Governo libera R$ 3,3 bilhões para sete ministérios e uma agência
Por Manoel Ventura — Brasília O GLOBO
O governo Jair Bolsonaro liberou R$ 3,3 bilhões para serem usados por ministérios nos últimos dias do ano, num momento em que diversos órgãos reclamam de falta de recursos. A medida foi publicada no Diário Oficial da União de terça-feira.
Segundo o Ministério da Economia, serão sete ministérios beneficiados e uma agência:
- Ministério da Economia, com R$ 300 milhões
- Ministério da Educação, R$ 300 milhões
- Ministério da Justiça e Segurança Pública, R$ 32,7 milhões
- Ministério de Minas e Energia, R$ 50 milhões
- Ministério da Saúde, R$ 2,295 bilhões
- Ministério do Trabalho e Previdência, R$ 25 milhões
- Ministério da Cidadania, R$ 300 milhões
- Agência Nacional de Aviação Civil, R$ 4 milhões
Os valores não foram desbloqueados, mas sim remanejados. Ou seja, transferido de uma verba que não estava sendo usada para outra mais urgente. E cada área decidirá como usar o recurso.
"As realocações ocorrem após a reavaliação, por essas pastas, da previsão de pagamentos a serem realizados dentro do exercício e mediante justificativa técnica de que tais despesas obrigatórias não serão executadas financeiramente no exercício", diz o Ministério da Economia, em nota.
Ou seja, segundo o ministério, as pastas fizeram uma reavaliação e perceberam que não vão mais precisar de parte da verba que estava separada para o pagamento de despesas obrigatórias, porque estas não vão mais se realizar. Com isso, conseguiram remanejar esse dinheiro para outras áreas.
Ainda de acordo com o Ministério da Economia, o Orçamento de 2022 continua bloqueado em R$ 15,380 bilhões para cumprimento do teto de gastos, a regra fiscal que limita o crescimento das despesas da União.
Há a expectativa de que o Ministério da Economia anuncie em meados deste mês um desbloqueio de parte desses recursos que estão bloqueados.
Petrobras reduz preço do gás de cozinha em 9,7% para distribuidoras
O preço do gás de cozinha vendido pela Petrobras às distribuidoras terá uma redução de 9,7% a partir de amanhã (8), anunciou hoje (7) a estatal. Segundo a estatal, o valor médio pago por essas empresas a cada 13kg do combustível terá uma queda de R$ 4,55.
O gás de cozinha é chamado oficialmente de gás liquefeito de petróleo (GLP), e a diminuição anunciada hoje pela Petrobras fará com que o quilo do GLP vendido pela estatal caia de R$ 3,5837 para R$ 3,2337.
O valor cobrado pela petrolífera brasileira corresponde a 42,5% do preço final que as famílias pagam pelo botijão, que custa, em média, R$ 109,75 no país.
Distribuidores e revendedores de combustíveis ficam com 47% do valor pago pelo consumidor final, e 10,5% vão para as unidades da federação por meio do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
A Petrobras afirma que o ajuste no preço anunciado hoje acompanha a evolução dos valores de referência no mercado internacional. A empresa justifica que sua prática de preços é buscar o equilíbrio dos seus preços com o mercado sem o repasse para os valores internos das variações constantes nos preços de negociação do GLP e do dólar no exterior.
Edição: Valéria Aguiar / AGÊNCIA BRASIL
BNDES é um hub de desenvolvimento para o Brasil, diz Montezano
O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, disse que nos três anos que passou à frente da instituição aprendeu que não se deve subestimar o banco, porque sempre que isso ocorreu os resultados foram surpreendentes. De acordo com Montezano, o BNDES tem que ser visto como um hub de desenvolvimento multidimensional para o Brasil, onde o capital financeiro é importante, mas há a capacidade de absorver e processar informação de forma clara, criar e irradiar inovação, não há instituição semelhante para fazê-lo como o BNDES.
“Não subestime o BNDES. Se o banco fosse uma empresa listada, a gente diria em um termo de mercado, não shorteia [o termo vem da palavra short de origem no inglês, para designar operações de compra e venda de ativos no mercado de capitais] a nossa ação, porque todas as vezes que de alguma forma eu ou qualquer pessoa do banco, funcionário, conselheiro subestimou o banco, a gente errou. O banco surpreendeu e surpreendeu para cima”, apontou durante a abertura do encontro BNDES Day, promovido pela instituição e pelo Ministério da Economia, na sede do banco, no centro do Rio.
