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Inquérito usado contra empresários bolsonaristas surgiu em drible de Moraes à PGR

SÃO PAULO

O inquérito usado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes para determinar busca e apreensão contra empresários bolsonaristas, nesta terça-feira (23), se manteve em um drible do magistrado a pedido feito em 2021 pela PGR (Procuradoria-Geral da República) para encerrar investigações.

Os empresários passaram a ser investigados por defenderem golpe de Estado em uma rede de mensagens privadas.

O drible se deu em 2021, quando a Procuradoria solicitou ao STF o encerramento da apuração sobre os atos antidemocráticos com o argumento de que os investigadores não encontraram provas contra autoridades com foro especial.

O caso apurava o envolvimento de deputados apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) na organização de movimentos que pediam o fechamento do Congresso e do STF, além da volta do regime militar.

À época, Moraes atendeu ao pedido da PGR pelo arquivamento, mas adotou um drible e determinou a abertura de outra investigação para apurar a existência de uma organização criminosa digital que também atacava instituições democráticas.

Na decisão pela abertura de novo inquérito, o magistrado alegou ser necessário aprofundar as investigações para verificar se aliados de Bolsonaro usaram a estrutura pública do Palácio do Planalto, da Câmara e do Senado para propagar ataques às instituições nas redes sociais.

Moraes fez referência ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) 12 vezes. O ministro mencionou ainda o chefe do Executivo e outros dois filhos dele, o senador Flávio (PL-RJ) e o vereador Carlos (Republicanos-RJ), ao abordar a análise que a Polícia Federal fez sobre contas inautênticas derrubadas pelo Facebook. FOLHA DE SP

Aras diz que não recebeu ‘intimação pessoal’ sobre operação que pegou empresários bolsonaristas, mas Alexandre desmente PGR

Pepita Ortega e Rayssa Motta / O ESTADÃO

23 de agosto de 2022 | 15h33

Augusto Aras. FOTO: ROSINEI COUTINHO/STF

O impacto da operação da Polícia Federal que nesta terça-feira, 23, fez buscas em endereços de empresários bolsonaristas, abriu caminho para um embate entre procurador-geral Augusto Aras e o ministro Alexandre de Moraes. Enquanto o chefe do Ministério Público Federal diz que ‘tomou conhecimento da existência’ da investigação somente nesta manhã, o ministro do Supremo Tribunal Federal contraatacou e desmentiu Aras. Alexandre divulgou certidões que, segundo ele, comprovam que o MPF foi ‘intimado pessoalmente’ de sua decisão às 14h41 desta segunda-feira, 22.

Segundo o ministro, a ordem para buscas contra empresários aliados de Bolsonaro chegou ao gabinete da vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, às 16h40 desta segunda. “Importante ressaltar que esse procedimento de intimação é rotineiro, a pedido da própria PGR, conforme demonstram inúmeros inquéritos e petições que tramitam nesse gabinete”, assevera Alexandre de Moraes em nota.

Em nota divulgada perto das 15h desta terça-feira, a PGR afirmou que a totalidade da investigação ainda não havia remetida ao órgão para ‘ciência formal’ da decisão assinada por Alexandre na sexta-feira, 19, ordenando as diligências executadas nesta manhã.

Aras alega que ‘não houve intimação pessoal’ da ordem judicial. A Procuradoria-Geral da República afirmou, em nota, que houve ‘entrega, em procedimento não usual, de cópia da decisão na tarde dessa segunda-feira, 22, em sala situada nas dependências do STF, onde funciona unidade de apoio aos subprocuradores-gerais da República e ao PGR’. A sala é um escritório de apoio, que não conta com a presença continua de procuradores, apenas servidores.

Estadão apurou que o documento foi entregue a uma funcionária terceirizada da Procuradoria. Nos bastidores da PGR, a comunicação sobre a decisão de Alexandre foi vista como ‘fora do padrão’. Fontes ligadas ao órgão sustentam que o Ministério Público ‘tem que ser intimado pessoalmente’. Essa intimação, segundo procuradores, deve ser acompanhada dos autos da investigação, com todas as informações constantes no bojo da apuração, não somente a cópia da decisão que determinou as diligências.

Rotineiramente, oficiais de Justiça levam à PGR as decisões dos ministros dos tribunais superiores. Não foi isso que aconteceu no caso da operação contra empresários bolsonaristas, segundo a Procuradoria.

