O Brasil acaba de afundar 10 Titanics
16 de maio de 2020 | 21h00
Quando era secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, Josef Stalin disse: “Uma morte é uma tragédia; um milhão de mortes é uma estatística”.
Neste final de semana, o Brasil contabiliza mais de 15 mil mortes pelo coronavírus. Para quem acha que esse número não passa de estatística, cabe outra observação. O naufrágio mais trágico da História foi o do Titanic, em 1912. Nesse desastre morreram 1,5 mil. No Brasil, são agora 10 Titanics em apenas dois meses, baixa de dois ministros da Saúde e nenhuma estratégia nacional para enfrentamento da pandemia.
O presidente Bolsonaro avisou dois dias antes da demissão do ministro Nelson Teich que acabou a busca de consenso e que agora é guerra, com ele no comando. O combate à pandemia será o que ele quer, e não o que determinam os epidemiologistas.
Se para decretar o novo estado de guerra o presidente se aferrasse à necessidade de novos decretos para liberação da atividade econômica e suspensão do isolamento social, como ele gostaria, provavelmente continuaria não tendo sucesso porque esse campo é da competência de governadores e prefeitos. O cavalo de pau poderá ser dado de imediato, deve imaginar ele, com a adoção do protocolo do uso da cloroquina em qualquer fase da doença, providência que os dois ministros anteriores não aceitaram.
A cloroquina não é chá de flor de laranjeira, que pode ser tomado à vontade, sem efeitos colaterais. Pelo que concluem abundantes estudos realizados no mundo nos três últimos meses, o uso de cloroquina produz graves efeitos colaterais no funcionamento do coração. Ou seja, a adoção dessa droga como política pública pode ser entendida como eliminadora de vidas. O presidente Bolsonaro não pretende ser responsabilizado por isso, porque acaba de assinar medida provisória que isenta dirigentes que nesta crise possam ter tomado alguma decisão de política pública que e lhes trouxesse problemas futuros.
A questão de fundo tem a ver com a maneira de lidar com a pandemia. Todas as recomendações, desde a feita por técnicos até pela Organização Mundial da Saúde (OMS), são de que o contra-ataque à doença exige união nacional e muito diálogo. Mas a atitude que agora toma o presidente vai na outra direção. O critério técnico na adoção de protocolos e procedimentos passa a ser a vontade dele: “Fui eleito e quem manda aqui sou eu”.
Bolsonaro enxerga tudo como grande conspiração de âmbito nacional cujo objetivo é alijá-lo da Presidência. Nela, segundo ele, estão envolvidos líderes do Congresso, ministros do Supremo, governadores, a imprensa e, obviamente, a esquerda radical. Quando reage, como vem reagindo, contra a maneira como os técnicos e governadores vêm combatendo a doença, Bolsonaro quer, acima de tudo, como já reconheceu, “salvar o governo”. Mas o resultado aponta para outra direção. Quanto mais se enrola em confusões e intervenções estapafúrdias, mais se desqualifica como líder nacional. O desfecho desse processo é uma incógnita.
Economia e coronavírus
Enquanto isso, a economia se deteriora. Na última sexta-feira, o Banco Central divulgou o IBC-Br, indicador criado para antecipar o conhecimento do comportamento do PIB. E o resultado foi o que se esperava: queda da atividade econômica de 5,9% em março sobre fevereiro. Março não foi mais “brabo” do que foi abril. Nem março e abril foram mais “brabos” do que provavelmente serão maio e junho.
Dias antes, o País soube que as vendas do varejo recuaram 2,5% em março sobre fevereiro. E, também em março, a indústria de transformação despencou 9,1%. Os números de abril serão piores. As últimas estatísticas sobre desocupação são da Pnad, que acusa 1,1 milhão a mais de desempregados no primeiro trimestre do ano. A crise vai aumentar em muito essa magnitude, mesmo sabendo-se que ficaram precárias as condições de levantamento de dados, quando mais da metade da população permanece isolada em suas casas. Ou seja, as novas estatísticas podem embutir distorções.
