Sul (5,2%), Centro-Oeste (4,3%), Nordeste (3,8%) e Sudeste (1,2%).
A Semana do Brasil, realizada em setembro, e a Black Friday, na última semana de novembro, são apontadas pelo diretor de Inteligência da empresa, Gabriel Mariotto, como cruciais para o resultado do Varejo no ano passado.VEJA
PM impede protesto contra a tarifa em SP e grupo anda só 500 m
A Polícia Militar impediu nesta quinta-feira (16) o prosseguimento de um protesto contra a tarifa do transporte público realizado pelo MPL (Movimento Passe Livre) em São Paulo.
Conforme a Folha mostrou nesta quinta, o governo João Doria (PSDB) tem usado uma série de táticas para desarticular protestos.
A PM sufocou a manifestação com bombas de gás, detenções e bloqueios. Os manifestantes, que queriam ir do Theatro Municipal até avenida Paulista, só conseguiram chegar até a Praça da República, a cerca de 500 metros de lá.
Policiais disseram aos manifestantes que, devido às chuvas, não autorizaram o trajeto proposto.
Os policiais detiveram manifestantes que tentavam avançar. Segundo a polícia militar, dez pessoas foram levadas ao 2º DP, no Bom Retiro. Do grupo, dois são menores de idade.
O MPL diz outros dois manifestantes foram enquadrados pelos policiais, mas liberados em seguida.
Até o início da madrugada desta sexta-feira (17), todos permaneciam na delegacia, segundo o advogado Leandro Raca, do Projeto Aliança, disse à Folha.
O projeto disponibiliza advogados em defesa de casos de violação de liberdades e direitos fundamentais.
Ao menos um fotojornalista relatou ter sido agredido com três chutes por policiais. Manifestantes também foram atingidos por golpes de cassetete.
A PM começou a deter manifestantes após alguns deles ultrapassarem uma barreira na praça da República, estabelecida pelos policiais como ponto máximo onde o protesto poderia chegar. A reportagem viu mediadores indicando pessoas mascaradas para serem detidas. No entanto, policiais avançaram e detiveram também pessoas que não cobriam o rosto.