Ao ordenar as diligências contra empresários que, em um grupo de Whatsapp, teriam defendido um golpe de Estado em caso de eventual vitória de Lula no pleito deste ano, Alexandre de Moraes atendeu um pedido da Polícia Federal. Oito aliados do presidente Jair Bolsonaro foram alvo das diligências executadas pela PF em cinco Estados nesta terça, 23.

Alexandre de Moraes também determinou a quebra de sigilo bancário e telemático (de mensagem) dos empresários, ordenou o bloqueio de contas dos investigados e ainda mandou suspender seus perfis nas redes sociais. O Estadão apurou que celulares foram apreendidos e serão periciados pela PF.

Não é a primeira vez que Moraes autoriza uma operação contra aliados bolsonaristas sem consultar a PGR. Em maio do ano passado, Aras também veio a público dizer que não foi avisado da operação que fez buscas contra o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.

A própria origem da investigação que pegou os empresários apoiadores do presidente nesta terça foi aberta contra a vontade da PGR. O procurador-geral já havia sugerido o arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos. Ao encerrar este inquérito, porém, Moraes autorizou o intercâmbio de provas e mandou rastrear o que chamou de ‘organização criminosa’ identificada pela PF, dando origem à nova apuração, denominada inquérito das milícias digitais.

A investigação na qual as diligências contra empresários bolsonaristas foram ordenadas é apenas uma das que tramitam no gabinete de Alexandre de Moraes e incomodam o Palácio do Planalto. O presidente Jair Bolsonaro é alvo de cinco apurações, sendo que em duas delas a Polícia Federal viu crime por parte do chefe do Executivo.

Em um inquérito, a Procuradoria-Geral da República já deu parecer – contrariou a conclusão da PF e defendeu o arquivamento da investigação sobre suposta violação de sigilo, por parte de Bolsonaro, com a divulgação de informações da Polícia Federal usadas pelo chefe do Executivo para fazer ataques ao sistema eletrônico de votação.

Tal investigação gerou um impasse entre a Procuradoria e o ministro. No parecer mais recente sobre o caso, no qual reiterou o pedido de arquivamento, a vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo, braço direito de Aras, afirmou que Alexandre ‘violou o sistema processual acusatório, na medida que decretou diligências investigativas e compartilhou provas de ofício, sem prévio requerimento do titular da ação penal pública’.

Ainda segundo Lindôra, o ministro atropelou até mesmo a Polícia, que havia dado como concluída a investigação. Alexandre mandou os investigadores fazerem um novo relatório, de caráter adicional, no bojo da apuração, mesmo depois de a PF já ter apresentado suas conclusões implicando Bolsonaro.

Leia a íntegra da nota divulgada pela PGR

O procurador-geral da República, Augusto Aras, esclarece que tomou conhecimento, nesta terça-feira (23), da existência da Petição 10.543, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF).

Os autos ainda não foram remetidos à Procuradoria-Geral da República (PGR) para ciência formal da decisão do dia 19 de agosto, que determinou as diligências cumpridas nesta manhã.

Informa também que não houve intimação pessoal da ordem, conforme previsão da Lei Complementar LC 75/93 (art. 18, II, “h”), apenas entrega – em procedimento não usual – de cópia da decisão, na tarde dessa segunda-feira (22), em sala situada nas dependências do STF, onde funciona unidade de apoio aos subprocuradores-gerais da República e ao PGR.

PF avalia defender teste de urna igual ao proposto por militares

Por Vinícius Valfré e Julia Affonso / O ESTADÃO

 

BRASÍLIA — A Polícia Federal discute apresentar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proposta de realização de um teste de segurança nas urnas eletrônicas em seções eleitorais no dia da votação. A ideia já é defendida pelas Forças Armadas. Internamente, policiais veem como prudente a sugestão dos militares de mudança na testagem que é tradicionalmente adotada pela Corte eleitoral.

 

Atualmente, as urnas são sorteadas e levadas a tribunais regionais para o chamado teste de integridade no dia da votação. O Ministério da Defesa quer que isso seja feito na própria seção eleitoral, com a participação de eleitores.

Há uma expectativa de que o grupo de trabalho entre na queda de braço patrocinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) contra TSE e ministros da Corte eleitoral.
Há uma expectativa de que o grupo de trabalho entre na queda de braço patrocinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) contra TSE e ministros da Corte eleitoral. Foto: TSE/Reprodução

Peritos da PF começaram a analisar nesta segunda-feira, 23, o código-fonte da urna eletrônica em um ambiente controlado do TSE. A verificação vai se estender até a próxima sexta-feira. A mesma inspeção já foi feita pelos militares. A análise ocorre na mesma semana em que o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, receberá, em seu gabinete, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. O general vai ao tribunal hoje, para um encontro com o ministro, na tentativa de reverter a crise entre Corte e militares.