O diretor de Pessoas e Cultura do BNDES, Rodrigo Aquino, lembrou que, por trás das conquistas do banco, estão os que trabalham lá e se esforçam para garantir a função do BNDES. “Não shorteie o BNDES, porque quando se desafia o empregado do BNDES, ele responde sempre e muito acima da expectativa. A gente está aqui, somos uma instituição de Estado e temos uma das missões mais nobres”, disse o diretor que também é empregado de carreira da instituição.
Ainda na abertura, Montezano disse esperar que, ao fim dos dois dias de BNDES Day, a instituição seja um banco mais aberto e focado no desenvolvimento multidimensional. “O objetivo principal deste nosso evento é fazer o nosso BNDES cada vez mais aberto. O BNDES aberto traduz muito do que a gente enxerga como filosofia para um banco de desenvolvimento", disse, acrescentando que o mundo vai continuar mudando muito rápido e ter um banco integrado com a sociedade criando inovações, abrindo mercado e trabalhando com parceiros é algo primordial para a instituição e para o Brasil.
Segundo o presidente, basear o desenvolvimento apenas na dimensão financeira foi útil durante determinada época, mas que isso já ficou para trás. “Esse BNDES tem que estar pensando na quantidade de pessoas com conexão no saneamento, em população brasileira com acesso à banda larga, escolas adequadamente capacitadas, informação de IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] de municípios em vários rincões do Brasil”, apontou.
Legado
Sem mencionar os valores, o presidente disse que o banco atualmente tem “a maior carteira de concessão do planeta em privatização” com destaque para os ativos ambientais.
Montezano afirmou que o BNDES voltou a estar entre as 100 marcas mais valiosas do Brasil e ressaltou que a atuação do banco atendeu a todas as esferas políticas do país. “Do Amapá ao Rio Grande do Sul, o banco atendeu e continua atendendo todas as ideologias, todos os partidos de forma independente, neutra e técnica como tem que ser um banco de Estado como o BNDES”, assegurou.
“Temos esse grande orgulho de deixar este legado para o Brasil. Um banco que há seis anos atrás era questionado reputacionalmente, era questionado estrategicamente e passou por diversos desdobramentos gerenciais. O que a gente enxerga para a frente é um BNDES plenamente capacitado para fazer a sua função de banco de desenvolvimento nesse mundo em que a única certeza é o desconhecimento e sem deixar de lado os grandes desafios que o banco ainda tem”, concluiu.
Edição: Lílian Beraldo / AGÊNCIA BRASIL
Ceará terá novo açude com 1 bilhão de metros cúbicos
Em primeira mão: a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) está elaborando o projeto de construção do açude Canto das Pedras, na geografia dos municípios de Granja e Coreaú.
Uma fonte ligada à SRH informou que a capacidade desse reservatório será de 1 bilhão de m³.
O açude barrará o rio Coreaú em uma região cuja pluviometria média anual beira os 900 milímetros, passando de 1.200 milímetros em estações de boas chuvas.
A água desse reservatório será destinada ao abastecimento humano e à agricultura irrigada.
EGIDIO SERPA/DIARIONORDESTE
IGP-DI tem queda de preços de 0,18% em novembro
O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou deflação (queda de preços) de 0,18% em novembro, segundo dados divulgados hoje (7), no Rio de Janeiro, pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em outubro, houve deflação mais intensa: 0,62%.
Apesar das deflações, o IGP-DI acumula inflação de 4,71% no ano e 6,02% em 12 meses. Em novembro de 2021, o índice havia tido deflação de 0,58% no mês e acumulado inflação de 17,16% em 12 meses.
Preços em queda
A redução do ritmo de queda de preços observada de outubro para novembro foi puxada pelos preços no atacado e na construção civil.
A deflação do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede o atacado, passou de 1,04% em outubro para 0,43% em novembro. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) teve aumento da inflação, indo de 0,12% em outubro para 0,36% em novembro.
E o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede o varejo, teve queda na taxa de inflação, que caiu de 0,69% em outubro para 0,57% em novembro.
Edição: Kleber Sampaio / AGÊNCIA BRASIL
Covid-19: Brasil tem 55.908 casos e 180 mortes em 24 horas
O Brasil registrou 55.908 casos e 180 mortes por covid-19 em 24 horas, segundo o boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira (6) pelo Ministério da Saúde. Desde o início da pandemia, são 35,45 milhões de casos e 690.409 casos.