A perda de emprego e de renda continuará por derrubar a demanda nos próximos meses, o que, por sua vez, deverá produzir ainda mais desemprego e quebra da atividade econômica. Impossível saber o tamanho do estrago na área fiscal nas três áreas de governo, não só pelo aumento de despesas, como pela quebra da arrecadação.
Uma situação tão ruim já é, por si só, acachapante. E é mais ainda quando não se veem perspectivas de saída que possam provir de um governo errático. O governo é um Titanic.
Defensora da cloroquina diz que novo ministro precisa ouvir todas as áreas
Natália Portinari / O GLOBO
BRASÍLIA - Para a oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, o sucessor de Nelson Teich no Ministério da Saúde precisa ouvir todas as áreas. Defensora da ampliação do uso de cloroquina em pacientes com Covid-19 e conselheira do governo, ela nega ter sido convidada ou sondada para o ministério.
— Ficou bem claro que o ministério da Saúde caminhe alinhado com todos os outros. Precisa ter uma interface com o Ministério do Desenvolvimento, da Economia, da Agricultura — afirmou.
— Não acredito que esse nome deva surgir assim tão rapidamente, até porque tem um elenco de opções e potencialidades dentro do Brasil.
Ex-ministro: Teich procurou hospitais para pegar atualizações sobre uso de cloroquina
Logo antes de Nelson Teich pedir demissão, nesta sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro teve uma reunião com Yamaguchi. Ela diz que o presidente não tocou no assunto e se restringiu a debater suas ideias para a área de saúde.
Segundo ela, o governo não deve esperar a finalização de mais estudos científicos para ampliar a produção e distribuição de cloroquina no Brasil, por se tratar de uma situação emergencial. Teich, afirma a oncologista, se opôs a esse plano porque acreditava que era necessário esperar o resultado de estudos científicos que comprovem a eficácia do remédio, que podem demorar "meses".
A médica se diz preocupada com pessoas que procuram a hidroxicloroquina mas não o encontram, mesmo com receita. Ela citou um estudo publicado na "New England Journal of Medicine", que não encontrou nem benefícios nem malefícios do uso da droga, como um argumento de que ela pode ter um uso disseminado.
Em doses baixas e aplicada no início do tratamento, segundo ela, a droga não apresenta toxicidade nos pacientes. Nise frisa que não quer se contrapor a Nelson Teich. Ela diz respeitar e admirar o colega de profissão, que deixou uma "grande contribuição" no ministério em pouco tempo.
— No meu caso, eu não fui sondada nem direta nem indiretamente, eu tenho trabalhado num campo comum e fora da política, quero poder contribuir sempre com a minha fala, com as minhas ideias, dentro desse contexto.
Coronavírus: Bolsonaro diz que governo 'vai mudar' protocolo para ampliar uso da cloroquina
Nise Yamagushi assessora o comitê de crise do governo federal contra a pandemia. Antes de sexta-feira, ela já havia tido dois encontros com Bolsonaro, nos dias 6 e 7 de abril, quando o ministro da Saúde ainda era Luiz Henrique Mandetta.
Jilmar Tatto derrota Alexandre Padilha e será candidato do PT em SP
16 de maio de 2020 | 18h26
SÃO PAULO – O PT escolheu na tarde desse sábado, 16, o o ex-secretário de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, como candidato da sigla à Prefeitura da capital. O petista disputou as primeiras prévias virtuais do partido contra o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A direção municipal petista cancelou as eleições internas por meio de voto direto da militância por causa da pandemia do coronavírus e optou por um processo virtual com colégio eleitoral reduzido.
A ideia inicial era que votassem apenas os membros do diretório municipal, mas depois de protestos internos foram incluídos dirigentes zonais e setoriais petistas, o que ampliou o eleitorado para 615 pessoas. Tatto venceu por apenas 15 votos: foram 312 contra 297 do deputado Alexandre Padilha, que reconheceu a derrota nas suas redes sociais e prometeu se unir a Tatto para "combater a extrema direita".