A pauta do encontro é tratada com reserva pelo gabinete de Moraes, mas assessores disseram acreditar que a primeira reunião entre o representante da Justiça Eleitoral e o ministro sirva para reduzir a tensão da relação com as Forças Armadas durante a gestão de Edson Fachin no comando do TSE, além de recuperar o diálogo que se esvaziou nos últimos meses.

Depois de receber o titular da Defesa, Moraes terá uma segunda reunião com o diretor-geral da Polícia Federal, Marcio Nunes de Oliveira, e com o diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Caio Rodrigo Pelim, também em seu gabinete.

Em junho, a PF criou um grupo de trabalho para tratar exclusivamente de ações de fiscalização e auditoria do sistema de votação, com delegados e peritos da Diretoria de Inteligência Policial, área conhecida por lidar com casos de alta complexidade. O núcleo, instituído por portaria do diretor-geral da corporação, assumiu atribuições que até então cabiam a áreas distintas, como as divisões de Crimes Cibernéticos e de Crimes Eleitorais.

Há uma expectativa de que o grupo de trabalho entre na queda de braço patrocinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) contra TSE e ministros da Corte eleitoral. Candidato à reeleição, Bolsonaro cobrou ação incisiva das Forças Armadas para interferir nos sistemas de votação e disseminou informações falsas a respeito das urnas eletrônicas.

Segundo interlocutores do novo grupo de trabalho, a ideia dos militares de promover o teste na própria seção eleitoral é bem-vista por integrantes desse núcleo da PF. Além de observarem a pertinência técnica da medida, policiais também consideram o impacto institucional positivo da proposta, por servir para “acalmar os ânimos” na crise criada por Bolsonaro.

Agentes federais que veem a ideia com simpatia dizem, ainda, que ela elevaria a certeza da segurança do sistema de votação a um nível que cessaria a desinformação e os ataques.

Até o momento, o TSE tem considerado a medida desnecessária sob o argumento de que não traria ganhos de segurança e que também poderia confundir os votantes. Além de nunca ter sido comprovada uma fraude no sistema de votação adotado no País, os métodos utilizados desde que esse modelo foi adotado se mostraram eficazes e seguros.

Técnicos da Justiça Eleitoral avaliam como inviável convencer diversos eleitores a comparecer ao ambiente de teste, contribuir com a biometria e esperar o desfecho do experimento. Ponderam, ainda, que em uma seção eleitoral pode haver tumultos, o que prejudicaria o procedimento.

Procurado, o TSE não se manifestou sobre a proposta em estudo pela PF.

Para entender: Alterações em procedimento do TSE

Teste de integridade

O teste de integridade é uma espécie de votação simulada, realizada desde 2002, para oferecer mais uma garantia de que as urnas contabilizam os votos corretamente. Centenas de aparelhos são sorteados e levados para um ambiente específico dos tribunais eleitorais dos Estados.

Como funciona o teste

Em ambiente monitorado, servidores digitam nas urnas votos previamente registrados em papel. O objetivo é mostrar que a contagem da máquina bate com a das cédulas. Isso se dá sem a presença de eleitores, mas tudo é acompanhado por fiscais, filmado e até transmitido pela internet.

O que propõe a Defesa

A proposta é realizar essa testagem sem levar as urnas aos tribunais. A máquina sorteada seria levada para espaço no próprio local de votação. Eleitores voluntários habilitariam a urna-teste com a biometria. Só então servidores registrariam os votos. Para militares e agentes que defendem a ideia, o destravamento da urna por biometria permitiria conduzir o experimento em “condições e ritmos reais”.

Despejos e reintegrações na pandemia

Daniel Alexandre Sarti, O Estado de S.Paulo

20 de agosto de 2022 | 03h00

A pandemia da covid-19, que começou em meados de março de 2020, resultou numa série de restrições envolvendo um número elevado de pessoas, justamente pelo fato de que grandes aglomerações podem influenciar numa maior difusão do coronavírus, bem como de suas diversas variantes, cujos efeitos ainda são objeto de inúmeros estudos da comunidade científica e médica em geral.

O Poder Judiciário sentiu e sente os efeitos desta crise sanitária global, tendo sido adotadas várias medidas visando a eliminar, ou ao menos a minimizar, os impactos trazidos pela pandemia – ainda que tais medidas possam decorrer de ações propostas por pessoas com os mais diversos interesses políticos e sociais.