Segundo o boletim, 34,32 milhões de pessoas contraíram a doença e se recuperaram, o que representa 96,8% dos casos. Há ainda 434.843 casos em acompanhamento.
O ministério informou que as secretarias de Saúde de Mato Grosso e do Tocantis não atualizaram os dados.
Estados
Em relação ao número de casos, São Paulo tem o maior número de casos, com 6,2 milhões, seguido por Minas Gerais (3,9 milhões) e Paraná (2,8 milhões). Os menores números de casos estão no Acre (154.941), em Roraima (179.841) e no Amapá (181.898).
No número de mortes, São Paulo teve 176.465 óbitos, seguido por Rio de Janeiro (76.173) e Minas Gerais (64.014). Os menores números estão no Acre (2.032), no Amapá (2.165) e em Roraima (2.177).
Vacinação
Segundo o ministério, foram aplicadas até agora 494,6 milhões de doses da vacina contra covid-19. Desse total, 181,07 milhões são de primeira dose, 163,53 milhões de segunda dose e 5,02 milhões de doses únicas.
Também foram aplicadas 101,56 milhões de doses de reforço, 38,51 milhões de doses de reforço e 4,91 milhões de doses adicionais.
Edição: Fábio Massalli / AGÊNCIA BRASIL
Covid-19: Brasil tem 27.086 casos de covid-19 e 105 mortes em 24 horas
O Brasil registrou 27.087 casos e 105 mortes em 24 horas, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado nesta segunda-feira (5). O número total de casos é de 35,39 milhões e o de óbitos, 690.229.
Segundo o boletim, o número de pessoas que contraíram a doença e se recuperaram é 34,27 milhões, o que representa 96,8% dos contaminados pela covid-19. Há ainda 430.222 casos em acompanhamento, o que representa 1,1%.
O ministério informou que os dados do Distrito Federal, de Goiás, do Maranhão, do Mato Grosso do Sul, do Mato Grosso, de Pernambuco, do Piauí, de Roraima e de Santa Catarina não foram atualizados.
Estados
O estado de São Paulo é a unidade da Federação com maior número de casos e de mortes, com 6,2 milhões e 176.417 mortes, respectivamente. Em relação aos casos, em seguida aparecem Minas Gerais (64.007) e Paraná (45.424). Os menores números estão no Acre (154.736), Roraima (179.669) e Amapá (181.766).
O segundo e o terceiro estados com maior número de mortes são Rio de Janeiro (76.161) e Minas Gerais (64.007). Os menores índices estão no Acre (2.032), no Amapá (2.165) e em Roraima (2.177).
Vacinação
Segundo o Ministério da Saúde, foram aplicadas até agora 494,46 milhões de doses de vacina. Desse total, 181,06 milhões são de primeira dose, 163,51 de segunda dose e 5,02 milhões de doses únicas.
Também foram aplicadas 101,51 milhões de doses de reforço, 38,43 milhões de segunda dose e 4,91 milhões de doses adicionais.
Edição: Fábio Massalli / AGÊNCIA BRASIL
Agência Brasil explica: o que é teto de gastos
No mês seguinte às eleições presidenciais, uma expressão tem ocupado lugar central no debate público. A fim de encontrar espaço para manter em R$ 600 o valor mínimo do Bolsa Família e recompor a verba de diversos programas no Orçamento de 2023, o governo eleito quer uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que permitiria extrapolar o teto de gastos em até R$ 198 bilhões nos próximos quatro anos.
A proposta tem provocado turbulências no mercado financeiro nos últimos dias, porque parte dos investidores teme o descontrole dos gastos públicos. Isso apesar de a limitação de despesas ter sido diversas vezes estourada nos últimos anos. O governo terá direito a gastar R$ 1,259 trilhão neste ano e R$ 1,8 trilhão no próximo. Afinal, o que é o teto de gastos?
Criado por emenda constitucional no fim de 2016, o teto federal de gastos é uma das três regras fiscais a que o governo tem de obedecer. As outras são a meta de resultado primário (déficit ou superávit), fixada na Lei de Diretrizes Orçamentárias de cada ano, e a regra de ouro, instituída pelo Artigo 167 da Constituição e que obriga o governo a pedir, em alguns casos, autorização ao Congresso para emitir títulos da dívida pública.