Jilmar Tatto é filiado ao PT desde 1981 e controla a máquina do partido na capital. Ele foi secretário de Transportes da prefeita Marta Suplicy e também de Fernando Haddad, mas não é considerado por dirigentes da legenda um nome competitivo. O ex-presidente Lula se manteve fora da disputa e não apoiou nenhum dos lados. A expectativa dele era que o prefeito Fernando Haddad aceitasse entrar na disputa, o que não aconteceu.
A escolha de Tatto também afastou afastou a possibilidade de uma aliança com Marta Suplicy, ex-prefeita e ex-ministra, que não aceita ser vice de seu ex-secretário. Mart hoje está filiada ao Solidariedade (SD). Em conversas reservadas, dirigentes petistas dizem que a escolha de Tatto isola o PT na disputa e deixa a legenda emparedada entre Guilherme Boulos (Psol), Marta Suplicy (SD) e Márcio França (PSB). O campo da esquerda também conta com a candidatura do deputado federal Orlando Silva (PCdoB).
Tatto constituti maioria no partido por dominar redutos do PT na periferia. Ele e seus irmãos, Ênio, Nilto e Jair, comandam politicamente os diretórios da zona sul paulistana. Ao longo da última semana Padilha recebeu o apoio de outros pré-candidatos, como o deputado federal Paulo Teixeira, o ex-secretário Nabil Bonduki, e o vereador Eduardo Suplicy.
Com ações direcionadas aos mais pobres, Bolsonaro muda base de apoio
Em termos de popularidade, Jair Bolsonaro é um fenômeno de sobrevivência em processo acelerado de mutação. Cada nova pesquisa feita em tempos de coronavírus revela mais arranhões em sua imagem, frutos direto do estado negacionista do capitão diante do problema, do descompasso entre o discurso da “gripezinha” e a postura mais responsável de prefeitos e governadores e da absoluta falta de sensibilidade demonstrada por ele com relação às vítimas da doença (a “cereja do bolo” foi o passeio do presidente de jet ski no último sábado, 9, quando o país ultrapassava a casa das 10 000 mortes). Segundo o levantamento mais recente de opinião pública, da CNT/MDA, realizado por telefone entre os dias 7 e 10 de maio, a quantidade de pessoas que reprovam seu governo aumentou de 31% para 43% em comparação com janeiro. Simultaneamente, a aprovação manteve-se praticamente igual, oscilando dentro da margem de erro de 2,2 pontos: passou de 34,5% para 32%, considerando os brasileiros que classificam sua administração como boa ou ótima. Ou seja, Bolsonaro ainda goza da simpatia de um terço do eleitorado, um respaldo que parece até agora à prova de crise e tão resistente quanto sua luta eterna contra os fantasmas do comunismo.
Um olhar mais atento para esse cacife eleitoral de um terço da população, no entanto, revela que a base de apoiadores do presidente se encontra em transmutação. De acordo com especialistas, metade da fatia de 30% dos que o avaliam como bom ou ótimo são fãs quase incondicionais do capitão, o chamado núcleo duro do bolsonarismo. A outra porção se mostra mais infiel e movediça. Nos últimos meses, desembarcaram dela as pessoas com maior renda e escolaridade — e foram substituídas em quantidade semelhante por eleitores que só cursaram até o ensino fundamental e com renda condizente à das camadas mais pobres da sociedade. O fenômeno, consequentemente, fez cair a rejeição que Bolsonaro tem na Região Nordeste, um reduto histórico do PT. Uma pesquisa recente do Vox Populi encomendada pelo partido de Lula quantificou o fenômeno. Ela apresenta o desempenho do presidente por região, renda familiar e escolaridade. VEJA teve acesso aos dados. De acordo com o levantamento, Bolsonaro recebeu as seguintes avaliações: 35% positivo, 38% negativo e 24% regular. A mesma pesquisa realizada pelo Vox Populi em dezembro revelou que a popularidade do presidente vinha numa tendência de queda desde abril do ano passado — em igual período, a rejeição a ele aumentava, chegando, no fim de 2019, a 42% dos pesquisados. Em dezembro, Bolsonaro tinha apenas 22% de aprovação. Para lideranças do PT, o presidente soube capitalizar o medo do desemprego e da falta de renda e, ao ficar com os louros do “coronavoucher”, o auxílio emergencial financeiro da pandemia, conseguiu reverter a tendência de queda, saltando 13 pontos porcentuais em quatro meses. Nem a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça teve impacto, segundo o levantamento. A diferença entre a aprovação nos dias anteriores à demissão do ex-juiz da Lava-Jato e nos dias após sua saída do governo, em 24 de abril, foi de apenas 1 ponto porcentual.