Assim, no ano de 2021 foi proposta uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) visando a obstar, ainda que temporariamente, os despejos e reintegrações realizados no País, já que tais procedimentos podem resultar em inúmeros conflitos envolvendo um número considerável de pessoas que ocupam um determinado terreno, cenário propício para a ampla transmissão do novo coronavírus.

Esta ação, na forma da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 828, sob relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, tornou-se o instrumento adotado para legitimar a suspensão das ordens de retomada de bens imóveis ilegalmente ocupados por famílias. Esse processo está registrado sob o n.º 0052042-05.2021.1.00.0000.

Cabe enfatizar, aqui, que a política de acesso a moradia tornou-se uma das obrigações mais importantes que o poder público deve cumprir, sendo certo que os resultados trazidos pelas ações adotadas estão abaixo das expectativas de boa parte da sociedade. Porém essa situação não pode ser utilizada como justificativa para fins de ocupação indiscriminada de imóveis de maneira irregular, já que essa conduta, além de não resolver definitivamente o drama da moradia, contribui para agravar um cenário de apreensão e violência na sociedade brasileira.

Quando a ação foi proposta, a pandemia no Brasil encontrava-se num dos seus momentos mais dramáticos, com o número diário de contaminados e mortos sendo registrado nos órgãos públicos, resultando em inúmeras medidas de restrição social adotadas pelas diversas entidades da Federação (por exemplo, a antecipação de feriados municipais, a suspensão do funcionamento de locais que formavam aglomerações, tais como shoppings, danceterias, etc.).

Além disso, em outubro de 2021 foi aprovado o projeto que resultou na Lei Federal n.º 14.216/2021, cujo teor estabelecia a suspensão de ordens de remoção e despejo em imóveis urbanos até o dia 31 de dezembro daquele ano.

Desde então, uma série de decisões adotadas pelo relator na ação supracitada acabou prorrogando as suspensões de despejo, englobando não apenas os imóveis urbanos, mas também aqueles localizados no meio rural, sem que tais decisões efetivamente estejam em consonância com o cenário de combate à pandemia ou estejam balizadas em critérios epidemiológicos.

No entanto, um dos efeitos trazidos por este processo e os atos desde então praticados pelo relator são uma série de decisões judiciais adotadas em processos individuais que, baseando-se na ADPF em discussão, estabelecem a suspensão das ordens de despejo e reintegrações de natureza individual.

Ora, essas decisões fogem ao que consta no próprio teor da ação que tramita no STF, já que a proteção contra despejos concedida neste processo engloba apenas as reintegrações de natureza coletiva, assim entendidas como aquelas que envolvem um número indeterminado de ocupantes.

É o que ocorre, por exemplo, nos casos envolvendo inúmeras famílias que invadem um terreno na beira de uma avenida ou estrada, para fins de instalação de barracos que não têm o mínimo de segurança quanto à sua estrutura.

Não é o caso das reintegrações e dos despejos atrelados a ações em que os réus se encontram devidamente identificados previamente, como é o caso de uma ação de despejo contra um locatário que não cumpriu com as obrigações decorrentes de um contrato anteriormente celebrado.

Evidentemente que já existem julgados que buscam corrigir essa interpretação, procurando harmonizar o andamento dos processos individuais com a própria ação que tramita no STF. É o que pode ser destacado no julgamento do Agravo de Instrumento n.º 2272327-90.2021.8.26.0000, em trâmite no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Desta forma, é fundamental que os diversos julgadores busquem identificar quais são as ações que envolvem despejos ou reintegrações individuais ou coletivas, evitando aplicar de forma indiscriminada as decisões que são proferidas no âmbito da ADPF que tramita na Suprema Corte.

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ADVOGADO, CONSULTOR JURÍDICO, É ESPECIALISTA EM DIREITO EMPRESARIAL PELA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE 

PGR diz que usou fundamentos ‘sólidos’ e reforça pedido para arquivar investigação sobre prevaricação de Bolsonaro e aliados na pandemia

Rayssa Motta / O ESTADO DE SP

19 de agosto de 2022 | 16h20

Presidente Jair Bolsonaro. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Procuradoria-Geral da República (PGR) reiterou nesta sexta-feira, 19, o pedido para o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivar parte das investigações abertas contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados do governo a partir das revelações da CPI da Covid.