Considerado uma das principais âncoras fiscais do país, o teto de gastos tem como objetivo impedir o descontrole das contas públicas. A adoção desse mecanismo ganhou força após a crise na Grécia, no início da década passada.
No caso do Brasil, o teto estabelece limite de crescimento dos gastos do governo federal em 20 anos, de 2017 a 2036. O total gasto pela União em 2016 passou a ser corrigido pela inflação oficial, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ano a ano, nos dez primeiros anos, de 2017 a 2026.
No fim de 2021, a fórmula de cálculo sofreu uma mudança. Até o ano passado, o teto era corrigido pelo IPCA acumulado entre julho de dois anos antes e junho do ano anterior. Uma nova emenda à Constituição alterou o período de cálculo e passou a considerar o IPCA efetivo dos seis primeiros meses do ano e a estimativa oficial do IPCA para os seis meses finais para corrigir o teto do ano seguinte.
Gatilhos
A emenda constitucional que introduziu o teto de gastos estabelece uma série de gatilhos que podem ser acionados caso os gastos federais cresçam mais que a inflação. Em tese, esses gatilhos seriam acionados em três estágios.
O primeiro proibiria a ampliação de quadro de pessoal e de reajustes reais (acima da inflação) para servidores e limitaria as despesas discricionárias (não obrigatórias) e de custeio administrativo à inflação. O segundo proibiria reajustes nominais a servidores e limitaria os gastos discricionários e de custeio administrativo ao valor nominal empenhado (autorizado) no ano anterior.
O terceiro estágio proibiria reajustes do salário mínimo acima da inflação e cortaria em 30% os gastos com viagens, transferências e diárias a servidores públicos, mantendo as restrições do segundo estágio.
Esses gatilhos seriam disparados caso houvesse previsão no Orçamento Geral da União de que o teto seria descumprido. O problema, no entanto, é que o governo descobriu que só poderia enviar um projeto de lei orçamentária com despesas fora do teto caso os gastos discricionários caíssem a zero, um cenário que jamais seria alcançado porque inviabilizaria o funcionamento dos serviços públicos.
Para corrigir o problema, a emenda constitucional que resultou no novo marco fiscal, em 2021, permitiu o envio de orçamentos fora do teto de gastos quando as despesas obrigatórias sujeitas ao teto de gastos ultrapassarem 95% das despesas totais. A restrição vale tanto para o Executivo quanto para o Legislativo, Judiciário e Ministério Público. Diversos economistas, no entanto, dizem que o limite de 95% também é difícil de ser alcançado e, antes da discussão atual sobre o teto, sugeriam a redução para 85%.
Comparação
A maioria dos países que adota o teto de gastos o faz por meio de leis ordinárias ou de planos plurianuais, de no máximo três ou quatro anos. Além do Brasil, poucos países fixaram a âncora fiscal na Constituição, como Dinamarca, Cingapura e Geórgia.
Também diferentemente de outros países, o teto de gastos no Brasil inclui os investimentos (obras públicas e compras de equipamentos) e não tem válvula de escape em momentos de recessão ou de crise econômica. No Peru, que adota um teto de gastos desde 1999, a despesa não era corrigida simplesmente pela inflação, podendo ter crescimento real (acima da inflação) de 2% nos primeiros anos e de 4% a partir de 2004.
O teto de gastos no país vizinho também poderia ser descumprido quando o crescimento econômico fosse baixo e, em 2012, passou a excluir investimentos, programas sociais e gastos com segurança pública.
Furos
No sistema atual, o teto pode ser extrapolado em alguns casos: créditos extraordinários (relacionados a gastos emergenciais), capitalização de estatais não dependentes do Tesouro (mecanismo usado para sanear problemas financeiros ou preparar empresas para a privatização), gastos da Justiça Eleitoral com eleições e transferências obrigatórias da União para estados e municípios.
Nos demais casos, é necessário modificar a Constituição. Apesar da atenção em torno da proposta atual, o teto de gastos tem sido ultrapassado nos últimos anos. Desde a criação do mecanismo, o limite foi furado pelo menos sete vezes, das quais cinco por meio de emendas constitucionais.
Em 2019, o governo precisou aprovar uma emenda constitucional para retirar R$ 46 bilhões para que a União pudesse distribuir, aos estados e municípios, os recursos da nova cessão onerosa do petróleo na camada pre-sal. Como a transferência era voluntária, não obrigatória, foi necessário costurar uma emenda constitucional com o Congresso. A capitalização da estatal Emgepron, ligada à Marinha, para a construção de corvetas (tipo de navio) custou mais R$ 7,6 bilhões.