Esses resultados foram exibidos em uma longa reunião realizada pelo diretório nacional do PT no último dia 29. “Incrivelmente, foi uma ocasião em que Lula mais ouviu do que falou”, afirma o vice-presidente nacional do partido, Washington Quaquá. Foi Franklin Martins, ex-chefe da Secretaria de Comunicação no governo Lula, quem fez o pronunciamento mais duro daquele dia. “Parte desses setores das classes C, D e E parece ter retornado agora (a apoiar Bolsonaro) com medo do coronavírus, mas é um retorno frágil e não consolidado”, disse ele. “Precisamos parar de falar para a bolha e passar a falar para todos. Chega de ficar fazendo tuíte, lacração e gracinha. A situação é dramática e temos de entender a sua gravidade.”
Vírus chega ao maior campo de refugiados do mundo
DHAKA - Trabalhadores humanitários em Bangladesh correm para conter a propagação do novo coronavírus no maior campo de refugiados do mundo, instalando centros de isolamento e tratamento e pias para a lavagem de mãos, após a confirmação dos primeiros casos.
A agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) disse que as 850 mil pessoas da etnia rohingya que ocupam os campos densamente povoados de Bangladesh estão entre as mais vulneráveis ao novo vírus altamente contagioso, que se espalhou rapidamente pelo mundo.
Os trabalhadores humanitários alertaram para um potencial desastre humanitário se houver um surto nos campos de Bangladesh, que registrou cerca de 300 mortes pelo vírus.
— As equipes foram ativadas para iniciar o isolamento e tratamento de pacientes, bem como rastrear contatos — disse Andrej Mahecic, porta-voz do Acnur, depois que três refugiados rohingyas deram positivo. — Essas populações são consideradas as que estão mais em risco globalmente nesta pandemia.
Cerca de 4 mil refugiados foram solicitados a não deixar seu bloco para diminuir a propagação do vírus, disse Mahbub Alam Talukder, comissário de refugiados de Bangladesh.
— Conseguimos atrasar a entrada do vírus nos campos por um longo tempo, e isso porque trabalhamos para impedir a propagação desde março. Estamos preparados para isso — afirmou.
Cerca de 250 camas de isolamento estavam sendo montadas nos campos lotados, disseram as Nações Unidas. As agências de ajuda humanitária também estão instalando estações de lavagem sem contato para reduzir a propagação do vírus.
— Com 40 mil pessoas amontoadas por quilômetro quadrado, é impossível manter a distância social — disse Dipankar Datta, diretor de Bangladesh da organização Oxfam, acrescentando que os banheiros compartilhados tornaram as coisas ainda mais desafiadoras.
As previsões de um ciclone nos próximos dias podem trazer "mais sofrimento" aos refugiados, alertou.
Rezwan Khan, um refugiado de Rohingya de 22 anos, disse que as pessoas nos campos estavam assustadas.
— Vi menos pessoas saindo — disse ele.
Mais de 730 mil Rohingya chegaram de Mianmar no final de 2017 depois de fugir de uma repressão militar. Mianmar está enfrentando acusações de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça em Haia por causa da violência.
O exército nega o genocídio, dizendo que travou uma batalha legítima contra os militantes rohingya que teriam atacado primeiro.