A cúpula da comissão parlamentar insiste que, antes de encerrar o caso, o STF aguarde a Polícia Federal (PF) organizar o material que acompanhou o relatório final aprovado pelos senadores. Esse trabalho está sendo feito em uma outra frente de investigação, que também foi aberta a partir do relatório final da CPI da Covid e apura se Bolsonaro e seus aliados incitaram a população a descumprir medidas sanitárias de enfrentamento da pandemia.

A vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo disse que usou fundamentos “sólidos” para pedir o arquivamento e que as medidas de investigação em andamento “não têm potencialidade para alterar o entendimento”.

“Não há entre os procedimentos conexão instrumental ou relação de prejudicialidade apta a obstar o arquivamento da presente Petição”, escreveu em manifestação enviada ao gabinete da ministra Rosa Weber.

Além de Bolsonaro, a investigação também atinge o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, seu antecessor, o general Eduardo Pazuello, e o ex-secretário Executivo da Pasta, Antônio Elcio Franco Filho, por suspeita de prevaricação na compra da vacina indiana Covaxin e na crise de oxigênio no Amazonas.

As suspeitas de irregularidades na negociação para a compra da Covaxin vieram a público na CPI da Covid. O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão do parlamentar, Luis Ricardo Miranda, que é servidor do Ministério da Saúde, disseram em depoimento à comissão parlamentar que o presidente ignorou alertas a respeito de suspeitas de corrupção no processo de aquisição do imunizante fabricado pelo laboratório Bharat Biotech. A PGR chegou a abrir uma investigação sobre o caso, antes mesmo da conclusão da CPI, mas decidiu encerrar o caso sem denunciar o presidente.

A investigação sobre a responsabilidade do Ministério da Saúde no desabastecimento de oxigênio hospitalar em Manaus, que causou a morte por asfixia de pacientes internados com covid-19, ainda não foi concluída. Uma ação de improbidade aberta contra Pazuello e outros servidores do alto escalão da pasta foi arquivada por causa da reforma na Lei de Improbidade aprovada pelo Congresso e sancionada em outubro do ano passado por Bolsonaro.

Maioria do STF é favorável à aplicação da nova lei de improbidade em processos antigos que ainda estão em curso

Por André de Souza — Brasília O GLOBO

 

Sete dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram a favor da retroatividade da nova lei de improbidade administrativa, ou seja, eles entendem que a norma pode ser usada para beneficiar pessoas acusadas ou condenadas por atos ocorridos antes da sua entrada em vigor, em outubro de 2021. Para isso ocorrer, porém, é necessário que os processos ainda estejam abertos na Justiça, e que os réus tenham sido acusados de cometer atos "culposos", ou seja, caso em que não houve a intenção de cometer a irregularidade. Todos os ministros já votaram, mas os termos exatos da tese, ou seja, da decisão do plenário do STF ainda vão ser analisados nesta quinta-feira.

 

A nova lei de improbidade também alterou os prazos de prescrição, mas seis dos 11 ministros entenderam que eles não podem ser aplicados nos casos antigos, ou seja, não retroagem. Um meio termo foi aplicado na chamada prescrição intercorrente: a nova lei determinou que, uma vez apresentada a ação de improbidade, há um prazo de quatro anos para a sentença. No caso dos processos antigos, esse prazo começará a contar não a partir da abertura da ação, mas a partir do momento em que a nova lei entrou em vigor, em 2021.

 

Seis dos 11 ministros do STF também foram contra a possibilidade de a nova lei ser usada para beneficiar pessoas condenadas em processos com trânsito em julgado, ou seja, aqueles que já foram encerrados e nos quais não é mais possível recorrer. Esta é a quarta sessão de julgamento no plenário do STF de uma ação em que vai ser decidido se a nova lei de improbidade administrativa pode retroagir. Mais branda que a edição anterior, por indicar que só devem ser punidos quem tinha “dolo”, ou seja a intenção de cometer irregularidades, a norma pode beneficiar uma série de políticos, inclusive alguns que pretendem disputar as eleições de outubro.

Processos em andamento

No caso das ações que seguem abertas, o que inclui aquelas em que já houve condenação, mas ainda há recursos pendentes de análise, seis ministros já votaram para que a nova lei seja aplicada para beneficiar os acusados por atos "culposos": o relator, Alexandre e Moraes, André Mendonça, Nunes Marques, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e o presidente da Corte, Luiz Fux. Moraes evitou usar a palavra "retroagir", mas seu voto é no sentido de aplicar a nova lei para casos antigos.

Os quatro ministros contrários à retroatividade — Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Cármen Lúcia — entendem que isso só pode ocorrer, para beneficiar os acusados, em lei penal. A lei de improbidade, embora preveja sanções como perda dos direitos políticos e proibição de firmar contratos com a administração pública, não é considera uma norma penal.