Em 2020, o Orçamento de Guerra para enfrentar a pandemia de covid-19 foi responsável por excluir mais R$ 507,9 bilhões, segundo cálculos do economista Bráulio Borges, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre).
Em 2021, a emenda constitucional do novo marco fiscal permitiu um furo de mais R$ 44 bilhões para financiar o pagamento da segunda rodada do auxílio emergencial, que tinha sido ressuscitado após a onda das variantes gama e delta do novo coronavírus. Novos gastos com créditos extraordinários para o enfrentamento da pandemia elevaram para R$ 117,2 bilhões o valor excluído do teto no ano passado.
Também no fim do ano passado, a emenda que mudou a fórmula de correção do teto liberou mais R$ 64,9 bilhões e a emenda que permitiu o parcelamento de precatórios (dívidas reconhecidas pela Justiça) de grande valor liberou mais R$ 43,56 bilhões. O impacto para o Orçamento de 2022 está estimado em R$ 108,2 bilhões.
Por fim, em julho deste ano, a emenda constitucional que ampliou o valor mínimo do Auxílio Brasil para R$ 600 e criou os auxílios Caminhoneiro e Taxista foi responsável por retirar mais R$ 41,25 bilhões do teto.
Edição: Graça Adjuto / AGÊNCIA BRASIL
Governo libera recursos da Educação que haviam sido bloqueados, dizem associações
Por Daniel Gullino — Brasília O GLOBO
O Ministério da Educação voltou atrás e desbloqueou recursos de universidades e institutos federais, de acordo com associações do setor. O bloqueio chegou a R$ 466 milhões, segundo essas entidades, o que poderia colocar em risco o funcionamento das instituições de ensino.
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) relatou ter sido informada pela Subsecretaria de Planejamento Orçamentário do MEC de que a devolução dos recursos iria ocorrer até às 12h desta quinta-feira. Procurado para confirmar a informação, o MEC respondeu que não iria se manifestar.
O Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) também afirmou que "os limites de empenho das instituições" que fazem parte da sua rede "foram restabelecidos".
Inicialmente, a Andifes havia informado que o bloqueio no orçamento das universidades era de R$ 244 milhões. Depois, atualizou os números para R$ 344 milhões. Nos institutos federais, o bloqueio foi de R$ 122 milhões, de acordo com o Conif.
As duas organizações, contudo, afirmam que ainda há recursos a serem liberados, que foram bloqueados em junho: a Andifes aponta R$ 438 milhões e o Conif, R$ 184 milhões.
Tesouro responsabilizou MEC
Na terça-feira, o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, afirmou que a decisão de bloquear os recursos era do MEC. Valle explicou que após o Ministério da Economia anunciar, na última semana, a necessidade de um bloqueio adicional de R$ 5,7 bilhões para cumprir o teto de gastos (regra que limita o avanço das despesas à inflação), entrou em contato com as demais pastas para informar o tamanho do contingenciamento extra.
A expectativa do Tesouro é de publicar um relatório extemporâneo de avaliação de despesas e receitas em meados de dezembro, quando será mais simples visualizar quais despesas não serão executadas e remanejar os bloqueios do orçamento.
Uma das questões relacionadas a esse movimento é a execução da lei Paulo Gustavo, que prevê auxílio ao setor cultural. Após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o governo foi obrigado a pagar o benefício ainda esse ano e promoveu um bloqueio adicional de R$ 3,86 bilhões para isso. O problema é que não deve haver tempo hábil para viabilizar o programa e seus pagamentos.
Procurada nesta quinta, a Economia disse que o questionamento deveria ser endereçado ao MEC.
Balança comercial registra superávit de US$ 6,67 bi em novembro
O bom desempenho da safra de grãos e as exportações de petróleo fizeram a balança comercial registrar o maior superávit para meses de novembro, informou hoje (1º) o Banco Central (BC). No mês passado, o país exportou US$ 6,675 bilhões a mais do que importou. Em novembro do ano passado, a balança tinha registrado déficit de US$ 1,11 bilhão. Esse é o melhor resultado para o mês desde o início da série histórica, em 1989.
De janeiro a novembro deste ano, a balança comercial acumula superávit de US$ 58,025 bilhões. Isso representa 0,7% a mais que o registrado nos mesmos meses do ano passado. O saldo acumulado, que até outubro estava abaixo do registrado em 2021, reagiu e agora bate recorde para os 11 meses do ano.