Coronavírus: Witzel é incluído em investigação no STJ sobre fraude na compra de respiradores
Carolina Brígido O GLOBO
BRASÍLIA — O governador do Rio, Wilson Witzel, foi incluído em um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que investiga um suposto esquema de corrupção na compra, pelo estado, de respiradores destinados ao tratamento de pacientes infectados com o coronavírus. A operação Mercadores do Caos, que investiga se houve prejuízo aos cofres públicos com a aquisição dos equipamentos, é conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio. O Tribunal de Contas do Estado também apura o caso.
Operação Favorito:integrante de esquema faz supostas citações a Witzel sobre contrato com OS da Saúde
Policiais e promotores não explicaram o motivo da inclusão do nome do governador no inquérito, que corre sob sigilo. Como o governador tem foro privilegiado, parte da investigação foi deslocada para o STJ. Em nota, o governador Wilson Witzel afirmou nesta sexta-feira que não foi notificado oficialmente sobre qualquer investigação relativa ao caso e que, se isso acontecer, estará à disposição para prestar esclarecimentos. Witzel reiterou, em nota, seu respeito às instituições e lamentou que “pessoas queiram cometer ilícitos, principalmente neste momento de pandemia e de luta pela vida de milhares de pessoas”. A Procuradoria-Geral da República (PGR), por sua vez, apurava indícios sobre a participação de Witzel nas irregularidades. Nos últimos dias, com a ajuda dos investigadores do Rio, a PGR reuniu elementos contra Witzel e enviou o caso para o STJ, que é o foro indicado para julgar governadores. O inquérito está sob sigilo.
Segundo as investigações em curso, houve várias irregularidades nos contratos celebrados para a compra dos equipamentos e nos pagamentos antecipados a fornecedores. Na terça-feira, a Justiça do Rio bloqueou bens e valores de três empresas contratadas pelo governo do estado para a aquisição dos respiradores.
Os sócios das empresas também tiveram bens bloqueados. O ex-subsecretário estadual de Saúde Gabriell Neves é uma das pessoas investigadas. Três fornecedores de respiradores e um outro ex-subsecretário foram presos por supostas irregularidades em contratos emergenciais firmados com a justificativa de combater o coronavírus.
Na semana passada, quatro pessoas foram presas na primeira fase da operação: Gabriell Neves, que já tinha sido exonerado do cargo; Gustavo Borges, seu sucessor, que também acabou perdendo a função; Aurino Filho, dono de uma das empresas que ganharam contratos para fornecer respiradores; e Cinthya Silva Neumann, sócia de uma outra firma.
Números da pandemia: Rio registra 191 mortes nas últimas 24 horas e quase 20 mil casos acumulados de Covid
O governo comprou, ao todo, mil respiradores de três empresas diferentes. A ARC Fontoura vendeu 400 aparelhos, mas só entregou 52. Os ventiladores mecânicos entregues, no entanto, não são recomendados para o tratamento da Covid-19. O custo total da compra foi de R$183,5 milhões. O governo já havia pago parte deste valor. Na terça-feira, cancelou os contratos com as três empresas.
Até esta sexta-feira, foram cancelados 44 dos 66 contratos emergenciais firmados durante a pandemia, por suspeitas de irregularidades.
Mais irregularidades
Na quinta-feira, uma outra operação resultou na prisão de dez pessoas acusadas de planejar esquemas de superfaturamento em compras e serviços contratados em caráter emergencial na área de saúde do estado. A investigação, conduzida pela Polícia Federal, pelo Ministério Público fluminense e pelo Ministério Público Federal, aponta que até mesmo os hospitais de campanha para tratamento de pacientes com a Covid-19 entraram na mira dos fraudadores, que teriam causado um prejuízo de quase R$ 700 milhões aos cofres do estado nos últimos oito anos.
O empresário Mário Peixoto, que presta serviços ao estado desde 2012, quando o governador era Sérgio Cabral, está entre os presos e seria o chefe dos esquemas. Nesta sexta, o governador Wilson Witzel voltou a desqualificar o Instituto Unir, organização social que, suspeita de irregularidades em contratos, havia sido habilitada, no ano passado, a fechar contratos com o estado.