— Entendo que a retroatividade benéfica da lei penal deve ter uma interpretação restritiva, ou seja, circunscrita ao direito penal, na expressa dicção da Constituição Federal, não alcançando o direito administrativo sancionador, mais dinâmico e voltado à tutela do interesse público — disse Rosa Weber na sessão desta quinta-feira.

A corrente contrária, favorável à retroatividade, avaliou de forma diferente.

— A retroatividade da lei mais benéfica encontra amparo institucional, aplicado àqueles que praticaram um ilícito correspondente à improbidade, que não deixa de ser um microssistema do direito penal estatal — afirmou Lewandowski.

Processos já encerrados

Votaram contra a possibilidade de rever casos já encerrados o relator, ministro Alexandre de Moraes, mais Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Nunes Marques. Outros cinco — André Mendonça, Nunes Marques, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes — avaliam que esses processos podem ser revistos. No caso de Mendonça e Lewandowski, isso se daria por meio de uma nova ação rescisória, uma vez que a ação original já foi encerrada.

Prescrição

A nova lei de improbidade também alterou os prazos de prescrição. Por enquanto cinco ministros — Mendonça, Marques, Toffoli, Lewandowski e Mendes — entendem que a lei retroage, enquanto outros cinco são contra.

PGR pede que Moraes envie ao plenário recurso para arquivar inquérito sobre dados sigilosos divulgados por Bolsonaro

Por Fernanda Vivas e Márcio Falcão, g1 — Brasília

 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta quarta-feira (17) que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), coloque em julgamento no plenário um recurso que pede o arquivamento do inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro vazou dados sigilosos de uma investigação da Polícia Federal ainda não finalizada.

 

Em agosto de 2021, o presidente divulgou nas redes sociais a íntegra de um inquérito da Polícia Federal que apura suposto ataque ao sistema interno do TSE em 2018 – e que, conforme o próprio tribunal, não representou qualquer risco às eleições.

Por lei, qualquer servidor público tem obrigação de proteger informações sigilosas. A Polícia Federal concluiu em relatório que Bolsonaro cometeu crime ao divulgar os documentos, mas decidiu não indiciar o presidente.

 

A PGR já pediu por duas vezes o arquivamento do Inquérito que acusa Bolsonaro de vazar os dados sigilosos.

 

A primeira manifestação da PGR foi feita por determinação de Moraes. No parecer, o procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que mesmo que as informações tenham sido divulgadas pelo presidente de forma "distorcida", não houve crime na conduta.

 

O segundo pedido da PGR para que o caso fosse encerrado foi feito no início do mês. No recurso assinado pela vice-procuradora-geral Lindôra Araújo, a PGR afirmou que o ministro Alexandre de Moraes tinha violado o sistema acusatório ao determinar novas medidas na apuração, como a elaboração de um relatório da PF sobre celular apreendido.

 

Moraes rejeitou ao pedido de arquivamento e afirmou que a própria PGR concordou com as novas medidas determinadas na apuração.

"Em 4 (quatro) das 5 (cinco) oportunidades de atuação do Ministério Público, a Procuradoria Geral da República manifestou-se por meio da Dr. Lindôra Maria Araújo, vice-procuradora Geral da República, que, por meio de sua ciência, concordou com as referidas decisões, inexistindo a interposição de qualquer pedido de reconsideração, impugnação ou recurso no prazo processual adequado".

 

Na manifestação desta quarta-feira (17), Lindora Araújo pediu que o recurso seja julgado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).

 

“Ao tempo em que reitera as razões das anteriores manifestações ministeriais quanto ao arquivamento deste inquérito e de seus incidentes procedimentais, e considerando que, na data de 01 de agosto de 2022, já apresentou parecer ministerial sobre o agravo regimental interposto pela AGU em 06 de maio de 2022, requer seja o referido recurso submetido ao órgão colegiado do Pretório Excelso", diz a manifestação.

Dança das cadeiras no TSE coloca antagonista de Moraes no plenário da Corte

Por Rafael Moraes Moura — Brasília O GLOBO

 

Além da posse de Alexandre de Moraes, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passará nos próximos dois meses por uma série de mudanças que vão alterar a dinâmica interna do tribunal e a correlação de forças da Corte em um momento crucial da campanha.

A mais relevante é a saída do ministro Mauro Campbell, que completa o mandato no TSE no próximo dia 30 de agosto e será substituído pelo colega Raul Araújo, do STJ.