No mês passado, o Brasil vendeu US$ 28,164 bilhões para o exterior e comprou US$ 21,489 bilhões. As exportações subiram 30,5% em relação a novembro do ano passado, pelo critério da média diária, e bateram recorde em novembro, desde o início da série histórica, em 1989. As importações caíram 5,5% na mesma comparação, mas registraram o segundo melhor novembro da história, só perdendo para o mesmo mês de 2021.
No caso das exportações, o recorde deve-se mais ao aumento dos embarques que dos preços internacionais das mercadorias do que do volume comercializado. No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu em média 27,2% na comparação com novembro do ano passado, enquanto os preços médios aumentaram 8%.
A valorização dos preços das mercadorias vendidas para o exterior poderia ser maior não fosse a queda do minério de ferro, cuja cotação caiu 27% na mesma comparação, e por produtos industrializados de ferro, como ferro-gusa, ferro-espoja e ligas de ferro, cujo preço recuou 20,3%, por causa dos lockdowns na China, que reduziram a demanda internacional.
Nas importações, a quantidade comprada caiu 4,9%, refletindo a desaceleração da economia, mas os preços médios aumentaram 7,6%. A alta dos preços foi puxada principalmente por adubos, fertilizantes, petróleo, carvão mineral e trigo, itens que ficaram mais caros após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Setores
No setor agropecuário, o aumento do volume embarcado, provocado pela safra de grãos, principalmente pela segunda safra de milho, pesou mais nas exportações. O volume de mercadorias embarcadas avançou 35,9% em novembro na comparação com o mesmo mês de 2021, enquanto o preço médio subiu 24,2%. Na indústria de transformação, a quantidade exportada subiu 16,5%, com o preço médio aumentando 9,8%.
Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 51,6%, mas os preços médios recuaram 6,6% em relação a novembro do ano passado.
O petróleo bruto voltou a puxar o aumento das exportações, com o volume exportado subindo 123,5% e os preços subindo 0,6%. Isso ocorreu por causa da retomada da produção da Petrobras. Após um ano de altas contínuas, os preços do petróleo começam a desacelerar porque os efeitos da guerra na Ucrânia e da recuperação econômica após a fase mais aguda da pandemia de covid-19 já foram incorporados às cotações.
Os produtos com maior destaque nas exportações agropecuárias foram milho não moído, exceto milho doce (+222,3%), café não torrado (+47,4%) e soja (+16,2%) na agropecuária. O destaque negativo foram sementes oleaginosas, cujas exportações caíram 84% de novembro do ano passado a novembro deste ano.
Na indústria extrativa, os maiores crescimentos foram registrados nas exportações de outros minerais brutos (+168,6%), outros minérios e concentrados dos metais de base (+145,9%) e óleos brutos de petróleo (+124,9%). Na indústria de transformação, as maiores altas ocorreram nos combustíveis (+172,4%), carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (+84,6%) e açúcares e melaços (+69,8%).
Quanto às importações, as maiores quedas foram registradas nos seguintes produtos: soja (-93,4%); cevada não moída (-90,6%); e milho não moído, exceto milho doce (-55,9%), na agropecuária; gás natural (-70,7%) e minérios de cobre e seus concentrados (-66,1%), na indústria extrativa; e medicamentos e produtos farmacêuticos (-55,0%), adubos ou fertilizantes químicos (-42,9%) e equipamentos de telecomunicações (-24,5%), na indústria de transformação.
Em relação aos adubos e aos fertilizantes, as importações de bens industrializados caíram, mas as compras de fertilizantes brutos quase dobraram e subiram 192,6% em novembro em relação ao mesmo mês do ano passado. O crescimento decorre quase inteiramente do preço, que subiu 147,4% na mesma comparação, por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia. O volume importado subiu 18,3%.
Estimativa
Em novembro, o governo reduziu para US$ 55,4 bilhões a estimativa de superávit comercial neste ano. Apesar da queda na estimativa, o valor garantiria o segundo maior superávit comercial da série histórica. O saldo seria menor apenas que o superávit de US$ 61,407 bilhões observados no ano passado.
As estimativas oficiais são atualizadas a cada três meses. As previsões estão em linha com as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 55 bilhões neste ano.
Edição: Maria Claudia / AGÊNCIA BRASIL