Faltava intriga. Não falta mais - VEJA
As desconfianças começaram ainda durante a campanha, quando o general Hamilton Mourão, então candidato a vice-presidente, sugeriu participar dos debates no lugar de Jair Bolsonaro, o cabeça da chapa, que se recuperava do atentado que sofrera. Suspeitando que Mourão tentava conquistar uma posição de protagonismo no cenário nacional, os filhos de Bolsonaro derrubaram a ideia no ato. Na montagem do governo, a relação entre o vice e a família Bolsonaro se esgarçou um pouco mais. Mourão queria assumir a função de coordenador da máquina administrativa, mas também acabou escanteado. A família presidencial fez questão de deixar claro que o seu papel era ser um vice com um perfil, digamos, decorativo. Ao fim do primeiro mês de governo, ficou claro que Mourão não se encaixa no papel de mero coadjuvante — e, por isso, já virou alvo preferencial de uma parte da artilharia bolsonarista.
Na história democrática brasileira, não são incomuns relações atritadas entre presidente e vice. Aconteceu com Fernando Collor e Itamar Franco, com Dilma Rousseff e Michel Temer. E, sempre, sem exceção, o antagonismo resulta em mirabolantes teorias conspiratórias — a tese mais amalucada da hora sugere que Mourão está acenando a setores estratégicos para tomar o poder das mãos de Bolsonaro. Eis o que disse o ex-astrólogo e filósofo Olavo de Carvalho, guru bolsonarista: “Estará o Mourão planejando livrar-se do Bolsonaro e usar a eleição dele como mera camuflagem para dar ares de legalidade eleitoral a um golpe militar?”.
PT e PDT ganham espaços estratégicos no 2º Governo Camilo
Se por um lado ter um arco de aliança com 23 partidos garante apoio ao governador Camilo Santana (PT) na hora de aprovar projetos no Legislativo, por outro, requer dele ainda mais diálogo para manter tantos aliados na base do Governo.
Após a definição do primeiro escalão e da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, governistas estão na "fila" da base, aguardando serem chamados ao Palácio da Abolição, para reivindicar espaços na máquina pública.
Enquanto isso, na correlação de forças dentro do grupo governista, o PDT, liderado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes, e o PT, partido do governador, ganharam musculatura no início desta segunda gestão de Camilo. Basta ver a composição do secretariado, que envolveu indicações técnicas, mas também políticas.
Aceno à CUT é sintoma de distanciamento entre Mourão e Bolsonaro
Na sexta-feira, o porta-voz do Planalto fez questão de relatar à imprensa que Jair Bolsonaro havia conversado por telefone com Hamilton Mourão. O governo preferiu ser vago. Informou apenas que os dois discutiram “alguns assuntos” e trocaram impressões sobre uma nebulosa “integração de ações governamentais e de planejamentos futuros”.
Não se sabe se a ligação durou mais do que os 40 segundos gastos pelo assessor para dar a notícia. Ninguém contou, também, se a dupla teve tempo de trocar algumas palavras sobre o inesperado encontro de Mourão com dirigentes da CUT.
Jair Bolsonaro anuncia novo presidente do Incra
Lorenna Rodrigues e Tânia Monteiro, O Estado de S.Paulo
09 Fevereiro 2019 | 12h38
O presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter neste sábado, 9, para anunciar que o general de Exército João Carlos Jesus Corrêa será o novo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O anúncio do novo presidente do Incra foi realizado depois de o Estadão/Broadcast ter publicado que o governo havia suspendido as indicações e dispensas de cargos comissionados para conter uma "rebelião" de aliados que começou no próprio Incra. Como mostrou a matéria, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, enviou comunicado aos ministérios dizendo que as nomeações regionais estão "vedadas" até segunda ordem.