Campbell é amigo de Alexandre de Moraes e foi escolhido pelo novo presidente do TSE para falar na posse que reuniu a classe política em Brasília, na noite da última terça-feira (16).

“Ter Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral é uma forma muito peculiar de benigna interferência do destino em nossa história recente. Ninguém melhor do que o nosso novo Presidente do TSE que está talhado para conduzir as eleições de modo firme, imparcial, técnico, previsível e democrático”, discursou Campbell. A vaga de Campbell é uma das duas da corte eleitoral reservadas ao STJ. Raul Araújo, que ocupará seu lugar, é hoje ministro-substituto do TSE e foi autor das duas decisões mais polêmicas do tribunal neste ano – e em ambas acolheu pedidos do presidente Jair Bolsonaro.

Como ministro substituto, Araújo cuida de ações de propaganda eleitoral.

Em março, ele proibiu manifestações políticas de artistas no festival Lollapalooza, o que na prática funcionou como uma censura contra a classe artística.

Diante da péssima repercussão do episódio perante a opinião pública, o PL, partido de Bolsonaro, desistiu da ação e o ministro arquivou o caso.
Em outra decisão controversa, Araújo atendeu a um pedido do PL determinando que fossem apagados vídeos de Lula chamando Bolsonaro de “genocida”.
A aposta é de que a troca de Campbell por Araújo cria um polo de antagonismo a Alexandre de Moraes no plenário da Corte.
Isso porque, embora seja considerado afeito ao diálogo, ele tem demonstrado um padrão de posicionamentos divergente dos do atual presidente da corte.
“Considerando como ele tem se posicionado nos últimos meses — mais alinhado com as teses defendidas pelo jurídico do Bolsonaro — me parece que teremos um grande antagonista ao Alexandre de Moraes”, afirma um interlocutor dos ministros.
Mesmo antes de se tornar titular, Araújo já vem exercendo esse papel.
Conforme revelou a coluna, a decisão de Araújo de vetar “Bolsonaro genocida” atropelou uma costura que Moraes vinha fazendo nos bastidores em sentido radicalmente diferente – o de considerar que acusações como “genocida” feita a Bolsonaro estavam nos limites aceitáveis para a liberdade de expressão.
O tema deverá ser enfrentado pelo plenário do TSE nas próximas semanas.
Com a saída de Edson Fachin do tribunal, Cármen Lúcia deixa de ser ministra-substituta do TSE e se torna titular, na cota do STF.
O tribunal tem sete ministros titulares e sete substitutos, com mandatos de dois anos cada. Tanto no grupo de titulares como no de substitutos, três são do Supremo Tribunal Federal (STF), dois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outros dois da classe dos juristas.
Mas essa troca em específico não deve mudar a correlação de forças no TSE, porque tanto Carmem como Fachin são considerados ministros linha dura, rigorosos no combate à corrupção e às fake news – e árduos defensores das urnas eletrônicas..
Só que a efetivação de Cármen Lúcia e Raul Araújo ainda vão provocar duas novas trocas no TSE que prometem novos rounds de tensão na corte.
Da cota do STF, o ministro Dias Toffoli deve chegar ao TSE e pode herdar os casos de propaganda de Cármen Lúcia.
Isso porque Moraes quer evitar a todo custo que essas ações caiam nas mãos do ministro Kassio Nunes Marques, que já é substituto e seguirá nesse status apesar de todo o troca-troca.
Indicado por Bolsonaro, Nunes Marques é alinhado aos interesses do Planalto. Só no STF, tomou duas decisões que derrubaram a cassação de deputados bolsonaristas, anulando entendimentos do plenário do TSE, o que aprofundou o seu desgaste nos dois tribunais.
Da cota do STJ, a ministra Isabel Gallotti também deve desembarcar no TSE no próximo mês. Assim como Raul, ela é considerada conservadora e mais palatável ao bolsonarismo.
Em 2019, o marido de Gallotti, o ministro Walton Alencar Rodrigues, do Tribunal de Contas da União (TCU), promoveu um almoço para comemorar o seu aniversário. Bolsonaro foi convidado e compareceu.
Alencar atuou nos bastidores para emplacar Gallotti em uma das vagas que foram abertas no STF nos últimos anos, mas não conseguiu – pelo menos por enquanto.

A micareta na posse de Moraes no TSE

Festa estranha com gente esquisita. É o resumo da posse do novo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Péssimo sinal dos tempos que um rito, que deveria ser banal na engrenagem da máquina pública, esteja tão badalado quanto camarote na Sapucaí.