Bolsonaro diz que Ministério da Infraestrutura vai ampliar validade da CNH
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou em uma rede social neste sábado (9) que o Ministério de Infraestrutura anunciará a ampliação da validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Segundo o presidente, o ministro Tarcísio Freitas também deverá declarar o fim da obrigatoriedade de aulas com simuladores e haverá revisão nas questões de emplacamento e de medidas que afetam caminhoneiros. As decisões prometem uma "desburocratização e economia" para o trânsito.
Bandido vazou ação contra Gilmar porque não havia como acusá-lo. Bolsonarismo aplaude. PT criou e aplaudiu Partido da Polícia. Certo, Lula?
A Receita Federal anunciou abertura de procedimento para apurar a ação ilegal de que foi vítima o ministro Gilmar Mendes. Há pouco vi no Jornal Nacional um representante do Unafisco, entidade sindical ligado a fiscais da Receita, a dizer que a investigação de autoridades é normal e que ninguém está imune a ela. Isso não está e nunca esteve em questão. Aliás, no pedido em que cobra que se investigue o procedimento, o próprio ministro destaca que não há pessoas acima da lei.
Como não se fizeram estas perguntas ao representante da Unafisco, então faço:
– vazar a apuração é também normal?;
– ir além de apontar eventual atipicidade, apontando o cometimento de crimes, é também função de um fiscal?;
– passar a informação à imprensa antes de notificar o próprio investigado também é coisa corriqueira?;
– ser uma pessoa politicamente exposta sujeita a autoridade ou o homem público primeiro ao achincalhe para, só depois, oferecer as eventuais explicações?
É um escândalo que, aqui e ali, se esteja condescendendo e aquiescendo com tais procedimentos.
Como prefeito, Crivella é um ótimo bispo
No fim de janeiro, o prefeito Marcelo Crivella foi à ciclovia Tim Maia para gravar um vídeo de propaganda. “Oi, pessoal!”, começou, sentado sobre um rolo compressor. Ele anunciou o fim das obras na pista, que já havia desabado duas vezes. “A ciclovia, depois que foi reforçada, não vai cair nunca mais”, prometeu.
A palavra do prefeito teve validade de 12 dias. Na quarta-feira, um novo trecho da ciclovia despencou sobre o mar. Desta vez, Crivella culpou a chuva e a queda de uma árvore. “É impressionante como essas tragédias inesperadas ocorrem”, afirmou.
Situação física precária é gargalo comum nas escolas em Fortaleza
Ainda que não se possa afirmar que a infraestrutura da escola influencia de modo definitivo na aprendizagem, é razoável inferir que garantir recursos básicos é o mínimo que se pode fazer para tentar assegurar um bom desempenho. Mas, em Fortaleza essa equação não fecha. O ano letivo está em curso e os problemas estruturais, em diversas escolas, apesar das queixas, não foram sanados.
Como explicar o refeitório em um local improvisado, as salas carecendo de ventilação adequada, a quadra esportiva desativada, as instalações hidráulicas e elétricas precisando constantemente de reparos urgentes e a falta de acessibilidade? Dilemas vivenciados por estudantes e professores que têm de conviver com esses gargalos e ainda fazer da escola um espaço atrativo.
Para que servem as agências reguladoras? Nada
As agências reguladoras custam caro aos brasileiros. Para 2019, R$ 8,09 bilhões do orçamento público foram destinados a elas. Cada vez menos elas cumprem, no entanto, o dever de garantir os direitos dos consumidores, uma das funções que constam nas leis que as criaram. Prova disso é a grande quantidade de providências tomadas contra elas por órgãos como Ministério Público, Defensoria Pública e Procon, além da alta judicialização da relação entre consumidor e empresa.
Em 2017, foram 4.797.905 processos relacionados ao direito do consumidor, número que vem crescendo desde 2015. A frustação da vez é com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A empresa aérea Avianca decretou recuperação judicial e cancelou os voos a partir de 31 de março para Nova York, Miami e Santiago do Chile. Agora os consumidores estão sem saber como vão ser suas viagens, muitas planejadas com um ano de antecedência.