Alexandre de Moraes assume a presidência numa cerimônia em que está prevista a presença de 20 governadores, ex-presidentes e os dois candidatos mais bem colocados na disputa pelo Planalto. Todos se detestam. É um Drummond às avessas. Moraes que não gosta de Bolsonaro que não gosta de Lula que não gosta de FHC que não gosta de Dilma que não gosta de Temer que gosta dele mesmo. Em nome da democracia foi convidada para a mesma festa gente que prefere ver o outro pelas costas. Ou pelas grades.

O novo presidente do TSE é um "canalha" para o presidente da República. O presidente da República tem por inimigo de morte um ex-presidente, atual favorito. O tal ex-presidente, atual favorito, tem lá seus motivos para não gostar de alguns ministros do STF. Estarão lá ministros do STF que autorizaram a prisão e depois soltaram o ex-presidente que é favorito. Uma ex-presidente que tem por inimigo de morte um ex-presidente, antes seu vice. O tal ex-presidente, antes vice, que nomeou para o STF o presidente do TSE que agora toma posse e que participou com ele de um conchavo para livrar a cara do presidente golpista pelas ameaças no último 7 de setembro. Só faltará o ex-ministro do presidente que, de forma nada republicana, condenou o ex-presidente, atual favorito.

Juntar tantas estrelas da política é um sinal inequívoco de apoio ao tribunal e ao sistema eleitoral, mas também uma clara demonstração de enfraquecimento da instituição diante dos ataques feitos pelo bolsonarismo. Em nome da democracia, podem até fingir que não se odeiam, e a gente finge que acredita nas instituições.

Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV. / folha de sp

Ministro: teto do ICMS pode ser revisto se estados perderem receita

A equipe econômica poderá rever o teto do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), caso os estados provem perda de arrecadação, disse hoje (16) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele participou de audiência de conciliação entre estados e a União, promovida pelo ministro Gilmar Mendes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

A participação de Paulo Guedes não estava prevista na agenda oficial. Durante o discurso, o ministro disse que as unidades da Federação continuam com o caixa cheio e que eventuais perdas de receita com a fixação do teto do ICMS poderão resultar numa revisão da proposta.

"Vamos ver o saldo antes de a gente brigar. É extraordinariamente sábia a decisão do ministro Gilmar [Mendes]. Vamos ver os números? Se os números mostrarem que houve aumento de arrecadação forte, apesar da redução das alíquotas, então segue o jogo. Se, ao contrário, mostrar que houve prejuízo à Federação, eu mesmo vou ficar envergonhado e vou querer rever", declarou Guedes. “Ninguém sacrificou [os gastos em] saúde e educação”, continuou.

Em junho, o Congresso aprovou a fixação do teto do ICMS de 17% a 18% sobre combustíveis, energia elétrica, transportes e comunicações. O Comitê Nacional de Secretários de Fazenda (Comsefaz), que representa as Secretarias Estaduais de Fazenda, rechaça a versão do governo e alega que as unidades da Federação perderão R$ 92 bilhões por ano com o teto.

Segundo Guedes, a redução de impostos indiretos (que incidem sobre o consumo), como o ICMS está sendo compensada pela falta de correção da tabela do Imposto de Renda, cuja receita é partilhada com estados e municípios. “A arrecadação de Imposto de Renda está subindo bastante, o que acaba equilibrando a balança”, declarou.

Repasse de ganhos

O ministro da Economia voltou a afirmar que as desonerações em vigor neste ano visam a repassar para a população a arrecadação extraordinária com a recuperação da economia. “Além do ICMS, reduzimos impostos como o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]. [Mesmo assim], estamos com um [resultado] fiscal muito forte, nunca foi tão forte”, declarou.

Guedes negou existir qualquer conflito entre a União e os estados. Lembrou que, nos últimos anos, o governo federal fechou um acordo em relação à Lei Kandir, transferiu cerca de R$ 11 bilhões da cessão onerosa do pré-sal aos governos locais e concedeu um pacote de ajuda durante a pandemia de covid-19.

“Todo mundo deve ter uma posição mais confortável hoje. Agora, começam a se acumular distorções, como o piso da enfermagem, que talvez se torne insustentável para os municípios em algum momento”, concluiu Guedes. Sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro no início do mês, o piso estabeleceu salário mínimo de R$ 4.750 para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras. O presidente vetou um artigo que previa reajuste anual pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Edição: Bruna Saniele / AGÊNCIA BRASIL

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